sexta-feira, 30 de abril de 2010

Estupro e Aborto na visão Espírita


Em diversas oportunidades, quando fizemos palestra sobre reencarnação e aborto, fomos questionados posteriormente sobre a dolorosa e delicada circunstância do estupro. Principalmente, ao se propiciar perguntas nos serem dirigidas por escrito viabilizava-se este questionamento.
Embora o tema seja potencialmente polêmico e desagradável, não há como ignorá-lo no contexto de nossa situação planetária.
A grande discussão que se levanta é a legitimidade, ou não, do aborto, quando a gravidez é conseqüente a um ato de violência física. Mais uma vez, nos posicionamos em relação ao aspecto legal da questão nos abstendo de maiores comentários no campo jurídico pois leis e constituições os povos já tiveram inúmeras e tantas outras terão. Nossa abordagem será pelo ângulo transcendental e reencarnacionista considerando que são três (3) espíritos, no mínimo, envolvidos na tragédia em questão.
Igualmente, quanto ao aspecto da ética médica, a qual estamos submetidos por força da profissão que nesta reencarnação exercemos, lembramos ser esta ética diferente em cada país do planeta. Numa escala de zero a 10, teremos todas as notas, conforme a nação e o continente que nos reportarmos.
Inicialmente, cumpre-nos esclarecer que o livre arbítrio é o maior patrimônio que nós, espíritos humanos, temos alcançado ao atingirmos a faixa evolutiva pensante. Livre arbítrio que não legitima atitudes, mas oportuniza às criaturas decidir e se responsabilizar pelas conseqüências de seus atos posteriores.
Outra premissa que deveremos estabelecer é aquela da maior ou menor repercussão dos atos perante a Lei Universal, em função do nível de esclarecimento que possuímos. Importante também salientar que não há atos perversos que tenham sido planejados pela espiritualidade superior. Seria de uma miopia intelectual sem limites, a idéia de que alguém deve reencarnar a fim de ser estuprado.
A concepção do Deus punitivo e vingativo já não cabe mais no dicionário dos esclarecidos sobre a vida espiritual. Deus é a fonte inesgotável de amor.
É a Lei maior que a tudo preside, uma lei de amor que coordena as leis da natureza.
Como conceber a violência física? como enquadrar a onipresença divina em situações e sofrimentos que observamos? Deus estaria ausente nestas circunstâncias? Ou estaria presente? Para muitos indivíduos se estivesse presente já seria motivo para não crer na sua existência ou na sua infinita bondade e onisciência. Outra questão importante: Quem é a "vítima"? Cada um de nós ao reencarnar trouxe todo o seu passado impresso indelevelmente em si mesmo, são os núcleos energéticos que trazemos em nosso inconsciente construídos no passado.
Espíritos que somos e pelas inúmeras viagens que percorremos, representadas pelas inúmeras vidas, possuímos no nosso "passaporte" inúmeros "carimbos" das pousadas onde estagiamos em vidas anteriores. Hoje, a somatória destas experiências se traduzem em manancial energético que irradia constantemente do nosso interior para a superfície desta vida. Assim, é também a "vítima". A jovem que hoje se apresenta de forma diferente, traz em seu passado profunda marcas de atitudes prejudiciais a irmãos seus. Atitudes de desequilíbrio que são gravadas em si mesma. Algumas delas participaram intelectualmente de verdadeiras emboscadas visando atingir de maneira dolorosa a intimidade sexual de criaturas; outras foram executoras diretas, pela autoridade que eram investidas, de crimes nesta área. enfim, são múltiplas as situações geradoras da desarmonia energética que agora pulsa constantemente nos arquivos vibratórios da nossa personagem neste drama.
Pela Lei Universal, a sintonia de vibrações, poderá ocorrer em um dado momento dependendo da facilitação criada por atitudes mentais da personagem apresentou como surpresa desagradável para a agredida. 
Como orientar a vítima? Identificados dois dos protagonistas (mãe e filho) falemos acerca da entidade reencarnante Em certas ocasiões, o ser que mergulha na carne nesta dolorosa circunstância é alguém que vibra na mesma faixa de desequilíbrio. Um espírito que pelo ódio se imantava magneticamente à aura da jovem como que pedindo-lhe contas pelos sofrimentos causados por ela, se vê preso às malhas energéticas do organismo biológico que se forma. O processo obsessivo que vinha se desenvolvendo já o fixara perifericamente à trama perispiritual materna e agora passa a aderir definitivamente naquele organismo feminino.
Apesar do momento cruel, a Lei maior pode aproveitar para retirar o perseguidor desta situação adormecendo-o. Acordará, talvez, embalado pelos braços de sua antiga algoz que aprenderá a perdoar e até amar em função do sábio esquecimento do passado. Lembramos, novamente, não foi em hipótese alguma programado o estupro, nem ele em qualquer circunstância teria justificativa. No entanto o crime existindo, a espiritualidade sempre fará o máximo para do "mal" poder resultar algum bem.
Mas, muitas vezes, a gestante pressionada pelos vínculos familiares opta por interromper a gravidez indesejada.
Somos contrários a teatralidade daqueles que exibem recursos chocantes de fragmentos ensangüentados de bebês em formação, jogados nos baldes frio da indiferença humana. A falta de argumento e conhecimento espírita do processo que se desencadeia, é que faz lançar mão destes métodos agressivos de exposição.
A visão espiritual da situação dispensa estes recursos dos quais podem se servir outras correntes religiosas que desconhecem a preexistência da alma o mecanismo da reencarnação, etc.
O espírito submetido à violência do aborto sofre intensamente no processo, conforme o seu grau de maturidade espiritual. Perante a Lei divina sabemos que o espírito reencarnado não deve receber a agressão arbitrária em face da violência cometida por outro. Violência que gera violência, um ciclo triste que necessita ser rompido com um ato de amor a um entezinho que muitas vezes aspira por uma oportunidade de evolução em nova vida.
O aborto provocado gera muitas vezes profundos traumas em todos os envolvidos exacerbando a dolorosa situação cármica da constelação familiar. Ninguém é mãe ou filho de outrem por casualidade. Há, sempre, um mecanismo sábio da lei que visa corrigir ou atenuar sofrimentos.
Há, também, espíritos afins e benfeitores que, visando amparar a futura mãe, optam pelo reencarne na situação surgida. A vítima do estupro, poderá ter ao seu lado toda luz de alguém que poderá vir a ser o seu arrimo e consolo na velhice. Irmãos cheios de ternura em seu coração, com projetos de dedicação e amparo, aproveitam o momento criado pelo crime para auxiliar, diretamente, na vida material, dando todo seu trabalho afetivo para aquela que amam. Renascem como seu filho.
A eliminação da gravidez, através do aborto provocado, nestes casos, irá anular este laborioso auxílio que o espírito protetor lamentará ter perdido.
Pelo exposto, a interrupção da gestação mesmo decorrente de violência, é sempre uma atitude arbitrária que só ampliará o sofrimento dos familiares.
Se a jovem for emocionalmente incapaz de atender os requisitos da maternidade, a adoção, preferencialmente por pessoas de vínculos próximos, deverá ser o remédio por nós indicado. Se não houver possibilidades psiquicamente aceitáveis de recepção por parte de familiares, encaminhe-se os trâmites da adoção para quem receberá aquela criatura com o amor necessário ao seu processo redentor e educativo. 
O tempo se encarregará de cicatrizar os ferimentos da alma.

Dr. Ricardo Di Bernardi
Presidente da AME SC 

Matéria Extraída do Site: Panorama Espírita

Imagem ilustrativa  

Psicologia do Evangelho


Livro de:
Adenauer Novaes 

Interpretar a mensagem contida no Evangelho é tarefa destinada aos estudiosos e eruditos gabaritados, que vêm a esse mister dedicando-se anos a fio e que, certamente, dispõem de conhecimentos intelectuais profundos. Não é tarefa para qualquer um ou para amadores. A maioria daqueles estudiosos é conhecedora de línguas antigas, dispondo de livros raros e preciosos que os capacitam a melhor entender o conteúdo dos escritos deixados pelos primeiros cristãos. Não possuindo esses e outros requisitos, não me arrisco a  dizer-me intérprete, mas apenas um apreciador das entrelinhas do Evangelho.
Quando pensei em escrever sobre assuntos em torno do Evangelho, isto é, sobre o contido nas entrelinhas das parábolas, logo vi que não teria a competência necessária para interpretar a Boa Nova, haja vista a necessidade de conhecer a cultura judaica antiga. Decidi então, ao invés de interpretar, colocar meus sentimentos sobre a mensagem, de acordo com uma percepção pessoal, sem a pretensão de me contrapor às interpretações clássicas, sabidamente enriquecedoras e coerentes, nem tampouco acrescentar algo novo. Trata-se de uma exposição de meus sentimentos sobre o que hoje as parábolas me despertam, dirigidas ao meu mundo interior, isto é, o sentido interior que elas têm quando internalizadas. Não busquei fazer comparações com a psicologia clássica, nem extrapolar a percepção direta da mensagem em mim mesmo. Sem a pretensão de dar novo sentido à mensagem contida nos livros que abordam o tema, decidi por trazer uma visão aplicável ao mundo interior, subjetiva, psicológica e, portanto, segundo pressupostos teóricos não só pessoais como sistêmicos, buscados nas psicologias que tratam do inconsciente, principalmente nos conceitos da psicologia analítica de C. G. Jung (1875-1961) e nas ponderações de Allan Kardec (1804-1869), em O Evangelho Segundo o Espiritismo. As citações bíblicas não foram extraídas das existentes neste último livro em função de considerar que os equívocos de tradução ou de editores, porventura existentes na que escolhi, não ferem substancialmente a mensagem.
A partir de minha prática clínica, da interação com os diversos tipos humanos e das escolas teóricas que admitem uma psicologia do inconsciente, busquei observar nas entrelinhas do Evangelho, uma mensagem dirigida ao mundo interior do ser humano, ou seja, uma possibilidade de sua aplicabilidade ao indivíduo consigo mesmo. Ele, com seu diálogo interno, com seu guia espiritual, com seu mentor, com seu arquétipo do velho sábio, com seu Self¹, com seu Eu Superior, com sua alma eterna, ou com qualquer que seja o nome que atribua à parte mais profunda de sua personalidade. Seria o diálogo da vida consciente com a inconsciente, do coletivo com a singularidade, do ego² com o Espírito.

1 Self, centro ordenador da vida psíquica. Função psíquica inconsciente do Espírito, que o representa.
2 Ego, entendido como uma outra função psíquica do Espírito, é o centro da consciência, que, às vezes e por circunstâncias especiais, goza de certa autonomia.

