terça-feira, 13 de setembro de 2016

Um cristão verdadeiro age contra sua tendência normal do ego


No nível atual de nossa evolução espiritual, é difícil alguém ser um cristão verdadeiro, já que a nossa tendência normal é de satisfazermos aos interesses individuais e materiais de nosso ego. Daí Jesus ter-nos aconselhado que devemos buscar primeiramente as coisas do Reino de Deus, ou seja, as que dizem respeito à evolução do nosso eu superior (Mateus 6: 33) através da prática do amor. E Ele reforça esse ensino dizendo que se alguém quiser ser seu discípulo, deve renunciar-se a si mesmo, pegar sua cruz e segui-lo. A cruz a ser pega é o nosso carma de sofrimento. E, realmente, temos que pagar os nossos pecados até o último centavo (Mateus 16: 24; e 5: 26).
O cristianismo, com exceção do Espiritismo, ao contrário das religiões orientais, tem dado pouca importância a essas duas grandes verdades evangélicas. Mas, com razão, diz um antigo provérbio: “Lux ex oriente” (“A luz vem do Oriente”). E o cristianismo tem-se preocupado muito, também, com a adoração de Deus e pouco com a nossa reforma íntima. Vale a boa intenção dos teólogos. Mas Deus mesmo não dá muita importância a isso, pois Ele é imutável e totalmente independente de nós, sendo o mesmo ontem, hoje e sempre. A adoração a Deus não deixa de ser um ato de demonstração de nosso amor para com Ele. Mas nós é que nos beneficiamos com ela! E, segundo o que Jesus nos deu a entender, no seu diálogo com a Samaritana, à beira do Poço de Jacó (João 4: 23), Deus quer ser adorado em Espírito e verdade, o que nos leva a crer que a verdadeira adoração a Deus não é bem com cerimônias e rituais pomposos, mas reservadamente. Ademais, o meigo Galileu ensinou que se uma pessoa estiver no altar fazendo oferendas a Deus, mas se lembrar de que não está bem com alguém, ela deve interromper sua oferenda a Deus e ir reconciliar-se primeiro com seu desafeto, e então, somente depois disso, ela pode voltar ao altar para continuar as suas oferendas a Deus. (São Mateus 5: 23 e 24). Isso nos demonstra que estarmos bem com todas as pessoas é mais importante do que fazermos oferendas a Deus. E é mais importante exatamente porque, como já foi dito, Deus não precisa de nossas adorações e ofertas, mas nós precisamos estar reconciliados com todas as pessoas que, sem exceção, devemos amar, mesmo que sejam nossas inimigas! (São Mateus 5: 44). E, confirmando esse seu amor incondicional para com todos, Jesus disse que não veio para ser servido, mas para servir! Aliás, João nos ensina também que quem disser que ama a Deus, mas odeia seu inimigo, é mentiroso. (1 João 4: 20).
Realmente, para sermos cristãos verdadeiros, temos que combater sempre as mazelas dos vícios materiais de nosso ego, indo, pois, na contra mão do que é normal nas pessoas, isto é,  revidar as ofensas feitas contra nós, o que levou Paulo a dizer: a palavra da cruz é loucura para o mundo! (1 Coríntios 1: 18).
E vamos a dois exemplos, um evangélico (Lucas 6: 29) e o outro de santa Teresa de Calcutá, canonizada pelo Papa Francisco em 4-9-2016, exemplos esses que nos ensinam grandes verdades cristãs que, infelizmente, são realmente rejeitadas pela tendência normal de nosso ego: “Ao que tirar tua capa, deixe levar também a túnica”; e “As mãos que servem são mais importantes do que os lábios que oram”, sim, porque orar é mais fácil do que servir!

PS: “Presença Espírita na Bíblia”, com este colunista: www.tvmundomaior.com.br e parabólica digital.

José Reis Chaves

Prof. de português e literatura aposentado formado na PUC Minas / Escritor e jornalista colunista do diário O TEMPO, de Belo Horizonte / Palestrante nacional e internacional espírita e de outras correntes espiritualistas / Apresentador do programa “Presença Espírita na Bíblia” da TV Mundo Maior / Participante do programa “O Consolador” da Rádio Boa Nova / Tradutor de "O Evangelho Segundo o Espiritismo", de Kardec, para a Editora Chico Xavier. E autor dos livros, entre outros, "A Reencarnação na Bíblia e na Ciência" e "A Face Oculta das Religiões", Editora EBM, SP, ambos lançados também em inglês nos Estados Unidos.
Podem-se ler também as matérias da coluna de José Reis Chaves em O TEMPO, de Belo Horizonte, no seu facebook e no site desse jornal: www.tempo.com.br / Procurar colunistas. No final das matérias, há um espaço para comentários dos leitores, espaço este que se tornou um verdadeiro fórum de religiões. E qualquer um pode deixar seu comentário lá. Se não quiser que seu nome apareça, use um pseudônimo. E seu e-mail nunca aparece lá.
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