sexta-feira, 31 de maio de 2013

A fraca e estéril Fé da educação e a forte e fértil Fé da instrução


Instrução e educação são duas palavras dadas como sinônimas pelos dicionários, mas não é bem assim. Toda educação é instrução, mas nem toda instrução é educação.
Instrução é dar conhecimento de matemática, de português, química, religião etc. A educação está mais ligada à moral, ao bom comportamento, a atitudes de respeito, ao bom senso e também à própria religião etc. Para Huberto Rohden, o Ministério da Educação chama-se Ministério da Instrução.
A fé da educação é aquela de berço, que pode ser ensinada também pelos professores, principalmente pelos exemplos. Se a escola for católica, os alunos são geralmente católicos. Se for espírita, eles são geralmente espíritas, o que vale também para as outras religiões.
Mas a religião oriunda da educação nem sempre será igual àquela oriunda da instrução buscada e estudada pelo indivíduo.
Essa religião que ele descobre, pelo seu estudo e pesquisas, torna-se a sua religião preferida e estável, pois é baseada no seu estudo, na lógica e no bom senso, deixando para trás a sua religião de berço adquirida pela educação e não pelo seu próprio estudo. Uma parte dessas pessoas costuma tornar-se sem religião, mantendo apenas algumas tradições daquela de berço.
É o que, acontece muito no mundo de pós-modernidade, com os católicos, principalmente, com os intelectuais, pois eles têm dificuldades em aceitar alguns dogmas. O problema da Igreja é, pois, de fé.
Pela Bíblia, “a fé é a certeza das coisas que são esperadas, a convicção de fatos que se não veem.” (Hebreus 11: 1). Fé, pois, no futuro, ou seja, na vida do espírito imortal que não morre quando o corpo morre, mas apenas deixa o corpo. Não é, portanto a fé em qualquer doutrina “bolada” pelos teólogos e que são a causa do declínio, confusão e divisão do cristianismo.
O apóstolo Paulo ensina que convém reduzir a cativeiro todo o entendimento, para que obedeça a Cristo, mostrando que a fé é um ato da inteligência, do entendimento, e não da vontade. (2 Coríntios 10: 5). Mas Jesus diz que o ato de fé tem mérito, pois quem crê será salvo. (Marcos 16: 16). Para Jesus, pois, a fé é um
ato livre da vontade. Ficamos com Jesus. E como o sentido de “crer”, de acordo com a sua etimologia greco-latina equivale a “ter fé” e “ter fidelidade” (“pistis” do grego e fides do latim), a tradução mais racional deveria ser: “Quem tem fidelidade a Jesus, será salvo”, pois acreditar em Jesus, até os maus demônios acreditam, só não Lhe sendo fiéis.
Como ficou esclarecido, a fé da instrução, do estudo ou raciocinada, que é a fé espírita, sobrepuja a fé da educação, de berço, que, às vezes, é cega e inútil, pois não torna melhor o indivíduo. Parte dos adeptos do cristianismo está tendo uma fé cega e estéril, ou seja, a da educação e não a fé raciocinada da instrução, fértil e útil, pois nos leva a sermos melhores, mais realmente cristãos!

Na TV Mundo Maior, por parabólica, a cabo e o site www.tvmundomaior.com.br o programa “Presença Espírita na Bíblia”, com Celina e este colunista, nas quintas-feiras, às 20h, e nos domingos, às 23h. Para suas perguntas e sugestões: presenca@tvmundomaior.com.br - E, na Rede TV, o programa “Transição”, aos domingos, às 16h15 e em horários da madrugada.

Obs.: Esta coluna é de José Reis Chaves, às segundasfeiras, no diário de Belo Horizonte, O TEMPO, pode ser lida também no site www.otempo.com.br Clicar “TODAS AS COLUNAS”. Podem ser feitos comentários abaixo da coluna. Ela está liberada para publicações. Meus livros: “A Face Oculta das Religiões”, Ed. EBM (SP), “O Espiritismo Segundo a Bíblia”, Editora e Distribuidora de Livros Espíritas Chico Xavier, Santa Luzia (MG), “A Reencarnação na Bíblia e na Ciência”
Ed. EBM (SP) e “A Bíblia e o Espiritismo”, Ed. Espaço Literarium, Belo Horizonte (MG) –  www.literarium.com.br - e meu e-mail: jreischaves@gmail.com - Os livros de José Reis Chaves podem ser adquiridos também pelo e-mail: contato@editorachicoxavier.com.br e o telefone: 0800-283-7147.