Pode ser óbvio dizer isto, e realmente o é, porém temos visto que a mensagem é geralmente interpretada e divulgada para o ser humano enquanto ser social, isto é, na sua atuação externa no mundo. As interpretações geralmente buscam equilibrar o ser humano com as forças externas, sociais, nas suas relações com o mundo. Parece ser mais importante que ele esteja bem com o mundo externo. Por causa disso ele se obriga a agir educadamente, a ser cortês, a ser polido, a se ajustar socialmente enquanto interagindo com o coletivo. Muitas vezes, quando sozinho ou mesmo junto aos familiares mais próximos, age sem conseguir esconder seu mundo de sombras, conflitos e dificuldades íntimas. Claro que viver bem socialmente representa uma grande conquista. Estar de bem com o mundo é saber viver em sociedade, mesmo que isso custe a repressão da própria natureza individual. O Cristianismo é tomado, muitas vezes, como sendo apenas uma doutrina para as massas. Porém, isso não é tudo. Veremos adiante.
Essa atitude externa deve ser conseqüência da existência de algo impregnado na personalidade, que internamente a predisponha a um modo de ação sobre o mundo. É esse modo que o faz estar de bem com o mundo e com a Vida. Atuar no mundo, baseando-se nos princípios cristãos, deve ser conseqüência de sua internalização. A ação externa deve se assemelhar a um estado consciente interno.
As idéias aqui expressas visam, de forma específica, levar o leitor a uma reflexão interior, a espécie de auto-análise e percepção de si mesmo no seu processo de desenvolvimento pessoal. Dirigem-se àqueles que desejam viver em paz consigo mesmo e com seus processos de descoberta e realização pessoal.
É possível identificar nas entrelinhas do Evangelho, que sua mensagem se destina a elevar o ser humano qualitativamente a fim de fazê-lo melhor perceber o sentido da Vida e dar-lhe uma visão adequada do Criador.
O Evangelho Segundo o Espiritismo, por ser uma obra de importância singular no processo de consolidação dos princípios espíritas, serviu-me como opção para análise das entrelinhas da mensagem do Cristo. Escolhi as parábolas ali comentadas para tentar trazer aquela visão subjetiva.
As palavras do Cristo, mesmo passadas pelos apóstolos, ou transcritas e traduzidas em várias épocas, conservam um sentido transcendente. Contêm um sentido universal, assim como outras palavras constantes nos livros sagrados das religiões antigas. Elas têm um sentido arquetípico³ que pode nos levar a interpretações distintas, sem que isso lhes diminua o valor. Elas servem a gregos e troianos. Servem para o mundo externo tanto quanto para o interno. Optei por tentar mostrar essa última direção.
Não se trata de nova interpretação ao que foi escrito por Allan Kardec e pelos Espíritos Codificadores, mas
apenas uma visão subjetiva pessoal, portanto factível de equívocos, pelos quais peço desculpas ao leitor. Considero que mais importante que escrever uma visão pessoal da mensagem do Cristo é tentar vivenciar qualquer interpretação que aponte ao ser humano o caminho do amor a Deus e ao próximo como a si mesmo.

3 Deriva de arquétipo, isto é, tendência a um comportamento típico, coletivo.

Disponibilizo todo o livro para download: Psicologia do Evangelho

quinta-feira, 29 de abril de 2010

As mães, o amor materno e o aborto.


Ouve-se dizer em larga escala que o Espiritismo não proíbe ninguém de deixar de fazer o que queira, de dizer o que pense ou de executar o que planeje. O dia em que isso acontecer, ele se ombreará com o Tribunal do Santo Ofício, da Idade Média.
Como se comporta o Espiritismo com relação à família, no tocante ao aborto? Aceita, repudia, condena ou releva quem o pratica? A resposta está com Jesus, o Cristo, quando ensina: "Cada um só pode dar aquilo que tem". "A cada um será dado conforme a sua obra."
O livre-arbítrio é uma lei natural. Cada um responderá, mais cedo ou mais tarde, pelos atos praticados, independentemente da filosofia religiosa que professe.
O Espiritismo não concorda com nenhuma ação criminosa, muito menos com essa que mata o corpo físico de um Espírito que nem sequer completou sua reencarnação.
Os defensores desse ato nefando contra a vida, notadamente certas mulheres, argumentam que o corpo que gera a criança é delas, porém se esquecem de que o do feto não lhes pertence. Por essa e outras razões, incentiva a vitalidade do corpo humano, "morada" temporária do ser pensante.
É bom que as pessoas entendam isso de uma vez por todas, e passem a respeitar o Espírito reencarnante. 
O espírita convicto é fiel aos princípios preconizados pelo Mestre dos mestres: "Amai-vos uns aos outros como Eu vos tenho amado". Ele não estipulou idade, nem condicionantes para o amor reinar entre mãe e filho.
Educadora do lar, pastora da sociedade e apascentadora universal. Único ser humano a quem o Pai da vida dotou de órgãos anatômicos e fisiológicos capazes de gerar e fecundar um corpo humano que sirva de morada temporária para a obra-prima da Sua criação, dando azo à perpetuidade da espécie humana. Assim é a mãe.
Na escala amorável, dentre as constelações luminares no infinito da Criação, ela resplandece como estrela de primeira grandeza. Entre pessoas, é o amor de mãe, sem sombra de dúvidas, o amor mais puro que existe na face da Terra. O que uma mãe não faz para ver seu filho feliz? Luta contra o mundo. É pena que muitos passem a perceber o valor dessa criatura, quando ela já se despojou do corpo físico.
Por essa e outras plausíveis razões, quando a mãe fica com os cabelos brancos, andar claudicante, pensamentos falhos e cuidados aparentemente excessivos, seus rebentos devem dedicar-lhe mais carinho, mais afeto e mais ternura. É o momento apropriado para ampliar a gratidão àquela que jamais economizou esforços, dedicação e devotamento para agasalhá-los, a qualquer custo e sob quaisquer circunstâncias, no manto sagrado do amor.
Mãe! Que os filhos lembrem-se de sua existência todos os dias de suas vidas.

Pedro de Almeida Lobo
de Campo Grande (MS), é articulista espírita
feesp@feesp.org.br


Imagem ilustrativa

RAUL TEIXEIRA - MEDIUNIDADE - PARTE 1

RAUL TEIXEIRA - MEDIUNIDADE - PARTE 2

RAUL TEIXEIRA - MEDIUNIDADE - PARTE 3

RAUL TEIXEIRA - MEDIUNIDADE - PARTE 4.avi

quarta-feira, 28 de abril de 2010

O Celibato obrigatório dos Padres tem culpa no cartório


Toda religião tem seu lado bom e positivo, pois seus fundadores são geralmente pessoas de espíritos evoluídos, algumas das quais até foram consideradas como sendo Deus.
Mas as religiões erram. A Igreja, por exemplo, que se aliou ao poder civil autoritário dos governos do passado, tem os seus erros impostos e mantidos pela força.. Hoje, ela poderia corrigi-los, pois ela não está mais ligada a nenhum poder civil. Mas há outros fatores que ainda impedem que ela corrija seus erros: o egoísmo e o orgulho de suas autoridades, que, com raras exceções, são iguais à maioria de todos nós ainda muito imperfeitos espiritualmente. Fossem elas mais evoluídas, e a Igreja não teria tantos problemas como tem.
A cizânia (joio) é do anticristo, o responsável pelas divisões no cristianismo, e que faz as autoridades religiosas ficarem surdas às palavras proféticas de renomados baluartes do cristianismo, como Ário, Giordano Bruno, são Francisco de Assis, Maïtre Ekart, John Hus, Lutero, Kardec, Papa João XXIII e muitos outros que não foram aqui na Terra apenas alunos de Jesus, mas verdadeiros discípulos Dele.
Entre os erros da Igreja, um se destaca. Trata-se do celibato obrigatório para os padres, que é um erro do Direito Canônico da Igreja, pois essa exigência é contra a lei natural, que é divina e bíblica. O celibato obriga os padres a serem misóginos (aversão às mulheres), o que é um absurdo. Isso pode trazer-lhes desequilíbrios psicológicos, entre eles, o da pedofilia, que sempre houve no clero católico do passado, mas era abafada pelo poder da Igreja. Porém os padres pedófilos sempre foram uma minoria insignificante. E sempre houve os envolvidos clandestinamente com mulheres, demonstrando que a lei divina, natural e bíblica é mais poderosa do que o Direito Canônico da Igreja.
Muitos jovens idealistas, ainda imaturos para uma escolha definitiva do que querem mesmo de sua vida, comprometem-se precipitadamente com o celibato, ordenando-se padres.
Mais tarde, 10 ou 20 anos depois, descobrem que não era bem esse tipo de vida que queriam.
Voltar atrás era um Deus nos acuda e, às vezes, ainda é!
Mas esse sacrifício do celibato, apesar de ser antinatural, vai ter, sem dúvida, uma recompensa de Deus, que leva em consideração a boa intenção do indivíduo. Um dos erros do celibato consiste em os padres acharem que só porque passaram pelo ritual da ordenação sacerdotal estão entre aqueles especiais, que são eunucos não feitos pelos homens, mas pelo reino dos céus, os quais são muito poucos.Os outros (a maioria?), que Deus tenha misericórdia deles, pois, como disse são Paulo, é melhor casar do que abrasar. E isso nos leva a crer que o celibato, como se diz, tem mesmo culpa no cartório!
Não tenho dúvidas na promessa de Jesus de que as portas do inferno não prevalecerão (o verbo está no futuro) contra a Igreja, pois ela será vitoriosa. Mas isso se dará quando ela se livrar dos seus erros doutrinários, que levam à descrença, e que são as portas do inferno dentro dela própria! Que a Igreja se regenere o quanto antes e não continue, pois, a se autodestruir com seus erros, entre eles o do celibato obrigatório para os padres, os quais dão origem a vários outros problemas que a afetam!

PS:
Agradeço os comentários de Júlio Horta, Guarapari (ES), Eden Mattar (FUMEC), Wellerson Silva, Élber, Nestor Martins Amaral Jr., Alencar e José Carlos Alves Martins, Curvelo (MG).

Obs.: Esta coluna, de José Reis Chaves, às segundas-feiras, no diário de Belo Horizonte, O TEMPO, pode ser lida também no site www.otempo.com.br - Clicar colunas. Ela está liberada para a publicação. Nas publicações, fico grato pela citação de meus livros: “A Face Oculta das Religiões”, “A Reencarnação na Bíblia e na Ciência” Ed.EBM (SP) e “A Bíblia e o Espiritismo”, Ed. Espaço Literarium, Belo Horizonte (MG) – www.literarium.com.br - e meu e-mail: jreischaves@gmail.com - Os livros de José Reis Chaves podem ser adquiridos também pelo e-mail: contato@editorachicoxavier.com.br e o telefone: 0800-283-7147.

