sábado, 31 de janeiro de 2015

O filme dos Espíritos

A frequência melhora a frequência


Às vezes, em meio à corrida da rotina, enquadramos as atividades espíritas de forma mecânica em nossas atribuições, como um compromisso a ser cumprido em meio a tantos outros.
E por vezes, ainda, esse compromisso disputa com outros, profissionais, familiares, de lazer, o que redunda em uma frequência baixa a casa espírita e as suas atividades. Às vezes, de forma sazonal, nos vemos envolvidos em uma ciranda de eventos e pouco “damos as caras” no centro.
Aí, vai uma vez à palestra e falta na outra. Chega só na hora do passe... Comparece esporadicamente aos grupos de estudos, em uma vivência burocrática da atividade espírita.
Vamos, assim, administrando a relação com a casa espírita, de forma morna, no que entendemos ser uma vivência religiosa formal, de prática superficial.
A frequência à casa espírita, para além de uma assiduidade protocolar, necessita do envolvimento, do sentimento nas atividades ofertadas, elevando o padrão da nossa casa mental, de nossas vibrações.
A frequência à casa espírita melhora a nossa frequência mental!
A casa espírita é uma oficina bendita que nos oferece diversos campos de ação e estudo, em horários diversos, para perfis múltiplos, e se apresenta como opção integrativa de estudo e vivência do Espiritismo. Muito mais do que divulgar a doutrina espírita, a casa espírita tem o potencial de se tornar uma forja do homem de bem!
Lá fazemos amigos, ouvimos certas verdades, participamos de atividades como agente e paciente, estudamos em grupo no debate salutar, tudo isso em um espaço de crescimento que nos torna melhores, sustentando o nosso ideal cristão nas lutas semanais, fora da casa espírita.
Cabe-nos ter coerência nos papéis... Para isso, necessitamos ser bons espíritas no lar, na escola, na rua, no trabalho, nas diversas roupagens sociais, ainda que na casa espírita busquemos mostrar o nosso melhor, esse nosso melhor deve se espraiar pela vida cotidiana, como uma chama a nos conduzir.
Não defendemos aqui a hipocrisia de máscaras na casa espírita, ou, ainda, que a pessoa se insule no centro vinte e quatro horas por dia, em uma clausura kardequiana, fugindo do mundo perverso, ignorando os outros papéis para os quais ela reencarnou. A doutrina não prevê isso, ela surge como instrumento de superação da formalização pela essência!
Defendemos a casa espírita como espaço de espiritualização, de estudo e de trabalho, desenvolvendo a nossa dimensão “espírito”, na tarefa árdua de construção do homem de bem. E para tal, ela oferece instrumentos diversos!
Entretanto, para isso são necessários: a presença, a adesão, o envolvimento. Ainda não encontrei uma modalidade de Espiritismo a distância… Faz-se mister o engajamento na casa, para que ela faça parte de nossa vida e vice-versa, em uma construtiva relação que faz, de cada frequentador, melhor a cada dia.
Fica então a reflexão sobre a relação que estamos construindo com o templo espírita que nos acolhe e de como esta relação está nos fazendo melhorar… Grandes, pequenos, distantes, informais… As casas espíritas estão aí, necessitando do nosso olhar atento, dos nossos braços produtivos, assim como nós precisamos de suas bênçãos no fortalecimento espiritual.
Como pássaros tenros, os mentores da casa espírita nos colocam lá, como frágeis galhos que, unidos, compõem um aconchegante e robusto ninho. Nesse feixe de forças, de cá e de lá, é preciso colocar o nosso coração, na infância, na juventude e na madureza, e não apenas na melhor idade, na qual passamos a nos preocupar, compulsoriamente, como o desencarne e a vida espiritual. 

Marcus Vinicius de Azevedo Braga
Residindo atualmente na cidade do Rio de Janeiro, espírita desde 1990, atua no movimento espírita na evangelização infantil, sendo também expositor. Vinculado a Casa Espírita Amazonas Hércules (www.ceah.org.br). É colaborador assíduo do jornal Correio Espírita (RJ) e da revista eletrônica O Consolador (Paraná). É autor do livro Alegria de Servir (2001), publicado pela Federação Espírita Brasileira (FEB) e do Livro "Você sabe quem viu Jesus nascer" (2013), editado pela Editora Virtual O Consolador. 

