quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

25 de Dezembro


Apesar da data simbólica, o ambiente é diferente. A cada ano, as luzes – ainda que externas – oferecem um colorido agradável e a sensibilidade se eleva pela própria vibração daquele que é o Luz do Mundo, o Modelo e Guia para a Humanidade.
Ele tomou ainda o cuidado de enviar Francisco de Assis, Vicente de Paulo, Irmã Dulce, Madre Tereza, Zilda Arns, João Paulo II, Chico Xavier, Martin Luther King, Mahtma Gandi, Bezerra de Menezes, Eurípides Barsanulfo, Helder Câmara, Cairbar Schutel, Mandela e tantos outros nomes que encheriam essa página, pois que também enviou aqueles que não ficaram conhecidos ou famosos, mas todos se distinguiam por algo comum: vivenciaram o amor. Era para não nos esquecermos da sublime mensagem.
Mesmo em nossas pequenas cidades interioranas não será difícil localizar benfeitores que se destacaram pela vivência plena de sua mensagem de amor ao próximo. Muitos deles analfabetos, pobres e todos eles com algo que os caracteriza: a simplicidade, a humildade e principalmente a marca das adversidades, de dificuldades de toda ordem, e também a incompreensão, perseguição, calúnias.
Mas é pela doce presença de Jesus que a vida pode se tornar mais suave. É dele a inspiração para esses nomes que mudaram a face do mundo, pois que perceberam que a única solução para os grandes dramas sociais e mesmo para as angústias individuais – de todas as origens – é mesmo a presença de Jesus no coração, na vivência familiar, no toque especial dos relacionamentos.
Convidemo-lo seriamente para estar conosco em família nesta Noite de Natal, mas façamos disso uma presença perene durante todo o ano. Comecemos pela adoção da tolerância, da fraternidade pura em família que se estenderá depois para a sociedade. Atentemos que sua doutrina de amor resume os deveres para com Deus e para com o próximo. Pensemos seriamente quais seriam nossos deveres para com Deus e como entender efetivamente os deveres para com o próximo. Ora, não são outras as conclusões senão a confiança na vida, o estender de mãos da solidariedade uns para com os outros, o respeito pelas diferenças, a vivência da solidariedade e a extinção gradativa do egoísmo ou dos ímpetos agressivos, ainda que verbais ou mentais. Jesus efetivamente nos convida ao amor. E o amor está mais no gesto do que no fato. O amor une as criatuas, extingue as misérias sociais (pensemos na abrangência dessa expressão) e traz como resultado o aprimoramento moral e a felicidade relativa que se pode alcançar nesta vida.
Analise-se calmamente as Bem-Aventuranças e se sentirá o doce perfume do conforto que abriga, que aconchega, que convida à paz e à harmonia. Como disse Gandhi, se fossem perdidos todos os ensinos e ficasse apenas o Sermão do Monte, de nada mais precisaríamos para pautar a vida na dignidade e no amor que precisamos para viver.
Por isso nessa data especial, o sentimento que surge é o da gratidão!
Obrigado Senhor, pela sua presença, pela sua vida, pelo seu amor! Fica conosco Jesus.
Ajuda-nos a endireitar nossos passos vacilantes na senda do bem.
Aos leitores, nosso abraço de um Feliz Natal, com Jesus no coração!

Orson Peter Carrara
orson peter92@gmail.com

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terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Namoro Espírita


Conheci vários... Conheci casais que começaram a namorar nas atividades da juventude espírita e que hoje se apresentam como belas famílias, integradas e felizes. Diria mais! A maioria dos enlaces são oriundos de amizades que cultivamos no ambiente escolar, no ambiente profissional e, para aqueles afetos, no ambiente religioso. Como local de convívio de pessoas que comungam a mesma visão da vida, a prática religiosa termina por ser a fonte de muitos e longos relacionamentos.
Daí surgem momentos de fortalecimento, de vivência, nas atividades do “Culto do Evangelho no lar”, na emoção dos trabalhos assistenciais, nas discussões acaloradas e toda a gama de eventos mágicos de que se compõe a nossa juventude em uma casa espírita, vividos pelo jovem casal e que trazem as mais ternas lembranças, passados os anos. O livro “Vida e Sexo”, de Emannuel, psicografia de Chico Xavier, com belas palavras descreve o período do namoro, como :
Inteligências que traçaram entre si a realização de empresas afetivas ainda no Mundo Espiritual, criaturas que já partilharam experiências no campo sexual em estâncias passadas, corações que se acumpliciaram em delinqüência passional, noutras eras, ou almas inesperadamente harmonizadas na complementação magnética, diariamente compartilham as emoções de semelhantes encontros, em todos os lugares da Terra.
Mas nem tudo são flores. Nos momentos de desavenças, de conflito, de separação, o conhecimento espírita e a conduta digna devem também pautar a relação. É nessa hora que nós realmente nos mostramos espíritas. Culpabilidades, ciúmes doentios, traições, abandono afetivo, gravidez indesejada e tantos outros eventos comuns aos relacionamentos não estão ausentes do mundo do relacionamento afetivo entre espíritas, o que demanda uma conduta cristã dos jovens e principalmente dos dirigentes da juventude e frequentadores da casa, entendendo os contextos, sempre com os “olhos do Cristo”.
Enumero também as desavenças entre casais que causaram entraves nos trabalhos espíritas. Companheiros ovens, labutando no bem, se ocorre uma separação, uma briga, tudo se desarmoniza. Esse é um outro cuidado que nos cabe. Saber separar a individualidade da figura do casal. Relações afetivas podem ter fim, principalmente no período da juventude, e sejamos sinceros, a “Vida continua”. Nossa relação com o trabalho no bem e com a Doutrina Espírita deve ser separada da relação afetiva. Talvez não dê para frequentar a mesma casa espírita, revendo sempre o ex-companheiro. Mas, existem outras casas e outros trabalhos...
E por fim, a questão do namoro espírita suscita no jovem ainda um outro grande desafio: E se o jovem espírita, ativo e trabalhador, engajado nas atividades doutrinárias, se apaixona por uma pessoa vinculada a outra denominação religiosa? Parece complicado...Mas tudo é uma questão de abordagem. Religião é questão de afinidade e entendimento. Deve servir para unir as pessoas e não para dividí-las. Caso o coração escolha alguém de outra seara, o “respeito mútuo a individualidade”, uma grandeza que sustenta grandes relações, deve ser a tônica que permita a vivência do amor, compreendendo a sua identidade religiosa. E nada de se afastar do trabalho no bem!
O nosso compromisso é com Jesus!
Tantas questões, tantos cuidados...Mas, ainda acho que uma das coisas mais belas do mundo é ver jovens casais irmanados no mesmo ideal, atuando na distribuição de sopa, consolando os doentes, sonhando com o dia em que terão o seu lar, farão o Culto do Evangelho, na companhia de seus filhos, espíritos que desde aquela época de “namoro espírita” os acompanhavam, já sonhando com aquele espaço doméstico envolto em ideais sublimes.

Marcus Vinicius de Azevedo Braga
autor de artigos publicados em diversos sites espíritas e do
livro infantil “Alegria de Servir”, editado pela FEB, evangelizador
do GE Atualpa, em Brasília-DF.
acervobraga@gmail.com

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quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Matemos a fome das crianças famintas e não a elas próprias


Alguns defendem a descriminalização do aborto, dizendo que é melhor não deixar a criança nascer do que ela nascer e morrer de fome.
Esse argumento é equivalente ao do médico que, tratando de um doente incurável, tomasse a decisão de matá-lo de vez!
O aborto é uma morte certa da criança, mas sua morte por fome é incerta. Ela morreria mesmo de fome? Quem pensa assim, admite ou finge que admite que a miséria e a injustiça social jamais terão fim neste mundo, e que a vitória do bem sobre o mal é uma utopia. É, pois, de fato, um equívoco alguém justificar, moralmente, o aborto, apelando para essas idéias fantasiosas e pessimistas de que criança nascida morrerá de fome. A Doutrina Espírita ensina que a Terra é um mundo de provas e expiações, mas que ele vai entrar na fase de regeneração, o que já está começando a acontecer aqui e acolá, isto é, entre algumas pessoas: Teresa de Calcutá, irmã Dulce, Chico Xavier, Bezerra de Menezes, Eurípedes Barsanulfo, Gandhi, pastor Luther King e milhões de anônimos por esse mundo afora. Aliás, na História da Humanidade, sempre nós tivemos exemplos dessas almas de escol: são Francisco de Assis, são Vicente de Paulo e outros.
As pessoas, que são a favor do aborto, não certamente por princípio, ao preferirem assassinar seus rebentos nos ventres maternos, a deixá-los viverem e nascerem, têm as suas consciências embotadas, ou seja, indiferentes às suas faltas morais ou pecados, sendo tudo válido para elas, desde que sejam beneficiadas em seu bem-estar egoísta. Assim, mesmo sabendo que o aborto é uma transgressão grave das leis naturais ou divinas, o cometem. A teologia cristã tradicional ensina que o aborto é um exemplo do chamado pecado contra o Espírito Santo, exatamente porque se trata de um pecado contra a lei da natureza. Realmente, ele é uma falta contra a voz da consciência do indivíduo, que é a voz do seu Eu interior ou do seu Espírito Santo que nele habita. E com a agravante de que tudo é feito de livre e espontânea vontade, com pleno consentimento, com data e hora marcadas para o aborto, que, sem dúvida, ser-lhes-á mais prejudicial do que para o feto assassinado, pois são muito graves as consequências morais e espirituais para os que o praticam. Ele só é moralmente tolerável, quando for um risco de vida para a mãe, o que é admitido pela Igreja e pela Doutrina Espírita.
A eliminação duma vida humana é um assassinato, não importando se ela tenha apenas alguns minutos ou já cem anos de existência. E, por ser uma ação premeditada, mesmo que a lei a aprove, tomando emprestado o termo jurídico, ousamos dizer que, moralmente, se trata dum pecado doloso, e na linguagem da Igreja, um pecado mortal. E, como já vimos, é até considerado também como pecado contra o Espírito Santo, pelo que não tem perdão, isto é, tem que ser mesmo pago pelo pecador e até o último centavo.Que os que não querem filhos usem, pois, os meios anticonceptivos, mas não o aborto.
Mães e pais grávidos, lutem para que seu filho não venha a morrer de fome, amanhã, e principalmente, para que vocês não sentenciem a pena de morte para ele, a qual é antidivina, antinatural, injusta e covarde, pois ele é um ser humano inocente e indefeso!