Imagem ilustrativa

terça-feira, 27 de abril de 2010

O pecado original tem a ver com a existência da reencarnação

Vamos relembrar alguns textos bíblicos, que nos mostram que nós mesmos é que pagamos os nossos pecados. "A alma que pecar, essa morrerá: o filho não levará a iniquidade do pai, nem o pai a iniquidade do filho; a justiça do justo ficará sobre ele, e a perversidade do perverso cairá sobre ele" (Ezequiel 18,20). "Os pais não serão mortos em lugar dos filhos, nem os filhos em lugar dos pais: cada qual será morto por seu pecado"(Deuteronômio 24,16). "Naqueles dias já não dirão: Os pais comeram uvas verdes, e os dentes dos filhos é que se embotaram. Cada um, porém, será morto pela sua iniquidade; de todo homem que comer uvas verdes os dentes se embotarão" (Jeremias 3, 29 e 30).
A pequena parcela católica dos carismáticos, percebendo que a lei de causa e efeito ou cármica é uma realidade, cai em erro semelhante ao da doutrina do pecado original. Segundo eles, nós temos alguns problemas, porque os nossos ancestrais cometeram certos pecados. Mas, nós vimos pelos textos bíblicos citados que somos nós mesmos, os autores dos pecados, que os pagamos. Aliás, seria um grave erro da lei e da justiça divinas um inocente pagar pecados de outro. Nem a lei e a justiça humanas imperfeitas aceitam tal coisa! Existe herança dos bens ou males materiais, mas não de moralidade.
Não confundamos, pois, as coisas materiais com as espirituais ou morais do reino de Deus. Ninguém pode ganhar o céu para outra pessoa e nem pagar pecado de outro. O que acontece, na verdade, é que o espírito do neto pode ser o mesmo espírito que animou o corpo de seu avô, do mesmo modo que o sangue que corre nas veias dum neto é o mesmo que corria nas veias do seu avô ou de um outro seu antepassado. Esse raciocínio lógico e também bíblico põe-nos frente a frente com o fenômeno da reencarnação. E um estudo racional da Bíblia, sem as peias ou viseiras de dogmas, mostra-nos que as gerações na Bíblia são, geralmente, reencarnações do espírito. Daí que Jó, falando de gerações passadas, afirma que nós somos de ontem e nada sabemos (Jó 8,9).
No tocante à história metafórica de Adão e Eva, nós só podemos herdar deles a espécie humana a que pertencemos, a qual é inteligente e dotada de livre-arbítrio, e que tem, pois, a capacidade de pecar também, mas nós não podemos herdar os próprios pecados deles, já que, como foi dito, pecados são de ordem moral ou espiritual, e só as coisas de ordem material podem ser herdadas.
E, se nós, descendentes de Adão e Eva, tivéssemos mesmo que pagar os pecados deles, por mais numerosos que eles fossem, eles já teriam sido pagos e repagos, há muito tempo. Ou será que o número de pecados de Adão e Eva é infinito?
E não dizem que o batismo apaga o pecado original? Então por que ainda já não foi pago o último centavo dessa dívida?
Seria porque os teólogos do passado viram no pecado original uma boa e inesgotável fonte de renda? Mas como Justiniano aboliu a reencarnação do cristianismo, no Concílio Ecumênico de Constantinopla (553), os teólogos passaram a ensinar que esse pecado advinha de Adão e Eva.
O pecado original é inato em nós, exatamente porque ele é o nosso carma com o qual nascemos, pois o trazemos de nossas vidas passadas!

José Reis Chaves
Teósofo e biblista - jreischaves@gmail.com

Matéria extraída do Jornal o Tempo - Imagem ilustrativa

Espiritismo

Slide


Disponibilizo para download: Espiritismo

Doe palavras


O Hospital Mário Penna em Belo Horizonte que cuida de doentes de câncer, lançou um projeto sensacional que se chama "DOE PALAVRAS".

Fácil, rápido e todos podem doar um pouquinho.

Você acessa o site Doe palavras (www.doepalavras.com.br), escreve uma mensagem de otimismo, curta (como twitter) e sua mensagem aparece no telão para os pacientes que estão fazendo o tratamento.

Pessoal, é muito linda a reação de esperança dos pacientes.

Participem, não apenas hoje, mas, todos os dias, dêem um pouquinho das suas palavras e de seus pensamentos. 

Acesse o link no texto ou siga por este endereço: http://blogdootimismo.blogspot.com/2010/04/doe-palavras.html

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Como você pontua a sua vida


Corre pelos livros de histórias e pela internet o relato seguinte:


Um homem rico estava muito doente, então pediu papel e caneta e assim escreveu: "Deixo meus bens à minha irmã não a meu sobrinho jamais será paga a conta do padeiro nada dou aos pobres".
Morreu antes de colocar a pontuação na frase. Surgiu um grande problema.
A quem deixava ele a fortuna?
Os pretendentes a herdeiro compareceram, justificando a legalidade da sua pretensão através da pontuação do texto.

O sobrinho:
Deixo meus bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho. Jamais será paga a conta do padeiro. Nada dou aos pobres.
A irmã pontuou:
Deixo meus bens à minha irmã. Não a meu sobrinho. Jamais será paga a conta do padeiro. Nada dou aos pobres.
O padeiro colocou a pontuação:
Deixo meus bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho? Jamais! Será paga a conta do padeiro. Nada dou aos pobres.
Um pobre sabido ficou sabendo do testamento e acentuou:
Deixo meus bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho? Jamais! Será paga a conta do padeiro? Nada! Dou aos pobres.

Em nossa vida, ante as circunstâncias, as situações, cada um de nós coloca a pontuação que melhora ou piora o próprio existir.
O Espiritismo nos diz que todos temos que evoluir em nossos sentimentos, emoções e intelectualidade e isso se faz, muita vez, enfrentando os textos de nossas vidas que não estão pontuados e nós deveremos pontuá-los com compreensão, fé, ação equilibrada, coragem e amor.
Olhemos ao nosso redor identificando a realidade, e a nossa realidade é feita de guerra e de festa. Se enfocarmos só os problemas e o mal, enxergaremos e viveremos a guerra.
Se olharmos só o lado festivo e irreal, viveremos no mundo da fantasia, colheremos as amarguras das decepções.
Temos a opção da escolha, pois mesmo que os fatores externos tenham a sua influência, é a maneira como digerimos os acontecimentos que nos proporcionará o que é bom ou o que é ruim.
No texto de nossas vidas que tem guerra e festa, saibamos colocar a pontuação do realismo e do otimismo, que nos permitirá receber a herança da felicidade.

Aylton Paiva,
de Lins (SP), é articulista espírita
feesp@feesp.org.br


Matéria extraída do Jornal da Federação Espírita do Estado de SP     (FEESP ) - Março 2010 - Imagem ilustrativa

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Destino versus escolha das provas


Dogmas são preceitos apresentados como certos e indiscutíveis e cuja verdade se espera que as pessoas aceitem sem questionar.
Por princípio, a Doutrina Espírita não é dogmática, mas, sobretudo, Ciência e Filosofia, com conseqüências religiosas. Por isso, dias atrás, estranhou-me ouvir uma pessoa (querida) afirmar, não sem fundamentação, que via no livre-arbítrio um dogma do Espiritismo. Segundo sua lógica, o princípio do livre-arbítrio contrariava outro pressuposto do Espiritismo, que é o destino, entendido este no sentido de um programa reencarnatório.
À primeira vista, pareceu-me que havia razão naquela afirmativa. Pois, de fato, se tudo o que nos acontece na vida presente estivesse previsto, o livre-arbítrio seria uma balela. No entanto, recusei-me a aceitar a lógica apresentada e procurei estudar o assunto, segundo o ensinamento dos Espíritos Superiores, base do Espiritismo, tendo chegado às seguintes conclusões, resumidamente:

1) Antes de nova existência corpórea, o Espírito escolhe o gênero de provas a que deseja se submeter; nisto consiste o livre-arbítrio na escolha das provas. Entretanto, Deus, ao conceder ao Espírito a liberdade de escolha deixa-lhe a responsa bilidade dos seus atos e das suas conseqüências.
2) Na escolha das provas, o Espírito, via de regra, segue uma orientação: o desejo de sua própria evolução. Por isso, o Espírito não escolhe as provas menos penosas. Liberto da matéria, o Espírito não vê nas provas somente seu lado penoso, mas um atalho que o faça alcançar mais rapidamente um estado melhor, como um doente pode escolher um remédio desagradável, para se curar logo.
3) A despeito do livre-arbítrio, Deus pode impor certa existência a um Espírito, quando este não estiver apto a compreender o que lhe seria mais proveitoso.
4) O Espírito escolhe o gênero das provas: os detalhes são conseqüências da posição escolhida e, freqüentemente, de suas próprias ações. O Espírito, escolhendo um caminho, sabe de que natureza são as vicissitudes que irá encontrar; mas não sabe que acontecimentos o aguardam. Os detalhes nascem das circunstâncias.
5) Por fim, o Espírito pode escolher prova que esteja acima das suas forças e então sucumbir. Por outro lado, pode escolher outra que não lhe dê proveito algum, como um gênero de vida ociosa e inútil. Nesses casos, voltando ao mundo espiritual, percebe que nada ganhou e pede para recuperar o tempo perdido.

Da forma exposta, compreendi melhor os princípios do livre-arbítrio e do destino. Compreendi que, apesar de à primeira vista termos a impressão de que um desses pressupostos contraria o outro, tal lógica incorreta, do ponto de vista espírita, é motivada pela confusão que fazemos, tomando por destino os mínimos detalhes de nossas vidas. O certo é que nem tudo está previsto, mas apenas o gênero das provas a que nos submetemos a cada vez: isto, sim, é fruto da nossa própria escolha, ou das escolhas que fizemos e decisões que tomamos em vidas passadas.
É certo que muito mais ainda há a se dizer sobre o tema. De modo que, se Deus assim o permitir, poderei, de uma próxima feita, continuar discorrendo sobre determinismo e livre-arbítrio.
Encerro com um princípio da justiça da Lei Divina, muito apropriado a toda essa reflexão (e que nos serve de estímulo à prática do bem):"A ação positiva do presente corrige efeitos do passado negativo"

Eduardo Batista de Oliveira 
de Juiz de Fora (MG), é articulista espírita
feesp@feesp.org.br

Matéria extraída do Jornal da Federação Espírita do Estado de SP      ( FEESP ) - Março 2010 - Imagem ilustrativa

