segunda-feira, 31 de maio de 2010

A ferramenta do Bem


1- A NECESSIDADE DE FAZER O BEM:

Uma das questões cruciais e que funciona como um divisor de águas da Doutrina espírita em relação a outras religiões é a necessidade de se praticar o bem para o desenvolvimento espiritual. As palavras de Jesus (4), “Amarás ao teu próximo como a ti mesmo” e o exposto na sua parábola do Bom Samaritano tornam bem claro esta questão.
Não nos basta ser bons e pertencer ao grupo A ou B. É imperioso praticarmos o bem. A lei é de amor e o amor é que nos elevará. Por isso, o espiritismo cristão deve estar vinculado à prática da beneficência e este artigo buscará elucidar algumas razões desse imperativo.


2- A PERSPECTIVA INTERVENCIONISTA:

Ao contrário da história religiosa da humanidade, repleta de isolamentos, reclusões, clausuras e retiros espirituais, na busca de nos isolarmos do mundo³, inspirados nas temáticas do Filósofo Rosseau da Revolução Francesa, que pregava o corrompimento do homem bom pelo mundo, a perspectiva espírita enunciada por Kardec na sua máxima (4) “fora da caridade não há salvação”, incita-nos ao contato com o mundo na busca de transformá-lo e averba que o mundo somente se transformará quando transformarmos a nós mesmos. Ou seja, o espiritismo tem esse caráter intervencionista nas questões que se apresentem diante do cristão, combatendo a omissão e o isolamento, demonstrando que é na luta do mundo que crescemos rumo a perfeição.
A reforma íntima é uma necessidade. Paradoxalmente, não haverá reforma íntima sem contato com o nosso próximo, mais próximo ou não. Como amar sem ter ação para o amor. Como perdoar sem ter objeto de perdão.


3- FAÇA VOCÊ MESMO:

Na década de oitenta nos deliciávamos com revistas que nos ensinavam a fazer os pequenos reparos de nossa residência. Essa lógica do “faça você mesmo” também se aplica à questão da prática do bem. Jesus já asseverava (4): “Vai tu e faze o mesmo”, reforçando a necessidade da ação no bem ser realizada pessoalmente. As pessoas que nos rodeiam são a nossa ferramenta de progresso e não podemos olvidar que o nosso coração é uns músculos poderosos, que precisa ser exercitado no sentido físico e principalmente no sentido espiritual.
Na prática do bem não cabe terceirização. Mandar entregar na porta do centro espírita não tem o valor de se envolver na entrega. A prática do bem deve ser bilateral, ajudando a quem dá e permitindo a reflexão de quem recebe. Esse é o princípio que rege o Bônus-Hora (6) descrito em Nosso Lar por André Luís. Somente tem valor quando permite a reflexão e reforma de quem praticou a ação. Caso contrário, instauraríamos um ranking de doações volumosas que nos conduziriam a “salvação”, como na época das indulgências.
Recordemos a passagem do óbolo da viúva, onde valeu mais aos olhos de Jesus aquela que tirou do seu próprio sustento. A matemática divina funciona subjetivamente.

4- OS MOVIMENTOS SOCIAIS:

Outrossim, consideremos sempre que “movimentos geram movimentos”. A nossa ação no bem sempre se alinhará com outras iniciativas que em composição gerarão movimentos sociais em prol dos nossos irmãos menos favorecidos. Nenhum benemérito fundador fez ou faz tudo sozinho em qualquer obra assistencial.
Entretanto, constatamos também que a sociedade influencia o espiritismo, por ser esse uma parcela dela. Na década de 70/80, fruto de conjunturas políticas, as pessoas se engajavam em movimentos sociais, onde existiam iniciativas diversas de preocupação com o coletivo, no campo da assistência, do ambientalismo e da educação. Podemos citar os grupos ambientais, o Projeto Rondon e os movimentos de Alfabetização de adultos. No espiritismo, observamos o florescer de caravanas, campanhas e iniciativas diversas no campo assistencial, onde as casas espíritas logo buscavam atrelar a sua programação diversas atividades assistenciais com a participação de seus freqüentadores.
Na década de 90, observamos o individualismo campear em nossa sociedade, onde a tecnologia nos fez cada vez mais desiguais e isolados e estabeleceu níveis de conforto e divisão social nunca antes visto. Hoje, o indivíduo pode pedir as suas compras pela internet, assistir ao filme no shopping transitando pelas ruas sem sair de seu automóvel, vivendo sem conviver, isolado no seu mundo e nas suas necessidades. No movimento
espírita, observamos a explosão dos romances, falando de uma esperança passiva e a busca de um esoterismo voltado para previsões futurísticas e a busca da paz por fórmulas e meios exteriores, sem contar a desenfreada busca da cura do corpo.

