sábado, 30 de abril de 2016

Serena despedida


Pareceu-nos vê-lo quando acordávamos na manhã de sábado, oito dias após sua desencarnação. Como um relâmpago, um flash. Ele dormia tranquilo, num leito completamente branco, belo, como sempre foi. Pensamos conosco: será que o visitamos? Deve estar passando pelo sono reparador, libertando o corpo espiritual da lembrança das dores que o corpo físico passou na Terra. Devemos tê-lo visitado essa noite, no mundo espiritual, pensamos.
Um irmão muito amado, um irmão querido. Apareceu com um câncer de rim, um adenocarcinoma, há cerca de um ano e meio. Como Deus é bom! Dois anos antes, tivemos uma intuição. Ele era inteligente demais. Engenheiro metalúrgico na COSIPA, muito respeitado pelos colegas, como exemplo de integridade moral e honestidade. Falava inglês, alemão, um pouco de espanhol. Visitou muitos países representando lá fora a sua indústria e o Brasil. Pensando em sua inteligência e que não tinha uma religião definida, num Natal, há cerca de três anos, demos a ele o maravilhoso livro de Léon Denis: “O Problema do Ser, do Destino e da Dor”, um dos nossos favoritos. Pensamos conosco: ele é inteligente, esse livro é muito belo e profundamente inteligente. Se um dia ele desencarnar e tiver lido esse livro, não chegará ao mundo espiritual sem conhecimento da realidade do Espírito. Ele leu o livro e adorou. Certa feita ele nos disse que devíamos trabalhar incessantemente até a vitória completa do bem na Terra. Pensamos conosco: ele está bem, conhecimento já tem, conduta reta sempre teve, chegará um dia preparado ao mundo espiritual. Aí veio o câncer.
Ele sempre foi um cavalheiro, não queria preocupar ninguém, principalmente os pais. Não queria que soubessem, para não se entristecerem. Tinha esperanças de cura e inicialmente os médicos lhe disseram que estava curado, que retirar o rim doente fora a solução. Ele passou essa informação a todos. Estava curado. Meses depois o chamaram, estava com metástases, precisava fazer quimioterapia. Somente quando viu que não havia mais esperança de cura, permitiu que os pais ficassem sabendo. Sua esposa costumava dizer que ele era um lorde, nunca perdia a educação. Quando o visitamos no hospital, em São Paulo, pela primeira vez, ele desceu conosco ao refeitório. Mesmo doente, abriu-nos a porta do elevador, puxou-nos a cadeira para sentar. Ficamos emocionada com esse simples gesto. Pensamos: - Nossa! Tínhamos esquecido isso, essa gentileza. Ainda existem homens assim!
Na segunda vez que o visitamos, seu estado já estava se agravando. Conversamos sobre o Espírito imortal e a vida, que continua além da morte. Perguntamos se ele tinha medo de morrer. Ele nos respondeu que não tinha medo, mas que gostaria de viver um pouco mais de tempo neste mundo, por isso, sua luta. Observamos sua gentileza em ação. Em nenhum momento reclamou. Cada auxiliar que entrava para ministrar qualquer medicação ou ajudá-lo no que fosse, ele cumprimentava e, ao sair, ele dizia: Obrigado. Em cinco minutos, ele falou obrigado três vezes para o mesmo auxiliar que entrava e saía. Um exemplo para todos ali, pensamos.
A expectativa era de que ele ficasse ainda na Terra mais uns quatro meses, mas o estado se agravou subitamente pouco depois. Já estávamos com a passagem comprada para visitá-lo novamente, sem sabermos da agravação do quadro, pois não havíamos sido informada da piora. Deus, no entanto, nos dá mostras incessantes de seu infinito amor.  Em nossas preces, pedíamos a Ele que não deixasse nosso irmão partir sem que nos despedíssemos. Quando entramos em seu quarto, no hospital, vimos que era questão de pouco tempo. Ele estava lúcido, consciente, apertou nossa mão, cumprimentando. Acenou para alguns engenheiros da COSIPA, seus amigos, que foram visitá-lo naquele dia e se afligiram com a piora que teve desde a semana anterior, quando o visitaram. Eram sete e meia da manhã quando chegamos, e onze horas, quando seus amigos lá estiveram. Ainda lutava. Fizemos uma prece e lhe demos um passe. Ele serenou, tranquilizou o corpo. Então lhe dissemos que ele já havia lutado demais, o corpo não obedecia mais, que se lembrasse das conversas que tivemos, que confiasse em Deus, que confiasse na imortalidade da alma, que Espíritos de escol estavam ali a ampará-lo, podíamos sentir a energia na pele, uma energia divina. Ele nos ouviu. Mais tarde, com nosso irmão que chegou, nossa cunhada e uma sobrinha, fizemos novamente uma prece. A energia no ambiente foi sentida por todos. Desencarnou em paz, às quinze horas e quarenta minutos. Uma jovem auxiliar de enfermagem que estava lá nos disse, entristecida, pois todos ali gostavam muito dele: - Só ontem ele me falou obrigado dez vezes!
Certa vez, nosso Hugo Gonçalves nos disse que Espíritos assim precisam ser lembrados. Ele não tinha uma religião. Foi um homem de bem, gentil e educado até o final. Imaginamos que um Espírito elevado o levou nos braços, quando ele se desprendeu. Pensamos que ele está bem amparado e, oito dias após, eis que o vimos, sereno, adormecido, em recuperação, para acordar sem dor, Espírito livre do jugo da matéria. Estará logo trabalhando, como ele disse, até a vitória completa do bem na Terra.
Como diz Léon Denis, no livro que acima citamos: “A própria morte pode ter também a sua nobreza, a sua grandeza. Não devemos temê-la, mas, antes, nos esforçar por embelezá-la, preparando-se cada um constantemente para ela, pela pesquisa e conquista da beleza moral, a beleza do espírito que molda o corpo e o orna com um reflexo augusto na hora das separações supremas. A maneira por que cada qual sabe morrer é já, por si mesma, uma indicação do que para cada um de nós será a vida no espaço”.
Pensemos nisso. Façamos esforços para sermos melhores, para sermos pessoas de bem e irmos em paz. Havia um sorriso leve no rosto do Vinícius, esse irmão querido, desencarnado aos 55 anos. Deve ter visto amigos queridos, quando partiu, e, como ele disse: Estamos juntos. Não importa a distância, estamos juntos. Então, para ele, boa estada no mundo espiritual e um até breve!
Para nós outros, os que aqui ficamos: sejamos cristãos sinceros, vivamos o Evangelho na conduta e melhoremos sempre mais!