Obs.: Esta coluna, de José Reis Chaves, às segundasfeiras, no diário de Belo Horizonte, O TEMPO, pode ser lida também no site www.otempo.com.br - Clicar colunas. Ela está liberada para publicações. Meus livros: “A Face Oculta das Religiões”, “A Reencarnação na Bíblia e na Ciência” Ed. EBM (SP) e “A Bíblia e o Espiritismo”, Ed. Espaço Literarium, Belo Horizonte (MG) – www.literarium.com.br - e meu e-mail: jreischaves@gmail.com Os livros de José Reis Chaves podem ser adquiridos também pelo e-mail: contato@editorachicoxavier.com.br e o telefone: 0800-283-7147.

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quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Sofrimento dos animais


Esse é um tema que sempre volta às cogitações. Por que sofrem os animais? Como entender as doenças que afetam esses seres que fazem parte de nossa vida, estão sujeitos às nossas ações humanas, muitas vezes cruéis, e demonstram carinho, ternura, gratidão?
Existem várias obras e estudos sérios sobre animais à luz do Espiritismo. Entre os autores clássicos, destaca-se Ernesto Bozzano; entre os autores atuais Marcel Benedeti e Eurípides Kuhl são os mais destacados, com excelentes obras que o leitor pode pesquisar em nossas distribuidoras. Também a Dra. Irvênia Prada, professora catedrática e médica veterinária da USP, tem proferido excelentes palestras e seminários sobre a questão espiritual dos animais, tendo já disponível um DVD e um livro com a temática. No portal youtube igualmente podem ser encontradas excelentes abordagens com a citada autora.
É um tema muito atraente, motivador.
Na revista Reformador, da FEB, edição 2.179, ano 128, de outubro de 2010, em excelente artigo publicado com o título As doenças podem ser evitadas?, de A. Merci Spada Borges, encontramos importante material para reflexão. Após analisar com profundidade a causa das doenças humanas – em sua grande maioria decorrentes de nossas condutas e do peso das emoções – Merci adentra o campo dos animais e indaga: 
“(...) como entender as doenças que afetam os animais? Que débitos tem eles com as leis divinas, se não possuem raciocínio, e, portanto, não são responsáveis por seus atos?” (...)”.

Destaco ao leitor trechos parciais e notáveis para reflexão e estudo do citado artigo:

a) Para os animais, as doenças funcionam como fenômenos naturais, que colaboram com a lei de destruição e transformação da matéria a que todos os seres vivos estão sujeitos.
b) As doenças e anomalias despertaram o interesse científico e isso é produtivo pois, de uma forma ou de outra, trará benefícios, não só para os animais, mas também para a população terrena.
c) É importante observar que o sofrimento dos animais é avaliado pelo teor do sofrimento humano. Quem pode garantir que eles sofrem como os humanos?

A questão em destaque abre perspectivas que a própria abordagem amplia. Vejamos o raciocínio apresentado:

a) Eles não têm preocupação com estética, não são preconceituosos, não têm consciência de suas anomalias, adaptam-se facilmente ao meio, não se preocupam com o futuro e muito menos vivenciam o terror pela invalidez e morte como os seres racionais.
b) A dor moral, expiatória e duradoura não afeta os animais.
c) Infelizmente, há um elemento que contribui para o sofrimento deles: o próprio homem.

Pensamentos, palavras e atitudes agressivos emitem energias deletérias que contaminam o ambiente e, como dardos envenenados, atingem todos os seres vivos presentes no raio de atuação.
É importante que o leitor busque o texto na íntegra, que breve deverá estar disponível no portal da FEB.
Para concluir, destaco ao leitor, também extraindo do próprio artigo:

“(...) O Espírito Emmanuel esclarece: Os produtos teratológicos constituem luta expiatória, não só para os pais sensíveis, como para o Espírito encarnado sob penosos resgates do pretérito delituoso. Quanto aos animais, temos de reconhecer a necessidade imperiosa das experiências múltiplas no drama da evolução anímica (...)”.1

E conclui a matéria:

“(...) Está nas mãos do homem contribuir para o alívio e evolução dos animais e do próprio homem. Entretanto, uma boa parte, indiferente e agressiva à Natureza, dedica-se às queimadas, à caça e à pesca predatória, à escravização dos irracionais; mal sabem eles que estão na mira infalível da lei de causa e efeito (...)”.

Nesta como em outras questões, vemos a amplidão do pensamento espírita que oferece campo de estudo e pesquisa para todas as áreas do conhecimento humano.

1 - A citação de Emmanuel, transcrita no artigo e aqui novamente reproduzida, é do livro O Consolador, questão 39, psicografia de Chico Xavier, edição FEB.

Orson Peter Carrara
orsonpeter92@gmail.com

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terça-feira, 16 de novembro de 2010

Aqueles que creem em mais Espíritos não são os Espíritas


Tudo no Universo é bipolar, com um oposto complementando o outro. A corrente elétrica positiva precisa da negativa. E nos seres vivos é notória a complementação sexual oposta recíproca entre eles, sem o que não haveria a conservação e propagação das suas espécies.
Quanto aos opostos espírito e matéria, o espírito humano encarnado está impregnado do corpo, que está também impregnado do espírito, formando os dois o homem, que, em sua essência, é o espírito imperecível ou imortal, que habita temporariamente o corpo. O espírito distingue-se da matéria por ser um ser que tem inteligência, enquanto que a matéria não a tem, embora a matéria se torne intelectualizada enquanto o espírito está nela encarnado, como ensina Kardec. A inteligência é do espírito e não do cérebro, que é um instrumento da manifestação do espírito.Exemplificando: A inteligência vem do espírito através do cérebro, como a água de nossas casas vem da mina através do cano, ou como o som procede da emissora de rádio através do rádio. Se o cérebro estiver doente, é óbvio que a inteligência do espírito não pode manifestar-se normalmente, como a emissora de rádio não pode ser ouvida através dum rádio estragado.
Kardec perguntou a uma entidade: “Influem os espíritos em nossos pensamentos e em nossos atos?” A resposta foi: “Muito mais do que imaginais. Influem a tal ponto, que, de ordinário, são eles que vos dirigem.”(Questão 459, de “O Livro dos Espíritos”, de Kardec), o que confere com o ensino paulino: “A nossa luta não é contra o sangue e a carne, mas contra as potestades do mal.” (Efésios 6,12) Os cristãos não espíritas, de um modo geral, creem em anjos como sendo uma categoria diferente de espíritos, e nos demônios como sendo também outra categoria de espíritos. Ademais, os cristãos, com suas doutrinas antigas influenciadas pelas mitológicas, geralmente, tomam erroneamente o diabo, satanás, satã etc. como sendo espíritos, quando não o são. Apenas os demônios são espíritos.Diabo (diábolos em grego), satanás e satã significam adversários e acusadores. São adversários dos espíritos que somos, pois eles são as nossas faltas ou pecados, que são contrários à nossa evolução espiritual e moral. Jesus só tirava das pessoas demônios ou espíritos impuros (ainda não purificados). Mas nunca Jesus tirou satanás, diabo ou satã de alguém.
Os anjos são espíritos humanos superevoluídos. Há também os anjos maus (demônios) ou espíritos humanos atrasados. Isso está de acordo com a Bíblia, pois a Hermenêutica nos mostra que demônios (“daimones” em grego) significavam almas na época em que o Novo Testamento foi escrito. Também na Literatura Grega da época dos autores do Novo Testamento e dos séculos anteriores àquele tempo, “daimones” são almas humanas dos mortos.E porque Jesus só tirou demônios maus das pessoas, essa palavra passou a ser entendida só como espírito mau.
Há um ensino que afirma que quando alguém ora em línguas, é o Espírito Santo da Trindade que ora. Mas são Paulo diz que é o próprio espírito do indivíduo que ora em línguas.(1 Coríntios 14,14). E para Deus, o Pai dos espíritos (Hebreus 12,9), os teólogos cristãos, salvo as exceções, entre elas os teólogos espíritas, criaram e sustentam três espíritos para um só Deus, o que é um prato cheio para os materialistas fazerem chacotas contra o espiritualismo, prejudicando o cristianismo e incrementando o materialismo.
Creiamos em espíritos, mas com moderação!


Obs.: Esta coluna, de José Reis Chaves, às segundasfeiras, no diário de Belo Horizonte, O TEMPO, pode ser lida também no site: www.otempo.com.br - Clicar colunas. Ela está liberada para publicações. Seus livros: “A Face Oculta das Religiões”, “A Reencarnação na Bíblia e na Ciência” Ed. EBM (SP) e “A Bíblia e o Espiritismo”, Ed. Espaço Literarium, Belo Horizonte (MG) – www.literarium.com.br - e meu e-mail: jreischaves@gmail.com - Os livros de José Reis Chaves podem ser adquiridos também pelo e-mail: contato@editorachicoxavier.com.br e o telefone: 0800-283-7147.

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sexta-feira, 12 de novembro de 2010

E o fim do mundo em 2012?


