quinta-feira, 26 de abril de 2012

Nós podemos divinizar-nos, mas Deus não pode humanizar-se


As teologias das religiões mais antigas receberam influências da mitologia, misturando a divindade com a humanidade. Também a teologia do cristianismo nascente não escapou dessas influências.
O homem foi criado à imagem e semelhança de Deus, dilo-nos a Bíblia. Mas também nós criamos Deus à nossa imagem e semelhança, o que é a chamada antropomorfização de Deus.
Das influências mitológicas, sabemos que os teólogos cristãos do passado foram também suas vítimas. Por ser Jesus um homem perfeito, os teólogos antigos imaginaram que Ele era também Deus. Eles agiram de boa fé, mas cometeram o grave erro teológico mais comum, isto é, o exagero. Eles acertaram em muitas de suas elucubrações teológicas, mas erraram, grandemente quando, exagerando as coisas, concluíram que Jesus é outro Deus. E o pior é que os teólogos de hoje ainda apoiam esse lamentável erro que corrói o cristianismo e incrementa o materialismo!
Pelo início do Evangelho de João, ficamos sabendo que Jesus Cristo é o Verbo ou Fala de Deus, e que o Verbo ou Fala de Deus era Deus. De fato, Jesus Cristo é Deus de algum modo, pois é a Fala de Deus para a humanidade, o que quer dizer que Ele é Deus, mas relativo. E, segundo João, a Fala é Deus ( Deus relativo) e estava com Deus, o Pai (Deus absoluto). Como se diz, filho de peixe peixinho é. Por isso, Jesus é Deus, mas relativo. Isso é bíblico. E não só Ele é Deus relativo, como nós todos o somos também: “Vós sois deuses.” (Salmo 82:6; e João 10:34). Mas não confundamos as coisas como o fizeram os teólogos antigos influenciados pelos deuses mitológicos. “Quando alguém aponta o dedo para a Lua, observemos a Lua, e não o dedo!” Jesus tem sua identidade de Filho de Deus, e Deus tem a sua de Pai de Jesus e de todos nós.
Se Jesus se aperfeiçoou, Ele não pode ser Deus, pois Deus é imutável. “Tendo sido aperfeiçoado, tornou-se o Autor da salvação eterna para todos que lhe obedecem.” (Hebreus 5:9). Os teólogos argumentariam que Ele se aperfeiçoou como homem e não como Deus. Isso é, como se diz, papo furado, já que eles mesmos afirmam que não se pode separar o lado humano de Jesus do seu lado divino. Aliás, é com este argumento, que até criaram um dogma, ou seja, o de que Maria é Mãe de Deus ( “Teotokos ). O que aceitarmos, então, como verdade, o dogma de que são inseparáveis os supostos dois lados divino e humano de Jesus ou o ensino bíblico de que Ele é um ser humano, que se aperfeiçoa, evolui e que é Filho de Deus, como nós também o somos, e que, portanto, é igualmente nosso irmão maior e nosso modelo?
O Filho de Deus, por excelência, nos ensinou que nós podemos fazer tudo o que Ele fez e até mais, ainda. Mas se Ele fosse mesmo Deus absoluto, real, e não apenas relativo, tal coisa jamais nos seria possível! Quem somos nós para fazermos o que Deus faz?
Com a nossa evolução espiritual sempiterna, um dia, quando formos de fato semelhantes a Deus em perfeição, e entrando na sua sintonia, nos tornando um com Ele, como já o faz Jesus, de algum modo nós nos tornaremos divinizados. Mas Deus não pode se humanizar jamais, pois Ele é imutável!

PS:
1) Parabéns à Rosângela G. Nascimento, pelo lançamento de seu livro “Atravessando Fronteiras”. Contato: roseangel23@oi.com.br
2) Ouça, aos sábados, www.avozdoespiritismo.com.br das 12h00 às 13h30, com Nelson Custódio, na Band de Araçatuba (SP), entrevistas e palestras com este colunista.