terça-feira, 20 de abril de 2010

Meu reino não é deste mundo


A Terra é a abençoada escola da alma imortal 


A Terra não é a morada do Cristo, a que reino então estaremos sendo levados? 
A pergunta número 55 de O Livro dos Espíritos nos dá uma pista quando fala da pluralidade dos mundos: Todos os globos que circulam no espaço são habitados? - Sim, e o homem da Terra está longe de ser, como pensa, o primeiro em inteligência, bondade e perfeição. Entretanto, há homens que se julgam superiores a tudo e imaginam que somente este pequeno globo tem o privilégio de ter seres racionais. Orgulho e vaidade! Acreditam que Deus criou o Universo só para eles.
A Terra é assim a abençoada escola da alma imortal, que nela estagia por longos períodos na purificação do próprio ser. Da mesma forma que o aluno, após ser diplomado, não precisa mais dos bancos escolares, também o homem, depois de adquirir as virtudes pelas quais trabalhou em sucessivas encarnações, não mais precisa estagiar em mundos materiais, podendo, a partir daí, ter na Espiritualidade e em mundos mais evoluídos as experiências de que agora carece.
Compreendendo a grande escala evolutiva do ser e a necessidade de libertação do homem, Paulo, o apóstolo dos gentios, alerta em carta aos Romanos que o reino de Deus não consiste no comer e no beber, mas na justiça, na paz, e na alegria no Espírito Santo (Carta de Paulo aos Romanos, 14:17). 
A primeira mensagem atesta a existência do plano espiritual e dos vários mundos que servem de asilo para a alma na concretização de suas virtudes. A segunda, importantíssima, nos dá a receita de como atingir os planetas em condições melhores que o nosso.
Ambas são claras na necessidade de passarmos pela Terra sem nos deixar aprisionar por ela. Viver a vida material lutando para que a matéria e tudo o que a engloba sejam elementos providenciais, ferramentas que o Espírito encarnado deve manipular sem atritos ou sangrias.
No entanto, vemos nos dias de hoje a supervalorização de princípios calcados na beleza do corpo e na posse de dinheiro e bens materiais, que estão longe de constituir aquele passaporte que nos permitirá galgar um andar acima visando o mais alto que nos aproximará do Pai.
Pode-se ser belo, ter um bonito corpo e mesmo ter-se dinheiro. É a valorização em demasia desses elementos que constitui obstáculo para alguns. De repente a beleza passa a ser algo tão importante para  certas pessoas que tudo sacrificam por ela: tempo, dinheiro, família, amizade etc., numa inversão completa dos valores.
E o maior sacrifício, se assim podemos dizer, que Deus pede aos seus filhos, é que saibamos amar uns aos outros. Perdemo-nos na vida na luta pela própria subsistência, enquanto o trabalho, canal de ocupação e mecanismo de aplicação das forças e faculdades humanas para alcançar um determinado fim, como ensina o Aurélio, torna-se, em nossa visão pequena e egoísta, um empecilho da felicidade.
Devemos, portanto, ocupar nosso tempo da forma mais positiva possível, distribuindo e colhendo afetos por onde passarmos. Saibamos honrar cada dia como uma dádiva de Deus aos filhos bem-amados. Aprendamos a viver dentro de nossas próprias capacidades, pois a espiritualidade nada pode fazer quando a nossa imprevidência nos coloca em situações difíceis, principalmente na questão monetária.
O justo viverá pela fé, já nos alertava o sempre querido Paulo em carta aos Romanos (1:17). Não apenas não devemos misturar o espiritual com o material, no ensaio de uma miscigenação impossível - cada elemento é único em sua essência -, como devemos honrar a oportunidade da reencarnação assumindo todos os deveres que ela nos exige em nível social e moral.
Jesus deixou essa repartição bem clara quando salientou firmemente aos fariseus que tentaram embaraçá-lo na questão dos impostos cobrados por César: É-nos permitido pagar ou deixar de pagar a César o tributo? Jesus, lúcido quanto à oportunidade da lição, responde firme: Dai, pois, a César o que é de César e a Deus o que é de Deus. (Mateus, 22:15-22 - Marcos, 12:13-17).
Assim é o mundo material, uma escola plena de desafios, cheia de grandeza e de grandes e necessárias provas. Os que carregam seus fardos e assistem os seus irmãos são os meus bem-amados, já nos alertava o Espírito de Verdade em mensagem inserida em O Evangelho segundo o Espiritismo (cap. VI, item 6), na qual nos pede para nos instruirmos na preciosa doutrina que dissipa o erro das revoltas e nos mostra o sublime objetivo da provação humana, que é o de poder ingressar finalmente nos mundos celestes ou divinos, habitações de Espíritos depurados, onde exclusivamente reina o bem.
A Terra, segundo o Espiritismo, pertence à categoria dos mundos de expiação e provas, razão por que aí vive o homem a braços com tantas misérias (ESE, cap. III item 4).
É, portanto, na Terra que devemos desenvolver a inteligência e sublimar o nosso mundo moral, a alma, para conseguir as virtudes necessárias que nos farão ingressar no reino colocado por Jesus, sendo então como ele exemplo de bondade e perfeição.

Eliana Thomé,
de São Paulo (SP), é jornalista, professora de francês
e articulista espírita ( feesp@feesp.org.br )


Matéria extraída do Jornal da Federação Espírita do Estado de SP      ( FEESP ) - Março 2010 - Imagem ilustrativa. 

Momentos de Reflexão


S L I D E



Disponibilizo para download: Aprendiz da Vida


domingo, 18 de abril de 2010

Momentos de transição


RESPOSTA DE JOSÉ REIS CHAVES Á MATÉRIA DA REVISTA SUPERINTERESSANTE


De: José Reis Chaves [mailto:jreischaves@gmail.com]
Enviada em: sexta-feira, 16 de abril de 2010 01:15
Para: Sérgio Gwercman
Assunto: Resposta de Reis Chaves à Superinteressante

À
Revista Superinteressante
Prezados Senhores Diretores,


Tenho o hábito de ler a Revista Superinteressante, adquirindo-a nas bancas, cujas matérias aprecio e até a citei no meu livro “A Reencarnação na Bíblia e na Ciência”, 7a edição, Ed.Martin Claret, hoje na EBM, Santo André, SP.
Mas fiquei decepcionado com o seu último Número, ao ler a estranha matéria de capa sobre Chico Xavier e o Espiritismo, que considero inoportuna e ofensiva à Doutrina Espírita e a esse renomado médium. Creio que faltou senso de autocrítica da sua Redação, para deixar ser publicada essa matéria. E talvez, isso tenha sido mesmo de propósito, com a cobertura de algum de seus diretores, com o objetivo intencional de denegrir a alma de escol de Chico Xavier e a Doutrina Codificada por Kardec, a religião mais identificada com a Bíblia e a ciência.
A exemplo do autor desta carta, milhares de espíritas devem estar também decepcionados e intrigados com a Superinteressante pela publicação dessa infeliz matéria, que de modo preconceituoso e desrespeitoso enxovalha com Chico Xavier, o maior líder espiritual da história do Brasil, e laureado com o título de Mineiro do Século 20, numa pesquisa promovida pela Rede Globo Minas.
Saibam, Srs. diretores, que assim como os evangélicos são em número menor do que o dos católicos, mas são atuantes, também os espíritas, apesar de serem uma minoria religiosa, são, igualmente, atuantes, contando ainda o Espiritismo com milhões de simpatizantes de todas as religiões. E a isso se acrescente, ainda, que os seguidores de Kardec, de acordo com as pesquisas feitas pela Fundação Getúlio Vargas, proporcionalmente, representam o público religioso de maior nível de instrução, de melhor poder aquisitivo e com o maior índice de pessoas com cursos superiores.
Com efeito, o último número da Superinteressante não foi para os espíritas e simpatizantes da Doutrina dos Espíritos nada superinteressante, mas muito superdesinteressante! E creio que isso, doravante, vai refletir negativamente na aquisição dessa Revista, pelo menos por uns tempos, até que se apague de nossa memória a afronta cometida por essa Revista contra os espíritas e Chico Xavier, cuja memória é respeitada e venerada, não só pelos espíritas, mas por milhões de espiritualistas de todas as religiões!


José Reis Chaves
Escritor e colunista do O TEMPO, de Belo Horizonte.


de: Sérgio Gwercman
para: José Reis Chaves
data 16 de abril de 2010 17:39
assunto RES: Resposta de Reis Chaves à Superinteressante enviado por abril.com.br
 


Caro José Reis,

obrigado pelo contato e pela leitura. É muito importante para nós na Super receber o retorno dos leitores sobre nosso trabalho. Críticas e elogios são importantes para avaliarmos a revista e refletirmos sobre o que publicamos. As mensagens que recebemos sobre Chico Xavier estão sendo lidas por mim, pela editora e pela repórter da matéria e servirão de tema para nossa reflexão.
Tenho tentado responder individualmente a todas as mensagens. Mas como elas são muitas, e têm teor semelhante, redigi um texto explicando a proposta da reportagem e respondendo aos principais questionamentos que temos recebido. Minha mensagem é longa, mas acho que merece ser lida. Sabemos que Chico Xavier foi uma figura importantíssima no cenário religioso do Brasil e que é muito querido por diversas pessoas. Como escrevi na minha carta ao leitor, preparamos essa matéria com muito respeito. Procuramos deixá-la equilibrada, apresentando uma visão plural sobre a trajetória de Chico Xavier e trazendo também os requisitos necessários a qualquer trabalho jornalístico - distanciamento, parcimônia e rigor na apuração. Todo o texto foi baseado em profundo trabalho de reportagem e depoimentos de várias fontes, inclusive espíritas, muitas delas citadas na reportagem.
A reportagem deu a Chico Xavier o mesmo tratamento que já demos à Igreja Católica, ao papa, aos evangélicos, a Charles Darwin ou a qualquer outro assunto que publicamos.
Afinal, todas as matérias da Super têm as mesmas características: sempre buscamos a pluralidade. Fazemos questão de ouvir todos os lados de uma questão. Entrevistamos pessoas que pensem diferente. E deixamos as conclusões para o leitor. Não sobram mensagens nas entrelinhas. E o fato de a Super trazer a versão de fulano ou de beltrano não significa que aquela seja a opinião da revista. Aliás, a Super não tem opinião sobre os temas que reporta. Sei o quanto é frustrante ler ideias que consideramos errôneas. Mas lembre-se que aquilo que você tem como verdadeiro outra pessoa pode ter como falso. Não cabe à revista decidir quem tem razão. Cabe a nós respeitar pontos de vista. O verdadeiro respeito à livre expressão não está em falar tudo o que queremos, mas em admitir que os outros falem aquilo que não gostamos. Melhor assim: é a única maneira de garantir que sua opinião sempre terá espaço para ser apresentada. E é por isso que acreditamos tanto que ao escrever sobre qualquer assunto, devemos apresentar ao leitor um leque de opiniões distintas.
Não é verdade que a matéria da Super é um ataque a Chico Xavier. A reportagem tinha larga biografia de espíritas e defensores de Chico Xavier. Apresentou os resultados de estudos positivos sobre a obra de Chico Xavier, como os da Associação Médico-Espírita e a Federação Espírita Brasileira. Citou a frase de Monteiro Lobato impressionado com os livros de Chico Xavier ("se produziu tudo aquilo por conta própria, merece quantas cadeiras quiser na Academia Brasileira de Letras"); dedicou amplo espaço às cartas psicografadas e entrevistas de pessoas que diziam ser impossível Chico Xavier conhecer as informações que psicografou; contou que Chico Xavier morreu da maneira como previra, num dia feliz para o Brasil - o da conquista da Copa do Mundo. Entrevistamos e citamos a opinião de pessoas muito próximas a Chico Xavier, como seu filho, seu médico, a administradora do centro espírita que ele fundou. Deixamos claro que Chico Xavier jamais ganhou dinheiro com sua mediunidade – calculamos, inclusive, o montante estimado de que ele abriu mão. Está tudo lá na reportagem.
Até o momento, recebemos críticas e elogios ao texto. É normal: as pessoas têm opiniões diferentes. E o debate entre essas opiniões enriquece a todos - é a raiz da construção do conhecimento. Se você acredita que há algum erro de informação na matéria, diga qual ele é e nós publicaremos a correção. No mais, espero que você entenda minhas palavras – ainda que não concorde com elas. Pois eu entendo e respeito todas as críticas que recebemos. E sigo à disposição para qualquer outro esclarecimento.

Obrigado e um grande abraço,

Sérgio Gwercman
Diretor de Redação da Super


Nota do Blog:

Em todas as Religiões existem os seus supostos adeptos, ou seja, aqueles que se dizem ser de uma crença, contudo, não as compreendem verdadeiramente. Quantos são os adeptos que se achegam ao Espiritismo na procura de estabilidade material e acabam se frustrando por não alcançarem seus objetivos e, como se sabe, repudiam a Doutrina. Quantos são os incautos da mediunidade que se eximem das suas responsabilidades redentoras e vão procurar alternativas outras, porque na verdade, não se predispõem ao serviço redentor  por inúmeros fatores de ordem moral, por conseguinte, repudiam a Doutrina. Não contando que dentre estes supostos Espíritas, são inúmeros os que não compreendem seus ensinos, ou seja, o corpo de Doutrina codificado por Kardec, só possuem idéias superficiais da codificação, e dizem o que não sabem.
Não é de se admirar que a Doutrina Espírita, desde seu principio, tenha causado tantos escândalos, pessoas estupefatas e arbitrárias, maldizendo e blasfemando sobre o que não compreendem, muito semelhante com o que aconteceu com Jesus, sendo repudiado pela maioria das pessoas, e que agora tem o seu devido lugar. Será assim dentro em breve com a Doutrina dos Espíritos ( Cristianismo Redivivo ) está crescendo por cissiparidade, por este motivo as grandes polêmicas.
Fica aqui o nosso agradecimento aos Colunistas Espíritas entre outros, como também a Revista Superinteressante, que apesar da matéria publicada no seu direito de expressão, divulgou ainda mais a nossa Doutrina, como também, abriu um leque de questionamentos que amanhã, de certo, florescerá ao nosso favor.