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sábado, 24 de janeiro de 2015

Podemos saber quais são nossos obsessores?

Inabalável, na balada


Julia é o que chamamos de uma jovem espírita. Frequenta a juventude espírita da casa “Fraternidade em nós”, ajuda na campanha do quilo[1], na evangelização infantil, procura sempre estudar a doutrina e entre desafios do vestibular, afazeres domésticos, anseios profissionais e lutas afetivas, toca a sua vida nessa complexa fase da existência encarnada. 
Com a vida atribulada, Julia ainda arruma tempo para cultivar os amigos da escola, da infância, da casa espírita, em grupos que guardam entre si poucas interseções. Julia, como toda jovem, tem uma intensa vida social, com atividades culturais, passeios ecológicos e …festas! 
Sim, a Julia adora uma festa, dançar, pular e tudo mais que compõe essa bela e alegre fase de nossa vida. Sábado à noite, é balada na certa[2]. Domingo, 9hs da manhã, Julia está lá, a postos, na salinha de evangelização, na qual figura como monitora da turma do Jardim. 
E como Julia se porta na balada? De forma inabalável! Cabeça feita, a menina sabe se divertir com responsabilidade, se posicionando, com a maturidade de quem sabe a importância da coerência entre os múltiplos papeis que desempenhamos na vida. 
Julia, temos diversas no movimento espírita, e o nosso discurso paterno/materno, esquecido de nossa juventude e temperado de medo urbano e conservadorismo, idealiza em Julia uma jovem que não existe, descontextualizada de escola, rua, grupos sociais e cobra dela uma visão postiça da juventude. 
É preciso enxergar Julia como um espírito em construção, que precisa fortalecer a sua autonomia, seu discernimento, para que seu caráter seja forjado de maneira inabalável, diante dos desafios do mundo, que não são apenas as festas, mas se materializam na idade adulta, na qual teoricamente somos “donos de nossos narizes”, nas questões do trabalho, da vida em sociedade e da gama de papéis que precisamos saber nos portar como espíritos e espíritas. 
Julia precisa saber, na lição de Emmanuel a Chico Xavier (Vide “Lindos Casos de Chico Xavier”, de Ramiro Gama), em relação a lugares e ambientes, não se ela pode entrar, mas sim se ela vai conseguir sair. E para isso ela precisa desenvolver sua personalidade, seu bom senso, uma convicção raciocinada que a permita distinguir o que é bom para ela, uma tarefa na qual a Doutrina Espírita será valorosa. 
Adotar uma postura de colocar Julia na redoma, de um isolamento do mundo, é tão pernicioso quanto o extremo de abandoná-la a sua sorte, sem orientação frente aos desafios. A juventude, como fase essencial do desenvolvimento do espírito, assusta os mais velhos desde a Grécia antiga, mas como etapa de autonomização, de prova do que foi ensinado, necessita que se deixe, aos poucos, o pássaro voar. 
Assim, o jovem espírita é um espírito imortal, mas tem como encarnado as peculiaridades da dimensão social, seus ritos e manifestações, a vinculação afetiva a grupos e isso tudo é muito natural, como processo de amadurecimento. A postura inabalável, na balada, se constrói com vivência e reflexão, e causa medo, é verdade mas reforça que temos que ter juízo e discernimento, no desenvolvimento do amadurecimento para transitar nas diversas situações do mundo, fugindo não do mundo, mas dos isolamentos. 

Notas do autor:
[1] Nota do autor - Campanha do quilo é uma prática habitual das mocidades espíritas, com a coleta de gêneros para campanhas da casa. Vide http://www.casadoshumildes.com/quilo.html.
[2] Balada é uma expressão atual para qualquer tipo de festa e animação. Vide http://www.priberam.pt/dlpo/balada. 


Marcus Vinicius de Azevedo Braga
Residindo atualmente na cidade do Rio de Janeiro, espírita desde 1990, atua no movimento espírita na evangelização infantil, sendo também expositor. Vinculado a Casa Espírita Amazonas Hércules (www.ceah.org.br). É colaborador assíduo do jornal Correio Espírita (RJ) e da revista eletrônica O Consolador (Paraná). É autor do livro Alegria de Servir (2001), publicado pela Federação Espírita Brasileira (FEB) e do Livro "Você sabe quem viu Jesus nascer" (2013), editado pela Editora Virtual O Consolador.

