Perguntemo-nos, sem cessar, sobre os objetivos do
Espiritismo, para permanecermos como tarefeiros comprometidos com os altos
objetivos da presença do Consolador no planeta, que visa – em essência –
melhorar nosso padrão moral, estimular a legítima fraternidade na vivência do
Evangelho de Jesus e manter o cumprimento das Leis Morais tão bem apresentadas
em O Livro dos Espíritos, por meio de criaturas esclarecidas e comprometidas
com o bem geral da Humanidade.
Esse questionamento permanente é importante para não
desviarmos o foco da tarefa espírita. Os desafios todos, atualmente em curso
nas dificuldades do movimento espírita, provém do desconhecimento doutrinário e
do uso do ambiente espírita para objetivos incoerentes com a legítima grandeza
da Doutrina Espírita. Senão vejamos:
Desviamos o foco quando colocamos em plano secundário o
estudo espírita que orienta e esclarece o frequentador, ajudando-o na superação
das dificuldades próprias e formando trabalhadores para o bem geral;
Desviamos o foco quando introduzimos práticas estranhas ao
Espiritismo, prejudicando o andamento e fluir natural do conhecimento que
constrói adeptos esclarecidos que estudam e se esforçam por agir conforme se
esclarecem;
Desviamos o foco quando transformamos a tribuna em locais de
projeção pessoal ou para defesa de ideias pessoais incompatíveis com a Doutrina
Espírita;
Desviamos o foco quando o personalismo nos domine e nos
tornamos tiranos na condução das instituições sob nossa responsabilidade,
considerando-nos exclusivos detentores da razão e pretensos dominadores da
liberdade alheia;
Desviamos o foco quando transformamos nossas instituições em
cópias perfeitas de outras práticas religiosas – embora o respeito que
mereçam – por meio de músicas, rituais, gestos, roupas e condicionamentos que
tornam os adeptos dependentes de práticas distantes da clareza e naturalidade
prática espírita;
Desviamos o foco quando condicionamos a prática espírita em
práticas esdrúxulas de rituais, roupas especiais, apetrechos ou utensílios
totalmente dispensáveis;
Desviamos o foco quando afirmamos que o estudo é dispensável
ou que já sabemos tudo e somente valorizamos o passe ou a reunião mediúnica
como, distanciando-nos de outras atividades;
Desviamos o foco quando não valorizamos o movimento espírita
e achamos que apenas a “nossa casa” é importante, desvalorizando esforços
alheios e permanecendo indiferente com o que outros confrades e instituições
realizam;
Desviamos o foco quando nos portamos dependentes das
comunicações espirituais, creditando a supostos mentores aquilo que nos compete
realizar;
Desviamos o foco quando a vaidade ou a prepotência nos
domine;
Desviamos o foco se não prestarmos atenção se o que estamos
fazendo, seja em apresentações artísticas, pela música ou teatro, por exemplo,
não observamos a coerência doutrinária, que nos pede prudência e respeito pelos
próprios postulados do Espiritismo para não cairmos nos caminhos da vulgaridade
ou do fanatismo;
Desviamos o foco nas disputas e em discussões absolutamente
dispensáveis;
Desviamos o foco quando nossos esforços se concentram mais
na obtenção de recursos do que na divulgação, no estudo e na própria vivência
espírita.
Tais desvios, gradativamente, levam a deturpações
lamentáveis, que causam desunião, afastamentos e graves prejuízos ao real
entendimento e autêntica vivência da Doutrina Espírita. Há sempre que se
considerar que a CAUSA ESPÍRITA é muito maior que a CASA ESPÍRITA, apesar da
importância desta. As casas representam os esforços humanos somados aos
esforços dos espíritos e a CAUSA ESPÍRITA é a causa de Jesus, requerendo
espíritas conscientes e trabalhadores do bem geral.
Estejamos atentos. O momento que vivemos é grave e decisivo
na condução do próprio futuro de todos nós.
Temos nas mãos o tesouro do conhecimento espírita. Como
desviá-lo de seus reais e altos objetivos? Assumiremos essa responsabilidade?
Universidade do Espírito, o Espiritismo possui o mais alto
grau de sabedoria para nos conduzir com precisão. Substitui possíveis cursos de
autoajuda, liberta-nos de condicionamentos, estimula-nos a alegria de viver e
motiva-nos ao bem. Como conciliar espíritas tristes, autoritários, ou
casas deprimidas com a grandeza do Espiritismo?
Basta pensar que os desvios citados, entre outros que podem
ser acrescentados, representam apenas falta de conhecimento do que seja
Espiritismo e sua finalidade.
Vamos estudar? Começando pelas obras básicas da Codificação,
que mais que nunca, precisam estar no cotidiano de nossas reflexões para não
cairmos no ridículo perante a própria consciência, devido aos desvios que
ocasionamos com os nossos descuidos...
Orson Peter Carrara
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