Alencar Campitelli
Administrador do Blog
a.campitelli@terra.com.br

Disponibilizo todo a Revista para download: Revista Superinteressante

quinta-feira, 15 de abril de 2010

O ABC do Espiritismo

Livro de:
Victor Ribas Carneiro
Edição
Federação Espírita do Paraná

O motivo que nos levou a escrever a presente obra foi o de sentirmos a necessidade de enfeixar, em um só volume, de modo sintético, parte da matéria indispensável aos conhecimentos preliminares da Doutrina Espírita.
Procuramos fazer a síntese de cada assunto tratado, tendo em vista facilitar seu estudo, de modo que qualquer pessoa, mesmo não possuindo letras primárias, mas sabendo ler, convenientemente, possa compreender o fundamento do Espiritismo.
Sabemos que nosso despretensioso trabalho não preencherá, a contento, as necessidades gerais no tocante ao complexo campo de saber espírita, mas, de qualquer forma, tentamos, embora em parte, a solução desse importante problema. Assim pensando, achamos conveniente falar, inicialmente, sobre algumas das doutrinas espiritualistas da antigüidade, tendo em vista sua semelhança, em muitos pontos, com o Espiritismo.
Falamos, também, sobre os fenômenos mediúnicos dentro da Bíblia, para mostrar que, desde a mais remota antigüidade, já se estabelecia a comunicação entre os vivos e os chamados mortos. Depois, inserimos ligeiros dados biográficos sobre alguns médiuns famosos do passado, bem como a opinião de diversos sábios e cientistas, que realizaram precioso trabalho no campo experimental da Doutrina.
O esforço realizado por esses grandes vultos da ciência é de inestimável valia, uma vez que provaram, através da pesquisa séria e honesta, a sobrevivência do Espírito após a morte do corpo físico.
Por outro lado, queremos acentuar aos leitores que somos constantemente consultados por pessoas desejosas de conhecer o Espiritismo, sobretudo perguntando qual obra devem ler em primeiro lugar. Costumamos recomendar a leitura das obras básicas de Kardec, aliadas a alguns romances de Emmanuel, como Paulo e Estêvão, por exemplo.
Há outros que indicam logo as obras de André Luiz. De qualquer forma, todos procuramos encaminhar o neófito ansioso por aprender alguma coisa sobre a Doutrina dos Espíritos.
Todavia, não esqueçamos de que nem todos se encontram em condições de compreender, com facilidade, os ensinos contidos nessas obras, uma vez que os mesmos vêm de encontro aos mais variados preconceitos religiosos, não só do passado como também do presente.
É preciso, para maior clareza, se faça um estudo metodizado, pois devemos nos comparar ao jovem estudante que, antes de ingressar num curso superior, prepara-se devidamente, a fim de poder assimilar os ensinos que irá receber nas faculdades correspondentes.
Com o principiante espírita geralmente ocorre o mesmo fenômeno: a falta de preparo prévio para apreender a sublimidade dos ensinamentos que nos são trazidos pelos Espíritos Superiores pode gerar confusão. 
E não é de se estranhar que isso aconteça, pois, ao recebermos muita luz, quase sempre nossos olhos se ofuscam.
Daí porque aconselhamos a leitura de obras que facilitem ao iniciante compreender, desde logo, o que é o Espiritismo face às demais doutrinas espiritualistas, bem como suas bases.
Objetivando, então, dar aos leitores conhecimentos preliminares sobre o Espiritismo,  é que abordamos vários assuntos considerados indispensáveis à formação de uma cultura doutrinária, que, embora generalizada, sirva de base para estudos mais aprofundados.
Não é livro de exibição cultural, mas para atender necessidades da vida prática observadas em nossas andanças difundindo a Doutrina dos Espíritos.
Por esse motivo, como dissemos, é que procuramos sintetizar a matéria contida na primeira obra de Kardec, ou seja, “O Livro dos Espíritos”; que falamos sobre um pouco do muito que realizaram os sábios e cientistas, através da pesquisa dos fenômenos produzidos pelos médiuns seus contemporâneos, e que, finalmente, trouxemos, também nestas páginas, notícia daqueles que foram baluartes do Espiritismo, principalmente no Brasil, neste Brasil que, com muita propriedade, foi cognominado pelo Espírito de Humberto de Campos, de “Coração do Mundo e Pátria do Evangelho”.
Esses foram os propósitos que nos levaram a escrever o presente livro. Esperamos, agora, seja útil  a quantos perlustrarem suas páginas, assimilando seu conteúdo e, sobretudo, pondo-o em prática.
Por outro lado, estimaríamos que a crítica se pronunciasse: com ela, ou prosseguiremos com novas edições, naturalmente melhoradas, ou ficaremos apenas na primeira edição, se nossos propósitos não forem atingidos.

Muito obrigado.
Curitiba, agosto de 1972.
O Autor.

Disponibilizo todo o livro para download: O ABC do Espiritismo

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Crítica

A crítica, eis uma questão a se observar.
O sentido da observação vem desde nossa evolução anímica.
Os animais observam seu habitat, alimentação, demarcam territórios, atuam através deste sentido, apesar de atuarem instintivamente.
Os humanos utilizam este mecanismo promovendo, por conseqüência, o senso crítico, pois que os seres em evolução buscam de acordo com: suas vontades, aptidões e tendências.
Na medida que o véu da ignorância, devido à evolução intelecto-moral, vai aos poucos se dissipando, devemos refletir sobre a crítica.
De contra-partida aos adeptos do Espiritismo, cabe-nos observar até onde está sendo construtiva essa ação, já que sabemos, que o véu da ignorância é nosso próprio espelho no curso da vida.
Ser crítico é observar com elevação à medida de nossa compreensão, é fazer valer da sabedoria para que prevaleça o equilíbrio e a harmonia em benefício do bem.
Desenvolvemos a fraternidade e a ternura para refletirmos sobre a crítica, e ver-se-á que esta ação se tornará alavanca operante em benefício da prosperidade, extirpando a ignorância, o orgulho e o egoísmo, chagas estas, que destroem o brilho do espírito, como também o nosso próprio senso crítico.
Notemos que a bondade e a indulgência vem sendo a graça do Pai Criador para conosco, promovendo o trabalho redentor dentro da caridade que não tem olhos para seus filhos, mas sim a esperança de que assimilemos à disciplina, até mesmo em nosso senso crítico, construindo valores nobres, para que a caridade e o amor não seja mais um trabalho ou sacrifício, e sim, o motivo de nossa felicidade.

Alencar Campitelli
a.campitelli@terra.com.br

Imagem ilustrativa

O super Rico



Sorrio pra valer toda vez que me recordo das “tiradas” do Ricardo, meu sétimo neto, carinhosamente chamado de Rico pelos familiares.
Minha saudosa mãe adorava ouvir suas histórias, respostas ou perguntas sempre apoiadas em lógica irretorquível, presença de espírito e fino humor. Afirmava repetidas vezes ser o Rico um espírito velho que sabia das coisas.
Mamãe recomendava que anotássemos tudo para que nada caísse no esquecimento. Hoje, lamento, muita coisa já não mais lembrada.
Certo domingo, quando tinha cinco anos de idade, sua mãe, a minha filha Vânia, levou-o à praia de Guaxuma, em companhia de sua irmãzinha Natália e de um primo. Na pressa e na euforia de estrear o “buggy”, esqueceu a bolsa com documentos e dinheiro.
Na volta, o vexame. O guarda de trânsito, à falta da apresentação do documento do carro, da carteira de motorista e até da identidade, informava autoritário que o veículo ficaria apreendido.
De nada valeram a justificativa de esquecimento e o apelo patético em nome das três crianças. O guarda estava irredutível, afirmava estar agindo de acordo com as normas vigentes, cumprindo o regulamento, obedecendo a ordens.
A argúcia do Rico manifestou-se no momento próprio, ao interpelar a genitora:
- Mãe, você não está vendo que ele quer um dinheirinho? Dê logo e ele deixa a gente ir embora!
Antes da repreensão materna, veio a resposta da “autoridade”:
- Veja, senhora, que garoto inteligente! Num instante, achou a solução adequada!
E lá se foi à única cédula de cinco mil cruzeiros encontrada na sacola do protetor solar.
De outra feita, na casa de praia na Barra de São Miguel, hospedou-se um casal amigo. Ela alva, ele preto. Um contraste para os preconceituosos e maledicentes.
Na manhã seguinte, meu cunhado chamou o Rico:
- Venha cá, negão! Sente aqui, junto do tio.
A resposta veio na hora e contundente.
Apontando para o pavimento superior, replicou:
- O negão está lá em cima, dormindo.
Assim é o meu neto. Vivo, perspicaz, irreverente, peralta como qualquer menino da sua idade, mas capaz de sustentar uma conversação de adulto.
O Rico parado, imaginativo é um perigo. Pode esperar, vem bomba.
Aos nove anos, revelou mais uma vez toda a sua curiosidade, capacidade de raciocínio e independência de pensamento religioso.
Malgrado, naquela época, estudar no Colégio Santíssimo Sacramento, de rigorosa orientação católica, saiu-se com uma pergunta que gerou um interessante diálogo:
- Mãe, você é espírita, não é?
- Sim, filho, sou espírita por opção, por convicção.
- Papai é católico por quê? Como é possível marido e mulher não serem da mesma religião?
- É, sim, porque há o respeito mútuo ao direito de pensar livremente, sem preconceito, sem intolerância ou intransigência.
Se todos pensassem e agissem desse modo, não teria havido nem aconteceriam mais às perseguições e guerras religiosas. O mundo estaria hoje mais cristianizado.
- Qual a diferença entre católico e espírita?
- Filho, os caminhos são diversos, contudo a meta é uma só - Deus. Na essência, todas as religiões são boas, ensinam o bem e o amor. Em alguns casos, os homens, por ignorância, vaidade, ambição desmedida ou por outros interesses inconfessáveis, mistificam, distorcem o verdadeiro sentido doutrinário de sua crença.
- Sim, mas eu quero saber a diferença. Você não respondeu!
- Entenda, o catolicismo e o espiritismo abraçam como fundamento o Evangelho de Jesus. As diferenças estão na interpretação e aplicação de alguns textos. O espiritismo é a revivescência da pureza e singeleza do primitivo cristianismo; firmemente apoiado nos três colossais pilares - CIÊNCIA, FILOSOFIA, RELIGIÃO - rejeita o misticismo, questiona o miraculoso, aceita princípios que não se choquem com a razão e possam ser cientificamente comprovados. O espiritismo é o Consolador prometido por Jesus.
- Quais são os textos, quais as interpretações?
- Vamos ao principal. O catolicismo adota como dogma de fé a teoria de que a alma é criada por Deus no momento da concepção, que o espírito tem uma única encarnação, ou seja, apenas uma vida na Terra e, dependendo de como viveu, depois da morte, vai para a ociosidade de um céu de eterna glória e contemplação da divindade, ou para o inferno de sofrimentos sem fim, sem remissão. É a idéia de um Deus rígido, sem misericórdia.
- Um céu só de contemplação deve ser muito chato e esse tal de inferno, uma barra pesada que não tem nada a ver com a bondade de Deus! Como é a versão espírita?
- O espiritismo ensina que os espíritos são criados por Deus, simples e sem sabedoria, aos quais são permitidas inumeráveis vidas neste ou em outros planetas dos bilhões de sistemas planetários que povoam a imensidão do universo.
- E por que viver tantas vezes?
- Para aprendizagem e para a grande busca do aperfeiçoamento até a angelitude. Deus não condena nenhum de seus filhos à perdição, ao contrário, querendo que não se perca um só deles, dá-lhes sempre novas oportunidades de corrigenda. É a lei reencarnacionista. Assim se manifestam a justiça e a bondade de Deus.
- Reencarnação tem lógica!... então, eu sou espírita.
- Quem falou a você de reencarnação?
De onde tirou essa certeza de que é uma verdade?
- Ninguém falou, mas eu sei, está dentro de mim. Se houvesse uma só vida, quem nascesse pobre estaria no prejuízo.
- Gostei, Rico, do seu raciocínio!
- Fale mais, mamãe, também estou gostando.
- Na hipótese de uma única vida, como entender a Suprema Justiça? Uns nascem com todas as possibilidades de uma vida normal, têm família organizada, situação financeira estável, meios de estudar, trabalhar, crescer, melhorar-se.
Outros nascem em completa penúria, falta-lhes o básico, são párias da sociedade. Somente a reencarnação explica tais desníveis, como meios de reparação de delitos cometidos no passado. Deus, por ser justo e bom, oferece-nos renovadas chances; nós, pecadores recalcitrantes, escolhemos as provas para nossas almas endividadas.
Encerrada a conversação, Rico recolheu-se introspectivo como é comum quando as idéias lhe assediam a mente.
Ao despertar, voltou a indagar:
- Mamãe, quando eu for reencarnar, posso nascer seu filho outra vez?
- Em princípio, pode, é uma escolha.
Deus, entretanto, sabe melhor o que é bom para nós.
- Então, eu vou pedir a Deus.
- Você gosta tanto assim da mamãe para querer ser meu filho de novo?
- Gosto, sim, nosso relacionamento é antigo. Vivemos juntos em muitas outras vidas.
Minha mãe tinha razão. O Rico é um espírito velho, vivido, guarda latente nos refolhos da alma um acervo de conhecimentos adquiridos em múltiplas experiências reencarnatórias, esboçado em sua personalidade forte e generosa.
Hoje, Rico, dia 29 de março de 2000, você completa quatorze anos, é o adolescente que transita daquela fase infantil de rara graciosidade para a de adulto responsável, perquiridor.
Continue o bom filho, o bom irmão que você é. Seja o cidadão honesto, ordeiro, trabalhador e fiel operário da Seara de Jesus.
Vovô admira-o, ama-o com ternura.

