quinta-feira, 22 de junho de 2017

Os perigosos caminhos da pressa!


Tenhamos bastante cuidado e toda prudência necessária para evitarmos o estado de ansiedade que, volta e meia, nos toma de surpresa causando um mal-estar que nos incomoda e entristece por muito tempo. Inicia-se de forma bem sutil e quando despertamos já estamos contaminados por uma inquietação que nos causa grande preocupação com alguma coisa que nem sempre se concretiza, mas que nos causa enormes prejuízos emocionais.
Essa inquietação pode até mesmo nos levar a processos doentios de angústia e medo. E acontece, porque, como seres imperfeitos que ainda não adquirimos a devida paciência para esperar o momento adequado para a realização das coisas que almejamos realizar, apressadamente, atiramo-nos na busca da solução precipitada de algo que demanda, normalmente, muito tempo e trabalho.
É necessário que aprendamos a observar os exemplos que a “mãe natureza” nos fornece a cada instante quando nos permitimos perceber, mostrando-nos que o fruto não surge sem que a árvore esteja devidamente pronta e na época certa de sua estação; que o dia não chega antes que a madrugada se vá; que a noite não surge sem que o Astro-Rei tenha iluminado todo o dia. Em vão será todo o esforço mal direcionado e todo trabalho que não se apoie na disciplina do respeito ao tempo necessário para sua concretização, porque tudo tem seu tempo de realização, conforme diz a sabedoria popular “a pressa é inimiga da perfeição”.
Em O Evangelho segundo o Espiritismo, em seu Capítulo V, temos instruções que muito nos aclaram sobre o assunto, conforme segue:

“Sabeis por que, às vezes, uma vaga tristeza se apodera dos vossos corações e vos leva a considerar amarga a vida? É que vosso Espírito, aspirando à felicidade e à liberdade, se esgota, jungido ao corpo que lhe serve de prisão, em vãos esforços para sair dele. Reconhecendo inúteis esses esforços, cai no desânimo e, como o corpo lhe sofre a influência, toma-vos a lassidão, o abatimento, uma espécie de apatia, e vos julgais infelizes. Crede-me, resisti com energia a essas impressões que vos enfraquecem a vontade. São inatas no espírito de todos os homens as aspirações por uma vida melhor; mas, não as busqueis neste mundo e, agora, quando Deus vos envia os Espíritos que lhe pertencem, para vos instruírem acerca da felicidade que Ele vos reserva, aguardai, pacientemente, o anjo da libertação, para vos ajudar a romper os liames que vos mantêm cativo o Espírito. Lembrai-vos de que, durante o vosso degredo na Terra, tendes de desempenhar uma missão de que não suspeitais, quer dedicando-vos a vossa família, quer cumprindo as diversas obrigações que Deus vos confiou. Se, no curso desse degredo-provação, exonerando-vos dos vossos encargos, sobre vós desabarem os cuidados, as inquietações e tribulações, sede fortes e corajosos para os suportar. Afrontai-os resolutos. Duram pouco e vos conduzirão à companhia dos amigos por quem chorais e que, jubilosos por ver-vos de novo entre eles, vos estenderão os braços, a fim de guiar-vos a uma região inacessível às aflições da Terra. François de Genève. (Bordéus.)”

Urge que nos empenhemos, com esmero, disciplina e confiança, no trabalho de elaboração de todo o nosso cometimento seja no âmbito familiar, profissional, religioso ou outro qualquer que esteja sobre nossa responsabilidade, mas que saibamos aguardar o devido tempo de espera, necessário para a realização adequada de nosso objetivo, que chegará na hora certa. Respeitemos o tempo adequado para colheita, pois bem sabemos que mesmo que os frutos surjam, ainda se faz, imprescindível, que respeitemos a época necessária para a colheita na hora mais adequada, sem precipitações que nos causariam perda da safra de nossa preciosa semeadura.
Observemos ainda que, embora todo o nosso trabalho e dedicação no cuidado para com a lavoura, pode acontecer que não colhamos os resultados que esperávamos, em vista dos inúmeros imprevistos que poderão acontecer entre a semeadura e a colheita, nosso estado de ansiedade não será capaz de alterar o resultado final da colheita, visto que tudo é concessão Divina que poderá muito bem achar que não é a hora de conquistarmos tal ou qual coisa e, dessa forma, precisamos ter calma, equilíbrio e paciência para aceitarmos os desígnios superiores em relação às nossas construções hodiernas, respeitando as determinações da Lei Maior.
Em O Livro dos Espíritos encontramos as sábias instruções dadas pelos Imortais da Vida Maior, em resposta ao questionamento feito por Allan Kardec sobre o assunto conforme segue:

As vicissitudes da vida são sempre a punição das faltas atuais?

“Não; já dissemos: são provas impostas por Deus, ou que vós mesmos escolhestes como Espíritos, antes de encarnardes, para expiação das faltas cometidas em outra existência, porque jamais fica impune a infração das leis de Deus e, sobretudo, da lei de justiça. Se não for punida nesta existência, sê-lo-á, necessariamente, noutra. Eis porque um que vos parece justo, muitas vezes sofre. É a punição do seu passado.”

Jesus nos guie e nos guarde no propósito de sublimação que desejamos empreender desde já.

Referências:
(1) Kardec, Allan – E.S.E. Capítulo V, item 25; e
(2) Kardec, Allan – Livro dos Espíritos – Questão 984.


Francisco Rebouças

Pós-Graduado em Administração de Recursos Humanos, Professor, Escritor, Articulista de diversos veículos de divulgação espírita no Brasil, Expositor Espírita, criador do programa: "O Espiritismo Ensina".

Imagem ilustrativa

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