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sexta-feira, 17 de maio de 2013

Novas atitudes


Observemos atentamente. A maioria dos desequilíbrios emocionais, psicológicos e mesmo morais são oriundos de desrespeitos que a pessoa recebeu de alguma forma. Violentada em sua liberdade, em sua dignidade, e não exclusivamente do ponto de vista físico, mas especialmente moral, é comum que a criatura humana não consiga vencer os efeitos danosos do desrespeito recebido.
Quando se cita desrespeito é importante que o conceito seja ampliado além da mera ofensa verbal ou agressão física de qualquer espécie. Amplie-se para a indiferença, a exclusão, a calúnia, o desprezo, a ironia em público, a desmoralização, enfim, tudo que desvalorize o esforço de alguém, que o menospreze...
Por essa ampliação de visão, já notamos a extensão do assunto.
Por isso, é preferível que optemos sempre pelo afeto, pelo respeito, pela valorização de qualquer pessoa de quem nos aproximemos. Há se visto no planeta, inúmeros casos de pessoas aprisionadas moralmente, “massacradas” psicologicamente, condicionadas à vontade de alguém, desprezadas, humilhadas em público, com consequências danosas de grande peso no equilíbrio e estabilidade emocional, muitas vezes pela vida toda. Isso pode se dar no matrimônio, na vida familiar, no relacionamento profissional, em qualquer ambiente, mesmo naqueles destinados à educação e, por incrível que possa parecer, inclusive nos ambientes religiosos.
É que o perfil humano existente, de dominação, de pressão psicológica, de imposição de idéias, de prepotência, vaidade, egoísmo e outros tantos característicos próprios de nossa condição humana, insiste em prevalecer.
Pessimismo? Não, absolutamente. Apenas a condição humana. Agressores fixados na perseguição, atormentados pelo remorso e sem conseguir libertar-se; agredidos paralisados, cegos de ódio...
Felizmente é condição temporária, pois somos seres humanos com grande potencial de felicidade, a desenvolver-se pelo conhecimento de si mesmo.
E a maioria de nós opta pelo aprendizado através da dor de rudes experiências.
É esta sensibilização para novas atitudes é que está faltando nos relacionamentos humanos. Sensibilizar para o afeto, para a valorização uns dos outros, do respeito às diferenças. Esta sensibilização aproximará os seres humanos e caracteriza o perfil do Homem de Bem, denominação para o conjunto de virtudes que dignificam a condição humana. É que o que mais estamos precisando, no trato uns com os outros, é de nos respeitarmos mutuamente. As tentativas de mudar pessoas, impor idéias, agredir, perseguir, viver intrigas de bastidores, manipular, etc, são atitudes de grande prejuízo nos relacionamentos, no presente, e com consequências no futuro, a depender da maturidade dos envolvidos.
Causar sofrimentos a quem quer que seja será sempre bagagem a recuperar no futuro. Adotemos, pois, atitudes de compreensão, pois que delas igualmente precisamos. É preciso amar. Aprendamos como...
E, por mais paradoxal que possa parecer, aprenderemos sensibilizando nosso próximo com atitudes renovadas. Nossa mudança de atitude sensibilizará o coração alheio, que, por sua vez, igualmente se sentirá tocado pela necessidade de mudança, face ao novo comportamento que ora lhe oferecemos.
Aí será uma troca. E todos saem ganhando, pois que se estabelece o equilíbrio.
Talvez seja nossa maior necessidade no estágio evolutivo que nos encontramos. Se pensarmos em profundidade, as atitudes de amor (que compreendem compreensão, tolerância, perdão, amor, benevolência, compaixão) são capazes de modificar o sofrido panorama do planeta.
Sensibilizar, eis a palavra. Primeiramente a nós mesmos, para que também as tenhamos. Os demais, por sua vez, serão sensibilizados pelas novas atitudes que adotamos. Eis o segredo, a chave. É o esforço pelo aprimoramento moral que buscamos...