Jane Martins Vilela
jane.m.v.imortal@gmail.com
Cambé, PR (Brasil)   

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terça-feira, 26 de abril de 2016

A religião mais universal é a mais atacada com erros e mentiras


Há um pequeno público, o dos materialistas, que, obviamente, negam o espiritismo. E há um grande público que o nega, porque o desconhece. Esses dois públicos formam uma maioria de descrentes nele. Somem-se a esses dois grupos os líderes religiosos contrários a ele e que mais o difamam. E o que incomoda muito esses líderes religiosos é o fato de eles viverem da sua religião, enquanto que os líderes espíritas vivem para a sua religião!
Somente, pois, são espíritas mesmo os médiuns e os indivíduos que o estudam. Mas porque ele é uma crença natural e de fé raciocinada, ele tem adeptos em todas as religiões. Daí a sua universalidade. De fato, qual povo não possui um histórico de visões e medo de espíritos? A própria Bíblia tem passagens que proíbem o contato com eles (Moisés, não Deus, em Deuteronômio capítulo 18). E se Moisés proíbe o contato com eles, é porque esse contato existe mesmo, pois ele não era doido de proibir tal contato, se ele não existisse! E Moisés proibiu essa comunicação com os espíritos, porque era muito grande a ignorância das pessoas sobre a mediunidade, além do comércio que muitos faziam com ela. Mas em Números 11: 24 a 30, ele a defende. E no tocante à reencarnação, dada a sua crença universal, dispensam-se comentários.
Muitas pessoas dizem que os espíritas se comunicam com os demônios. Mas os demônios somos nós mesmos. Sim, pois, na Bíblia, demônios em grego é “daimones” (plural) e “daimon” (singular) são os espíritos humanos. E há os maus, os mais ou menos, os bons e até os santos! A confusão sobre isso surgiu, porque todos os demônios perturbadores afastados das pessoas são maus, pois os bons não atormentam ninguém. E, assim, os teólogos concluíram erradamente que todo demônio é mau!
Hoje, os líderes religiosos, com curso superior de Bíblia, sabem disso, mas deixam na ignorância seus fiéis que não estudam a fundo a Bíblia. E escrevemos sobre essas coisas desconhecidas do povo cristão, porque não queremos cometer o pecado de omissão. Realmente, nós que escrevemos para um jornal de grande circulação como o é O TEMPO, temos que ter a responsabilidade de dizer a verdade. “Conhecereis a verdade e ela vos libertará” (João 8: 32). E as duas formas verbais “conhecereis” e “libertará” estão no futuro, pois não temos esse conhecimento agora, mas vamos tê-lo no futuro, quando já estivermos bem evoluídos.
Kardec é o verdadeiro reformador do cristianismo e de todo o espiritualismo universal, pois foi o pioneiro no estudo científico do espírito. Seus adversários, principalmente religiosos, não os cientistas, fracassaram, por completo, nos seus ataques contra o espiritismo. E, agora, como eles não têm mais sucesso nas suas mentiras, ou talvez, por ignorância sobre a doutrina espírita, eles têm apelado para a afirmação de que os espíritas não são cristãos. Mas são sim, pois Jesus ensinou que seus discípulos são conhecidos por se amarem uns aos outros e não, pois, por crerem ou deixarem de crer em determinadas doutrinas polêmicas criadas pelos teólogos e impostas pela força e não pela lógica e o bom senso. O espiritismo, simplesmente, não as segue, mas as respeita como respeita todas as crenças.
E o ele, apesar de ser a religião mais atacada, está mesmo presente em todas elas, pelo que é, realmente, a mais universal!

