domingo, 20 de março de 2011

Predição do futuro causa polêmica em meio acadêmico


Causou furor na Imprensa pátria (Portal G1-11.01.2011; Correio Braziliense-31.12.2010) o anúncio da aprovação para publicação do artigo do Professor Emérito da Universidade de Cornell-EUA, Daryl J. Bem, na renomada Revista científica “The Journal of personality and social psychology”, da Universidade do Colorado-EUA, versando sobre a possibilidade do ser humano prever o seu futuro.
A prevista publicação foi objeto de polêmica, pois o assunto da Percepção Extrassensorial (PES), onde se vincula o assunto da presciência, pertence ao rol dos assuntos “tabu” no meio acadêmico, não sendo a primeira vez que estudos dessa natureza em universidades causam rebuliço nos periódicos, inclusive no Brasil, como no recente caso do “Núcleo de Estudos de Fenômenos Paranormais” da Universidade de Brasília.
A laicidade natural da ciência (e assim deve ser) não impede que os diversos assuntos do mundo, inclusive os religiosos, sejam por ela estudados. A antropologia se ocupa das relações do homem com a religião, estudando esta como fenômeno. O que nos impede de estudar os fenômenos associados à prática religiosa?
Pois foi isso que o pesquisador estadunidense fez. Utilizando-se de testes de memória baseados em metodologia científica, verificou que os participantes da pesquisa eram mais propensos a lembrar de objetos e palavras que lhes seriam apresentados posteriormente, como se eles pudessem sentir o que viria depois.
Despido de preconceitos e imbuído no espírito científico, a experiência do Dr. Bem teve a presciência por seres humanos como objeto de pesquisa, rompendo mais uma vez a barreira que vem desde os tomistas, separando objetos da ciência e da religião, como se tratassem de mundos distintos e que não tivessem zonas de confluência.
No que tange a pesquisa em si, os resultados não negaram a presciência, mas tampouco não conseguiram comprová-la de forma patente e inquestionável. Mas, como pesquisa, teve o mérito de despertar na comunidade acadêmica, ainda que em meio à polêmica, a importância de estudos científicos sobre esses e outros assuntos, como a experiência de quase-morte (EQM), a regressão de memória e as curas espirituais.
Ainda que as religiões tenham suas interpretações sobre essas questões, fundamentadas nos seus patamares filosóficos, e o Espiritismo não se furta nesse ponto; o aspecto científico dessas questões traz à tona fatos que enriquecem as nossas discussões e fortalecem ou alteram paradigmas, inclusive os espíritas.
A ciência não pode corroborar com o preconceito. A questão é que, quando um pesquisador toma como objeto esses assuntos, é taxado de falta de neutralidade, de pseudociência e até de misticismo. Ora, a ciência nos serve para revelar a essência das coisas do mundo. Se os fenômenos são relatados, percebidos, noticiados; então são dignos de estudos, ainda que não comunguemos das explicações dadas pelas religiões. Quantas falsas verdades caíram por terra na história da ciência?
A teoria da presciência - Tratando do objeto da pesquisa, temos que a discussão da possibilidade de se prever o futuro é ladeada por outras duas discussões inseparáveis: a natureza do tempo e o livre-arbítrio. O primeiro assunto foi pauta dos físicos, inclusive Albert Einstein, na sua teoria da relatividade, que rompeu paradigmas sobre o caráter absoluto do tempo. Já transitou o tema pela filosofia e pela psicologia também.
O assunto do livre-arbítrio ocupou os filósofos e naturalmente teve assento nos círculos religiosos, sendo objeto hoje dos campos da psicologia, matemática, sociologia e da comunicação social. Disputa com o determinismo um espaço entre extremos, de um mundo pré-definido e a liberdade total do ser humano. Cabe aí a discussão da justiça, pois como ser imputado do que não lhe coube liberdade?
A nossa visão do tempo e da capacidade do ser humano, nessa dimensão, compor o seu destino, é o ponto crucial da questão da presciência. Se entendermos que o ser humano goza de liberdade para construir o seu destino, diante dos desafios que lhe são apresentados, podemos entender a teoria da presciência como uma visualização das provas e percalços previstos, em determinadas situações.
Emmanuel, na obra “O Consolador”, na psicografia de Chico Xavier, apresenta que:

– Há o determinismo e o livre-arbítrio, ao mesmo tempo, na existência humana?