5- TERAPIAS E AUTO-AJUDA:

Esses fatores geram uma tendência atual de terapizar-se tudo, em um “psicologismo” que reduz a problemática da criatura humana a solução por um simples diálogo como um passe de mágica. Os aspectos psicológicos da criatura são fundamentais, mas não podemos nos esquecer das questões do Coletivo. Essa preocupação com o indivíduo deságua em um conceito que muitos se equivocam em classificar as nossas obras espíritas que é a auto-ajuda.
Podemos compreender a auto-ajuda como aquela literatura que expõe a felicidade como uma questão de disposição pessoal, de se sentir bem, de acreditar e se programar mentalmente para isso. Infelizmente, uma questão tão complexa aparece reduzida a uma questão da vontade momentânea indivíduo.


6- A FELICIDADE:

Isso ocorre, pois o nosso conceito de felicidade está difuso. A felicidade está associada a ter coisas, ter status, ter reconhecimentos e direitos. Esquecemos que a vida é uma balança de direitos e deveres. Não há felicidade egoística. Não há como ser feliz se o nosso irmão está infeliz, se no mundo ainda há infelicidade. Por isso, Kardec assevera que a felicidade na Terra é relativa (4). Confundimos hoje o nosso conceito de felicidade, ignorando que a felicidade está implícita no desejo de um mundo melhor. Um mundo que será construído por nós e que seremos felizes nesse processo e não se buscarmos diminuir tantos números do nosso manequim ou se não estamos nos aceitando com o nariz que nós nascemos. A felicidade transcende tudo isso e a sua conquista deve se fazer sem muletas.


7- O PARADIGMA HOLÍSTICO:

Tomando o Paradigma Holístico do mundo², podemos ter bem claro a importância da ferramenta do bem como caminho da nossa felicidade. Segundo o livro “A canção da inteireza²”, o homem inicialmente adotou um paradigma Teocêntrico, onde tudo se prendia a um mundo sobrenatural onde a vida existiria em função deste. Inicialmente subordinados as forças da natureza, passando para os deuses antropomórficos até quando o conceito cristão de ressurreição subordinou de vez a vida na terra à espera de outro mundo, chegando ao seu auge na Idade média com as indulgências.
Com o renascentismo, quando Galileu tira a Terra do Centro do Universo, o paradigma antropocêntrico começa a levar o centro das questões para o homem, sendo este então a medida de tudo. Com os iluministas, temos o racionalismo de Descartes, onde todo conhecimento vem da razão e o Empirismo de Locke e Hume, onde todo conhecimento provém da experimentação, colocando a fonte de saber sempre pelo viés humano, reforçando através de Newton que o universo funciona como uma engrenagem determinista, gerando os modelos de pensamento para a futura sociedade industrial que através das revoluções tecnológicas se estabeleceu a vida que preza o “Ter” e o individualismo que vivemos em pleno auge nos dias de hoje. Mais uma vez, como na negritude da idade média, o homem se vê em uma encruzilhada temporal, tendo acesso aos bens de forma desigual e se preocupando cada vez mais consigo e com as suas necessidades enquanto o mundo padece da violência e do desamor.