Para início de conversa e para citarmos referências mais expressivas, relembramos as famosas previsões MAIAS (2000 a.C a 900 d.C), as profecias de Nostradamus (1503 – 1566) e Malaquias (1094 – 1148), sem nos preocuparmos aqui com dados biográficos ou históricos que deixamos ao leitor pesquisar, para trazer aos leitores algumas reflexões sobre o suposto “fim do mundo”, alardeado agora com a aproximação do ano de 2012, que gerou inclusive um filme.
Além dessas previsões históricas, trechos do Velho e Novo Testamento, a NASA e expressivos nomes da ciência no planeta têm se dedicado com empenho para estudar fatos extraordinários que vêm se verificando – desde as alterações climáticas que estão alterando a vida na Terra, cujo eixo de equilíbrio está sofrendo mudanças, até o surgimento misterioso, da noite para o dia, de mensagens codificadas estampadas ou esculpidas (os chamados crop circles, que o leitor vai localizar em abundância por meio de pesquisa na internet, detectados principalmente através do conhecido programa Google Earth) no solo e nas plantações por meio de desenhos gigantescos em áreas extensas de cultivo agrícola – , há também o fato da explosão do número de satélites lançados ao espaço para pesquisa aeroespacial e a aceleração na construção de abrigos subterrâneos, preservação e estocagem de sementes, demonstrando que as transformações em ocorrência não se devem apenas a coincidências ou misticismo nas profecias.
O notável astrônomo Carl Sagan (1934 – 1996), em esforços somados com outros expressivos nomes da Astronomia, e a NASA lançaram em 1974, por meio de ondas de rádio, para o cosmo infinito, um cartão com informações codificadas de nossa localização no sistema solar, o desenho da forma humana, entre outros informes. Depois de 28 anos, em 2002, surgiu ao lado de um dos gigantescos telescópios que a ciência dispõe em todo o planeta para pesquisa astronômica, esculpido no solo em plantações – da noite para o dia –, e também codificado, em resposta ao cartão enviado em 1974, e também com informações sobre localização, formato humano – que difere um pouco de nossa aparência, com a cabeça maior –, entre outras, deixando claro que uma inteligência desconhecida, distante ou próxima do planeta, supostamente respondeu. Decodificada, foi possível traduzir para o inglês, cujo conteúdo convida os seres humanos para uma transformação para o bem.
Sugiro aos leitores pesquisarem na internet, pois inviável alongar aqui com transcrições e outras argumentações e citações que o assunto comporta. Referidas pesquisas podem ser efetuadas especialmente através do portal www.youtube.com.br e mesmo por meio do www.google.com.br
Por outro lado já existem estudos da ciência com indicações que detectam um planeta ou estrela gigante que se aproxima da Terra, em ciclo normal nas viagens dos corpos celestes, como ocorre com o cometa Halley que periodicamente nos visita. No caso em questão, da estrela ou planeta que se aproxima, o tempo de vir e voltar é de milênios, o que deve ocorrer novamente nos próximos anos, independente de ser 2012, 2020 ou mais adiante. A temática ocupa tanto os interesses da ciência que plataformas de observações já estão sendo instaladas no Pólo Sul, onde referido corpo celeste será avistado primeiro.
Interessante porque previsões e citações de variada origem classificam referido corpo celeste com nomes bem conhecidos, como planeta destruidor, planeta chupão, higienizador, entre outros, de espiritualistas, profetas, místicos, etc.
O assunto não deve alarmar ninguém. O mundo não será destruído fisicamente, mas está maduro para uma nova era de progresso moral. É o fim de um ciclo, o ciclo do egoísmo, das guerras, da fome, e a implantação de um ciclo novo, de fraternidade, de solidariedade real, superando o egoísmo para agir com bondade, destinado para aqueles que aprenderam a perdoar, que aprenderam a ser melhores no comportamento.
Os eventos em ocorrência são advertências que funcionam como convite para que reflitamos mais, observarmos com atenção, sairmos da acomodação e pesquisarmos mais, e nos lançarmos à melhora de nós mesmos.
Não há o que temer, mas há sim a necessidade do aprimoramento moral para merecermos permanecer ou retornar do planeta, que será promovido para um estágio de amadurecimento e progresso muito mais marcante do que o que hoje conhecemos.
Estamos preparados para o futuro? O assunto, dispensando ameaças ou medos, convida à reflexão com lógica e bom senso. Homens e mulheres da ciência, nações e previsões estão a confirmar os fatos que já deixaram de ser mera coincidência ou informação mística, alertando-nos que algo bom está a ocorrer, transformando o mundo, mas precisamos merecer isso... E isso depende de cada um, dentro de si.

E a Doutrina Espírita? O que diz?

É justamente sob a ótica espírita que a empolgante temática ganha realidade de coerência e lógica. Basta buscar os livros da Codificação Espírita. Convidamos o leitor à pesquisa e busca pelo menos em três das expressivas obras publicadas por Kardec:

a) O Livro dos Espíritos:

Esta obra basilar, que condensa os princípios fundamentais do Espiritismo, pode ser pesquisada principalmente nas questões 55 a 58 (pluralidade dos mundos), 172 a 188 (encarnação nos diferentes mundos) e especialmente a questão 1019, que aborda especificamente a transformação da Humanidade;

b) O Evangelho Segundo o Espiritismo:

A terceira obra da Codificação, na totalidade do incomparável capítulo III – Há muitas moradas na casa de meu Pai, cujos textos mostram a coerência da revelação espírita;

c) A Gênese:

Exatamente com o subtítulo Os Milagres e as Predições, o livro apresenta nos capítulos 26 a 28 abordagens específicas sobre o tema ora destacado, principalmente se buscarmos a clareza dos últimos textos: Sinais dos Tempos e A geração nova.
Optamos pela renúncia de quaisquer transcrições, pensando em estimular o leitor a ampla pesquisa, tanto na internet quanto nas referências citadas acima dos livros de Kardec.
O fato final, todavia, é que a transformação é inevitável – por força da Lei de Progresso – ainda que sejamos resistentes. Para sabermos se merecemos permanecer no planeta de regeneração que se avizinha, por conseqüência natural do amadurecimento, a dica é consultarmos o Evangelho de Jesus para ver se nossa conduta, ações, comportamento, decisões e escolhas enquadram-se no respeito e amor ao próximo – em toda sua extensão –, na fraternidade e no trabalho contínuo para o bem geral, inclusive no bem próprio, onde a esperança, a autoestima, a coragem e a iniciativa se fazem presentes para que o amadurecimento integral vai se efetivando gradativamente.
Aprendemos a perdoar? Aprendemos a devolver o que recebemos ou não nos pertence? Temos sido mais tolerantes e resignados? Temos sido mais confiantes? Já renunciamos aos apegos de toda ordem? Temos sido mais altruístas e generosos? Ainda guardamos melindres, ressentimentos e mágoas? São muitos questionamentos, mas as respostas para tais questionamentos são de foro íntimo. Afinal, cada um vive sua própria história...

Orson Peter Carrara
orsonpeter92@gmail.com

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terça-feira, 9 de novembro de 2010

O aborto é também uma violação da lei divina da reencarnação.


Tudo no universo está encadeado e em constante transformação. O que é velho caminha para o novo, como a natureza da planta velha passa para a natureza da planta nova, que da velha surge, ou tal qual a crisálida que vira borboleta. “Nada se cria, nada se perde, tudo se transforma.”(Lavoisier).
Biologicamente, o velho é em estado potencial o novo, o vir-a-ser.
A visão metafórica paulina da ressurreição é também assim. O corpo velho corruptível, como o é a semente, é colocado na terra. Da velha semente podre sai a planta nova. O espírito imortal, que se torna, moralmente, incorruptível, deixa seu corpo velho corruptível e ressurge em um outro corpo novo. Mas assim como a vida da planta nova veio da vida da planta velha (a semente), o corpo novo tem a vida (o espírito) do corpo velho. O novo tem, pois, sempre algo de velho, do qual provém.
Aliás, o velho tem que ser mesmo velho ou maduro, para se tornar novo no ser novo gerado por ele. O novo é o velho ressurgido, como o filho é os pais ressurgidos. “O que foi, é o que há de ser; e o que se fez, isso se tornará a fazer: nada há, pois, novo debaixo do sol. Há alguma coisa de que se possa dizer: Vê, isto é novo? Já foi nos séculos que foram antes de nós.”(Eclesiastes 1, 9 e 10). Nesse nada do autor bíblico, inclui-se, obviamente, o espírito, que é imortal e que já habitou outros corpos nos séculos passados.
Os espiritualistas cristãos, ou seja, os católicos, os evangélicos e os espíritas são contrários ao aborto. As exceções são poucas. Os materialistas ou pouco espiritualistas não se incomodam com a possibilidade da criação de uma lei brasileira que descrimine o aborto.
Os defensores do aborto dizem que a mulher tem o direito de abortar, pois o corpo é dela. Mas nem a vida dela é dela, e menos ainda a vida do filho dela é dela! Os espiritualistas que mais abominam o aborto são os adeptos da reencarnação. E sem ela, todas as crenças ficam vulneráveis, transformando-se num trampolim para o mergulho do indivíduo nas águas turvas e profundas do materialismo.
Muitos cientistas materialistas estão descobrindo Deus pela reencarnação, que tem o respaldo de vários segmentos científicos da ciência espiritualista, que é superior à materialista parcial e que é meiaciência, pois que estuda só a matéria, enquanto que a espiritualista é também acadêmica e pesquisa não só a matéria, mas igualmente o espírito. E é o espiritismo que nos mostra o quanto é grave o aborto, que, além de ser um assassinato, interrompe a programação reencarnacionista do espírito, a qual é o meio que ele tem para continuar a sua evolução em busca da sua perfeição semelhante à de Deus.
O aborto, realmente, além de ser um assassinato, viola a lei divina da reencarnação, que é um fenômeno que Deus criou para as ressurreições do espírito, também na carne, pois só com uma encarnação, não dá nem para nós começarmos a nossa jornada evolutiva sempiterna!

Obs.: Esta coluna, de José Reis Chaves, às segundas-feiras, no diário de Belo Horizonte, O TEMPO, pode ser lida também no site www.otempo.com.br Clicar colunas. Ela está liberada para publicações. Seus livros: “A Face Oculta das Religiões”, “A Reencarnação na Bíblia e na Ciência” Ed. EBM (SP) e “A Bíblia e o Espiritismo”, Ed. Espaço Literarium, Belo Horizonte (MG) – www.literarium.com.br - e meu e-mail: jreischaves@gmail.com - Os livros de José Reis Chaves podem ser adquiridos também pelo e-mail: contato@editorachicoxavier.com.br e o telefone: 0800-283-7147.