PS: “Presença Espírita na Bíblia”, com este colunista: www.tvmundomaior.com.br e parabólica digital.

José Reis Chaves

Prof. de português e literatura aposentado formado na PUC Minas / Escritor e jornalista colunista do diário O TEMPO, de Belo Horizonte / Palestrante nacional e internacional espírita e de outras correntes espiritualistas / Apresentador do programa “Presença Espírita na Bíblia” da TV Mundo Maior / Participante do programa “O Consolador” da Rádio Boa Nova / Tradutor de "O Evangelho Segundo o Espiritismo", de Kardec, para a Editora Chico Xavier. E autor dos livros, entre outros, "A Reencarnação na Bíblia e na Ciência" e "A Face Oculta das Religiões", Editora EBM, SP, ambos lançados também em inglês nos Estados Unidos.
Podem-se ler também as matérias da coluna de José Reis Chaves em O TEMPO, de Belo Horizonte, no seu facebook e no site desse jornal: www.tempo.com.br / Procurar colunistas. No final das matérias, há um espaço para comentários dos leitores, espaço este que se tornou um verdadeiro fórum de religiões. E qualquer um pode deixar seu comentário lá. Se não quiser que seu nome apareça, use um pseudônimo. E seu e-mail nunca aparece lá.
Obs.: Se meus livros não são encontrados em sua cidade, eles podem ser adquiridos diretamente comigo por meu e-mail ou telefone. Telefone: (31) 3373-6870

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sexta-feira, 22 de abril de 2016