Felinto Elízio Duarte Campelo
felintoelizio@gmail.com

Extraído do seu livro o Pulo do Gato

terça-feira, 13 de abril de 2010

O dia a dia de um Colunista



COM AS CRÍTICAS CONSTRUTIVAS, OS ERROS PODEM SER CORRIGIDOS


Alguns me acusam de crítico das religiões cristãs! Mas a crítica pode ser até um ato de caridade, pois pode levar à correção.
Eu escrevi sobre um amigo meu arcebispo da Igreja, o qual é médium e faz palestras em casas espíritas, e levou para João Paulo II duas fitas de dois programas espíritas de TV de que ele participou. E fui eu que o indiquei para esses programas. Um teólogo católico desta coluna enviou a esse arcebispo uma carta-e-mail, com cópia para mim, sugerindo-lhe retratar-se, dizendo que eu me equivoquei.
Segundo esse missivista, eu escrevo no estilo literário denominado de mote, e que seria semelhante ao de Kardec. Esse estilo se caracteriza por ser obscuro ou poético, cuja interpretação seria mais subjetiva do que objetiva. Ele, sem querer, até me honrou muito, comparando o meu estilo literário ao de Kardec. Só que ele está enganado, pois Kardec é genial, cujo modo de escrever é perfeito, artístico, erudito e sem deixar de ser também ao mesmo tempo simples e de uma clareza meridiana. Quanto ao meu modo de escrever, eu apenas me esforço para ser simples e claro no que escrevo.. Assim é que um leitor meu disse que meus escritos fazem-no não só pensar como eu penso, mas também até o fazem sentir o que eu estou sentindo quando escrevo.
Mas voltando a Kardec, ele colocou em todos os seus livros e nos seus demais escritos uma riqueza de dados, não deixando nenhuma dúvida nas teses que defendeu. Aliás, ele recebia a colaboração e orientação de espíritos santos altamente iluminados.. E é graças a ele que o mundo passou a estudar, cientificamente e sem superstições, os fenômenos espirituais. Daí que ele tem, hoje, milhões de seguidores em todas as religiões do mundo. Quem me dera, pois, que meu estilo literário fosse mesmo semelhante ao do Codificador do Espiritismo! Coitado de mim!
O objetivo desse missivista foi desprestigiar Kardec e a mim, que sou um humilde discípulo dele. Mas creio que esse missivista não conseguiu atingir-me e muito menos ainda ao grande gênio espiritualista do século 19, o primeiro cientista a se interessar por estudar cientificamente os fenômenos mediúnicos, que, por superstição e ignorância, eram e ainda são denominados por muita gente de milagrosos e sobrenaturais, só porque os espíritos que os provocam estão no outro lado invisível desse nosso mundo visível. Mas ambos mundos são naturais, cujos habitantes daqui e de lá são também naturais, e cujas ações são igualmente naturais e jamais sobrenaturais. Só Deus é sobrenatural. E tudo que acontece é natural, pois são os espíritos encarnados e desencarnados que atuam em nome de Deus.
E eis um outro fato. Eu recebi, por e-mail, dum professor de teologia duma universidade metodista a seguinte informação. Ele tem estudado o fenômeno da reencarnação nesta coluna, e com a leitura da última matéria dela, ele afirma que passou a considerar a realidade da reencarnação. Essa informação emocionou-me, principalmente por vir de um professor de teologia. E até você que me honra com sua leitura desta matéria deve estar achando também interessante esse fato.
As críticas às religiões cristãs podem ser mais um tijolinho na construção dum novo cristianismo, tal qual aquele das primeiras gerações cristãs, sem o que ele, infelizmente, continuará capengando!

Obs.: Esta coluna, de José Reis Chaves, às segundas-feiras, no diário de Belo Horizonte, O TEMPO, pode ser lida também no site www.otempo.com.br - Clicar colunas. Ela está liberada para a publicação, seus livros: “A Face Oculta das Religiões”, “A Reencarnação na Bíblia e na Ciência” Ed. EBM (SP) e “A Bíblia e o Espiritismo”, Ed. Espaço Literarium, Belo Horizonte (MG) – www.literarium.com.br - e meu e-mail: jreischaves@gmail.com - Os livros de José Reis Chaves podem ser adquiridos também pelo e-mail: contato@editorachicoxavier.com.br e o telefone: 0800-283-7147.

  Imagem ilustrativa

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Espíritismo para as crianças



NOTA PRELIMINAR


Há tempos, alguns amigos insistiram para que fizéssemos circular uma obrinha que reunisse, em poucas páginas, lições ligeiras sobre os princípios fundamentais do Espiritismo.
Por falta de tempo e de inspiração nos detivemos no desempenho dessa incumbência que nos parece, de fato, de grande valor para a divulgação da Verdade.
Chegou, agora, o momento de cumprirmos esse dever. Esforçamo-nos tanto quanto possível para reunir neste livrinho, de feitio pedagógico, ao alcance de todos, os princípios mais populares do Espiritismo, para que possam, ao mesmo tempo, em seu conjunto, dar aos leitores uma idéia sucinta desta luminosa e consoladora Doutrina.
Para tal fim, fizemos como o pescador de pérolas, tirando desta e daquela obra de abalizados escritores que em sua passagem pela Terra deixaram o traço luminoso da sua dedicação pela tão grande causa, que assinalou a Missão extraordinária do ilustre Espírito que chamamos AlIan Kardec.
Como aqueles amigos, que nos lembraram a publicação deste livrinho, estamos convencidos de que irá ele prestar bons serviços à propaganda e luzes aos noviços que procuraram se orientar no Caminho da Vida. Que os Gênios propulsores do progresso humano abram a inteligência de todos os que folhearem estas páginas e a Doutrina que elas encerram tenha acesso nos corações, para que o Reino de Deus possa baixar à Terra e o Supremo Diretor do nosso planeta – Jesus Cristo – nos tenha sob suas vistas protetoras.


CAIRBAR SCHUTEL

Disponibilizo todo o livro para download: Espiritismo para as crianças

sábado, 10 de abril de 2010

Momentos de transição

  
OS FIÉIS ESTÃO COMO NEM MACACOS PULANDO DE GALHO EM GALHO



Muitas correntes teológicas cristãs estão contaminadas com o vírus dos erros provenientes dos acréscimos que fizeram na Bíblia. E, como se não bastassem esses erros, aleijaram-na também com cortes de textos, e abusaram de suas interpretações, tudo numa tentativa de adaptarem-na às doutrinas que foram criadas ao longo dos séculos. Assim, hoje, destoa com a realidade e soa mesmo muito mal a conhecida frase: “A Bíblia á a palavra de Deus”. Como pode ser atribuída a Deus a autoria dum livro, que provavelmente seja o mais adulterado do mundo?
A Bíblia está repleta de manifestações de anjos que, na verdade, são espíritos, muitos dos quais nem são bons, mas que foram até tidos como sendo o do próprio Deus, que uma tradição passou a chamar de Espírito Santo.É que os judeus e os cristãos desconheciam o ensino joanino que nos recomenda que examinemos os espíritos manifestantes. (1 João 4,1). E Paulo fala em discernimento dos espíritos e dos que se manifestam em línguas estrangeiras, fenômeno de xenoglossia. 
Para ele se trata de línguas estrangeiras. Assim, se houver alguém presente que fale a língua estrangeira usada pelo espírito incorporado no profeta ou médium, vai entendê-la. (1 Coríntios 14,27). Realmente, o fenômeno a que são Paulo se refere é mesmo de o médium incorporado falar uma língua estrangeira verdadeira. Mas o que acontece com os carismáticos e os evangélicos é médiuns incorporados ficarem num blá blá blá (glossolalia), que não é nenhuma língua estrangeira verdadeira (xenoglossia).
Observe-se que eu usei, a exemplo de são Paulo, a palavra profeta (médium), o que quer dizer que o tempo dos profetas ainda continua entre nós. Digo isso, porque há uma doutrina, pouco conhecida, que diz que as profecias e as revelações só existem na Bíblia e nos concílios ecumênicos. Mas Kardec constatou que o médium é uma pessoa equivalente a um profeta bíblico. E é por meio de espíritos que Deus nos fala em toda a Bíblia, pois Ele tem os espíritos que trabalham para Ele. (Hebreus 1,14). Vejamos o que diz Paulo, citando Isaias, e referindo-se aos que estão participando das reuniões mediúnicas de profecias, revelações e de falar em línguas estrangeiras: “Na lei está escrito: Falarei a este povo por homens (médiuns, profetas) de outras línguas e por hábitos de outros povos, e nem assim me ouvirão”. (Isaias 28,11 e 13; e 1Coríntios 14,21). Recomendo a você, que me prestigia com a sua leitura, que estude os capítulos 12, 13 e 14 de 1 Coríntios, de cujos assuntos fogem os padres e pastores, pois se trata de fenômenos espíritas. Mas Jesus disse que nada ficará oculto, apesar de que se peque muito por omissão. E esses e outros desvios das verdades teológicas bíblicas são como que nem poeiras a infestarem os bancos das igrejas e dos templos cristãos, afugentando muitos de seus fiéis.
Essas irregularidades imperceptíveis pela mentalidade religiosa atrasada do passado têm-se chocado com a evoluída do presente. E coitados dos fiéis! Eles já não sabem mais para onde irem, e estão como nem macacos pulando de galho em galho, de religião em religião, pois desconfiam dos ensinos dos seus líderes religiosos!