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segunda-feira, 1 de novembro de 2010

A Paz de Jesus


“Deixo-vos a paz, a minha paz vos
dou: não vo-la dou como o mundo
dá. Não se turbe o vosso coração,
nem se atemorize”
João, 14:27

Em tese, o homem deseja a paz, porém, quando detém o poder, promove a guerra.
Os líderes de massas proclamam a união e a concórdia, entretanto, suas proposições são desagregadoras e conflitantes com o objetivo de harmonia e paz.
Vêem-se em todos os lugares os entrechoques de opiniões egoísticas, o arrebatamento de vaidades mal dissimuladas, a incontida manifestação da prepotência aliada ao uso e ao abuso do direito pela força em detrimento da força pelo direito.
A humanidade sofre, chora, desespera-se.
Onde encontrar a paz almejada ?
O mundo move-se na efervescência de disputas ambiciosas, agita-se num torvelinho de interesses escusos e de paixões aviltantes.
Muitos dos que poderiam trazer a tranqüilidade e a esperança de um futuro melhor inoculam na alma do homem o vírus da dúvida ou o veneno do temor, apontando dois absurdos extremos como os pontos finais da jornada do homem aqui, na Terra:

1-) um céu beato, maçante, de perenal ociosidade e de infindo estado contemplativo, incompatível com o Criador que jamais se fez ocioso. Observemos o ensinamento de Jesus contido no Evangelho de João, capítulo 5, v. 17: “Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também”;

2-) um inferno em perpétua ebulição, de suplícios eternos, diametralmente oposto ao bom senso, antítese da bondade e da justiça de Deus.

Nada obstante, o homem pode alcançar a paz, não a paz fantasiosa que o mundo oferece, mas a paz de consciência do dever cumprido, a paz de espírito daquele que busca no Evangelho o roteiro seguro, a paz de quem tem Jesus como modelo e que, reconhecendo-se em erro, esforça-se para corrigir-se.
A Doutrina Espírita mostra-nos que, por meio das vidas sucessivas, das múltiplas experiências nos mais diversos estágios evolutivos, Deus - AMOR, BONDADE e JUSTIÇA infinitos - dá-nos sempre novas oportunidades para chegarmos à condição de Espíritos puros, o que não é possível alcançarmos em uma única encarnação.

Felinto Elízio Duarte Campelo

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segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Nem tudo é mediunidade


Realmente, sintomas físicos ou mesmo perturbações emocionais e psicológicas podem ser confundidos com mediunidade. Atendentes fraternos, dirigentes, coordenadores de estudos e mesmo palestrantes ou escritores, precisamos sempre levar em conta esse detalhe.
Mediunidade, como já aprendemos, não é doença, nem tampouco privilégio ou exclusividade dos espíritas. É, antes, potencialidade humana, apesar dos diferentes estágios em que se apresenta e das variáveis que afetam sua manifestação, inclusive de maturidade emocional, intelectual e do meio onde se apresenta.
Não é incomum pessoas tristonhas e deprimidas, muitas vezes dependentes de medicamentos, serem confundidas pela precipitação de dirigentes que alegam ser o exercício da mediunidade o único caminho de superação desses estados.
Indicam presença de espíritos perturbados ou perturbadores como causa do abatimento e apontam, equivocadamente, como causa uma suposta hipnose de espíritos, agravando ainda mais o quadro de aflição da pessoa que simplesmente precisa de ajuda...
Tais considerações foram inspiradas no capítulo 22 do livro Encontros com a Consciência, ditado pelo Espírito Irmão Malco ao médium Alaor Borges Jr. Referido capítulo descreve o diálogo de um atendimento fraterno. Aliás, todo o livro é composto de casos relacionados a ocorrências em centros espíritas, inclusive com muitos ensinos de Chico Xavier. No caso em questão, o Espírito que relata a ocorrência conclui com sabedoria: “(...) Passei a entender que, na condição de socorrista espiritual, temos que ter muito critério. Nem todo distúrbio nervoso, qual seja a depressão, síndrome do pânico, insônia e outras mais, estão relacionadas à presença de mediunidade (...)”.
Nesse ponto, interrompemos a transcrição para destacar, aí sim, caminhos de superação de estados de abatimento, na continuidade do raciocínio do autor: “(...) mas o serviço prestado pelo passe, as palestras, a água magnetizada e o vínculo com as atividades assistenciais da casa têm valor inconcebível. (...)”.
O destaque é nosso e proposital. Não percebemos que muito mais que focar nossa atenção em supostas influências de espíritos, embora elas sejam reais e contínuas, precisamos, isso sim, prestar mais atenção em nossas reações e procurar no Espiritismo o que ele realmente tem a oferecer: o consolo, a diretriz, o conforto, a orientação, a luz para nossos caminhos, a lucidez de seus fundamentos, caminhos claros de entusiasmo e superação das dificuldades que normalmente enfrentamos, até pela nossa condição humana. Recursos que encontramos, principalmente, nos estudos, palestras...
O livro é rico de casos assim. Mágoas, dinheiro, opiniões, relacionamentos, dificuldades, influências, inspiração, pressa, entre outros temas, vão surpreender o leitor. Exatamente pela clareza e concisão dos diálogos. Não deixe de conhecer. Trará benefícios para os grupos espíritas. 

Orson Peter Carrara
orsonpeter@yahoo.com.br

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sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Alta costura


S l i d e


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Enviado por: Felinto Elízio Duarte Campelo

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terça-feira, 19 de outubro de 2010

A Fé é forte com a Razão, como é forte a moeda sem inflação


Entre as verdades que Kardec nos legou, eis uma: “A fé só é inabalável, se ela puder enfrentar a razão face a face em qualquer época da história da humanidade.” Sim, a fé tem que estar de acordo com a razão, caso contrário, ela baqueia, fazendo do crente um fiel de pouca fé e que a pode perder a qualquer momento. Além disso, quem tem esse tipo de fé frágil, não a põe em prática no seu dia-a-dia, a qual se torna, pois, uma fé morta. (São Tiago 2,17; e 1 Coríntios 13, 1 a 4).
O cristianismo instituiu algumas doutrinas polêmicas que foram mantidas à força pela Inquisição, para o fim da qual muito contribuiu a histórica Reforma de Lutero. A Igreja até fez a sua contrarreforma com o Concílio Ecumênico de Trento (1545-1563). Porém as doutrinas polêmicas foram mantidas e outras novas foram instituídas, como a da Transubstanciação, em vez da Consubstanciação defendida por muitos bispos da época e que é mais conforme à Teologia Protestante.
Com a evolução, cresce a nossa individualidade, o que nos torna, cada vez mais, mais independentes em matéria de crença. Esse fenômeno acontece com os fiéis de todas as religiões. Tudo no mundo muda sem parar. E o que mais tem que mudar é justamente o nosso modo de crer em Deus, pois ninguém entende o que é mesmo Deus. As teologias têm sido fábricas de superstições sobre Deus. Ninguém conhece as coisas de Deus. (1 Coríntios 2,11). Se não conhecemos as coisas de Deus, menos ainda sabemos o que é Deus. “É mais fácil dizermos o que Deus seja do que o que Ele é”. (Sto Tomás de Aquino).
Toda crença deve se impor pela razão, jamais pela força. Mas mesmo a crença racional, com o tempo e a consequente e inevitável evolução da mentalidade humana, está sujeita a mudanças. Aliás, apenas Deus é imutável, pois só Ele é permanente. O nosso conceito sobre Deus é que é impermanente pela força mesma da evolução constante de nossa mentalidade. E cada um tem um Deus do tamanho de sua ideia sobre Ele. Lembro-me agora de que na minha primeira série do primeiro grau ou do antigo primário, a professora ensinava que o motorista dum veículo e os seus passageiros defendiam-se do frio e da chuva, fechando os vidros das janelas do carro. E, como se fosse uma coisa muito importante, ela perguntava aos alunos: O que a gente faz num carro quando chove e faz frio? E todos nós alunos respondíamos em coro: A gente fecha os vidros das janelas do carro. Parecíamos nós alunos e a professora uma turba de retardados! E você que me prestigia com sua leitura já imaginou o que nós, naquela época, pensávamos sobre Deus?
Aliás, até os teólogos, comparados com os de hoje, falavam muitas besteiras sobre Deus. O que diríamos, então, do conceito de Deus dos teólogos dos primeiros séculos do cristianismo, de cerca 17 séculos?
Assim como a moeda forte só é aquela sem inflação, e que incrementa, pois, o progresso (de que o Real de Fernando Henrique Cardoso e Itamar é um exemplo no Brasil), só a fé com a razão, ou seja, raciocinada no dizer de Kardec, é também realmente forte. E apenas essa fé forte racional é a que condiz com a nova mentalidade dos espiritualistas do Terceiro Milênio.
Salvemos o cristianismo, que não pode continuar sendo um museu de teologias mitológicas contrárias à lógica e à razão!