Determinismo e livre-arbítrio coexistem na vida, entrosando-se na estrada dos destinos, para a elevação e redenção dos homens.
O primeiro é absoluto nas mais baixas camadas evolutivas e o segundo amplia-se com os valores da educação e da experiência. Acresce observar que sobre ambos pairam as determinações divinas, baseadas na lei do amor, sagrada e única, da qual a profecia foi sempre o mais eloquente testemunho.
De forma a estabelecer uma relação de coexistência entre esses dois extremos.
Indica também que a liberdade é coirmã da autonomia, como conquista gradual no campo da luta, inerente ao espírito, subordinando a nossa capacidade de andar e escolher a nossa maturidade, como cocriadores.
Nesse sentido, reforça a teoria da presciência de Kardec prescrita em “A gênese”, que compara a predição ao homem alto que da montanha vê todo o caminho. Ver o caminho não é dizer, necessariamente, o caminho que percorreremos.
Hermínio de Miranda, no seu livro “A memória e o tempo”, apresenta que existem dois ou mais níveis de apreensão consciente de diversas dimensões, simultaneamente, e que pessoas teriam essa capacidade. O ilustre pesquisador espírita, afinado com o que fala hoje o Prof. Bem, indica que o homem possui a facilidade de prever o planejado, pela apreensão de aspectos dimensionais que implicam na inflexão do tecido temporal, por mecanismos inacessíveis ainda a nós.
Estudos recentes no campo da Terapia de Vidas Passadas indicam o fenômeno da progressão, ou seja, a projeção de fatos e eventos que ainda irão ocorrer, com vários casos relatados. Isso não implica o fim do livre-arbítrio, que o futuro está demarcado, e sim que a nossa vida segue planejamentos, flexíveis. Esses estudos ratificam a ideia de Kardec, no sentido da manutenção do nosso livre-arbítrio, mas indica a existência de planejamentos. A obra de André Luiz, Missionários da luz, fala claramente desse planejamento, quando.
Desejando, porém, prosseguir nos esclarecimentos, quanto ao serviço reencarnacionista, Manassés tomou pequeno gráfico e, apresentando-me as linhas gerais, acentuou:

- Aqui temos o projeto de futura reencarnação dum amigo meu. Não observa certos pontos escuros, desde o cólon descendente à alça sigmoide?
Isso indica que ele sofrerá uma úlcera de importância, nessa região, logo que chegue à maioridade física. Trata-se, porém, de escolha dele.
E narra posteriormente a bela passagem da encarnação de Segismundo, subordinando esse planejamento à lógica da busca do crescimento espiritual.
Mostra André que o futuro é construído a partir da realidade que se apresenta, reforçando a máxima que “o homem propõe e Deus dispõe”.
Em breves palavras, nas limitações desse artigo, vemos que a questão da presciência ainda traz em si muitas dúvidas e a colaboração da comunidade científica, como ousou o Prof. Bem, é bem-vinda, em um fenômeno cotidiano e presente em todas as religiões.

Marcus Vinícius de Azevedo Braga
acervobraga@gmail.com
Guará II, Distrito Federal (Brasil)


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segunda-feira, 7 de março de 2011

Entre Jovens - Lucidez e Genialidade


Em 9.12.68, o cantor e compositor Chico Buarque, ao se defrontar com a polêmica pelo fato dele fazer samba, o que seria para época um ritmo ultrapassado, em relação às inovações, como o movimento da Tropicália, escreveu um artigo no periódico “Última hora”, que termina com uma frase de sua autoria que se tornou consagrada, sintetizando o seu pensamento sobre a questão: que nem toda loucura é genial, como nem toda lucidez é velha.
Passados mais de 40 anos, a genialidade e a lucidez desta frase nos remetem ao assunto desse artigo, visando ao público jovem. De onde vem essa idéia de que por sermos jovens temos que fazer loucuras? Nos parece que existe uma cota, um número mínimo e máximo de loucuras e inconseqüências que devemos efetuar na nossa juventude, para que esta seja vivida em plenitude...Pois quando ficarmos velhos e caretas, teremos que desempenhar aqueles papéis chatos e sérios, tendo que encarar o batente como cordeirinhos. Uma grande tentativa de compensação, então!
Ora, crer nisso dentro do contexto da realidade espírita é ignorarmos a finalidade de nossa passagem pelo Planeta Terra e as questões ligadas a nossa evolução espiritual no momento da juventude. Ah, é bem verdade, quando jovens temos o nosso processo de auto-afirmação, de construção da nossa identidade no contexto social, de busca de caminhos. E isso nos demanda uma certa dose, diria até natural, de contestação. Mas, daí para vivermos uma ciranda de loucuras... muito distante.
Digo isso pois vejo as conseqüências funestas dessa idéia nos noticiários e no cotidiano. Vários jovens ferindo-se ou perdendo a vida nos famosos “racha” com automóveis, nas guerras de “gangues”, no uso e abuso de álcool e de drogas ilícitas, nos esportes de altíssimo risco sem supervisão profissional, entre outras loucuras geniais.
Toda essa aventura, essa loucura que inunda as veias de adrenalina, traz em si uma dose de risco que nos permite qualificá-las como situações que beiram o suicídio. Ninguém enxerga a genialidade de descobrir novos conhecimentos, ajudar o próximo, lutar pelas questões sociais, engajar-se na causa ecológica. Vemos o novo e genial apenas nas loucuras!
Seria prudência uma coisa dos mais velhos? Seria se preocupar com a sua integridade física uma caretice? Lucidez é monótona? Genial é se arriscar e acabar com a sua vida? Esses questionamentos são interessantes para a mente juvenil, por vezes seduzida por essas idéias, como quem busca sorver a vida em um único gole. A vida como espírito encarnado tem suas riquezas e suas dores, nos seus vários momentos. Na infância e na madureza, na adolescência e na velhice, cada época tem seus frutos e seus dissabores. A vida é isso, essa trajetória, esse caminho cujas preocupações oscilam entre o passado, o presente e o futuro. Entre o individual e o coletivo. Não podemos esquecer o que fomos, nem desprezar o que queremos ser. Porém, o presente é a hora de fazer e acontecer.
Na espiritualidade, bilhões de espíritos se amontoam na busca da oportunidade da reencarnação, na ânsia de aprender a amar, de resgatar as suas dívidas e de crescer, nos ditames da Lei maior. O que pensam esses espíritos quando vêem a vida sendo desperdiçada assim? Será que eles acham isso tudo genial?