8- O FOCO NO COLETIVO:

O paradigma Holístico propõe um novo foco. Nem no homem, nem no mundo que virá. Ele propõe que o Universo é um todo dinâmico que se relaciona. É um complexo sistema de relações e que o foco deve ser na interdependência. Toda ação que realizamos ecoa no universo e reverbera pelos outros elementos. A nossa relação é de Co-criadores, com o planeta e com a vida, sendo também co-responsáveis , como cita Emmannuel em A Caminho da luz (5): “Mas é chegado o tempo de um reajustamento de todos os valores humanos. Se as dolorosas expiações coletivas preludiam a época dos últimos ”ais” do Apocalipse, a espiritualidade tem de penetrar as realizações do homem físico, conduzindo-as para o bem de toda a humanidade (Grifo nosso) .”
Ou seja, o foco deve ser no bem de toda a humanidade, inclusive dos animais, das plantas e dos minerais, habitantes de nosso globo. O nosso desenvolvimento espiritual é uma responsabilidade individual que somente tem sentido no coletivo. Esse deve ser o foco.
O espiritismo como doutrina libertadora e transformadora das consciências, para que entendamos que a solução de nossos problemas está na solução dos problemas do mundo e que os nossos grandes vultos, dentro da sua dimensão humana, também tinham seus problemas e não se imobilizaram em uma postura passiva, partindo para a Terapia da prática do bem, ferramenta que cura os nossos males e de nossos semelhantes.

9- AMAR A SI MESMO E A DEUS ATRAVÉS DO PRÓXIMO:

Sabemos que a auto-estima e o amor a si mesmo é uma condição fundamental, para que não incorramos novamente em flagelações e autocomiserações de outras épocas. Mas, faz-se mister amar a si mesmo e a Deus através do próximo, dentro do enunciado evangélico (4) de que quando fazemos a um destes pequeninos, é ao Mestre que fazemos. A palavra Bem-estar não existe no dicionário espírita-cristão associada ao próprio bem da pessoa, pois metodologia nenhuma trará o nosso bem se não envolver o bem de nossos irmãos. Como amar a si mesmo se não amamos o mundo, a natureza e os nossos irmãos.

10- O TRABALHO NA CASA ESPÍRITA:

Após falarmos da evolução histórica do planeta, terminamos por nos defrontar com a nossa realidade diante da prática do bem. O que temos feito? A casa espírita é a Oficina que deve viabilizar as equipes que permitam aos freqüentadores a oportunidade de abraçar cada irmão, pois “a disciplina antecede a espontaneidade (6)” e se nos disciplinarmos para o bem no trabalho organizado, o nosso coração romperá o gelo de nossa sociedade para que possamos estender seu amor aos próximos mais próximos e a nós mesmos.
Cabe-nos a construção na juventude do hábito da prática do bem desde cedo¹, para que tenhamos como objetivos que todos sejam em um futuro trabalhadores e colaboradores da casa espírita, doando-se nas frentes que são inúmeras. Espíritas envolvidos e comprometidos com a causa da Casa espírita na construção de um mundo melhor. Um sonho, talvez, uma utopia, não.


11- CONCLUSÃO:

A ferramenta da nossa evolução está bem claro nas palavras do Espírito de Verdade (4): “Espíritas, Amai-vos é o primeiro mandamento. Instrui-vos é o segundo.”
E como não cremos no amor como verbo intransitivo, cabe-nos utilizar esta ferramenta no palco do mundo para o nosso crescimento, na luta diária, onde realmente descobrimos quem somos e o que necessitamos ainda aperfeiçoar. Sem fórmulas mágicas...



REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS :

1. BRAGA, Marcus Vinícius de Azevedo. Alegria de Servir, FEB, 2001.
2. CARDOSO, Clodoaldo Meneguello- A canção da inteireza- Uma visão holística da educação- Editora Summus - São Paulo- 1995
3. KARDEC, Allan. O livro dos espíritos, FEB.
4. KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o espiritismo, FEB.
5. XAVIER, F.C..A caminho da luz, pelo espírito Emmanuel, FEB.
6. XAVIER, F.C.. Nosso Lar, pelo espírito André Luís, FEB.