Orson Peter Carrara
orsonpeter92@gmail.com

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domingo, 12 de maio de 2013

O mundo precisa de Mães!


Vou começar a minha reflexão do dia das mães, sobre maternidade e maternagem, relembrando a minha própria mãe. Quando ela se foi, eu tinha 34 anos. Ela era uma grande parceira intelectual, uma mãe presentíssima. Compartilhávamos conversas, idéias, ideais, livros lidos, projetos a realizar. Apesar dessa ligação muito “cabeça” que tínhamos, quero lembrar de um fato aqui que me introduz no tema de hoje. Até um mês antes de ir para o hospital, onde faleceu dois meses depois, com câncer de pâncreas, ela diariamente arrumava minha cama. Não que fosse uma mãe essencialmente doméstica: fazíamos os serviços de casa em parceria, tínhamos uma pessoa que nos ajudava, a Maria, que depois veio a se tornar para mim uma segunda mãe. Minha mãe estudava, trabalhava, mas sabia que eu detestava arrumar a cama (coisa de que até hoje não gosto) e ela nunca falhava em me oferecer esse gesto de carinho diário.
Hoje tenho ouvido relatos de educadores e diretores, de escolas públicas e particulares, de crianças pequenas que chegam pela manhã na creche ou jardim da infância de período integral, com a mesma fralda com que foram para casa, no dia anterior.
Um documentário, como Muito além do peso (http://www.youtube.com/watch?v=TsQDBSfgE6k) mostra mães (e pais) totalmente impotentes e perplexos diante de filhos pequenos com hipertensão, diabetes, triglicérides e colesterol alto, por uma alimentação de nuggets, salgadinhos, batatas fritas e toneladas de açúcar… Crianças que não sabem o nome de nenhum legume e nenhuma fruta, que são viciadas em coca-cola e bolachas recheadas.
Esses são apenas algumas citações (cada uma das quais mereceria um artigo específico) para demonstrar como a nossa sociedade está negligente, incompetente e omissa em relação às crianças. E depois querem puni-las por desrespeito, querem reduzir a maioridade penal, querem impor limites e castigos…
O que está faltando hoje em muitos lares (de todas as classes sociais) é o que Winnicott chamou de “maternagem”, aqueles cuidados básicos, essenciais, necessários, que toda criança tem que receber. A criança, principalmente nos seus primeiros anos de vida, tem necessidade de total devotamento, cuidados plenos, amor incondicional. Depois desse primeiro período, que vai até pelo menos 2 anos, ela ainda precisa continuar a receber cuidados, ternura, presença atenta, embora já inicie seu processo de separação da mãe, de autonomia e de construção de sua identidade.
Embora a Psicologia nos ensine que se a maternagem não ceder à independência da criança no momento certo, o amor materno pode se tornar opressivo e prejudicial ao desenvolvimento do ser humano, ela também nos mostra que a negligência, o abandono e o não-preenchimento desses cuidados básicos, que incluem afetividade e acolhimento, colo e carinho, podem gerar lacunas psíquicas, que mais tarde poderão gerar graves distúrbios mentais.
O termo maternagem – que são esses cuidados maternos que toda mãe deveria dar, mas nem sempre dá, e que outra pessoa, que não seja a mãe, também pode oferecer – na Psicanálise, refere-se também aos cuidados que o terapeuta pode prestar ao seu paciente, de certa forma resgatando a maternagem que o indivíduo deveria ter recebido na infância.
Podemos ampliar ainda mais essa palavra e afirmar que todos nós em alguns momentos na vida, precisaremos de maternagem, mesmo quando já nos sentimos adultos e maduros. A nossa criança interna, carente e frágil, pode vir à tona e precisar de um colo materno e fraterno, para nos acalentar. Por outro lado, todos podemos também oferecer maternagem aos que estão à nossa volta, preocupando-nos com o bem-estar físico, psíquico e emocional do outro.