Marcus V.A. Braga
Pedagogo, evangelizador, escritor e autor do livro “Alegria de Servir” em Brasília - DF 
acervobraga@gmail.com

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sexta-feira, 4 de março de 2011

Nós nos movemos no tempo, mas é ele que se move em Deus


A Teoria da Relatividade de Einstein nos ensina que, embora nós sintamos o tempo como algo móvel, sua mobilidade, na realidade, é ilusória. De fato, as aparências nos enganam. Que o digam os especialistas em ilusão ótica. Seria, então, o tempo um atributo divino, já que Deus, por ser imutável, é também imóvel? A favor dessa hipótese ainda se diz muito: “o tempo não tem fronteiras”, seria o tempo, pois, também infinito, sem fim? O substantivo concreto tem limite visível, o abstrato nem invisível o tem. E o tempo é um substantivo abstrato mais importante do que um concreto.
Einstein afirma que um indivíduo em movimento chega ao futuro mais rápido do que quem está parado. Assim, um astronauta viajando muito tempo numa nave espacial, o tempo corre-lhe mais rápido. Para Einstein, nós é que passamos no tempo para o futuro. E com a nossa caminhada até determinado lugar, cria-se uma alteração de tempo em nós tal qual acontece com o espaço.O tempo não vem ao nosso encontro, nós é que vamos ao encontro dele, modificando-o. Vimos que é como se o tempo se movimentasse, mas que isso é uma ilusão. Já com o espaço, a coisa é clara. Nós nos movemos nele, e essa é a nossa sensação. E o nosso deslocamento no espaço depende também do ritmo de velocidade do nosso movimento nele.
Espaço e tempo são correlativos e estão impregnados um do outro.
Com o espaço podemos medir o tempo, e com o tempo podemos medir o espaço. Não é à toa que se usa muito a expressão “no tempo e no espaço”. Até se diz que não há tempo sem espaço, nem espaço sem tempo. E tudo no Universo é relativo, menos Deus, que é absoluto.
Se Deus é a Causa não causada, a Causa Primeira de todas as coisas, segundo a Doutrina Espírita, e o único Ser incontingente de são Tomás de Aquino, Deus não depende do tempo e do espaço. Nós sim, e tudo o mais que existe é que dependemos de Deus, do espaço e do tempo. Mas o tempo não vai, não vem, e nem fica. É como se ele nem existisse. Nós é que passamos pelo tempo. A nossa condição diante do tempo é oposta à de Deus, que é sempre a mesma coisa, já que Deus e os seus atributos são imutáveis.
Vimos que não existe movimento do tempo. Nós é que passamos pelo tempo. E nós passamos também pelo espaço, nos transformando constantemente. E nós nos transformamos também em nossa evolução espiritual, que é uma constância. Mas não sofreria o tempo, pelo menos em nós, uma espécie de ação relativa de ser movido, não por ele, mas por nós que nele nos movemos? Isso equivaleria a dizermos que o tempo não faz a ação de passar, mas sofre a ação de passar.
Observando-se essas elucubrações sobre o tempo sob o ponto de vista filosófico-teológico a respeito de Deus, essa questão se torna mais complexa ainda. Como diz o dito popular, toda regra tem exceção. E aqui temos um exemplo da verdade desse conhecido rifão. É que Deus, como vimos, é imutável, como o afirmam com mais frequência os orientais. E essa imutabilidade de Deus não permite que Ele passe pelo tempo e nem pelo espaço, mas o tempo, o espaço, nós e tudo o mais que existe é que passamos por Deus. E pela própria Teoria da Relatividade, sabemos que tudo no Universo é relativo, e nada é absoluto, exceto Deus, ou seja, a Causa Primeira de todas as coisas e o único Ser incontingente.
Dessas conjeturas todas, podemos inferir que o tempo é móvel, pelo menos para Deus, confirmando aquela máxima de que toda regra tem exceção. Aliás, Deus transcende toda regra e toda exceção!