Marcus Vinicius de Azevedo Braga
acervobraga@gmail.com

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quinta-feira, 27 de maio de 2010

Perguntas para Chico (Indiferença, violência e útil)


Tema: Indiferença


Haverá maior frio na alma que a indiferença dos nossos semelhantes?

Chico Xavier:

- Pode haver indiferença dos nossos semelhantes para conosco, entretanto de nós para com os outros isso não deveria acontecer.
Cremos que se Jesus houvesse levado em conta nossa incapacidade para assimilar-lhe de pronto o desvelado e intenso amor, o Cristianismo não estaria brilhando, e brilhando cada vez mais na Terra.

Pergunta feita por Fernando Worm.
Consta do livro "Lições de Sabedoria - Chico Xavier nos 23 anos da Folha Espírita, Escrito por Marlene R. S. Nobre. - Enviado por Luz do Evangelho - luzdoevangelho@aol.com

Tema: Violência

Chico, como é que você vê a onda de violência que aumenta a cada dia?

Chico Xavier:

- A violência é qual se fosse a nossa agressividade exagerada trazida ao nosso consciente, quando estamos em carência de amor. Ela lava, por isso, o desamor coletivo da atualidade.
Se doarmos mais um tanto, se repartirmos um tanto mais, se houver um entendimento maior, estaremos contribuindo para a diminuição desta onda crescente de agressividade.
À medida que a riqueza material aumenta, o conforto e a aquisição de bens também cresce, com isso retornaremos à autodefesa exagerada, isolando-nos das criaturas humanas. A vacina é o amor de uns pelos outros, programa que Jesus nos deixou há dois mil anos.

Pergunta feita por Ana Maria Farias, jornalista da Editora Abril, numa entrevista coletiva perante as câmeras da Rede Globo, comandada por Augusto César Vanucci, em julho de 1980.
Consta do livro "Lições de Sabedoria - Chico Xavier nos 23 anos da Folha Espírita, Escrito por Marlene R. S. Nobre. - Enviado por Luz do Evangelho - luzdoevangelho@aol.com

Tema: Útil

Diga-nos o que deve fazer, dentro de suas capacidades, um médium, a fim de poder ser completo e útil para o Plano Espiritual?

Chico Xavier:

- Devotamento ao bem do próximo, sem a preocupação de vantagens pessoais, eis o primeiro requisito para que o medianeiro se torne sempre mais útil ao Plano Espiritual. Em seguida, quanto mais o médium se aprimore através do estudo e do dever nobremente cumprido, mais valioso se torna para a execução de tarefas com os instrutores da Vida Maior.

Pergunta feita pela equipe de jornalistas de a Flama Espírita, de Uberaba, em entrevista feita em junho de 1990. Consta do livro "Lições de Sabedoria - Chico Xavier nos 23 anos da Folha Espírita, Escrito por Marlene R. S. Nobre

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Apóstolo da Fé, do Amor e da Caridade