Obs.: Esta coluna, de José Reis Chaves, às segundas-feiras, no diário de Belo Horizonte, O TEMPO, pode ser lida também no site: www.otempo.com.br - Clicar colunas. Ela está liberada para publicações. Seus livros: “A Face Oculta das Religiões”, “A Reencarnação na Bíblia e na Ciência” Ed. EBM (SP) e “A Bíblia e o Espiritismo”, Ed. Espaço Literarium, Belo Horizonte (MG) – www.literarium.com.br - e meu e-mail: jreischaves@gmail.com Os livros de José Reis Chaves podem ser adquiridos também pelo e-mail: contato@editorachicoxavier.com.br e o telefone: 0800-283-7147.
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quarta-feira, 6 de outubro de 2010

O homem morre uma vez só e seu espírito é imortal


Hoje se sabe que Hebreus não é de autoria de são Paulo. Mas ele levou as idéias judaicas de sacrifícios para as suas epístolas, que são tidos como sendo os mais velhos escritos do cristianismo: “Cristo vos amou, e se entregou a si mesmo por nós, como oferta e sacrifício a Deus em aroma suave”. (Efésios 5,2). Compare-se esse texto com este de Moisés: “Assim queimarás todo o carneiro sobre o altar; é holocausto para o Senhor, de aroma agradável...”(Êxodo 29,18).
Paulo condena também os sacrifícios de animais, mas para enfatizar a importância do de Jesus, que os substitui. Mas será que Deus se deleitaria mais com o de Jesus, que condenou os de animais?
“Misericórdia quero, e não holocaustos.”(Mateus 9,13). E não seria estranho que Jesus, apoiado por Deus, exigisse a sua própria morte na cruz, para o fim dos sacrifícios de animais? Deus e Jesus estariam por trás desse monstruoso pecado? E como pode um pecado tão grave como esse anular todos os pecados da humanidade? Para Deus seria mesmo mais importante o sacrifício de morte na cruz de seu Filho Jesus? Os teólogos, com sua teologia do sangue, não teriam confundido o Espírito do próprio Deus com um espírito atrasado que gosta de sangue?
Nenhum ser humano e nem mesmo Jesus sabem tudo, mas apenas Deus o sabe. (São Mateus 24,36). Não é surpreendente, pois, que Paulo e o autor de Hebreus tenham cometido o erro de achar que Deus gostasse de sacrifícios. E, inicialmente, Paulo até ensinava, também erroneamente, que a segunda vinda de Jesus aconteceria com ele, Paulo, ainda encarnado: “Nós os vivos, os que ficarmos até à vinda do Senhor...”(Tessalonicensses 4,15).
E é por causa de um texto de Hebreus (seria seu autor discípulo de Paulo?) que muitos, equivocadamente, pensam – ou fingem que pensam – que Hebreus é contrário à reencarnação: “E, assim como aos homens está ordenado morrerem uma só vez e, depois disto, o juízo,”(Hebreus 9,27), o que nada tem a ver com a reencarnação. O que o autor de Hebreus destaca é justamente a morte de Jesus na cruz, que foi uma vez só. A sequência da leitura do texto, que até continua com a inicial minúscula, nos mostra isso: “assim também Cristo, tendo-se oferecido uma vez para sempre para tirar os pecados de muitos...” (Hebreus 9,28).
E o autor de Hebreus, nessa comparação, se referiu ao homem fenomênico, exterior (2 Coríntios 4,16), de barro, que morre mesmo uma vez só, voltando ao seu pó, e não ao homem interior (2Coríntios 4,16), que é o espírito imortal do homem, que apenas sai do homem, que morre, e volta para o mundo espiritual (Eclesiastes 12,7). É falso, pois, o argumento de que não se pode separar o espírito do homem do homem. As referências bíblicas mencionadas mostram-nos o contrário. E todo o homem morto vai para o cemitério, enquanto que seu espírito vai para o além. Ademais, o julgamento cármico paulino (2 coríntios 5,10), após a morte, não é o único, pois há o do juízo final. (1 Pedro 4,5), já que a jornada evolutiva do espírito não termina no túmulo.
E cada homem morto que morre uma vez só vai também uma vez só para o cemitério, virando pó. Mas seu espírito jamais morre, jamais vai para o cemitério e jamais vira pó.E é esse espírito imortal que reencarna em outro homem que nasce e que sempre morrerá uma vez só!

Obs.: Esta coluna, de José Reis Chaves, às segundas-feiras, no diário de Belo Horizonte, O TEMPO, pode ser lida também no site www.otempo.com.br Clicar colunas. Ela está liberada para publicações. Meus livros: “A Face Oculta das Religiões”, “A Reencarnação na Bíblia e na Ciência” Ed. EBM (SP) e “A Bíblia e o Espiritismo”, Ed. Espaço Literarium, Belo Horizonte (MG) – www.literarium.com.br - e meu e-mail: jreischaves@gmail.com Os livros de José Reis Chaves podem ser adquiridos também pelo e-mail: contato@editorachicoxavier.com.br e o telefone: 0800-283-7147.

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quinta-feira, 30 de setembro de 2010

A força do Espiritismo


A força do Espiritismo não se faz pelos seus representantes governamentais, pelas celebridades que comungam essa crença ou pela altura do domo das casas espíritas; sua força vem do nosso exemplo.

Certa vez, em um jornal espírita da década de 90, lemos a seguinte frase de um articulista: “(...) perdemos a grande oportunidade de eleger fulano como deputado federal e mostrar a força do Espiritismo”.
Será que essa é realmente a força do Espiritismo? Será que o Espiritismo, como religião, precisa de representantes na estrutura da República?
Essa questão sempre volta à baila em períodos eleitorais, quando recebemos emails ou vemos peças de publicidade de candidatos que exaltam essa condição, na busca de ampliar a sua base de eleitores por uma afinidade religiosa. Além de procurar no público espírita seus eleitores, alguns, por vezes, se arriscam a se proclamar representantes do Espiritismo no plano político. Essa situação não é das mais simples e implica diversas questões.
Quando falamos de candidatos espíritas, pensamos logo em situações em que a imagem e o bom nome do Espiritismo não sejam afetados, caso um candidato dito "dos espíritas" apareça em situações lamentáveis na mídia.
Por outro lado, a vida política é saudável e desejável. A política está presente no nosso dia-a-dia, quando precisamos fazer escolhas, estabelecer consensos, negociar, ceder, em prol de um bem maior. O espírita não pode ser um alienado, ele é um "homem do mundo" – de nada adianta viver os nossos dias pensando apenas nos sofrimentos ou consolações futuras.
Em tempos recentes vivemos recheando nossas Casas Espíritas com eventos grandiosos de autoajuda, shows artísticos, badaladas palestras e novidades literárias. Queremos descobrir o que fomos no passado, mas abdicamos de fazer o bem no presente.

Os espíritas não podem esquecer que são também cidadãos, homens com deveres diante da questão social.

Fazer o bem é se ligar às questões sociais, ao coletivo! Nesse sentido, não devemos ser omissos. Precisamos estar engajados nas lutas sociais, nas questões da coletividade, na busca do bem comum.
Como diria Bezerra de Menezes, que, aliás, foi deputado antes de presidir a Federação Espírita Brasileira: “(...) para nós, a política é a ciência de criar o bem de todos. E nesse princípio, nos firmaremos”.
E nesse campo também é possível fazer o bem! A política também é sementeira divina do plantio do progresso.
Essa intervenção permanente do Espiritismo nos problemas do mundo se apresenta bem em A Gênese, quando Kardec assevera: “(...) o Espiritismo trabalha com educação. Esta é a base da própria Doutrina, pois, para praticá-la, temos de nos educar. E a educação tem um conteúdo extremamente político, pois muda
nossa forma de ver o mundo e de agir nele”. Reafirma-se aí a necessidade de os espíritas não esquecerem que são também cidadãos, homens do seu tempo, com deveres diante da questão social.
A necessidade de nossa participação na vida social é, no entanto, diferente da situação de apresentar-se com a credencial "espírita" para pedir votos. “O Espiritismo se liga a todos os campos das atividades humanas, não para entranhar-se neles, mas para iluminá-los com as luzes do Espírito. Servir o mundo através de Deus é sua função e não servir a Deus através do mundo”, reitera Kardec na mesma obra já citada.

Não pensamos ser um bom caminho adotarmos o lema “espírita vota em espírita”

Em face disso, se quisermos pleitear a ocupação de um cargo público eletivo, devemos nos isentar de associar essa cruzada político-social aos papéis desempenhados no movimento espírita, e, como disse Kardec, iluminar nossa jornada política com o Espiritismo e não o Espiritismo com a nossa jornada política. Essa é a diferença entre ser um espírita-candidato e ser um candidato-espírita.
Quanto aos eleitores, nos parece bastante razoável que cada um escolha aqueles projetos que, de acordo com seu foro íntimo, atendam de maneira mais adequada às necessidades de sua coletividade. E, com base nesses, escolha seus candidatos, independentemente das crenças que esses professem. Para isso existem partidos políticos, para congregar nossas ideias no campo político! Existem várias formas de se obter espaço, prestígio ou força para defender nossos princípios, que não seja a opção de destacarmos, dentre um numeroso grupo de espíritas, um representante para disputar um cargo eletivo.
A César o que é de César! O Estado é laico!
Essa foi uma grande luta desse país e constitui a base da democracia. Não pensamos ser um bom caminho adotarmos o lema “espírita vota em espírita”. Isso pode redundar em situações-limite de pedidos de votos em reuniões públicas, ou ainda, intervenções na opinião política dos frequentadores da casa espírita, ambas as situações que na nossa visão seriam eticamente inconcebíveis.
A força do Espiritismo não se faz pelos seus representantes governamentais, pelas celebridades que comungam essa crença ou mesmo pela altura do domo das casas espíritas. A força vem do exemplo e da difícil tarefa de se fazer a reforma íntima para a construção do homem de bem. Esse é o nosso desafio!

Não devemos votar em alguém pelo simples fato de ele trazer em seu currículo a condição de espírita.

Para isso não conseguimos vislumbrar, sinceramente, a necessidade de se ter um representante do segmento espírita em qualquer órgão legislativo ou do Executivo, como situação que ajude a promover a renovação na busca do homem de bem.
Somos espíritas e cidadãos, o que não são coisas excludentes. Queremos, sim, pela nossa ação, povoar de homens de bem as instâncias decisórias, sejam eles espíritas ou não.
O grande risco dessas situações, em um país com muitos espíritas como o nosso, com um número maior ainda de simpatizantes, é o oportunismo de se aproveitar o bom nome que goza o Espiritismo para carrear votos e a promoção pessoal no período eleitoral.
A questão da representatividade é de mão dupla. O candidato representa o Espiritismo, mas o Espiritismo é representado por sua conduta como político. Se ele se arvora em se proclamar representante da Doutrina, acaba com sua imagem representando-a para quem o ouve, mesmo que o movimento espírita disso não se dê conta.
A decisão de alguém de se candidatar é um direito individual que deve ser respeitado. A participação política deve ser uma consciência, sob pena de nos tornarmos analfabetos políticos, como bem preconizava Bertolt Brecht. Mas não devemos depositar nosso voto pela simples razão de o panfleto do candidato trazer, como currículo, o fato de ser espírita, doutrinador, orador ou congênere.
O voto deve ser dado pela história de cada um, pelas suas propostas e pelo seu alinhamento na esfera política. Se o votado for espírita, ou não, isso pouco deve importar nesse contexto.