Jesus, a Páscoa e o momento de ódio em que estamos mergulhados


Não posso deixar passar essa Páscoa, sem uma reflexão sobre seu personagem principal, para quem se considera cristão. E nesse momento de grande tumulto no Brasil e no mundo, com tanta violência e tão denso nevoeiro, estou pensando nos cristãos… 
Esses cristãos que compõem a maioria da população brasileira, pelo menos no censo, divididos majoritariamente entre católicos, evangélicos e espíritas. 
Esses cristãos que, em sua maioria, não fazem conta dos ensinos de Jesus. Que talvez achem que são palavras poéticas, bonitas, mas preceitos inaplicáveis na vida prática. Ou ainda que são ensinos que só possam ser pensados em relações pessoais, mas nada podem acrescentar às relações sociais, à organização política, à produção econômica… Teorias bonitas, mas utópicas, que não são para esse mundo… E no entanto, há dois mil anos que essas belas palavras estão buscando nosso coração e nossa mente e estão sendo semeadas, muito além das relações de indivíduo a indivíduo, sendo justamente o fermento de avanços em todas as áreas, no Direito, na Educação, na Política, na Sociedade, na Economia. 
Só para citar três exemplos: um ateu, como André Comte-Sponville, ou um judeu, como Erich Fromm, ou um historiador da Educação, como Franco Cambi, reconhecem que a mensagem de Jesus – essa de fraternidade universal, de igualdade, de valorização dos excluídos – permeia toda a história da civilização ocidental, sendo a base de muitas de nossas conquistas sociais, inspiração de muitos direitos concretizados, vertente do humanismo mais universal que habita mesmo doutrinas, movimentos sociais e leis, que se consideram laicos, mas carregam dentro de si, as sementes cristãs. 
E, no entanto, ainda muitos cristãos não conseguem se deixar permear por essa onda refrescante de amor, liberdade, compaixão, humanismo… que sopra das palavras e dos exemplos de Jesus. Muitos cristãos que agem com o outro, que se portam socialmente, que trabalham em seus empregos e empreendimentos, que têm uma visão da lei e da justiça, da sociedade e do mundo, em completa oposição ao que ensinou, ao que demonstrou Jesus.  
Senão vejamos! 
Como pode um cristão ser racista, se a compreensão que lhe felicita é a da fraternidade universal? Se Jesus mostrou que seus discípulos viriam do Ocidente e do Oriente e que todos seriam bem-vindos ao banquete do Reino? 
Como pode um cristão discriminar alguém por sua conduta sexual, se Jesus acolheu aqueles que eram considerados “pecadores” e fez questão de, depois de morto, aparecer em primeiro lugar para Madalena, uma prostituta, que os judeus da época julgavam que deveria ser apedrejada? 
Como pode um cristão proferir uma frase do tipo: “bandido bom é bandido morto”, se Jesus disse “misericórdia quero e não sacrifício” e ele mesmo morreu entre dois ladrões, acolhendo-os em seu amor? 
Como pode um cristão acreditar, pregar e praticar qualquer tipo de violência, armada, física, psicológica, verbal e ainda achar que a violência se justifica, quando Jesus disse que deveríamos “perdoar setenta vezes sete”, que os “mansos herdariam a terra”, e que deveríamos amar os próprios inimigos? E se ele próprio não usou de violência, mas perdoou toda a violência recebida; se deu a outra face e morreu, pedindo que Deus perdoasse seus algozes? 
Como pode um cristão lutar pelo poder, trapacear, corromper-se, aviltar-se, para se sobrepor ao próximo, espezinhando quem a ele se interponha, se Jesus disse que “veio para servir e não para ser servido” e que “quem quisesse ser o maior, que fosse o servo de todos”? Se ele, que muitos cristãos consideram como o próprio Deus, e nós, espíritas, consideramos como um Espírito perfeito, veio ao mundo, como filho de um carpinteiro, viveu sem poderes e morreu perseguido pelos poderosos? 
Como pode um cristão se esfalfar, se atirar a uma luta insana, explorando outros seres humanos, seus irmãos, se corromper, vender seus valores, trair sua pátria, pisar em todos os princípios morais, para acumular dinheiro, para possuir o excesso, quando a muitos falta o necessário, se Jesus disse ao jovem rico que o procurou para segui-lo, que desse todos os seus bens aos pobres, acrescentando em seguida, que seria mais fácil um camelo passar pelo fundo de uma agulha do que um rico entrar no Reino dos Céus? E se ele próprio, nascido na pobreza, dizia não ter uma pedra onde encostar a cabeça? 
Como pode um cristão desprezar uma criança, fechar o ouvido à sua voz, desvalorizando a infância, negligenciando-a e tantas vezes abusando e usando de vara e violência (como querem os que seguem mais o Velho Testamento do que Jesus), se o Mestre disse “vinde a mim as criancinhas, porque é delas o Reino dos Céus”? 
Como pode um cristão ser machista, desrespeitando a igualdade de direitos das mulheres, explorando-as, olhando-as como objeto, usando de violência física ou psicológica contra elas, se Jesus, num tempo em que um rabino (como até hoje entre os rabinos ortodoxos) nem sequer podia encostar numa mulher, deixou que Madalena lhe tocasse, honrou-lhe com a primeira aparição em Espírito, acolhia em seu círculo mulheres, consideradas de má vida, ou mulheres de família, incluindo-as em seus ensinos (como fez com Marta e Maria, as irmãs de Lázaro ou com a samaritana do poço de Jacó, aliás multiplamente discriminada, por ser mulher, por ser samaritana e por ter tido vários maridos…)? 
Enfim… como pode um cristão ser tão contrário a todos os ensinos de Jesus? 
E como podem nações inteiras, formadas sob a égide do cristianismo, explorarem outros povos, promoverem a guerra, atacarem os mais fracos, dominarem outras nações, exercerem a tortura e matança, ignorando a fome, a injustiça e a marginalidade em que vivem inúmeros povos em todos os Continentes? 
Como podem nações que têm suas leis inspiradas na igualdade e fraternidade, que beberam nas fontes do cristianismo, que assinaram a Declaração Universal dos Direitos Humanos, que nada mais é do que uma carta laica com uma forte herança cristã, infringirem diariamente suas próprias leis e pisotearem a cada instante essa Declaração? 
E agora, como pode um povo como o brasileiro, cujas pesquisas revelam que 99% acredita na existência de Deus, de repente estar possuído dessa fúria selvagem, digladiando-se mutuamente, cuspindo ódio e contaminando até mesmo as crianças? 
Não posso me eximir de pensar tudo isso nessa Páscoa! 
Parece que a voz do Mestre nos conclama de novo à mansuetude, à compaixão (mesmo com aqueles que consideramos que erraram), ao “não julgueis para não serdes julgados”, ao perdão incondicional e ao amor, acima de tudo! 
Parece que a fera que dorme em nós ainda pode ser despertada por uma propaganda maciça, por uma hipnose coletiva, por uma histeria popular – como foi feito na Alemanha nazista ou na Itália fascista, apenas para citar duas situações históricas muito emblemáticas desse processo em que se acorda o monstro, escondido no inconsciente coletivo. 
Isso significa o quê? Que ainda não transcendemos as sombras que habitam em nós, que nossa adesão aos valores cristãos é superficial, é fraca, ainda não conseguiu transformar totalmente a fera em ser humano. 
Paremos um instante, respiremos fundo e analisemos a situação. Estamos mergulhados num comportamento de massa, irracional e muitos destilam ódio. Paremos antes que seja tarde e lembremos de Jesus! Pode parecer piegas falar assim: mas não é Jesus, que católicos, evangélicos e espíritas dizem seguir? E que mesmo ateus admiram?
Então, não há solução, nem política, nem social, nem econômica, sem os valores essenciais que Jesus ensinou e exemplificou e esses valores são justiça, igualdade, desapego, desprendimento, humildade, compaixão… enfim, o que todos sabemos já há muitos séculos, de cor e salteado, mas que a maioria ainda não teve coragem de colocar em prática.