PS:
1) 3º Congresso Espírita Brasileiro, de 16 a 18-4-2010, Brasília (DF). Tema: “Centenário de Chico Xavier com Jesus e Kardec”. (61) 2101-6171 - Begin of the skype highlighting (61) 2101-6171 end of the skype highlighting – inscricao@febnet.org.br
Obs.: Esta coluna é de José Reis Chaves,  que às segundas-feiras, no diário de Belo Horizonte, O TEMPO, pode ser lida também no site www.otempo.com.br Clicar colunas. Foi liberada pelo autor para a publicação.  Seus livros são: “A Face Oculta das Religiões”, “A Reencarnação na Bíblia e na Ciência” Ed.EBM (SP) e “A Bíblia e o Espiritismo”, Ed. Espaço Literarium, Belo Horizonte (MG) – www.literarium.com.br - seu e-mail: jreischaves@gmail.com - Os livros de José Reis Chaves podem ser adquiridos também pelo e-mail: contato@editorachicoxavier.com.br e o telefone: 0800-283-7147.

Imagem ilustrativa 

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Macaco Jiló



Mais um belo domingo de verão vivido intensamente em Reinópolis.
Na praça, ornamentada com flores silvestres, em singular profusão de cores e perfumes, pessoas e bichos misturavam-se numa explosão de alegria, enquanto aguardavam o início de mais um certame promovido pelo rei.
No palanque real, Sua Majestade observava a movimentação da grande massa de súditos e confidenciava aos seus conselheiros:
- Esta é uma terra abençoada, gente e animais convivem amistosamente, cantam, riem, confraternizam-se. Raros são os que não compartilham desta harmonia por serem portadores de deformações morais e, em conseqüência, descambaram para os vícios ou para a violência. Sinto-me feliz.
Instantes depois, a um sinal do soberano, rufaram os tambores anunciando a esperada disputa.
Majestoso, o rei levantou-se do trono, uma vez mais perpassou o olhar pela multidão em grande expectativa e falou à platéia que o olhava com admiração e respeito:
- Hoje, confrontam-se o muriqui, o maior macaco das Américas, representado pelo Macaco Jiló, nosso conhecido por suas diabruras e o sagüim, único primata do litoral, o menor indivíduo da espécie. Os dois tomem seus postos na marca de saída. Sagüim à esquerda, buriqui à direita.
Mestre no ofício de provocar, o Macaco Jiló, em vez da habitual reverência, com três cambalhotas pôs-se em pé diante do rei, abriu largo sorriso de desdém, debochou do sagüim atingindo-o com pedrinhas e apresentou-se afetado:
- Eis aqui, senhor rei, o virtual campeão da jornada de hoje. Como bem declarou Vossa Majestade, sou o macaco de porte mais avantajado das Américas, mas não fica somente aí a minha superioridade sobre o meu mísero oponente, sobram-me inteligência, sagacidade e, sobretudo, esperteza.
- Venerável soberano - sussurrou o sagüim após fazer tímida mesura - veja em mim um fiel servo que tudo fará, dentro da ordem e da ética, para merecer o título de vencedor.
Sereno, sem transparecer ter-se agastado com as impertinências do Macaco Jiló, o rei fez as devidas recomendações, arrematando:
-  Em determinado trecho, os dois caminhos se confundem numa única via para, em seguida, separarem-se e de novo juntarem-se, à vista de todos, no declive da reta de chegada.
Muita atenção na sinalização, a troca de pista significa eliminação do infrator.
Ao soar o gongo, ambos partiram em disparada.
Na praça, a agitação era marcante.
Poucos acreditavam no sagüim, a maioria apostava no Macaco Jiló.
Em conversa com amigos, o tatu argumentava:
- Impossível o sagüim levar a melhor na disputa. Além da diferença física, o Macaco Jiló é astuto, inescrupuloso.
- Conheço-o muito bem, fui vítima de suas intrigas - considerou a anta. 
Pondo à mostra toda a sua revolta, a raposa esbravejou:
- Você só sofreu intrigas? Pior ocorreu comigo! Fui trapaceada cinicamente! Jiló é vil, nocivo à coletividade. Deveria ser preso e passar por um processo de ressocialização.
-  Concordo plenamente com vocês, o mau elemento não perde oportunidade de promover-se, mesmo com o sacrifício de alguém - comentou o guará.
- Suas intromissões deixam sempre um gosto amargo nos outros. Faz jus ao apelido! - ironizou a jaguatirica. Enquanto, na praça, discutia-se e apostava-se, o Macaco Jiló chegava primeiro à junção das estradas. Maliciosamente, inverteu as setas indicadoras da direção, tomou o caminho apropriado e procurou ocultar-se no mato para ter a certeza de que o sagüim caíra no logro. Prelibava com a situação vexatória do adversário e a possibilidade de tripudiá-lo à frente de todos.
Conhecedor, no entanto, das trampolinagens do antagonista, o sagüim detevese em cuidadoso exame do terreno, observou os rastros deixados, convenceu-se, enfim, das modificações introduzidas na sinalização. Dispunha-se a seguir o rumo certo quando sua atenção foi despertada por um grito de susto seguido de gemidos de dor. Aqueles guinchos eram-lhe conhecidos!
A pouca distância, Macaco Jiló havia caído numa esparrela armada por caçadores. Estava preso e com o braço quebrado.
A evidente intenção de prejudicá-lo com as trocas efetuadas na sinalização não estimulou o sagüim à desforra. Assim, ajudou Jiló a livrar-se da armadilha, providenciou uma tala e imobilizou seu braço fraturado. De nada, porém, valeu aquele gesto de desprendimento. Insensível ante o sentimento de solidariedade, o vilão desferiu violento golpe no sagüim deixando-o desacordado e partiu confiante para a consagração. Grande alvoroço agitou os espectadores. Macaco Jiló despontou sozinho no topo da ladeira de acesso ao ponto final.
Todavia, para surpresa geral e satisfação da maioria, o sagüim, vendo Jiló já na metade do lanço derradeiro, enroscou-se em forma de uma bola, rolou ladeira abaixo para cruzar vitorioso a linha de chegada.
Delírio contagiante envolveu os presentes que não pouparam aplausos ao vencedor.
Jiló, inconformado, reclamava do meio ilícito usado pelo oponente; entretanto, o rei, homem justo, validou o feito do sagüim declarando enfático:
- Expedientes escusos foram empregados pelo derrotado. Meus fiscais informaram que o Macaco Jiló tentou ludibriar o concorrente alterando a sinalização. Depois, agrediu fisicamente aquele que, como um bom samaritano, o socorrera. O insensato deliqüente retribuiu com o mal o bem recebido.
Por sua conduta abominável, condeno-o a dois anos de reclusão. Que esta lição sirva de exemplo e esteja sempre em suas lembranças o Salmo 32.2: “Bem-aventurado o homem a quem o Senhor não imputa maldade e em cujo espírito não há engano”. Atentem todos também para o ensinamento de Jesus contido em Mateus 5.48: “Sede, pois, perfeitos, como vosso Pai Celestial é perfeito“.

Felinto Elízio Duarte Campelo
felintoelizio@gmail.com


Extraído de seu livro o Pulo do Gato


quinta-feira, 8 de abril de 2010

O livro dos Espíritos



Para designar coisas novas são necessárias palavras novas; assim exige a clareza de uma língua, para evitar a confusão que ocorre quando uma palavra tem múltiplo sentido. As palavras espiritual, espiritualista, espiritualismo têm um significado bem definido, e acrescentar-lhes uma nova significação para aplicá-las à Doutrina dos Espíritos seria multiplicar os casos já tão numerosos de palavras com duplo sentido. De fato, o
espiritualismo é o oposto do materialismo, e qualquer um que acredite ter em si algo além da matéria é espiritualista, embora isso não queira dizer que creia na existência dos Espíritos ou em suas comunicações com o mundo material. Em vez das palavras espiritual, espiritualismo, utilizamos, para designar a crença nos Espíritos, as palavras espírita e Espiritismo, que lembram a origem e têm em si a raiz e que, por isso mesmo, têm a vantagem de ser perfeitamente inteligíveis, reservando à palavra espiritualismo sua significação própria. Diremos que a Doutrina Espírita ou o Espiritismo tem por princípio a relação do mundo material com os Espíritos ou seres do mundo espiritual. Os adeptos do Espiritismo serão os espíritas ou, se quiserem, os espiritistas.
Como especialidade, o Livro dos Espíritos contém a Doutrina Espírita; como generalidade, liga-se ao espiritualismo num dos seus aspectos.
Esta é a razão por que traz, no início de seu título, as palavras: “filosofia espiritualista”.

Disponibilizo todo o livro para download: O livro dos Espíritos

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Carta de Richard Simonetti para Super Interessante



Senhor Sérgio Gwercman (sgwercman@abril.com.br)
 