Quando a sociedade desnatura a mãe A maternidade é um dado biológico, uma vinculação dada pela gestação, que pode continuar a se manifestar ou não em forma de maternagem. Uma mãe que abandona o filho não pratica a maternagem. Ela pode transferi-la para outra pessoa, no caso de uma adoção, ou emprestá-la ou ainda partilhá-la, no caso de entregar o filho a uma babá ou a uma creche (onde atualmente quase que se proíbe a maternagem, como se professoras de crianças pequenas tivessem de ser apenas “professoras”, quando toda criança pequena precisa o tempo todo de cuidados maternos). O pai também pode e até deve exercer a maternagem.
O que se dá é que em nossa sociedade, esfriada, individualista, competitiva, desumanizada, as pessoas estão desaprendendo a serem maternas. Porque todos devem ser “produtivos” no sentido econômico do termo. Não podemos nos dar ao luxo de cuidar de alguém, seja uma criança, seja um doente, seja um idoso. Temos todos, homens e mulheres, de trabalhar o tempo inteiro para “ganharmos a vida” e assim vamos perdendo a vida, esvaziando-a de carinho, de afeto e de cuidados mútuos.
Está certo que a Psicanálise desencantou as mães, mostrando-as como possíveis responsáveis por neuroses e psicoses, devido ao apego excessivo, ao devotamento doentio; é certo que a mulher saiu para o mercado de trabalho e não pode recuar da vida no mundo, dando sua contribuição para a sociedade; é certo que não podemos mais idealizar a mãe como sendo sempre um modelo de renúncia e abnegação – mas precisamos sim de sentimentos maternos para vivermos em sociedade de forma saudável, amorosa e plena.
Lembro aqui do amorosíssimo Francisco de Assis, que dizia aos seus companheiros, que eles se cuidassem mutuamente como mães… Lembro de Pestalozzi, o grande educador que tratou pela primeira vez da necessidade do afeto na educação e seus biógrafos reconheceram nele “um grande coração maternal”. Lembro de todas as mães, do decorrer dos milênios e ainda hoje, perdidas na multidão, que não saem nas matérias da Revista Veja, sobre executivas bem-sucedidas, que parecem mulheres despersonalizadas de seu estatuto feminino – lembro de todas as mulheres – dizia – que abriram caminhos para que seus filhos crescessem fortes, saudáveis e pessoas de bem, pelo amor com que se dedicaram a eles, pelo devotamento de sua presença… e lembro de minha mãe, que intelectualizada, parceira de livros e idéias, e que não suportava a idealização de uma “santa mãezinha”, não deixava de arrumar minha cama e de cuidar de nosso bem-estar psíquico e físico, de que, sabemos, as verdadeiras mães continuam a cuidar, mesmo do outro lado da vida…
O toque materno, a ternura, a preocupação com o outro é que arranca a vida da aridez e do vazio. Quem teve o privilégio de receber esses cuidados de sua mãe biológica, tanto melhor. Quem teve a sorte de ser “maternado” por outras pessoas, em sua infância, adolescência ou encontrar compensações maternas em suas relações atuais, ótimo. O que não podemos é passarmos a vida sem nenhum tipo de doçura materna, sem nenhum colo que nos aconchegue a alma.
Não é à toa que Maria, mãe de Jesus, é venerada em todos os cantos do planeta. Ela representa espiritualmente esse colo sagrado, acolhedor e pleno, no qual nos sentimos crianças de novo e seguros de uma proteção confortadora.
Mas também devemos ter consciência de que amadurecer, crescer, emancipar-se psiquicamente e espiritualmente, é sermos capazes por nossa vez de oferecer colos, de ofertar cuidados maternos e de sermos ternura no caminho de alguém.