Obs.: Esta coluna, de José Reis Chaves, às segundas-feiras, no diário de Belo Horizonte, O TEMPO, pode ser lida também no site www.otempo.com.br Clicar colunas.
Ela está liberada para publicações. Meus livros: “A Face Oculta das Religiões”, “A Reencarnação na Bíblia e na Ciência” Ed. EBM (SP) e “A Bíblia e o Espiritismo”, Ed. Espaço Literarium, Belo Horizonte (MG) – www.literarium.com.br - e meu e-mail: jreischaves@gmail.com - Os livros podem ser adquiridos também pelo e-mail: contato@editorachicoxavier.com.br e o telefone: 0800-283-7147.

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terça-feira, 1 de março de 2011

Sugestão para o Evangelho no Lar


Inegável o valor das lições evangélicas no desenvolvimento moral da criatura humana. Quanto mais cedo se der o encontro do indivíduo com a mensagem cristalina de Jesus que exalta o amor, perdão, benevolência, compreensão, maiores serão as chances de sucesso existencial. O evangelho é, portanto, sublime roteiro de vida.
Partindo dessa premissa, não obstante as minha limitações, busco inserir Jesus no cotidiano de meus filhos. E pensando nisto que institui em casa o Evangelho no Lar em minha casa e realizamo-lo aos domingos há algum tempo. Porém, eu não tinha a pedagogia necessária para entretê-los nos estudos. Ficava aquela cosia chata, maçante e percebia que os resultados não eram animadores. Para eles aqueles minutos constituíam-se em
aborrecimentos. Até que, por um desses “acasos”, certo domingo sentamo-nos em frente ao micro que estava ligado. Lemos um trecho evangélico e preparava-me para a explicação quando o garoto pediu-me para procurar na internet sobre Jesus e suas parábolas. Relutei um pouco, talvez condicionado a considerar que aqueles momentos eram incompatíveis com internet. Todavia, ante seu olhar faceiro quebrei as algemas de meu modelo mental obsoleto e busquei as parábolas do mestre na rede mundial de computadores.

Bingo!

Encontrei vasto material para crianças e jovens, com desenhos animados narrando a epopéia de Jesus na Terra e mensagens belíssimas que transmitem as lições do Nazareno de forma lúdica e didática para os pequenos.
A partir de então nossas reuniões tornaram-se agradabilíssimas.
Os dois aguardam com ansiedade o domingo à noite e não raro emocionam-se com os feitos de Jesus. Querem saber mais sobre Pedro e sua reabilitação após negar o mestre. Entristecem-se ao saber que Judas sucumbiu. Enfim, após inserir os vídeos como material de apoio em nossas reuniões verifiquei que os benefícios foram inúmeros.
Eles, agora, prestam atenção na leitura e nos ensinamentos. Dia desses até espantei-me com o menino pedindo desculpas à irmã, coisa que antes não fazia. Questioneio sobre eu comportamento humilde, e ele, lembrando-se do vídeo em que Jesus ensina o perdão, explicou na simplicidade própria das crianças:
- Aprendi com o desenho do menino Jesus!
Se você tem acesso à internet e filhos pequenos, experimente realizar o Evangelho no lar apoiado pela tecnologia dos equipamentos ao seu dispor. As crianças e jovens irão apreciar e indubitavelmente os resultados serão positivos.
Abençoada tecnologia que nos proporciona ferramentas magníficas para fazer com que se prolifere a mensagem evangélica.
E pensar que muita gente a considera coisa do...
Perdoai-os, Senhor, eles não sabem o que dizem!

Wellington Balbo – Bauru - SP
wellington_plasvipel@terra.com.br

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