Dora Incontri

terça-feira, 19 de abril de 2016

Cuide bem de seu Anjo


– Se o senhor me dá licença, eu agradeço!

Ouvi a frase, dita de forma agressiva. Afastei o carrinho de compras e o deixei passar. Era um rapaz forte que andava quase levando tudo pela frente. Logo atrás dele, uma moça, olhar muito meigo, grávida, passou me dizendo baixinho:

– Desculpe-me, senhor.

Feitas as compras, entrei na fila e vi que, lá em frente, no caixa, alguém falava alto e gesticulava. Era ele. Reclamava da caixa por uma compra feita outro dia. O gerente prometera trocar a mercadoria e não o fez. Xingava a funcionária, que nada dizia. Até porque não era assunto dela. O rapaz afastou-se levando as compras e, novamente, pude ver que a moça ficou para trás para pedir desculpas à caixa. 
Normalmente, pensamos em anjos da guarda como seres celestiais invisíveis que nos protegem. Tolerantes com nossas faltas, não nos abandonam, por toda a vida. Mas há anjos que decidem fazer mais por nós: reencarnam conosco, acompanham-nos espiritual e materialmente durante a existência. Assumem perante os outros nossas faltas, dando-nos exemplos diários de resignação, solidariedade, persistência e amor. 
Anjos são Espíritos, tanto quanto nós. Não há seres privilegiados na criação. Todos temos a mesma origem e, juntos, caminhamos no rumo da evolução. Nossos anjos, por melhores que sejam, também são humanos. E nem sempre suportam a carga. Às vezes, desistem. Partem para outra. Tanto quanto nós, são livres para dar o rumo que quiserem às suas vidas. 

Por isso, cuide muito bem de seu anjo. Ele é gente. Um dia pode cansar.