Marcus Vinicius de Azevedo Braga é pedagogo e um dos articulistas desta revista ( Consolador ) e de diversos periódicos. Paulo de Tarso Lyra é jornalista e articulista espírita.

Marcos Vinicius de Azevedo Braga
acervobraga@gmail.com e
Paulo de Tarso Lyra
brasiliaespirita@uol.com.br
Brasília, Distrito Federal (Brasil)


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segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Utopia


Em 1516, Thomas More (1478-1535) – célebre escritor e pensador inglês -, escreve sua obra mais famosa: Utopia.
Em seu livro, conta More que Utopia é uma ilha encravada no continente europeu onde existe a sociedade ideal. Todos trabalham, não há falta do necessário, as crianças estudam, há respeito entre os habitantes, o governo é justo. Em Utopia, hospitais são pouco utilizados porque seus habitantes são saudáveis e entendem a perfeita relação entre corpo e mente, há tolerância religiosa e todos se consideram habitantes de uma mesma família, enfim, são felizes.
Nos dias de hoje, em realidade, já há alguns séculos, a palavra Utopia tomou sentido pejorativo tornando-se sinônimo de fantasia, algo inalcançável e que não há possibilidade de existir.
Com as injustiças que grassam no mundo, se observamos apenas a superfície das situações, ficamos a pensar que a obra de More, e a ilha chamada Utopia, são ficção científica. Sociedade ideal? Uma fantasia. O mundo está cheio de velhacos que vivem a lei dos espertos. Mas é preciso mergulhar mais a fundo, estender a visão um pouco mais para ver que a sociedade está mudando, e para melhor. A ilha de Utopia não é mera ficção, caro leitor. Nossa sociedade já foi pior, mais injusta e cruel, mais corrupta e ignóbil, são os livros de história que nos contam isso.
Precisamos acreditar na possibilidade de modificação da criatura humana, necessitamos de sonhar em conjunto para que a sociedade ideal se concretize. Se passarmos a considerar que tudo vai de mal a pior, corremos sério risco de nos enredar nas teias da permissividade para com a corrupção, violência e injustiça, em triste pensamento: “Se todos fazem, se todos roubam e desrespeitam, por que apenas eu tenho de respeitar e ser honesto?”
Sem contar que, a realidade se mistura à fantasia, muitas vezes a fantasia se torna realidade porque houve alguém disposto a lutar por essa “Utopia”. No início do século XIX quem poderia sonhar que a escravidão acabaria, ou mesmo que o homem seria capaz de voar, diminuindo a distância entre os continentes. Há algumas décadas impossível conceber que as mulheres alcançariam sucesso profissional, para a sociedade de outrora, a mulher era um ser sem a mesma capacidade do homem, aliás, há alguns séculos as mulheres, segundo os teólogos, nem alma possuíam. No começo do século XX, se alguém falasse que faríamos contato com o mundo todo com apenas um clic de mouse, seria chamado de maluco, ou na melhor das hipóteses de utópico. Criaturas visionárias, que enxergam além desse estreito horizonte, não raro são chamadas de fantasiosas, é comum ouvirmos frases do tipo: “O que ele diz é muito bonito; perdoar, compreender, tolerar são excelentes medidas que tomamos em nosso dia a dia, no entanto, funcionam apenas na teoria, porque na prática é diferente”.
A mediocridade não consegue conceber algo que vá adiante de suas idéias e preconceituosas convicções, por isso há tanto desprezo pelos ideais que podem trazer a melhoria. Muito simples falar que uma idéia é Utopia, no sentido de fantasia, do que arregaçar as mangas e procurar transformar aquela idéia em realidade.
Portanto, caro leitor, a sociedade ideal, baseada na ilha de Utopia é possível de se concretizar, aliás, depende apenas de nós.
Vamos adiante e afirmamos que, a sociedade ideal acontece em nossa casa mental, na forma como nos relacionamos com o mundo exterior e nosso mundo íntimo. Se almejamos a paz, que trabalhemos por ela. Se queremos um bom relacionamento no lar, no ambiente profissional, no recinto religioso, que lutemos por ele, procurando dentro de nossas possibilidades melhorar o lugar onde vivemos, porquanto, cedo ou tarde, a sociedade ideal descrita por More se consumará, pois tudo caminha para a evolução e progresso.
Pensemos nisso.

Wellington Balbo
wellington_plasvipel@terra.com.br

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terça-feira, 21 de setembro de 2010

A política do ABORTO


O que se quer é “desumanizar” o embrião


O deputado José Genoino, no artigo de Wellington Balbo, nos fez recordar o artigo: “Eleição, Mulheres e Voto Consciente”, publicado na Revista Internacional de Espiritismo, setembro de 2000 - http://www.espirito.org.br/portal/artigos/neurj/eleicao-mulheres-e-voto-consciente.html
Antes das eleições, na TV duas candidatas discutem. Uma delas havia enfrentado, com muita angústia, um aborto espontâneo. Percebi que, embora fossem do mesmo credo, apresentavam posições antagônicas. Eram materialistas. Muitos têm fé no niilismo e acreditam na inexistência de vida após a morte, embora esta tese seja defendida sem nenhuma evidência experimental que a suporte. Uma opinião apresentada por uma delas, a de que o aborto é um direito, foi o que me chamou a atenção. Disse: “a campanha pela legalização do aborto deve seguir na direção pura e simples do direito de abortar, não necessitando a mulher explicar que há problemas com o feto ou que foi estuprada. O aborto não deve ser considerado crime e o argumento que invoco é um só. A mulher pode dizer que não quer este filho e que seu corpo lhe pertence. Este é o projeto de lei pelo qual anseiam as mulheres".
Diz a outra: “mas, aqui o direito de um implica na morte do outro. Não podemos autoatribuirmos a decisão e a ação de matar o outro. Isto é questão de poder acumpliciado a uma licença ética. É exatamente o que se dá com o político que leva o povo à guerra; dá-se ainda com o terrorista, com o torturador, com os assassinos de todos os matizes. Poder e não-ética, associados, produzem todas as lesões ao outro: o roubo, a censura, o seqüestro, a lista é longa. O aborto não é um direito, é uma possibilidade decorrente do poder e da anestesia da consciência, como escravizar o negro, matar judeus.”
Como que se não tivesse escutado os argumentos, surge a réplica: “A legislação do aborto não dá à mulher autonomia sobre seu corpo. Precisamos entrar na modernidade! Estamos atrasados em relação à Itália, Alemanha ou à França.”
“Sim. Mas, não seria o caso de ampliar a informação sobre anticoncepção? Usar do direito de não engravidar, nestes dias de Aids, usar a camisinha e exigir a colaboração do companheiro?”
“É, mas um dia a casa cai e você aparece grávida, minha filha!" - diz a outra.
A resposta estava na ponta da língua: “mas a culpa é do bebê?” O óvulo é seu. O útero, também, mas o ovo fertilizado é outra pessoa!
A outra engoliu em seco e não se deu por vencida.
“Sim, mas enquanto os teóricos, como você, discutem se o feto com duas ou com quatro semanas já é uma pessoa, a mulher engrossa as estatísticas. As mulheres pobres vão continuar abortando com agulha de tricô? De repente a outra disse: “Espera aí, vamos entrar nessa de que o Ministério da Saúde adverte... e, gastar fortunas dos recursos públicos, para tratar enfisema e câncer pulmonar que apareceram por causa de uma droga socialmente aceita? “Minha amiga”, falou com tom de piedade, “não seria melhor investir numa estrutura melhor para gerar filhos? Investir em creches e oferecer orientação sobre contracepção? O país já tem os sistemas de comunicação bem desenvolvidos é só questão de vontade política fazer a opção pela educação!” E arrematou: “Isto não é o mesmo que colocar o aborto na lei e a consciência fora da lei?”
“Ora, minha amiga, estamos discutindo a existência de alguém que ainda nem é uma pessoa. É apenas um amontoado de células. Eu estou defendendo a mulher e você vai ficar defendendo um feto!”
“A mulher é sempre ignorada. Essa é a grande questão do nosso século. As mulheres que abortam, no Brasil, não o fazem por opção. Quando falo no direito de abortar falo em direito à vida humana, decente e digna. É preciso existir estrutura para gerar filhos, foi você mesma quem colocou!”
“Sim”, veio a resposta: “e deve ser aí que devemos gastar a nossa energia e não tentando desumanizar o outro! Sempre que se quer humilhar, castrar, limitar ou matar o outro, recorre-se a esta técnica consagrada. O primeiro ato é desumanizar. Se o embrião é um "vir a ser", mas não é ainda por que não suprimi-lo em favor dos que são?
Hitler e Stálin tinham idéias, até nobres, pelas quais se delegaram o direito, e até o dever, de matar judeus, dissidentes, capitalistas, comunistas e católicos. O que se quer é “desumanizar” o embrião para adormecer as consciências com uma legitimidade.
"A ciência não tem uma definição de vida, portanto não pode justificar um procedimento tão grave sobre o que desconhece.”
Este diálogo é encontrado no opúsculo que recebeu o título “Antes de votar pergunte ao candidato sobre o aborto” e que está colocado em Campanhas (1998), na antiga HP do NEU-RJ, no endereço eletrônico http://www.geocities.com/neurj/neurj.htm
Votar não é fácil, apertar botões não deveria ser a única preocupação dos educadores de época de eleição. Devemos tomar cuidado. Nestes dias, na beira do precipício Portugal recebeu o empurrão!