Obs.: Esta coluna, de José Reis Chaves, às segundas-feiras, no diário de Belo Horizonte, O TEMPO, pode ser lida também no site www.otempo.com.br Clicar “TODAS AS COLUNAS”. Podem ser feitos comentários abaixo da coluna. Ela está liberada para publicações. Meus livros: “A Face Oculta das Religiões”, Ed. EBM (SP), “O Espiritismo Segundo a Bíblia”, Editora e Distribuidora de Livros Espíritas Chico Xavier, Santa Luzia (MG), “A Reencarnação na Bíblia e na Ciência” Ed. EBM (SP) e “A Bíblia e o Espiritismo”, Ed. Espaço Literarium, Belo Horizonte (MG) – www.literarium.com.br - e meu e-mail: jreischaves@gmail.com - Os livros de José Reis Chaves podem ser adquiridos também pelo email: contato@editorachicoxavier.com.br e o telefone: 0800-283-7147.

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quarta-feira, 11 de abril de 2012

Fortuna e glória


O brilhante filme “Indiana Jones e o Templo da Perdição” (1984), dirigido por Steven Spielberg e estrelado por Harrison Ford, mostra o herói na busca de resgatar as pedras de Sankara, cuja fábula de uma aldeia asseverava que estas trariam aos seus possuidores “fortuna e glória”.
Muito erigiram (e erigem) a sua vida na busca desses valores, desde a juventude, alimentando sonhos de fortuna-posse de coisas materiais, e de glória, reconhecimento e fama entre as pessoas. Duas grandezas calcadas nas chagas da humanidade segundo o Espiritismo – o egoísmo e o orgulho – e, ainda que muitas vezes sustente-se um discurso diverso, a prática demonstra a busca frenética pela promessa de Sankara.
Ser rico e famoso é vendido diariamente em filmes, livros e falas como objetivo de vida, povoando o imaginário de nossos jovens na busca de ser rico e famoso, como os ídolos que eles tanto admiram. Não que adultos não pensem assim, mas a idade jovem se caracteriza pelo ideal de um mundo melhor, uma natureza revolucionária inerente, que acaba sendo minada pelos desejos orgulho-egoístas.
Mas como viver fora desse jogo? Como viver de uma forma franciscana, sem bens e no ostracismo? Curioso, mas em momento nenhum se condena no Espiritismo os bens materiais e sim a nossa relação com eles. Da mesma forma, a evidência é vista como prova. A questão está em colocar no centro de nossas existências o objetivo de se ter coisas que as traças roem, e de ser algo superior, esquecendo que somos todos filhos do mesmo pai. O crescimento espiritual não se dá pela meditação insulada e sim pelas vitórias diante desses valores, afirmando o amor como valor principal.
Jesus falava: “Não temais, eu venci o mundo”. Vencer o mundo ou vencer no mundo? O que é para nós vencer no mundo? Mansões, fãs... Pergunta que devemos nos fazer periodicamente. Vencer o mundo é a porta estreita das batalhas diárias pela construção do bem na Terra, pelas lutas no ideal religioso e social, de combater a dor de cada irmão. Esse é o desafio que se impõe ao cristão, que se faz mais complexo à medida que não o enxergamos.
Cabe termos olhos de ver para enxergar os verdadeiros vencedores e as verdadeiras promessas, para que não nos vejamos iludidos no emprego de nossas forças, exasperados no presente e frustrados no futuro, pois os bens materiais têm seu valor na medida que contribuem com o nosso engrandecimento espiritual.
Empolgados na luta pela fortuna e glória, esquecemo-nos da família, dos sorrisos, das pessoas.
O desafio está posto em um mundo que valoriza as posses, o ser como ter, em confronto com a idéia de transformar o ter em ser, na construção do homem de bem, herói esquecido de nossas fábulas cotidianas modernas.