Milton R. Medran Moreira
Porto Alegre, RS (Brasil)

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quinta-feira, 14 de abril de 2016

Melindre, radicalismo e consequências morais


Muito se tem falado sobre o melindre e o quanto provoca danos quando se manifesta. Apesar de muitos terem conhecimento a respeito dessa chaga moral, poucos realmente procuram trabalhar a si mesmos para que o mal do constrangimento não faça parte de suas personalidades e por isso, o melindre continua fazendo vitimas, destruindo laços de amizade e pondo em derrocada trabalhos que poderiam dar bons frutos, tanto dentro quanto fora da casa espírita.
O melindre aparece em qualquer circunstância, em todo e qualquer ambiente seja nas instituições de cunho filosófico ou religioso, no lar, no trabalho, entre vizinhos, entre novos e velhos amigos enfim, onde está o homem lá se encontra o melindre, em estado latente, e ao despertar de sua suposta hibernação provoca danos arrasadores.
Essa propensão para nos ofendermos facilmente e para fazermos de pequenos contratempos violentas tempestades, dorme no íntimo de todos e tende a estar em processo de ebulição naqueles que se julgam superiores e que, portanto supõem-se não estar no mesmo nível dos reles mortais, logo, seus desejos não podem ser contrariados, por achar que a razão é um instrumento pessoal seu.
O melindre nunca se manifesta só, traz consigo amigos também cruéis e nefastos: o orgulho, a falta de humildade e o radicalismo.
O fato de um pedido ser negado por um companheiro de jornada já é motivo mais do que suficiente para que o radicalismo melindroso se faça presente tornando o individuo rancoroso por achar que aquele que lhe negou a rogativa não é suficientemente bom para ser seu amigo e que precisa afastar-se dele.
O que o melindroso não percebe é que além de tudo ele é também egocêntrico, pois, visando apenas à realização de seus intentos, não pergunta ao outro se por acaso ele teria condições de ajudá-lo, não procura colocar-se no lugar do outro para perceber as suas limitações e dificuldades. Deveria refletir: se eu estivesse no lugar de “fulano”, com as responsabilidades que tem, teria condições de satisfazer os desejos de alguém? Até onde me seria possível ir? Quais as minhas limitações?
Precisamos nos conscientizar que nem tudo o que queremos poderá ser realizado, ainda mais quando esta realização irá depender de outros para que se efetive. Por mais amigos que tenhamos nem sempre eles poderão nos auxiliar e o Espírita, principalmente por ter acesso a informações que lhe mostram de forma clara a realidade da vida espiritual e material, deveria ter pleno conhecimento de que nem todos tem condições para tomar determinadas decisões. Quando queremos impor nossas vontades estamos sendo tão maniqueístas quanto os que criticamos por terem posições impositivas e manipuladoras. Não alimentemos o melindre, pois ele tem consequências morais devastadoras em nossas vidas, nos envereda por uma rede de negatividade e de ignorância que se tornam entraves à educação do espírito, logo à evolução, além de ser uma porta aberta para a obsessão.
Cobramos dos outros atitudes firmes, criticamos o que se  constrange entretanto agimos da mesma forma quando não somos o centro das atenções. Quais crianças, fazemos birra, porém, na criança a birra pela contrariedade sofrida logo passa, no adulto ela permanece e cria raízes malignas: ódio, solidão... Amigos deixam de se falar ao invés de procurar uma solução para o problema surgido; pais e filhos dão as costas uns aos outros e ficam assim por anos, chegando mesmo a desencarnar sem que a situação seja resolvida; irmãos deixam de se falar. O ego ferido, de acordo com Emmanuel é como um verme que destrói uma semente.
É importante nos darmos importância? Sim, precisamos cuidar de nós mesmos, porém tendo o cuidado de não ultrapassarmos limites achando que somos melhores que os outros. Essa falsa idéia de ser melhor é extremamente perigosa, pois nos deixa cheios de vaidades inúteis e não me toques que afetam a alma e o corpo físico levando-nos por vezes a quadros depressivos e ampliando o juízo de valor que nos incute que somos vitimas de injustiças e ingratidões.
Não devemos confundir favor com obrigação, ninguém tem a obrigação de nos prestar um favor, principalmente sem ter condições efetivas para isso, Respeitemos os limites do outro, suas dores, aflições e dificuldades. A tolerância, quando bem entendida é uma benção que nos faz agir com responsabilidade e com menos apego a nós mesmos. Tracemos um plano de varrer o melindre de nossas vidas, vigiando para que não se instale e procurando desfazer situações desconfortáveis que tem ele como pano de fundo.
Insegurança e baixa autoestima são estigmas provocados pelos melindres e pelo radicalismo de não querermos reconhecer quando erramos e permitirmos que a mágoa seja nosso guia. Quando criticamos e nos afastamos das pessoas por julgar que fomos desrespeitados e não procuramos entender as situações, que por vezes são criadas por nossas atitudes impensadas e desestruturadas, demonstramos que também não fomos amigo o suficiente do outro, pois se o fôssemos, entenderíamos sua posição.
Intrigas, mal entendido que parece irreversível e desânimos podem ser revertidos desde que o individuo procure conhecer a si mesmo e reconhecer seus erros. Mas para isso é preciso fortalecer-se espiritualmente, entender que a ofensa só existe porque ele permitiu que ela habitasse o seu íntimo.
Levemos em consideração, para todos os âmbitos de nossas vidas, seja na convivência no grupo espírita, na vida profissional, em família ou com amigos as recomendações que Kardec nos dá em O Livro dos Médiuns, no capítulo 24, para granjearmos a simpatia dos bons espíritos: que procuremos trabalhar em nós os vieses de consequências ruins transformando-os em condições morais favoráveis ao progresso espiritual.
Precisamos cultivar a perfeita comunhão de sentimentos, a cordialidade recíproca, a ausência de sentimentos contrários à verdadeira caridade cristã, entendendo caridade no sentido de utilidade e ter em vista um único desejo, instruir-se e melhorar-se conforme nos ensinou os espíritos superiores através de Allan Kardec.