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segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Será que o importante é ser feliz mesmo?


É comum ouvirmos as pessoas, sejam artistas ou pessoas comuns, dizerem para justificar seus atos de que: “o importante é ser feliz”, no entanto será isso uma realidade? Vale mesmo a felicidade a qualquer custo?
Quantas vezes ficamos em situações difíceis e constrangedoras como resultado de uma ação realizada em nome da felicidade.
Conhecendo a Doutrina Espírita essa sentença tem necessidade de revisão, afinal de contas, felicidade inconsequente ou motivada pela saciedade dos nossos instintos é porta de entrada para muitas infelicidades.
Este tipo de felicidade é tão passageira quanto superficial, mais parecemos felizes do que realmente somos. É ser feliz à maneira dos animais, como ensina a questão 777 de O Livro dos Espíritos, pois a felicidade não está na satisfação dos instintos.
Para ser feliz de verdade, muitas vezes fazemos o que não queremos, mas entendemos ser correto fazer. Felicidade é na verdade resultado, efeito de uma conduta reta e nobre. Resistimos aos impulsos primitivos que muitas vezes ainda nos cercam e nos sentimos felizes justamente por não fazer o que temos vontade. Desta forma é que entendemos que a felicidade nem sempre está imediatamente conosco, pois reflete nosso adiantamento moral e espiritual.
É fundamental analisar a questão 920 de O Livro dos Espíritos pelo esclarecimento que ela encerra: “Pode o homem gozar de completa felicidade na Terra?”
E a resposta expressa dilatada lucidez: “Não, por isso que a vida lhe foi dada como prova ou expiação. Dele, porém, depende a suavização de seus males e o ser tão feliz quanto possível na Terra”.
Na análise do conteúdo acima, fica evidente de que devemos buscar a felicidade, certamente, mas sempre pautada pelos nossos valores e tendo o aval da própria consciência que sempre coloca limites.
Na orientação do capítulo XVII de O Evangelho Segundo o Espiritismo que pede: “Sede Perfeitos” aprendemos que na busca da perfeição, ou pelo menos na melhora constante, está o caminho da felicidade real, pois de nada vale uma felicidade fictícia e que da mesma forma acrescenta dores.
Desta forma, o importante não é ser feliz a qualquer custo, mas buscar a felicidade obedecendo as diretrizes morais, o que significa muitas vezes, abrir mão de uma felicidade menor e imediata, por uma mais distante, mas que seja real e resultante de uma conduta enobrecida, pois é buscando a felicidade dessa forma, que se acaba sendo feliz sem buscar. 

Roosevelt Andolphato Tiago
http://rooseveltat.blogspot.com.br/2014/11/sera-que-o-importante-e-ser-feliz-mesmo.html
roosevelt@solidumeditora.com.br

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quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Bom ano


“Ano novo, vida nova”, cantam as melodias das festividades do final do ano e as previsões de vária ordem. Que o novo ano seja bom.
Raros são aqueles que não possuem uma visão mística a respeito do ano novo, como se para o novo ano ser bom dependesse de alguma decisão transcendente, mística.
Compreendemos que a vida está nas mãos de Deus e que não é obra do acaso, mas daí a crer que cada minuto esteja predestinado é crer na fatalidade absoluta e irremediável que tiraria do homem o livre-arbítrio, e ele não teria méritos e nem seria responsável pelo que fizesse – pensamento inadmissível para a mais singela inteligência.
Quem desejar produzir alguma coisa terá minutos, horas, dias, meses à sua disposição durante todo o ano. Mesmo que não conclua seus projetos, se se dedicar com disposição, terá dado muitos passos adiante. Em muitos sentidos, mas também neste, disse Jesus: “a cada um segundo as suas obras”; “batei e abrir-se-vos-á”. Ficar esperando do ano novo a concretização do que lhe compete fazer por suas forças é o mesmo que ficar parado, aguardando a estrada se movimentar.
Cada ano é supremamente importante para o Espírito imortal. Tempo novo para progredir, produzir e construir no sentido material, moral e espiritual. Entre muitos desafios encontramos os de resgate, que são oportunidades de se reparar o passado equivocado desta ou de outra vida; também os de crescimento, que são dificuldades apresentadas pela vida para que o Espírito exercite os potenciais do sentimento e do intelecto. As facilidades encontradas podem representar os méritos adquiridos pelo esforço próprio e pelo bem proceder em sua jornada passada ou atual, porém, sem dúvida, o tempo presente é oportunidade de o homem edificar um futuro feliz ou infeliz, dependendo das resoluções que tome, utilizando o seu livre-arbítrio.
Ano novo! Tempo de renovar as propostas para uma vida melhor.
O ano novo será bom para o homem que aproveitá-lo para ser bom. 
 
Adelvair David
addavid@ig.com.br
Jales, SP (Brasil) 

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segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

Chicão, bota água no nosso feijão


Como carioca, fiquei muito feliz com a deferência do representante maior da Igreja Católica, um latino como nós, em sua mensagem na virada do ano de 2014-2015, alusiva aos 450 anos da cidade maravilhosa, cheia de encantos mil. Parece simples, mas nós aqui, esquecidos de “Lennon e MacCartney”, como dizia Milton Nascimento, nos felicitamos com essas referências! 
A mensagem, possível de ser acessada em  http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2014/12/papa-francisco-homenageia-rio-em-video-povo-corajoso-e-alegre.html, merece destaque dentre outros motivo,  por um singelo trecho, no qual o pontífice católico afirma eu “De modo concreto, creio que todos podem aprender muito do exemplo de generosidade e solidariedade das pessoas mais simples; aquela sabedoria generosa de saber “colocar mais água no feijão”, da qual o nosso mundo ressente tanto.” 
Sim, a solidariedade dos que sofrem…Uma lição que ainda custamos a aprender. Certa vez, um amigo visitou um trabalho assistencial, crente que iria lá ensinar algo e ao ver que uma criança tinha ficado sem o pão, a outra espontaneamente ofereceu a metade do seu, ensinando a esse meu amigo observador a lição aqui lembrada. 
O nosso mundo, mudado pela tecnologia, pelo acesso a informação, pela queda de muros e de preconceitos, ainda se vê assolado pela falta de fraternidade. O egoísmo e seus primos diletos, o consumismo, o individualismo e a competividade, campeiam soltos pelo cotidiano mundial, anestesiados que somos ao sofrimento do outro, inebriados por um discurso de merecimento que esquece que a Lei é de amor ao próximo. A evolução é uma tarefa individual, mas somente tem sentido no plano coletivo. 
Assim, precisamos nos ajeitar no mundo, encontrar nosso lugar, mas também albergar nosso irmão que sofre, que ou fomos nós, ou seremos no amanhã. Deus, esse age por nós, encarnados e desencarnados, instrumentos de uma vida melhor e mais fraterna. E para isso necessitamos estar atentos as nossas necessidades, desnecessárias e a falta de nossos irmãos, muitos anda sofrendo pela falta do elementar. 
Quanta sabedoria, quanta iluminação em rede nacional. Como temos muito a aprender com o exemplo de generosidade dos mais simples. Pelas vias da reencarnação, os irmãos que sofrem são mais sensíveis aos apelos da fraternidade. Mas, precisamos descobrir o tesouro de, sem sofrer, lembrar do sofrido. E vemos nessas palavras a valorização de um sentimento que é muito caro, a nós cariocas, de solidariedade, em uma cidade que mistura beleza com miséria, samba com lamento, na partição lembrada pelo escritor Zuenir Ventura. 
450 anos da cidade maravilhosa… Praia, sol, Maracanã, futebol…E que possamos ensinar ao mundo a colocar água no feijão, para recebermos de braços abertos a todos, turistas, estudiosos, atletas e todos mais que se abeirem da “Sebastiana”, para fazer melhor no pão repartido, na produção de uma vida melhor. 
Chicão (perdoe-me o carinho), esperamos que você tenha sucesso nessa missão, de com firmeza e candura, seguir a fundo, colocando agua no feijão do mundo!

Marcus Vinicius de Azevedo Braga
Residindo atualmente na cidade do Rio de Janeiro, espírita desde 1990, atua no movimento espírita na evangelização infantil, sendo também expositor. Vinculado a Casa Espírita Amazonas Hércules (www.ceah.org.br). É colaborador assíduo do jornal Correio Espírita (RJ) e da revista eletrônica O Consolador (Paraná). É autor do livro Alegria de Servir (2001), publicado pela Federação Espírita Brasileira (FEB) e do Livro "Você sabe quem viu Jesus nascer" (2013), editado pela Editora Virtual O Consolador.