Domingo, 30 de junho de 2002, enquanto o Brasil todo extravasava sua alegria pela conquista do Penta Campeonato de Futebol, serenamente fazia sua passagem para o plano espiritual nosso diligente e multifacetado médium Francisco Cândido Xavier.
Emissoras de televisão divulgaram que era desejo do Chico desencarnar em dia festivo. Pelo muito que mereceu, o cândido médium partiu feliz com a felicidade dos seus irmãos brasileiros a quem tanto amou e serviu.
Dados biográficos dão conta de que Francisco Cândido Xavier, órfão de mãe aos cinco anos de idade, teve uma infância difícil, de muito trabalho e sofrimento físico. Só mais tarde, quando seu pai veio a contrair novas núpcias, ele teve a felicidade de encontrar na alma boa e caridosa da madrasta uma nova mãe que lhe deu atenção, amor e carinho.
Sua mediunidade começou a aflorar depois do desencarne da genitora. Surrado diariamente pela madrinha que, na ausência materna, o abrigara em casa, mesmo assim não se permitiu vacilar em sua fé. Costuma recolher-se nos fundos do quintal para orar, ocasiões em que entrava em contato com o bondoso Espírito que fora sua mãe na Terra. Nesses encontros, ele visualizava a figura materna, pedia-lhe conselhos e força e saía revigorado, capaz de restabelecer seu equilíbrio e autocontrole.
O apostolado mediúnico iniciou-se praticamente aos dezessete anos de idade no Grupo Espírita Luiz Gonzaga, em Pedro Leopoldo – MG., sem jamais ter sido interrompido.
Baluarte da fé, paladino da caridade, gigante no amor ao próximo, Francisco Cândido Xavier, como homem, como médium, como espírita é o exemplo do verdadeiro cristão.
Experimentando as mais acerbas provações, não fraquejou em sua crença, nem no exercício de suas funções, como líder espiritual; soube amar a todos indistintamente, sem preconceito de posição social, de raça, de religião. Compreensivo, tolerante, solidário, exerceu o mediunato caridosamente como fiel servo de Deus, amparando, consolando, doando-se, orientando, evangelizando, curando chagas do corpo e da alma.
Chico se foi para os altiplanos espirituais deixando em sua passagem um rastro de luz e de esperança, levando em sua bagagem de bem-aventuranças nossa admiração, respeito e carinho.
Que sua vida de missionário sirva de exemplo aos que almejam evoluir espiritualmente.


Felinto Elízio Duarte Campelo
felintoelizio@gmail.com

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quarta-feira, 26 de maio de 2010

Sem a reencarnação, Deus teria fracassado na criação do Homem


Todos nós evoluímos na descoberta da verdade. Na década de 1940, só  2 % da população brasileira acreditavam na reencarnação. Hoje são cerca de 80 %, independentemente de religião.
Os líderes religiosos rejeitam a reencarnação, tal como acontece com a mediunidade, porque ela é-lhes prejudicial. Mas há os que creem nela, reservadamente. E cada vez mais, as pessoas estão saindo do armário e declarando-se reencarnacionistas. O fenômeno da reencarnação é bíblico e tem o respaldo de vários segmentos da ciência espiritualista, como acontece com a Psicologia Transpessoal, que é mais abrangente, militando em áreas também científicas desconhecidas da ciência materialista, que as renega por as desconhecer. Por isso, essa ciência materialista é capenga. E é lamentável que as autoridades religiosas cristãs preferem ficar de mãos dadas com essa ciência a se unir com a ciência espiritualista reencarnacionista. Também os cientistas da física quântica inclinam-se não só para a aceitação das vidas sucessivas, mas igualmente para outras ideias religiosas orientais antigas e também bíblicas. E é pelo teimoso apego a doutrinas antibíblicas e antirracionais, que o cristianismo está em crise. Pregam-se doutrinas em que se faz de conta que se crê. Até quando isso vai continuar assim?
A reencarnação está na Bíblia. A maior parte dos teólogos e exegetas da atualidade já reconhece essa realidade. Mas ainda há uma minoria de autores protestantes e evangélicos, que faz verdadeiros malabarismos linguísticos, tentando dar, em vão, aos textos bíblicos interpretações contrárias à reencarnação. Vamos ver, entre muitos, alguns exemplos bíblicos reencarnacionistas. No anúncio do nascimento de João Batista ao seu pai Zacarias, um anjo lhe diz que João iria à frente de Jesus com o espírito e o poder de Elias. (Lucas 1,17). Pergunto: por que com o espírito e o poder de Elias, e não com o Espírito e o poder de Deus? Outra passagem: “Eis que vou enviar-vos Elias, o profeta, antes que venha o dia do Senhor...”(Malaquias 3,23). João Batista é Elias. Dizendo de outro modo, o espírito de Elias reencarnou no corpo de João Batista, o Precursor de Jesus. Em nota de rodapé, na Bíblia TEB, