quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Portais de luz que precisam de ajuda


Mesmo com um propósito tão enobrecedor, a maior adversidade ainda para muitas emissoras de divulgação da doutrina espírita é a questão financeira. Como é o caso da Web Rádio Portal da Luz, que necessita de recursos para a sua manutenção e que, com bastante dificuldade, sobrevive com venda de livros, CDs e banners de publicidade a fim de levar alento, paz e esperança a incontáveis carentes corações de nosso mundo. 
Esse obstáculo financeiro não intimida o trabalho que já pertence ao coração, mas muito o atrapalha e atrasa, pois as ferramentas tecnológicas mais desenvolvidas têm um custo alto para serem implantadas. No entanto, com a crença no bem e no amor tudo se torna possível, ainda que a passos mais lentos; e, com a indulgente e verdadeira ajuda da espiritualidade, a palavra consoladora chega aos mais distantes rincões e faz com que o coração mais endurecido comece a ouvir relatos sobre o amor de um Mestre de luz. 
Há que entender que a bondade concedida, aparentemente, a uma pessoa é também favorável para inúmeras outras e ainda a Espíritos em situações delicadas e aflitivas que, com o recebimento do trabalho benfazejo e da palavra confortadora, podem muito se beneficiar e começar até a despertar para um novo caminho. 
A tarefa de uma emissora de rádio via internet, como é o caso da Web Rádio Portal da Luz, é de grande importância e responsabilidade, pois o acesso pela internet é imediato e abarca pessoas de todas as classes e credos, aqui e no exterior, que buscam o esclarecimento e, principalmente, conforto para as adversas situações em que muitos se encontram. 
A internet é, por essas e outras, um recurso fabuloso e efetivo com que contam as instituições espíritas, que tanta resistência ainda enfrentam para a divulgação dos ensinos espíritas nas emissoras tradicionais de rádio e TV. 
Em face de tantos obstáculos, o movimento espírita percebeu a necessidade de se aperfeiçoar quanto ao uso das ferramentas digitais e, assim, usufruir o contemporâneo recurso para seu objetivo de divulgar a Boa Nova e a doutrina espírita. 
Muitos são, no entanto, os portais de luz que precisam de ajuda, pois se sabe que o bem para ser realizado carece de ter a raiz fraterna no coração e estar em constante fortalecimento, para suportar as investidas das forças desconhecedoras da luz e do amor. Entretanto, como mencionado, se o projeto já está no coração, trata-se de mera questão de tempo e de empenho para que a claridade bondosa chegue a todos os lugares. 
Os portais de luz – ninguém o ignora – existirão sempre, mas necessitam de ajuda e de cuidados para darem seguimento ao trabalho a que se propõem, tão essencial para lograrmos a emancipação do planeta – abençoado labor cuja execução o Mestre Jesus confiou aos que, como nós, aqui habitam.

Radio Portal da Luz: http://radioportaldaluz.com/ 

domingo, 25 de outubro de 2015

A graça da salvação é para todos, mas é impossível sem a reencarnação


Os adversários do espiritismo atacam injustamente Kardec, pois as ideias bíblico-teosófico-teológicas deste colunista não são necessariamente dele. Apenas procuro conciliá-las com a doutrina dos espíritos codificada por ele. E aproveito o ensejo para homenageá-lo, uma vez que dia 3-10-2015, foi seu 211º aniversário, pois, nasceu em 3-10-1804.
E declaro que aceitei o espiritismo, exatamente, porque vi nele muitas afinidades com a Teosofia, a Teologia Cristã e a Bíblia interpretada racionalmente, e sem as viseiras dogmáticas confusas e polêmicas, que, entretanto, o espiritismo e eu respeitamos. Como teósofo, estudo Deus numa visão teológica universal, e não apenas com uma teologia.
Tudo que Deus faz é com perfeição e duração infinitas e sempiternas. E Ele é o criador e Senhor do tempo, existindo antes dele e controlando-o. Já para nós, o tempo é instável e não temos nenhum controle sobre ele. E como dizem os orientais, Deus é permanente, e nós somos impermanentes. O tempo de Deus em grego é “Kairos”, e o nosso é “cronos”.
A graça, por ser divina, jamais nos faltará. Aliás, ela é de graça  mesmo! E até onde há mais pecado, há mais graça. (Romanos 5: 20).
E assim, pois, as reencarnações jamais nos faltarão, sendo umas muito curtas e outras mais longas, de acordo com nossas necessidades evolutivas em busca da perfeição semelhante, não igual, à de Deus. Numa força de expressão, Jesus até disse: “Sede perfeitos como é perfeito vosso Pai celestial.” Mas com uma só vida não dá nem para começarmos a nossa perfeição que deverá, no futuro, ser semelhante à de Deus.
A graça divina da salvação é para todos, pois Deus não faz acepção de pessoas. “Então falou Pedro dizendo: Reconheço por verdade que Deus não faz acepção de pessoas.” (Atos 10: 34; Deuteronômio 10: 17; e Provérbios 28: 21).
Para nós espíritos imortais, Deus está sempre nos dando o tempo necessário para a evolução de nossa perfeição. Sempre temos, pois, o tempo sempiterno, que vai sendo aproveitado por nós até que se concretize de fato em nós a graça infinita da salvação.  Aliás, não adiantaria a graça e a misericórdia divinas infinitas e sempiternas, se não nos fosse dado também um tempo ilimitado para sermos agraciados com elas.
E, se fôssemos, pois, limitados no tempo e no espaço por uma só encarnação, ser-nos-ia impossível a passagem pela porta estreita da salvação. Mas, para Deus, isso não é impossível (Mateus 17: 20), exatamente porque somos espíritos imortais, e Deus jamais nos deixará faltar o tempo que for necessário, com novas encarnações, até que consigamos mesmo, realmente, a graça e a misericórdia infinitas divinas e sempiternas para que nos tornemos, um dia, purgados e merecedores, pois, de passarmos pela difícil porta estreita, já que impureza não entra na dimensão celestial. E cabe sim a nós fazermos também a nossa parte, o que leva tempo, para que a cada um vá sendo dado segundo suas obras. (Mateus 16: 27). É como diz este antigo e sábio provérbio: “Faça da sua parte e Deus o ajudará.”
E Deus não quer que nenhum de seus filhos se perca (João 6: 39). Mas se houvesse só uma encarnação, essas tão decantadas misericórdia e graça divinas infinitas e sempiternas seriam uma grande mentira, pois elas deixariam de existir com apenas uma só encarnação!

PS: Recomendo o meu programa na TV Mundo Maior (parabólica e internet) “Presença Espírita na Bíblia”. Você pode fazer suas perguntas pelo e-mail: presenca@tvmundomaior.com.br

José Reis Chaves

Prof. de português e literatura aposentado formado na PUC Minas / Escritor e jornalista colunista do diário O TEMPO, de Belo Horizonte / Palestrante nacional e internacional espírita e de outras correntes espiritualistas / Apresentador do programa “Presença Espírita na Bíblia” da TV Mundo Maior / Participante do programa “O Consolador” da Rádio Boa Nova / Tradutor de "O Evangelho Segundo o Espiritismo", de Kardec, para a Editora Chico Xavier. E autor dos livros, entre outros, "A Reencarnação na Bíblia e na Ciência" e "A Face Oculta das Religiões", Editora EBM, SP, ambos lançados também em inglês nos Estados Unidos.
Podem-se ler também as matérias da coluna de José Reis Chaves em O TEMPO, de Belo Horizonte, no seu facebook e no site desse jornal: www.tempo.com.br / Procurar colunistas. No final das matérias, há um espaço para comentários dos leitores, espaço este que se tornou um verdadeiro fórum de religiões. E qualquer um pode deixar seu comentário lá. Se não quiser que seu nome apareça, use um pseudônimo. E seu e-mail nunca aparece lá.
Obs.: Se meus livros não são encontrados em sua cidade, eles podem ser adquiridos diretamente comigo por meu e-mail ou telefone. Telefone: (31) 3373-6870

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quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Dias melhores para sempre


Recentemente assisti a pedaços de alguns capítulos da nova novela do horário nobre da Rede Globo, nela alguns personagens, membros de uma facção, se destacam pela hipocrisia, vestindo em público máscaras de piedade, enquanto ocultamente perseguem vantagens e proveitos próprios. 
Em uma reportagem da Slate (Revista publicada na Web), o repórter questionava o porquê de na China existir uma quantidade absurda de óbitos em atropelamentos. Geoffrey Sant explicou que naquele país é mais barato para um motorista matar um atropelado do que deixá-lo vivo e arcar com os custos de sua recuperação e manutenção pelo resto da vida. 
O ouvidor da Polícia militar de São Paulo, Fernando Neves, apontou (hoje, 15/09/2015) para a existência de um grupo de extermínio dentro da instituição, enquanto a pesquisa aponta para excesso de prisões desnecessárias no Rio de janeiro (dados de 2013). 
Juntamente com essas notícias o desespero dos refugiados da Síria e outros países em miséria, guerra, perseguições religiosas pode nos levar para um sentimento de revolta; uma indignação improdutiva, conclusões apressadas de que a humanidade está perdida, que somente desastres apocalípticos poderão ser a base para um mundo melhor.

Observando com mais atenção o noticiário, podemos pescar boas notícias em vários setores:

- mobilizações por direitos humanos; 
- pessoas que trabalham em prol do próximo em Ongs, instituições religiosas, em grupos de apoio; 
- organizações que promovem a educação, cultura, artes; 
- o número gigantesco de jovens leitores na última bienal do Rio; 
-  novas leis que regularão a sociedade com mais justiça e isonomia (13.031, 11.106, 12.015, 12.735 etc.); 
- a liderança da Alemanha diante do êxodo massivo de refugiados; 
- a inclusão das minorias étnicas, religiosas e de opção sexual entre os beneficiários da sociedade.

A banda Jota Quest canta uma música chamada “Dias Melhores”, que tem os seguintes versos:

“Vivemos esperando
Dias melhores
Dias de paz, dias a mais,
Dias que não deixaremos para trás.
Vivemos esperando
O dia em que seremos melhores,
Melhores no amor, melhores na dor,
Melhores em tudo.
Vivemos esperando
O dia em que seremos para sempre.
Vivemos esperando
Dias melhores para sempre”.

Já começamos a viver esses dias. Nunca se mobilizaram tantos corações em busca do autoaperfeiçoamento, nunca a Ciência e a Fé andaram tão unidas quanto em nossos dias. Nunca houve tanto amor quanto hoje.

”– Por ser inerente à espécie humana, o egoísmo não constituirá sempre um obstáculo ao reinado do bem absoluto na Terra?

– É exato que no egoísmo tendes o vosso maior mal, porém ele se prende à inferioridade dos Espíritos encarnados na Terra e não à Humanidade mesma. Ora, depurando-se por encarnações sucessivas, os Espíritos se despojam do egoísmo, como de suas outras impurezas. Não existirá na Terra nenhum homem isento de egoísmo e praticante da caridade? Há muito mais homens assim do que supondes. Apenas, não os conheceis, porque a virtude foge à viva claridade do dia. Desde que haja um, por que não haverá dez? Havendo dez, por que não haverá mil e assim por diante?” – O Livro dos Espíritos, questão 915.

Marcelo Damasceno do Vale
Blumenau, SC (Brasil)

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sábado, 17 de outubro de 2015

NASA confirma espíritos: há água em Marte


A Doutrina dos Espíritos (Doutrina Espírita, ou Espiritismo) é uma ciência filosófica de consequências morais. 
Chama-se Doutrina dos Espíritos porque foi ditada por eles, através de milhares de médiuns, em todo o mundo. 
A Allan Kardec coube o imenso trabalho de coligir essa informação, comparar, experimentar, testar e compilar todo esse acervo de informação, assente em 5 pontos essenciais: a existência de Deus, a imortalidade do Espírito, a comunicabilidade dos Espíritos, a reencarnação e a pluralidade dos mundos habitados. 
Allan Kardec referiu que a ciência espírita marcha ao lado da ciência "oficial", mas não se detém onde esta para, indo mais além, estudando as leis que regem o intercâmbio entre o mundo espiritual e o mundo terreno. Kardec referiu ainda que, se um dia a ciência "oficial" confirmar que um único postulado espírita está errado, então devemos abandonar esse postulado e seguir a nova descoberta. 
Allan Kardec defendia que um ensinamento espiritual precisa de ter o carácter de universalidade para ser considerado credível, isto é, se o mesmo ensinamento aparece em vários locais da Terra, por intermédio de diversos médiuns diferentes, na mesma altura, então esse ensinamento dos Espíritos tem mais credibilidade, do que se fosse dado apenas por um Espírito, a um médium, num único local. 
O objetivo da Doutrina dos Espíritos é, pois, a renovação moral e intelectual da Humanidade. Instruindo-se e amando, o ser humano espiritualiza-se, e aproxima-se mais rapidamente de Deus, do seu desiderato: evoluir. 
Pese embora este objetivo universal do Espiritismo, pode acontecer que, por vezes, os Espíritos transmitam, através dos médiuns, certas informações que são desconhecidas na Terra, e que são posteriormente confirmadas ou não. 
No dia 28 de Setembro de 2015, a NASA confirmou a existência de água no planeta Marte. Já nos anos 70, tinham sido encontrados alguns vestígios; nos anos 80 uma sonda enviou imagens que pareciam confirmar essa tese, e em 2011 novas fotografias vinham atestar a possível veracidade dessa suspeita. Mas, agora, em 28 de Setembro de 2015, a NASA informa que tem a certeza de que há água no planeta Marte, em locais subterrâneos.

NASA confirma 80 anos depois das mensagens recebidas por Chico Xavier: há água em Marte

Em 1930, o médium Francisco Cândido Xavier (Chico Xavier) recebeu várias mensagens que foram compiladas num livro intitulado "Cartas de uma morta", da autoria do Espírito Maria João de Deus (sua mãe falecida), 12ª edição, São Paulo, Brasil, editora LAKE, Agosto de 1995. 
Nesse livro, nas páginas 78 e 79, item "Paisagem de Marte", o Espírito afirma entre outras informações: "Vi oceanos, apesar da água se me afigurar menos densa e esses mares muito pouco profundos. Há ali um sistema de canalizações, mas não por obras de engenharia dos seus habitantes, e sim por uma determinação natural da topografia do planeta que põe em comunicação contínua todos os mares". 
Em 25 de Julho de 1939, o mesmo médium, Francisco Cândido Xavier, recebeu outra mensagem, desta vez da autoria do Espírito Humberto de Campos, compilada no livro "Novas Mensagens", 6ª edição, Rio de Janeiro, Brasil, editora FEB, 1978, onde, no capítulo intitulado "Marte", página 63, o referido Espírito informa, no meio de muitas outros aspectos: "... largo sistema de canais, que ali coloca os grandes oceanos polares em contínua comunicação, uns com os outros". 
No Jornal "Expresso", Portugal, on-line(http://expresso.sapo.pt/internacional/2015-09-28-NASA-vai-enviar-tres-naves-e-quer-levar-humanos-para-Marte), 28 de Setembro de 2015, 19h34, os cientistas da NASA se referem a outros aspectos que coincidem com as duas mensagens (da década de 30) recebidas por Chico Xavier, quer sobre a atmosfera de Marte, quer sobre a proveniência da água encontrada. 
Francisco Cândido Xavier, Espírito nobre, que na Terra foi um missionário de Deus, considerado a maior antena psíquica do século XX, merece-nos todo o respeito e credibilidade (embora todos os médiuns estejam sujeitos a enganos, conforme expresso n’ "O Livro dos Médiuns", de Allan Kardec). 
Deixamos aqui esta interessante informação, esperando, como dizia Kardec, que num futuro próximo a ciência "oficial" venha confirmar, ou não, outras informações recebidas por este e outros grandes médiuns da Humanidade. 
Para já, a NASA confirmou aquilo que os Espíritos transmitiram há 80 anos: em Marte existe água, bem como canais subterrâneos por onde ela circula.

José Lucas
Óbidos, Portugal


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quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Missão


A importante questão 573 de O Livro dos Espíritos, que indaga qual a missão dos espíritos encarnados, apresenta como resposta, em síntese didática que a missão é:

 a) Instruir os homens; b) ajudar seu progresso; c) melhorar suas instituições. A resposta, que se amplia em outras valiosas considerações, em sua primeira frase – como acima apresentada – abre notável margem de reflexões, onde podem ser acrescentados exemplos variados do cotidiano humano, considerando as profissões e outras áreas não necessariamente remuneradas, em que toda pessoa pode atuar. Assim como as demais questões da citada obra básica, os textos e seus ensinos favorecem ampliação do raciocínio.

O Espírito André Luiz, por meio da mediunidade de Antônio Baduy Filho – médico nascido em Ituiutaba (MG) –, apresenta no livro Vivendo a Doutrina Espírita, em 4 volumes, comentários para as questões de O Livro dos Espíritos. É obra muito didática, facilitadora ao estudo, entendimento e ampliação do conteúdo das questões que compõe a citada obra básica. A edição é do IDE. Nela fomos buscar o comentário do conhecido autor espiritual para a questão 573, que citamos no início da presente abordagem. Comenta o espírito no capítulo 305, justamente com o título Missão, às páginas 36 e 37 do volume 3:

“Qualquer que seja sua posição na experiência física, faça o melhor.

Governante? Promova o bem comum.
Cidadão? Respeite as leis.
Professor? Ensine o que sabe.
Aluno? Aproveite o tempo.
Artista? Dignifique a arte.
Negociante? Tenha consciência.
Magistrado? Julgue com justiça.
Lavrador? Proteja o ambiente.
Atleta? Seja solidário.
Músico? Honre o talento.
Médico? Atenda com bondade.
Autoridade? Aja com bom senso.

Vivendo sempre o bem e sendo útil ao próximo, tenha a certeza de que você cumpre a missão mais importante.”

Parece-nos extremamente importante pensar nisso nesses tumultuados dias da realidade humana, frente aos desafios diários e a necessidade da melhora pessoal.

Orson Peter Carrara
orsonpeter92@gmail.com
http://orsonpetercarrara.blogspot.com.br/p/contato.html

sexta-feira, 9 de outubro de 2015

Um minuto com Chico Xavier


O livro “Chico Xavier, Mediunidade e Paz”, editado pela Didier, de Votuporanga, apresenta-nos emocionante história contada pelo próprio Chico, sobre importante momento de sua vida em meados do século passado, já na cidade de Uberaba.
Narra o médium mineiro:
- Estava atravessando um dos períodos mais difíceis da minha vida. Um companheiro muito querido havia nos deixado e, na soleira da porta de nossa casa, eu meditava a sós... Naquele momento, se eu precisasse voltar à terra natal, não possuía cinco cruzeiros no bolso para o ônibus... As lágrimas me escorriam pelas faces, quando em meio a uma luz muito intensa surgiu-me aos olhos a figura de um Mensageiro Espiritual, de elevada hierarquia, muito superior à condição de Emmanuel. Dizendo-me vir da parte do Senhor, ele começou a conversar comigo, interrogando:
- O Senhor solicita lhe seja perguntado se quando Ele levou a sua mãe deste mundo, deixando-o órfão aos cinco anos de idade, você teve mágoa dele?...
Surpreso com a sublime visita, respondi que não e o Mensageiro prosseguiu como se conhecesse, detalhadamente, cada trecho do caminho que eu havia percorrido até aquele exato momento:
- Quando o impediu de estudar, através daqueles que lhe dificultaram acesso aos bancos escolares, negando-lhe as oportunidades que sonhava, você teve mágoa do Senhor?
Com o coração aos saltos, afirmei que não, porque o Senhor sabe o que é melhor para mim...
- Quando Ele permitiu que você ficasse órfão pela segunda vez, subtraindo de sua presença aquela que foi a sua segunda mãe, deixando-o com doze crianças para sustentar com um reduzido salário, você teve mágoa do Senhor?
Não, apressei-me a dizer, eu não poderia guardar mágoa alguma do Senhor...
E o Missionário Celeste, sem qualquer pausa na voz, continuou discorrendo sobre os pontos mais delicados da minha existência atual, sempre repetindo a mesma questão.
- Quando perdeu a companhia de seu irmão José Xavier, que lhe era o apoio e o incentivo na Doutrina, ante o serviço a realizar, você teve mágoa do Senhor?
Não, chorei muito, e ainda choro, mas não senti mágoa do Senhor...
- Quando, entre as flores que desabrocham no jardim promissor da mediunidade, surgiram os primeiros espinhos a lhe dilacerarem a alma, em forma de ingratidão e calúnia, você teve mágoa do Senhor?
Não, repeli convicto, jamais tive mágoa do Senhor, a quem devo tudo o que tenho e tudo o que sou...
- Quando Ele afastou o casamento de seus planos de felicidade e realização pessoal, você teve mágoa do Senhor?
Não, eu não posso me queixar de nada, pois tenho recebido bem mais do que mereço...
- E agora, quando, depois de tantos anos, dedicando-se integralmente ao Evangelho, vê-se abandonado por aquele em que repousavam as suas esperanças no entardecer da vida física, você sente mágoa do Senhor?
Não, respondi em lágrimas, seja feita a vontade do Senhor...
Estabeleceu-se, então, entre nós, um silêncio que não ousei quebrar...
Depois de rápidos segundos, como se estivesse comunicando-se, telepaticamente, com os planos da Luz, o Mensageiro concluiu:
- O Senhor manda dizer-lhe que, doravante, nada há de faltar... Não tenha receios, porque Ele providenciará tudo o que você necessitar para prosseguir servindo-o entre os homens, na Terra...

José Antônio Vieira de Paula
Cambé, Paraná (Brasil)

segunda-feira, 5 de outubro de 2015

A doutrina evangélica das obras e a paulina de sacrifícios e da graça


É bem conhecida a doutrina da salvação pelo sacrifício da morte de Jesus na cruz e pela graça, as duas muito defendidas por são Paulo. Mas existe outra doutrina da salvação por obras ensinada por Jesus e são Tiago.
O Judaísmo acreditava muito em que os sacrifícios fossem agradáveis a Deus e que anulassem os pecados. E Paulo levou essa crença para os autores do Novo Testamento e, “ipso facto”, para o cristianismo. Mas o verdadeiro Deus jamais poderia deleitar-se com sacrifícios de animais e menos ainda de pessoas. De fato, só podem agradar de sacrifícios espíritos atrasados e sádicos. “Misericórdia quero, e não sacrifícios.” (Mateus 9: 13). E o profeta vidente precognitivo Oseias até profetizou essa condenação feita por Jesus: “Pois eu quero misericórdia e não o sacrifício.” (Oseias 6: 6). Paulo viu no sacrifício de Jesus na cruz o sacrifício perfeito que dispensaria todos os demais. Para ele, a morte de Jesus substitui com perfeição e de modo eficaz, todos os sacrifícios, que, então, já não são mais necessários. E pode-se dizer que Paulo foi como que pego a laço pelo Espírito de Jesus já desencarnado, lá na estrada de Damasco, para ser um grande divulgador do evangelho. E Paulo concluiu ter recebido de graça essa missão de Jesus, porque ele era até um perseguidor  do cristianismo e que, inclusive, chefiou o apedrejamento de santo Estevão, o primeiro mártir cristão. E como, então, foi ser escolhido para tão grande missão? E ele concluiu que isso foi de graça. Também santo Agostinho, antes de sua conversão do maniqueísmo para o cristianismo, teve uma vida semelhante à de Paulo. E achou que esse encontro com a verdade cristã foi também uma graça que Deus lhe deu. E, assim, abraçou também as doutrinas paulinas da alossalvação (salvação vinda de fora), ou seja, do sacrifício de morte de Jesus na cruz e a da absurda salvação de graça.
E veio o frade agostiniano Lutero que, não querendo depender mais do papa, mas exclusivamente da Bíblia, criou a sua famosa tese “Sola Sriptura” (seguir somente as Escrituras e com livre interpretação), criando essas duas doutrinas para os protestantes. Mas os evangélicos passaram a defendê-las com um doentio fanatismo. E eles interpretam todos os textos bíblicos sob a ótica dessas duas doutrinas.
Mas qual ensino vale mais o de Jesus contrário a essas doutrinas ou as de Paulo, Agostinho e Lutero? Fiquemos com o ensino de Jesus que disse: “Eu não vim chamar justos, e, sim pecadores [ao arrependimento].” Como se entende por esse texto, o pecador se salva por ele mesmo, e não pela morte de Jesus e nem de graça, mas por uma atitude assumida por ele próprio, isto é, a atitude de seu arrependimento, que, inclusive, deve ser muito sincero. Mas é comum muitos evangélicos fanáticos apreciadores da morte de Jesus na cruz e da salvação de graça  ou da preguiça, entenderem que nós não podemos nem precisamos fazer nada para a nossa salvação. Vão gostar de moleza assim na China!
Porém, é o próprio são Paulo que, em outro momento, nos ensina que a salvação depende sim de nós também: “...justo juízo de Deus, que retribuirá a cada um segundo seu procedimento.” (Romanos 2: 5 e 6). Assim, pois, não rasguemos o evangelho, pois a vivência dele é que, realmente, nos salva!

José Reis Chaves
www.facebook.com/jreischaves

Prof. de português e literatura aposentado formado na PUC Minas / Escritor e jornalista colunista do diário O TEMPO, de Belo Horizonte / Palestrante nacional e internacional espírita e de outras correntes espiritualistas / Apresentador do programa “Presença Espírita na Bíblia” da TV Mundo Maior / Participante do programa “O Consolador” da Rádio Boa Nova / Tradutor de "O Evangelho Segundo o Espiritismo", de Kardec, para a Editora Chico Xavier. E autor dos livros, entre outros, "A Reencarnação na Bíblia e na Ciência" e "A Face Oculta das Religiões", Editora EBM, SP, ambos lançados também em inglês nos Estados Unidos.
Podem-se ler também as matérias da coluna de José Reis Chaves em O TEMPO, de Belo Horizonte, no seu facebook e no site desse jornal: www.tempo.com.br / Procurar colunistas. No final das matérias, há um espaço para comentários dos leitores, espaço este que se tornou um verdadeiro fórum de religiões. E qualquer um pode deixar seu comentário lá. Se não quiser que seu nome apareça, use um pseudônimo. E seu e-mail nunca aparece lá.
Obs.: Se meus livros não são encontrados em sua cidade, eles podem ser adquiridos diretamente comigo por meu e-mail ou telefone. Telefone: (31) 3373-6870

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quinta-feira, 1 de outubro de 2015

Liberdade


Em filosofia, liberdade pode ser compreendida tanto negativa quanto positivamente. Sob a perspectiva negativa, denota a ausência de submissão e de servidão, já na segunda, é a autonomia e a espontaneidade de um sujeito racional. Segundo o dicionário Michaelis, “liberdade é um estado de pessoa livre e isenta de restrição externa ou coação física ou moral. 
Poder de exercer livremente sua vontade ou condição do ser que não vive em cativeiro”. A busca da liberdade sempre foi uma constante na história da raça humana. Ela compõe o conjunto dos elementos que habitualmente se imagina sejam necessários ao bem-estar das criaturas. Parece de pouca serventia possuir alguns bens, da espécie que sejam, sem a liberdade de desfrutá-los. Para ser livre, muitas vezes o homem trilhou caminhos tortuosos. 
Para Carlos Bernardo González Pecotche (1901-1963), a liberdade é prerrogativa natural do ser humano, já que nasce livre, embora não se dê conta até o momento em que sua consciência o faz experimentar a necessidade de exercê-la como único meio de realizar suas funções primordiais da vida, e o objetivo que cada um deva atingir como ser racional e espiritual. Como princípio, assinala ao homem e lhe substancia sua posição dentro do mundo, enfim, é preciso vinculá-la muito estreitamente ao dever e à responsabilidade individual, pois estes dois termos, de um importante conteúdo moral, constituem a alavanca que move os atos humanos, preservando-se do excesso, sempre prejudicial à independência e à liberdade de quem nele incorre. 
A liberdade pode ser dita de diversas formas: liberdade do fazer; do querer; autonomia; direito ou participação política. De várias formas também ela se emprega: como arma política ou elemento doutrinal; como simples palavra ou como conceito; como ideia reguladora ou apelo à experiência. Jesus afirmou que o conhecimento da verdade nos libertaria. De fato, uma compreensão mais aprofundada das leis da vida, ao despir o homem de suas ilusões, livra-o da mesquinhez, do egoísmo e do orgulho. 
Em O avesso da liberdade, de Adauto Novaes, há um grupo de artigos dedicados ao que poderia se chamar de “transcendental: a liberdade é pensável?”, nos fazendo refletir em quais impasses, as dificuldades conceituais, os paradoxos que é preciso vencer ou enfrentar para que faça sentido o emprego dessa noção? Tudo depende do quadro conceitual em que nos movemos, por exemplo, pensar a liberdade nos quadros de uma doutrina materialista. Como pensar, sem fazer recurso de outra realidade senão a da matéria, sem recorrer ao espírito ou a qualquer outra forma de dualismo, a ação, a voluntariedade e a liberdade que lhe são próprias, se a matéria é o elemento de uma ordem natural, cujas determinações ela sofre desde o exterior? 
Em O Livro dos Espíritos, Allan Kardec, ao buscar respostas sobre a liberdade absoluta, encontra as sábias palavras afirmando que o homem não gozará de absoluta liberdade porque todos precisam uns dos outros. No convívio familiar ou social, é impossível ser totalmente livre. Os seus direitos terminam onde começam os direitos do seu próximo, pois a completa libertação possível é a das paixões, dos instintos inferiores, que tanto infelicitam a humanidade. Ao traçar as metas da vida, devemos buscar antes libertar-nos da dor e do desequilíbrio. Para tal, um padrão de conduta reto e equilibrado, marcado pelo bom senso, sempre será o melhor roteiro. No pensamento goza o homem de ilimitada liberdade, pois que não há como pôr-lhe peias. A consciência é um pensamento íntimo que pertence ao homem, como todos os outros pensamentos, pois podem reprimir-se os atos, mas a crença íntima é inacessível, exceto para Deus. 
O homem tem o livre-arbítrio de seus atos, ou seja, assim como tem a liberdade para pensar, tem igualmente a de obrar. Há, portanto, liberdade de agir, desde que haja vontade de fazê-lo. Temos o poder para imprimir na nossa existência o padrão de felicidade ou de aflição com o qual desejamos conviver. A liberdade é Lei da vida, que faz parte do concerto da harmonia universal. Somos o que de nós próprios fazemos, movimentando-nos no rumo que elegemos. A busca da felicidade é uma meta comum entre todos os seres humanos. Todos almejamos, de alguma forma, alcançá-la. Cada ser a idealiza de modo diferente dos demais. Para alguns a felicidade é ter uma família, para outros é estar sadio e sentir-se bem, ou ainda, é confundida, por alguns, com conforto material. Na realidade, sabemos que a felicidade verdadeira não é deste mundo, como nos ensinou Jesus. 
O homem só pode agir sobre o mundo que o rodeia e sobre sua própria natureza, aplicando os poderes que em si possui, por meio dos órgãos das suas diversas faculdades. O material de que hão de ser feitas estas faculdades tem que ser perfeito: sentimentos bons e generosos, uma mente dotada e educada, uma natureza espiritual pura e profunda. Devemos abrir os caminhos limpos e puros através do labirinto da vida, sem jamais consentir em desvios do propósito traçado. 
Avaliemos se nossos atos, nossas escolhas de agora, serão motivos de sofrimento ou de ventura mais adiante. Somos livres para semear o que bem nos aprouver, conscientes, no entanto, de que estaremos obrigatória e inafastavelmente vinculados à colheita de seus frutos. Saibamos ser livres dos vícios que corroem a raça humana, e utilizemos da Sabedoria para orientar-nos no caminho da vida; da Força para nos animar a sustentar em todas as dificuldades e a Beleza para adornar todas as nossas ações, nosso caráter e nosso Espírito.

Marcelo Bataglia
Balneário Camboriú, SC (Brasil)

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