Dora Incontri
http://doraincontri.com/

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sexta-feira, 3 de maio de 2013

Ganzá


Na minha juventude, na bela Jacarepaguá (RJ), dentre os meus amigos da rua, tinha o Daniel, que morava na esquina e era filho do famoso compositor “Zuzuca”, autor do célebre samba “Pega no ganzê, pega no ganzá”, popular por servir de base melódica para comemorações de torcidas de futebol, inclusive do famoso Barcelona, time espanhol.
No último carnaval, descansando na aprazível Pirenópolis-GO, assistia ao telejornal após o almoço quando vi o Zuzuca, aquele meu ilustre vizinho, concedendo uma entrevista e falando da imortalização de seu maior sucesso, passados mais de 40 anos. O já idoso compositor, com os olhos marejados, diante do microfone se disse espantado com o sucesso de sua composição, que era tão bela, que ele imaginava se era só dele mesmo, atribuindo a inspiração divina na construção de tal obra.
Sim, como concluiu o nosso Zuzuca, a questão da autoria na obra divina é sempre uma grandeza compartilhada. Não fazemos nada sozinhos! Contamos sempre com amigos do lado de cá e do lado de lá nas nossas criações e é aí que reside a beleza disso tudo. Como dizia um antigo dirigente de casa espírita, “todo trabalho é mediúnico”, o que nos leva a perceber que estamos em pleno intercâmbio com outras mentes em nossos trabalhos. Até Deus nos deu a dádiva de com ele sermos cocriadores, nas palavras de Emmanuel.
Essa constatação nos faz pensar na inutilidade de nos acharmos soberbos pelos méritos de nossas criações. Imersos no mundo espiritual, mesmo na solidão de nossos aposentos, recebemos dos Espíritos amigos a inspiração que nos impulsiona a criar coisas maravilhosas. Mais importante que a autoria, é o produto...
Difícil discutir isso em uma época de celebridades, de megaestrelas que são exaltadas pelos seus talentos e dotes. Criamos com a finalidade de presentear nosso mundo, com ferramentas que contribuam para o crescimento de todos. Não estou com isso desprezando o esforço dos autores, mas mostrando que existe muito mais do que o orgulho na criação de uma obra, e sim a relevância da própria obra em si.
Da mesma forma, em relação aos nossos companheiros encarnados, é sempre valoroso o trabalho em equipe, ouvir as opiniões e agregar as potencialidades de outros na construção da excelência de um trabalho. Isso tudo agrega valor, se bem coordenado e bem conduzido, na soma de varias potencialidades. Jesus montou uma equipe de apóstolos para a condução de sua obra!
A vida é um exercício de desapego. Contribuímos com trabalhos que recebemos em algum grau de adiantamento e nele colocamos a nossa sementinha. Aprendi isso na pesquisa científica, onde estudamos a partir de onde outro pesquisador parou, contribuindo para o veio do estudo daquele assunto, com muito suor e inspiração. Colaboramos também quando nos postamos de coração aberto e de boa vontade, com os amigos encarnados e desencarnados, atuando na seara divina tocando o instrumento que nos cabe nessa sinfonia.
Mas, o som só tem sentido quando ouvido! Nosso trabalho, nossas criações, valem pelo que são no mundo real, de que forma afetam a vida das pessoas.   Imortalizados ficamos pelo tijolo que colocamos no mundo, mas esse tijolo só tem sentido na parede. Assim, o que criamos de belo e bom só é relevante quando em uso, no tecido das relações com as pessoas, mudando e servindo de insumo para outras criações.
Essa visão não diminui a nossa criatividade. Faz-nos criativos por sabermos que nossas ideias, nosso esforço e nossa visão podem, com outras mentes, fazer coisas incríveis. Às vezes, como um narciso, nos pegamos admirando o que fizemos e esquecemo-nos da humildade do nosso personagem de abertura, de reconhecer que aquilo e nada que fazemos no mundo, fazemos sozinhos. A vida nos ensina a cooperar e a dividir sempre.  
Cada fruto do nosso esforço, no campo cultural, religioso, profissional, sensibiliza amigos encarnados e desencarnados que aderem a esta causa e colaboram com seu aprimoramento, fazendo mais e melhor. E o mundo recebe nossos frutos, que se traduzem em muitos frutos, como na parábola dos talentos.
Fica, pois, aqui a reflexão para todos que arregaçam as mangas para o trabalho, que nunca estamos sozinhos e isso, sem dúvida, é uma dádiva!

Marcus Vinícius de Azevedo Braga
acervobraga@gmail.com
Brasília, DF (Brasil) 

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