Luiz Carlos D. Formiga
é professor universitário da UFRJ e UERJ, aposentado.


Matéria extraída do Jornal dos Espíritos - o seu jornal espírita na internet
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redacao@jornaldosespiritos.com

http://www.jornaldosespiritos.com/2007.3/col49.2.htm 


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quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Ressureição e Geração na Bíblia podem ser reencarnação


Existia uma doutrina que ensinava a ressurreição da carne. Mas hoje, ela ensina a ressurreição dos mortos, não mais especificamente a da carne. O mais correto seria o ensino de que a ressurreição é do espírito (1 Coríntios 15,44; 15,50; e João 6,62; e Mateus 22,30).
Ressurreição na Bíblia tinha para o povo judeu o significado de reencarnação. Jesus faz uma pergunta a seus discípulos: “Quem diz o povo ser o Filho do homem? E eles responderam: Uns dizem: João Batista; outros: Elias; e outros: Jeremias, ou algum dos profetas.” (Mateus 16, 13 e 14). Examinemos o caso de Jeremias, do 6º século a C.
O povo judeu achava erroneamente que Jesus poderia ser Jeremias, ou seja, o espírito de Jeremias reencarnado no corpo de Jesus. Mas nesse episódio fica clara a idéia de que povo judeu contemporâneo de Jesus entendia que ressurreição era reencarnação.
Comumente se entende por geração a consangüínea de pai, filho, neto, bisneto etc. Mas existe também a geração do espírito, isto é, o tempo médio em que o espírito fica reencarnado numa pessoa. Cada reencarnação é, pois, uma geração do espírito. “De geração em geração proclamaremos os teus louvores” (Salmo 79,13). Esse texto dá-nos a entender que as pessoas que estão louvando a Deus são as mesmas que continuarão louvando-O de reencarnação em reencarnação. Lê-se no livro de Jó um texto em que se fala de gerações passadas e que se conclui com a frase: “Porque somos de ontem e nada sabemos.” (Jó 8, 8 e 9).
É comum que os espíritos reencarnem nos descendentes de seus familiares. E há um texto de Moisés sobre gerações que foi adulterado na sua tradução para encobrir a idéia clara nele da reencarnação: “...Deus zeloso, que visito a iniqüidade dos pais nos filhos até a terceira e quarta geração daqueles que me aborrecem.” (Êxodo 20,5). A preposição portuguesa “até” está errada. Na Vulgata Latina de são Jerônimo (a primeira tradução da Bíblia para o latim, língua do Império Romano), lemos “in tertiam et in quartam generationem” (na terceira e quarta gerações). A preposição latina “in” deve ser traduzida por “em mais o artigo a (na)”, ficando assim: “na terceira e na quarta geração”.
Essa falsificação escandalosa da tradução foi para encobrir a idéia reencarnacionista de que o espírito do pecador, que, geralmente já morreu quando nasce um neto seu, reencarna num seu neto (terceira geração) ou num seu bisneto (quarta geração). E a adulteração desse texto bíblico esculacha também com a justiça divina, pois ele ficou com o sentido absurdo de que Deus sai punindo a torto e a direito todos os descendentes inocentes de um pecador. (Para saber mais: nosso livro “A Reencarnação na Bíblia e na Ciência”, 7a edição, página 96, Ed. EBM, SP). E eis mais um exemplo bíblico de reencarnação: Eu era um bom rapaz, por isso caí (reencarnei) num corpo perfeito.(Sabedoria 8,19 e 20). Aqui temos a doutrina da preexistência do espírito (existência dele antes da concepção do corpo), a da reencarnação e a do carma (colheita) de o espírito ter reencarnado, por mérito, num corpo perfeito.
Com esta matéria, vimos exemplos claros de que a reencarnação está mesmo na Bíblia, apesar de os teólogos virem tentando escondê-la dos fiéis desde o Concílio Ecumênico de Constantinopla (553), quando ela foi retirada do cristianismo.
E deixo aqui a pergunta: Por que Jesus nunca condenou a reencarnação tão clara no Velho Testamento e entre todos os povos de sua época?

Obs.: Esta coluna, de José Reis Chaves, às segundas-feiras, no diário de Belo Horizonte, O TEMPO, pode ser lida também no site http://www.otempo.com.br/ Clicar colunas. Ela está liberada para publicações. Meus livros: “A Face Oculta das Religiões”, “A Reencarnação na Bíblia e na Ciência” Ed. EBM (SP) e “A Bíblia e o Espiritismo”, Ed. Espaço Literarium, Belo Horizonte (MG) – www.literarium.com.br - e meu e-mail: jreischaves@gmail.com Os livros de José Reis Chaves podem ser adquiridos também pelo e-mail: contato@editorachicoxavier.com.br e o telefone: 0800-283-7147.

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quarta-feira, 15 de setembro de 2010

El Libro de los Espiritus

INTRODUCCIÓN AL ESTUDIO DE LA DOCTRINA ESPIRITISTA

Para las cosas nuevas se necesitan nuevas palabras. Así lo requiere la claridad en el lenguaje, con el fin de evitar la confusión inseparable del sentido múltiple dado a los mismos términos. Las palabras espiritual, espiritualista y espiritualismo, tienen una aceptación bien caracterizada, y darles otra nueva para aplicarlas á la doctrina de los espíritus equivaldría a multiplicar las causas de anfibología, ya numerosas. En efecto, el espiritualismo es el término opuesto al materialismo, y todo el que cree que tiene en si mismo algo más que materia, es espiritualista; pero no se sigue de aquí que crea en la existencia de los espíritus o en sus comunícaciones con el mundo visible. En vez de las palabras ESPIRITUALISTA y ESPIRITUALISMO, empleamos, para designar esta última creencia, las de espiritista y espiritismo, cuya forma recuerda el origen y su significación radical, teniendo por lo mismo la ventaja de ser perfectamente inteligibles, y reservamos a la palabra espiritualismo la acepción que le es propia. Diremos, pues, que la doctrina espiritista o el espiritismo tiene como principios las relaciones del mundo material con los espíritus o seres del mundo invisible.
Los adeptos del espiritismo serán los espíritas o los espiritistas, si se quiere.
EL LIBRO DE LOS ESPÍRITUS contiene, como especialidad, la doctrina espiritista, y como generalidad, se asocia a la doctrina espiritualista, ofreciendo unade sus fases. Por esta razón se ve en la cabecera de su título la frase Filosofía espiritualista.

Este livro disponibiliza para download: El Libro de los Espiritus

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sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Os espíritos são sempre mais numerosos do que os nascimentos


Muitas pessoas inteligentes fazem questionamentos sobre o número de espíritos que reencarnam e os nascimentos.
Como pode haver tantos espíritos para reencarnar, se o número de nascimentos de crianças cresce sempre e espíritos não são criados nas novas concepções? Segundo os pesquisadores do número de espíritos existentes que reencarnam na Terra, há cerca de trinta bilhões deles que ora estão aqui reencarnados, ora estão no mundo espiritual. Ademais, os espíritos migram de um mundo para outro. Na casa do Pai há muitas
moradas para eles (João 14,2).
E vamos ao significado das palavras alma e espírito. Foi Kardec quem melhor esclareceu essa questão. De acordo com a orientação dos espíritos, ele ensina que a alma é o espírito encarnado, e que o espírito é a alma desencarnada. Logo, o homem interior ou espiritual (2 Coríntios 4,18) é espírito e, temporariamente, é alma. E os espíritos são criados simples e sem conhecimento, como nos diz o “O Livro dos Espíritos”, de Kardec, e vão evoluindo com o seu intelecto e seu livre-arbítrio.
Deus ou seus espíritos (Hebreus 1,14) criam sempre novos espíritos, mas não necessariamente no momento da concepção, pois Deus ou seus espíritos não se subordinam à vontade do casal de copular, sem o que não haveria novas concepções. E, se os espíritos fossem criados no ato da concepção, como explicar que umas crianças nascem com problemas mentais, outras com deficiências físicas, e outras em berço de ouro, quanto que outras nascem na sarjeta? Neste caso, Deus estaria dando destinos diferentes para as pessoas, quando a Bíblia nos ensina que Deus não faz acepção de pessoas, e que nós, também, não devemos fazê-lo.
(Deuteronômio 10,17; Provérbios 28,21; Romanos 2,11; Gálatas 2,6; Efésios 6,9; Colossenses 3,25; e Atos 10,34). As diferenças, que os corpos têm, são conseqüências das ações passadas dos seus respectivos espíritos. Eu era um bom rapaz, por isso caí (reencarnei) num corpo perfeito (Sabedoria 8, 19 e 20). Neste ensino bíblico, temos as doutrinas verdadeiras da preexistência do espírito, da lei de causa e efeito (carma) e da reencarnação.
São Paulo deixou-nos um ensino alegórico sobre nossos corpos. Ele diz que o que semeamos não é a planta nova que há de ser, mas apenas o grão que morre e apodrece na terra, como acontece com nossos corpos mortos que apodrecem também na terra. (1 Coríntios 15, 35 a 38). A vida entra na nova planta que germina, como entra também no embrião da concepção. Os corpos novos da planta e do homem novos vêm das matérias (semente, espermatozóide e óvulo) provenientes dos corpos anteriores que produziram essas sementes, mas são outros corpos novos e diferentes dos que lhes deram origem. Observe-se que Paulo está falando de coisas materiais e não da vida dada pelo espírito, que, ao encarnar-se, leva-a para os corpos novos dos vegetais, dos animais e dos seres humanos, o que está de acordo com o ensino de Jesus: “O espírito é que vivifica; a carne para nada aproveita.” (João 6,63).
Os espíritos humanos, imortais que são, têm sua individualidade e identidade próprias. Eles vão para o mundo espiritual (Eclesiastes 12,7) e de lá voltam, desencarnando e reencarnando quantas vezes forem necessárias, até que paguem tudo até o último centavo, e evoluindo até que, enfim, se libertem da matéria (Apocalipse 3,12), salvando-se!