Marcus Vinícius de Azevedo Braga
acervobraga@gmail.com
Brasília, DF (Brasil)

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quinta-feira, 5 de abril de 2012

Como um filme de confuso enredo, eis as idéias do Padre Quevedo


Com seu fanatismo contra o espiritismo, o padre Quevedo acabou beneficiando-o. É que os fenômenos espíritas – ou espirituais para são Paulo (1Coríntios 12:1) – têm na parapsicologia o seu fundamento científico, pelo que Quevedo ficou incomodado e passou a atacá-lo com todas as armas, chamando os espíritas de doentes mentais, charlatões, feiticeiros, criminosos etc, tal como fazia a Igreja até à primeira metade do século 20. Já o espiritismo, seguindo são Paulo (1 Coríntios 13:3), ensinava que fora da caridade não há salvação. E é do grande filósofo e escritor acadêmico francês Léons Denis a afirmação de que o espiritismo não é a religião do futuro, mas é o futuro de toda religião. De fato, hoje, as casas espíritas são frequentadas não só pelos seguidores de Kardec, mas por pessoas de todas as religiões, principalmente católicas. 
         Quando eu fiz com Quevedo um curso de parapsicologia, na época em que eu cursava na PUC-MG Comunicação e Expressão (professor de português e literatura), ele dizia o absurdo de que não havia uma só pessoa no mundo de curso superior que acreditasse na reencarnação!
        E segundo ele, os milagres só existem nos meios católicos, como se Deus fizesse acepção de pessoas, e quando eles são fenômenos mediúnicos especiais provocados por espíritos. Deus tem os espíritos trabalhando no seu projeto. (Hebreus 1: 14). Uns dedos de mão humana apareceram escrevendo na parede do palácio do rei Belsazar, o que é a escrita direta (Daniel 5:5). Samuel profetizou até depois de morto. (Eclesiástico 46: 20). Na Transfiguração ou sessão espírita do Monte Tabor, presidida por Jesus, o maior dos médiuns, para a qual Ele convidou os médiuns especiais muito solicitados por Ele, Pedro, Tiago e João, Ele se comunica com os espíritos de Elias e Moisés. (Mateus 17:2). Por oportuno, lembro aqui que, depois do episódio em que Elias teria subido para os céus numa nave de fogo, ele continuou aqui na Terra, pois escreveu uma carta para o rei Jeorão. (2 Crônicas 21:12).
        Num recente Programa do Jô Soares, Quevedo, negando a comunicação com os espíritos, falou que não existem demônios, espíritos de mortos, diabos, lúcifer e satanás. No sentido dos cristãos evangélicos de hoje, não existem mesmo. E ele disse uma meia verdade, pois, não explicou que os demônios são espíritos humanos (“daimones” nos originais gregos do Novo Testamento), e que diabo, lúcifer e satanás não são espíritos, mas símbolos do mal. Houve muitos risos.  Quevedo afirmou que os espíritas são gente boba! Por causa de seus erros, por duas vezes, a Igreja já o suspendeu de suas funções sacerdotais. Mas ele parece parado no tempo e no espaço! Na Internet, pode-se ver um debate entre mim e ele.
          Sem querer, ele ensina também verdades espíritas, pois ele afirma que os fenômenos espíritas se devem ao médium, pelo que ele tem que estar perto do local dos fenômenos, ou distante no máximo 50 metros. De fato, isso é verdade, pois os espíritos se comunicam através dele. E ele é como uma rádio, que tem seu alcance limitado. Quevedo defende também o dogma da Comunhão dos Santos da Igreja, do qual os padres nunca falam, e que consiste na colaboração recíproca entre os espíritos encarnados e desencarnados, o que é espiritismo, o qual avança firme e célere pelo mundo afora, apesar das loucuras do nosso irmão Quevedo! 

       PS:
       Notícias espíritas: nelsoncustodiodasilva@hotmail.com

Obs.: Esta coluna, de José Reis Chaves, às segundas-feiras, no diário de Belo Horizonte, O TEMPO, pode ser lida também no site www.otempo.com.br Clicar “TODAS AS COLUNAS”. Podem ser feitos comentários abaixo da coluna. Ela está liberada para publicações. Meus livros: “A Face Oculta das Religiões”, Ed. EBM (SP), “O Espiritismo Segundo a Bíblia”, Editora e Distribuidora de Livros Espíritas Chico Xavier, Santa Luzia (MG), “A Reencarnação na Bíblia e na Ciência” Ed. EBM (SP) e “A Bíblia e o Espiritismo”, Ed. Espaço Literarium, Belo Horizonte (MG) – www.literarium.com.br - e meu e-mail: jreischaves@gmail.com - Os livros de José Reis Chaves podem ser adquiridos também pelo email: contato@editorachicoxavier.com.br e o telefone: 0800-283-7147.