quinta-feira, 7 de abril de 2016

Esperança


Neste novo livro, escrito por mim e por minha companheira Jô Andrade, estudamos a respeito da Esperança, estabelecendo reflexões que nos inspire a um determinado objetivo: construí-la em nós!
Analisando que algumas pessoas possuem a esperança e outras não e mesmo entre as que possuem, umas são pálidas e frágeis e outras sólidas e inabaláveis, suportando as mais difíceis provas e as mais angustiosas expiações – porque tantas diferenças?
Partindo do princípio inquestionável de que todo efeito possui uma causa que lhe dá a origem, no caso da esperança, também deve existir uma causa que a produza. Concluímos, desta forma, que a esperança é o resultado de conceitos e crenças de vários segmentos diferentes e que resultam na maior ou menor capacidade de acreditar, com maior ou menor convicção.
É neste ponto que o Espiritismo oferece grande contribuição para a construção de uma esperança sólida e racional – afinal, se a fé deve ser raciocinada, a esperança também!
Encontramos em O Livro dos Espíritos, em Da Encarnação dos Espíritos, um texto que auxilia nossa compreensão: “O Espiritismo é, pois, o mais potente auxiliar da religião. Se ele aí está, é porque Deus o permite e o permite para que as nossas vacilantes esperanças se revigorem e para que sejamos reconduzidos à senda do bem pela perspectiva do futuro”.
A construção da esperança está entre as finalidades do Espiritismo, onde destacamos do texto acima a expressão “para que as nossas vacilantes esperanças se revigorem...”, ou seja, as informações que adquirimos no estudo do Espiritismo, auxiliam a construção dela.
Porém, na base de toda sólida esperança, encontramos (também extraído do texto acima) a necessidade de ter: “... perspectiva do futuro”.
O Espiritismo bem estudado, apresenta ao homem uma visão ampla do seu destino, como resultado das próprias ações e não como uma fatalidade determinante.
Apenas o progresso, o bem e a perfeição relativa, constituem a destinação da alma humana.
Desta forma, a esperança pode ser construída em qualquer um, desde que se observe o conhecimento de algumas questões que devem preceder a essa conquista.
A confiança no futuro, somado a certeza da soberania das leis de Deus e o auxílio espiritual constante com que todos contamos, serão os catalizadores da nossa maior ou menor esperança.
Tudo isso, para que, amadurecendo e crescendo, um dia nossa esperança atinja seu grau mais alto: a certeza sobre a justiça que existe em tudo o que nos envolve!

Roosevelt Andolphato Tiago

segunda-feira, 4 de abril de 2016

Minha nada mole encarnação - Inimigas

A eficácia do tratamento através de passes

Muito apropriado

A Influência e o Exemplo

Poderia ser mais uma brincadeira de mau gosto, mas veja o que acontece quando a influência ao lado é positiva!Mensagem de Gordon B. Hinckley