Obs.: Esta coluna, de José Reis Chaves, às segundas-feiras, no diário de Belo Horizonte, O TEMPO, pode ser lida também no site www.otempo.com.br Clicar colunas. Ela está liberada para publicações. Meus livros: “A Face Oculta das Religiões”, “A Reencarnação na Bíblia e na Ciência” Ed. EBM (SP) e “A Bíblia e o Espiritismo”, Ed. Espaço Literarium, Belo Horizonte (MG) – www.literarium.com.br - e meu e-mail: jreischaves@gmail.com Os livros de José Reis Chaves podem ser adquiridos também pelo e-mail: contato@editorachicoxavier.com.br e o telefone: 0800-283-7147.

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domingo, 5 de setembro de 2010

Além do horizonte


A obra de J.K. Rowling, Harry Potter (1997), apresenta uma escola de magia denominada Hogwarts, oculta dos olhares humanos, onde jovens aprendem a se tornar bruxos, em um mundo paralelo.
A cidade de Shangri-lá, encravada nas montanhas do Tibet, é um lugar mítico, na obra “Horizonte perdido” (1925), do inglês James Hilton, onde as pessoas nunca envelhecem.
Atravessando um armário, o Escritor C.S. Lewis nos conduz, em “As crônicas de Nárnia” (1949), a um mundo fantasioso, com personagens mitológicos e grandes aventuras do bem contra o mal.
Um tufão conduziu a bela Dorothy ao fantástico mundo de Oz, com estradas pavimentadas de dourado, na obra de 1900, do americano Lyman Frank Baum, “O Maravilhoso Feiticeiro de Oz”.
“-Cortem as cabeças!”, gritava a Rainha de Copas, para o espanto de Alice, em um mundo louco, no livro “Alice no país das maravilhas” (1865), de Lewis Carroll.
Manoel Bandeira cantava em versos uma Pasárgada, onde ele era amigo do Rei e teria a mulher que quisesse na cama que escolhesse...
A literatura mundial é farta de narrações épicas, de mundos míticos e fantasiosos, de lutas do bem contra o mal. Muitas dessas narrações são misturas de lendas de diversas civilizações, mescladas pelos valores cristãos, de elementos psicanalíticos antiquíssimos.
Nessas narrativas, sempre desejando um lugar mítico, um céu de nuvens algodoadas, segue sonhando a humanidade, com um paraíso além do horizonte.
Aproxima-se o lançamento em cadeia nacional do filme “Nosso Lar”, filmagem do grande romance mediúnico de André Luiz sob a pena psicográfica de Francisco Cândido Xavier, o primeiro de uma sequência de livros que reformulou os conceitos espíritas, principalmente da dinâmica da vida após o desencarne.
Estaríamos fazendo do Nosso Lar um mundo mágico e paradisíaco, um céu para além do túmulo?
Nosso lar é um local de trabalho e de luta pelo progresso espiritual da Terra. Nas próprias palavras do livro: “Nosso Lar é antiga fundação de portugueses distintos, desencarnados no Brasil, no século XVI. A princípio, enorme e exaustiva foi a luta, segundo consta em nossos arquivos, no Ministério do Esclarecimento”.
Longe de ser um lugar idílico, de aventuras mágicas e de realização de sonhos, é uma organização de trabalhadores na senda do bem, de recepção dos desencarnados, de preparação de encarnações. Vê-lo como o céu e o umbral como o inferno é importar um modelo teológico que não cabe no Espiritismo.
A comunidade de Nosso Lar foi fruto de luta dos nossos abnegados irmãos e, longe de ser um mundo à parte, é um local em constante interação com o nosso planeta, como no momento da eclosão da segunda guerra, narrada em um trecho do livro.
Importantes reflexões, para não nos esquecermos que, como dito no livro, as finalidades daquela colônia “residem no trabalho e no aprendizado”, longe de ser um local de realização de sonhos ou de repouso eterno. É uma oficina bendita, de intercâmbio próximo com a Terra.

Marcos Vinicius de Azevedo Braga

acervobraga@gmail.com
Guará II, Distrito Federal (Brasil)


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NOSSO LAR - Trailer HD

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Obsessão

 
Uma interessante matéria publicada por Allan Kardec na Revista Espírita1 utiliza a expressão loucura obsessional. O texto, que recomendamos aos leitores, é um estudo sobre os Possessos de Morzine, uma localidade em determinada região francesa, alvo de carta endereçada ao Codificador pelo capitão B. (membro da Sociedade Espírita de Paris e naquele momento radicado na cidade de Anecy). Allan Kardec publicou a carta na edição de abril2, seguida de instruções dos espíritos Georges e Erasto e ainda acrescentou lúcido comentário sobre a questão. Depois na edição de dezembro3 voltou ao assunto, desdobrando-o em bem argumentada análise.
Trata-se de uma obsessão coletiva que atingiu toda uma coletividade e Kardec usa nas duas edições referidas toda a lógica da Doutrina Espírita para explicar a questão da natureza dos espíritos e sua permanente influência junto à humanidade através do perispírito e da mediunidade. Porém, abre importante caminho no entendimento da enfermidade classificada como loucura e acrescenta que “(...) Ao lado de todas as variedades de loucura patológica, convém, pois, acrescentar a loucura obsessional (...)” E acrescenta: “Mas como poderá um médico materialista estabelecer essa diferença ou, mesmo admiti-la? (...)”1.
A questão suscita observações interessantes sobre a saúde mental. Ocorre que é grande o número de pessoas consideradas como lesionadas no cérebro e portanto internadas em hospitais psiquiátricos ou em tratamento mental ou psicológico, quando na verdade estão apenas sob forte influência de espíritos que agem ainda com ódio premeditado ou mesmo atuam inconscientemente. Claro que há, e isto ninguém contesta, os que podem ser considerados vítimas de lesões cerebrais irreversíveis com indicações claras de tratamentos ou internações inadiáveis. Mas, a influência perniciosa de um espírito desequilibrado e “que não passou de acidental, por vezes toma um caráter de permanência quando o Espírito é mau, porque para ele o indivíduo se torna verdadeira vítima, à qual ele pode dar a aparência de verdadeira loucura. Dizemos aparência, porque a loucura propriamente dita sempre resulta de uma alteração dos órgãos cerebrais (...) Não há, pois, loucura real, mas aparente, contra a qual os remédios da terapêutica são inoperantes, como o prova a experiência (...)”1, conforme acentua o Codificador.
Como sabem os estudiosos da Doutrina Espírita, a obsessão é capítulo importante no relacionamento entre encarnados e desencarnados, tendo inclusive merecido capítulo específico em O Livro dos Médiuns4 e como destacado pelo próprio Codificador o desafio está em enfrentar esta loucura aparente – pois não há lesões cerebrais –, causada pela presença e influência de espíritos maus e perversos, que constrange e/ou paralisa a vontade e a razão de sua vítima, fazendo-a pensar, falar e agir por ele, levando-a a atos e posturas extravagantes ou ridículas. Considere-se que estamos num planeta ainda dominado pelo egoísmo, onde a maioria das criaturas que o habitam – estejam encarnados ou desencarnados – estão envolvidas com interesses mesquinhos e sem finalidades educativas ou de aperfeiçoamento. E fica fácil, então, imaginar o mundo invisível formando inumerável população que forma a atmosfera moral do planeta, caracterizado pela inferioridade das lutas mundanas e dos interesses que o egoísmo, a vaidade, o orgulho ou a inveja podem criar. Para resistir a tudo isso, usando palavras do próprio Kardec, “são necessários temperamentos morais dotados de grande vigor”5.
E é interessante notar que, conforme ponderações do próprio Kardec6, “(...) a ignorância, a fraqueza das faculdades, a falta de cultura intelectual” oferecem mais condições de assédio aos espíritos imperfeitos que tentam e muitas vezes conseguem dominar as criaturas humanas através do real fenômeno da obsessão, tantas vezes confundido como loucura ou lesões no cérebro. Diante desse quadro todo, percebe-se claramente a importância do estudo e da divulgação espírita perante todas as classes de indivíduos do planeta. Nesta área da saúde, o Espiritismo vem esclarecer a obscura questão das doenças mentais, apresentando uma causa que não era considerada e constitui perigo real evidente, provado pela experiência e pela observação: o da obsessão ou influência dos espíritos sobre os seres humanos.
Por estas razões todas, além das indicações aos leitores dos exemplares da Revista Espírita e de O Livro dos Médiuns, citados na presente abordagem, é que não posso deixar de indicar com muita ênfase o estudo do livro A Obsessão – Origens, Sintomas e Curas, do próprio Allan Kardec, publicado pela Casa Editora O Clarim. Trata-se de valiosa obra, composta de textos extraídos da já citada Revista Espírita. Com tradução de Wallace Leal Rodrigues, que premia o leitor com extraordinário Prefácio do Tradutor, riquíssimo por si só pela cultura do tradutor e conteúdo doutrinário expressos no referido texto, é obra para consultas permanentes.
Breve consulta ao sumário do livro, dentre os instigantes títulos dos capítulos, destaco dois para apreciação do leitor: O mal do medo e Curas de obsessões, indicativos bem próprios e atuais de desafios constantes de nosso tempo.
Optamos por não fazer transcrições da citada obra. Ela é muito valiosa para ser apresentada em trechos parciais. É preciso mesmo tê-la em mãos e constatar por si mesmo o alcance e profundidade dos textos selecionados e ali reunidos.
 
(1) Dezembro de 1862, páginas 360, edição EDICEL, tradução de Júlio Abreu Filho.
(2) Abril de 1862, páginas 107/108, edição EDICEL, tradução de Júlio Abreu Filho.
(3) Dezembro de 1862, páginas 360 a 365, edição EDICEL, tradução de Júlio Abreu Filho.
(4) Capítulo XXIII.
(5) página 356 da edição de Dezembro de 1862 da Revista Espírita, edição EDICEL, tradução de Júlio Abreu Filho.
(6) Abril de 1862 da Revista Espírita, página 111, edição EDICEL, tradução de Júlio Abreu Filho.

Orson Peter Carrara
orsonpeter@yahoo.com.br

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