Diretor de redação da revista Super Interessante



Sou assinante dessa revista há muitos anos. Sempre a encarei como publicação séria, fonte de informações a oferecer subsídios para meu trabalho como escritor espírita, autor de 49 livros publicados.
Essa concepção caiu por terra ao ler, na edição de abril, infeliz reportagem sobre Francisco Cândido Xavier, pretensiosa e tendenciosa, objetivando, nas entrelinhas, denegrir e desvalorizar o trabalho do grande médium.
Isso pode ser constatado já na seção “Escuta”, com sua assinatura, em que V.S. pretende distinguir respeito de reverência, como se reverência não fosse o respeito profundo por alguém, em face de seus méritos.
Podemos e devemos reverenciar Chico Xavier, não por adesão de uma fé cega, mas pela constatação racional, lúcida, lógica, de que estamos diante de uma personalidade ímpar, que fez mais pelo bem da Humanidade do que mil edições de Superinteressante, uma revista situada como defensora do bom jornalismo, mas que fez aqui o que de pior existe na mídia – a apreciação superficial e tendenciosa a respeito de alguém ou de uma notícia, com todo respeito, como pretende seu editorial, como se fosse possível conciliar o certo com o errado, o boato com a realidade, o achincalhe com o respeito.
Para reflexão da repórter Gisela Blanco e redatores dessa revista que em momento algum aprofundaram o assunto e nem mesmo se deram ao trabalho de ler os principais livros psicografados pelo médium, sempre com abordagem superficial, pretendendo “explicar” o fenômeno Chico Xavier, aqui vão alguns aspectos para sua reflexão e – quem sabe? – um cuidado maior em futuras reportagens.
De onde a repórter tirou essa bobagem de que “toda essa história começou com as cartas dos mortos?”
Se as eliminarmos em nada se perderá a grandeza de Chico Xavier. A história começa bem antes disso, com a publicação, em 1932, do livro Parnaso de Além-Túmulo, quando o médium tinha apenas 22 anos.
A reportagem diz: “Ele dizia que não escolhia os espíritos a quem atenderia, só via fantasmas e ouvia vozes. Mas parecia ser o escolhido por celebridades do céu. Cruz e Souza, Olavo Bilac, Augusto dos Anjos e Castro Alves lhe ditaram versos e prosa.”
Afirmativa maliciosa, sugerindo o pastiche, a técnica de copiar estilo literário. O repórter não se deu ao trabalho de observar que no próprio Parnaso há, nas edições atuais, 58 poetas desencarnados, menos conhecidos e até desconhecidos, como José Duro, Alfredo Nora, Alma Eros, Amadeu, B.Lopes, Batista Cepelos, Luiz Pistarini, Valado Rosa… Poetas do Brasil e de Portugal que se identificam pelo seu estilo, em poesias personalíssimas enriquecidas por valores de espiritualidade.
Não sabe ou preferiu omitir a repórter que Chico psicografou poesias de centenas de poetas desencarnados, ao longo de seus 75 anos de apostolado, na maior parte poetas provincianos, conhecidos apenas nas cidades onde residiam no interior do Brasil. Pesquisadores constatam que esses poemas não são “razoavelmente fiéis ao estilo dos autores”. São totalmente fiéis.
Não tem a mínima noção de que a técnica do pastiche, a imitação de estilo literário, é extremamente difícil, quase impossível. Pastichadores conseguem imitar uma página, uma poesia de alguém, jamais toda uma obra ou as obras de centenas de autores.
Afirma que Chico foi autodidata e leitor voraz durante toda a vida, sempre insinuando o pastiche.
Leitor voraz? Passava os dias lendo? Só quem não conhece sua biografia pode falar uma bobagem dessa natureza, já que Chico passava a maior parte de seu tempo atendendo pessoas, psicografando, participando de reuniões e atendendo à atividade profissional.. Não conheço um único documentário, uma única foto mostrando Chico lendo “vorazmente”. Ah! Sim! Para a repórter Chico certamente escondia isso.
Fala também que Chico teria 500 livros em sua biblioteca e que “a lista inclui volumes de autores cujo espírito o teria procurado para escrever suas obras póstumas, como Castro Alves e Humberto de Campos”.
E as centenas de poetas e escritores que se manifestaram por seu intermédio. Chico tinha livros deles? E de poetas que sequer publicaram livros?
Quanto a Humberto de Campos, cuja família tentou receber na justiça os direitos autorais pelas obras psicografadas por Chico, o que seria ótimo acontecer, o reconhecimento oficial da manifestação dos Espíritos, esqueceu-se a repórter de informar que Agripino Grieco, o mais famoso crítico literário de seu tempo, recebeu uma mensagem do escritor, de quem era amigo. Reconheceu que o estilo era autenticamente de Humberto de Campos, mas que o fato para ele não tinha explicação, já que, como católico praticante, não admitia a possibilidade de manifestação dos espíritos.
Esqueceu ou ignora que Chico, médium psicógrafo mecânico, recebia duas mensagens simultaneamente, com ambas as mãos sendo usadas por dois espíritos. Desafio Superinteressante a encontrar um prestidigitador capaz de fazer algo semelhante.
Uma pérola de ignorância jornalística está na referência sobre materialização de Espíritos: “seria necessário produzir um total de energia duas vezes maior do que é hoje produzido pela hidroelétrica de Itaipu por ano, segundo os cálculos feitos por especialistas exibidos por reportagens sobre Chico nos anos 70.” Seria superinteressante a repórter ler sobre as pesquisas de Alfred Russel Wallace, Oliver Joseph Lodge, Lord Rayleigh, William James, William Crookes, Ernesto Bozzano, Cesare Lombroso, Alexej Akzacof e muitos outros cientistas respeitáveis que estudaram o fenômeno da materialização e o admitiram. Leia, também, sobre quem eram esses cientistas, para constatar que não agiam levianamente como está na revista.
A repórter reporta-se às reuniões mediúnicas das quais Chico participava como shows que o tornaram famoso e destila seu veneno. Cita o sobrinho de Chico que, dizendo-se médium, confessou que era tudo de sua cabeça, o mesmo acontecendo com o tio. Por que passar essa informação falsa, se o próprio sobrinho de Chico, notoriamente perturbado e alcoólatra, pediu desculpas pela sua mentira? Joga penas ao vento e espera que o leitor as recolha? Omitiu também a informação de que ele confessou que pessoas interessadas em denegrir o médium pagaram-lhe pela acusação.
Eram frequentes nas reuniões a ocorrência de fenômenos como a aspersão de perfumes no ambiente, algo que, deveria saber a repórter, costuma ocorrer com os médiuns de efeitos físicos. No entanto, recusando-se a colher informações mais detalhadas sobre o assunto, limitou-se a dizer que em 1971 um repórter da revista Realidade, José Hamilton Ribeiro, denunciou que viu um dos assessores de Chico Xavier levantar o paletó discretamente e borrifar perfume no ar. Sugere que havia mistificação, aliás, uma tônica na reportagem. Por que não foram consultadas outras pessoas, inclusive centenas que tiveram seus lenços inexplicavelmente encharcados de perfume ou a água que levavam para magnetizar, a exalar também um olor suave e desconhecido que perdurava por muitos dias?
Na questão das cartas, milhares e milhares de cartas de Espíritos que se comunicavam com os familiares, sugere a repórter que assessores de Chico conversavam com as pessoas, anotando informações para dar-lhes autenticidade. Lamentável mentira. E ainda que isso acontecesse, Chico precisaria ser um prodígio para ler rapidamente as informações e inseri-las no contexto de cada mensagem, de cada espírito, mistificando sempre.
E as mensagens dirigidas a pessoas ausentes? E os recados aos presentes? Não eram só mensagens. Eram incontáveis recados. A pessoa aproximava-se de Chico e ele, sem conhecer nada de sua vida, transmitia recados de familiares desencarnados, na condição de um ser interexistente, que vivia simultaneamente a vida física e a espiritual, em contato permanente com os Espíritos.
Lembro o caso de um homem inconformado com a morte de um filho. Ia toda noite deitar-se na sepultura do rapaz, querendo “ficar com ele”. Não contava a ninguém, nem mesmo aos familiares.
Em Uberaba recebeu mensagem do filho pedindo-lhe que não fizesse isso, porquanto ele não estava lá.
Durante muitos anos Chico psicografou receituário mediúnico de homeopatia. Perto de 700 receitas numa noite. Ficava horas psicografando. E os medicamentos correspondiam à natureza do mal dos pacientes, sem que o médium deles tivesse o mínimo conhecimento. Na década de 70 tive uma uveíte no olho esquerdo. Compareci à reunião de receituário. Escrevi meu nome e idade numa folha de papel. Não conversei com ninguém. Após a reunião recebi a indicação de dois medicamentos.
Tornando a Bauru, onde resido, verifiquei num livro de homeopatia que o dois medicamentos diziam respeito ao meu mal. Curaram-me.
Concebesse a repórter que, como dizia Shakespeare, há mais coisas entre a Terra e o Céu do que concebe nossa vã sabedoria, e não se atreveria a escrever sobre assuntos que desconhece, com o atrevimento da ignorância.
Outras “pérolas” da reportagem:
Oferece “explicações” lamentáveis para o fenômeno Chico Xavier..
Psicose, confundindo mediunidade com anormalidade.
Epilepsia, descarga elétrica que “poderia causar alheamento, sensação de ausência, automatismo psicomotor”, segundo a opinião de um médico. Descreve algo inerente ao processo mediúnico, que não tem nada a ver com desajuste mental, ou imagina-se que o contato com o Espírito comunicante não imponha uma alteração nos circuitos cerebrais, até para que ocorra a manifestação? E porventura o médico consultado sabe de algum paciente que produza textos mediúnicos durante a crise epilética?
Criptomnésia, memórias falsas, lembranças escondidas no subconsciente do médium, ao ouvir informações sobre o morto. Inconscientemente ele “arranjaria” essas informações para forjar a “manifestação”.
Telepatia. Aqui o médium captaria informações da cabeça dos consulentes e as fantasiaria como manifestação do morto. Como dizia Carlos Imbassahy, grande escritor espírita, inconsciente velhaco, porquanto sempre sugere que é um morto quem se manifesta, não ele próprio.
Informa a repórter que “acuado pelas críticas na Pedro Leopoldo de 15 mil habitantes, Chico resolveu fazer as malas e partir para Uberaba, um polo do Espiritismo onde contaria com um apoio de amigos”.
Mentira. Ele deixou Pedro Leopoldo, onde tinha muitos amigos, não por estar “acuado”, mas simplesmente seguindo uma orientação do Mundo Espiritual, em face de tarefas que desenvolveria em Uberaba que, então sim, com sua presença transformou-se em “polo do Espiritismo”.
Na famoso pinga-fogo a que Chico compareceu, em 1971, na TV Tupi, um marco na história das entrevistas televisivas, com uma quase totalidade de audiência, diz a repórter que Chico foi “bombardeado por perguntas. Mas se safou.” Bombardeado? Safou-se? O que foi essa entrevista, um libelo acusatório contra um mistificador? Se a repórter se desse ao trabalho de ver a entrevista toda, o que lhe faria muito bem, verificaria que o clima foi de cordialidade, de elevada espiritualidade, e que em nenhum momento os entrevistadores “bombardearam” Chico.. E em nenhum momento ele deixou de responder as perguntas com a sobriedade e lisura de quem não está ali para safar-se, mas para ensinar algo de Espiritismo.
Falando da indústria (?) Chico Xavier, há um box sobre “Dieta do Chico Xavier”, que jamais seria veiculada por Chico. Usaram seu nome. Por que incluí-la nas inverdades sobre o médium, simplesmente para denegrir sua imagem, aqui sugerindo que seria ingênuo a ponto de conceber semelhante bobagem? Se eu divulgar via internet que Superinteressante recomenda o uso de cocô de galinha para deter a queda de cabelos, seria razoável que alguma revista concorrente citasse essa tolice, mencionando a suposta autoria, sem verificação prévia?
Falando dos 200 livros biográficos sobre Chico Xavier, a repórter escreve: “Tem até um de piadas, Rindo e Refletindo com Chico Xavier”. Certamente não leu o livro, porquanto não conhece nem o autor, eu mesmo, Richard Simonetti, nem sabe que não se trata de um livro de piadas, mas um livro de reflexão em torno de ensinamentos bem-humorados do médium.
Não fosse algo tão lamentável, tão séria essa agressão contra a figura respeitável e venerável de Chico Xavier, eu diria que essa reportagem, ela sim, senhor redator, foi uma piada de péssimo gosto!
Doravante porei “de molho” as informações dessa revista, sem o crédito que lhe concedia.
A repórter Gisela Branco esteve em Pedro Leopoldo e Uberaba com o propósito de situar Chico Xavier como figura mitológica. É uma pena! Não teve a sensibilidade nem o discernimento para descobrir o médium Chico Xavier, cuja contribuição em favor do progresso e bem estar dos homens foi tão marcante que, a exemplo do que disse Einstein sobre Mahatma Gandhi, “as gerações futuras terão dificuldade para conceber que um homem assim, em carne e osso, transitou pela Terra.”
E deveria saber que não vemos Chico Xavier como um mártir, conforme sugere. Não morreu pelo Espiritismo. Viveu como espírita. E se algo se aproxima de um martírio em seu apostolado, certamente foi o de suportar tolices e aleivosidades como aquelas presentes na citada reportagem.
Finalizando, um ditado Zen para reflexão dos redatores da Super:

O dedo aponta a lua.
O sábio olha a lua..
O tolo olha o dedo.

Richard Simonetti
Bauru, 3 de abril de 2010..

Imagem ilustrativa