Publicado por MundoemCores.com em Quarta, 10 de fevereiro de 2016

sábado, 2 de abril de 2016

02 de abril de 1910


Ele nasceu na data que dá título à presente abordagem. Sim, Pedro Leopoldo (MG) foi seu berço natal no distante 1910.  De infância pobre e sofrida, órfão de mãe em tenra idade, sua vida foi de lutas, mas deixou um legado inestimável para a cultura e a evolução humanas. 
Como é de conhecimento geral, a produção psicográfica de Chico Xavier foi intensa. Centenas de livros publicados por diferentes editoras, milhares de páginas recebidas de centenas de espíritos. Muitos desses livros foram traduzidos para outros idiomas, muitos textos compactos em mensagens objetivas e práticas, rápidas de ler, se transformaram nesses volantes avulsos impressos e distribuídos gratuitamente por todo o país e exterior. A vida de Chico, seus exemplos e casos de intensa sensibilidade e ensinos para a mente popular, se transformou em peças de teatro, foi motivo de filmes para o cinema, com grande sucesso. Mas não é só. 
Várias pessoas se debruçaram sobre seus dados biográficos, sobre os casos que viveu com os exemplos de humildade e solidariedade estendida a qualquer pessoa que o procurava, e transformaram esses casos e exemplos em motivação para outras obras que trazem a experiência da convivência com o médium. Muitas pessoas que conviveram com Chico publicaram livros sobre essa personalidade incomparável. 
O que não dizer das cartas psicografadas, também muitas delas transformadas em obras de conforto para entes queridos separados pelo fenômeno biológico da morte física? 
Mas a obra de Chico não se restringe, porém, a apenas obras de conforto e consolo. Há que se destacar também a produção literária de caráter científico produzidas pela mediunidade exemplar de Chico Xavier. Cite-se algumas obras específicas do Espírito Emmanuel e praticamente toda a obra produzida pelo Espírito André Luiz.  E isso sem contar com o perfil da recepção de versos e poesias de personalidades marcantes da cultura brasileira e portuguesa. O que não impediu também a recepção de textos em outros idiomas, muitas vezes com as duas mãos, simultaneamente, e em algumas ocasiões com a mão esquerda escrevendo de trás para frente. 
É realmente uma vida fenomenal, diferente, marcante! Uma vida que influenciou muitas outras vidas. Mais pelo exemplo que pelo fenômeno, ressalte-se. Seu perfil moral enquadra-se perfeitamente nas qualidades elencadas por Allan Kardec em O Evangelho Segundo o Espiritismo com o subtítulo O Homem de Bem, constante do capítulo XVII, item 3, que indicamos ao leitor a título de reflexão para comparação sobre a conduta de Chico e as qualidades ali elencadas pelo Codificador do Espiritismo. 
Mas ainda não é só. Chico foi indicado para o Prêmio Nobel da Paz, foi eleito O Maior Brasileiro de todos os tempos, em promoção pela rede de TV SBT, em 2012. Foi protagonista do famoso programa de TV, Pinga Fogo, da extinta TV TUPI, na década de 70, com grandes picos de audiência que o tornaram ainda mais conhecido e respeitado. 
Vários foram os programas de TV que exibiram reportagens sobre sua vida, seu legado, suas lutas e seus exemplos, muitos deles entrevistando-o diretamente, com enorme repercussão na mídia. Chico também recebeu vários títulos de Cidadania, de mais de uma centena de cidades brasileiras. Um Memorial foi construído em Uberaba (MG) para preservar sua memória e muitos eventos pelo país todo homenageiam seu nome querido. 
Soma-se a tudo isso, ainda, o título de Maior Brasileiro da História, em votação popular pela revista Época, em 2006, e eleito também o Mineiro do Século XX, em votação promovida pela TV Globo Minas, em 2000. Além da Comenda Paz, outorgada pelo Governo de Minas Gerais, em 1999. Isso sem dizer das inúmeras personalidades famosas que igualmente o procuravam, de artistas a políticos e cientistas internacionais. 
E ele, muitas vezes centro das atenções e de disputas – inclusive jurídicas, permaneceu intocável na moralidade e na humildade. Perfilou sua vida com exemplos de simplicidade e modéstia, deixando um legado exemplar de conduta moral inquestionável. Seja pelo desprendimento – tudo que lhe chegava às mãos como manifestação de gratidão ele repassava para os necessitados que o buscavam – ou pela humildade que o caracterizou durante toda a vida. 
Sua fidelidade ao Cristo emociona, sensibiliza, toca o coração!
Não há como não se emocionar diante de sua figura simples, frágil, mas saturada de bondade e compreensão. É o que mais lhe marca a personalidade. Apesar de sua sabedoria e grandeza, não demonstra isso em nenhum gesto ou atitude. Vive simplesmente o amor. 
Não é por acaso que foi chamado o Homem Amor. Nossa homenagem, pois, de gratidão, à sua data natalícia: 02 de abril...

Orson Peter Carrara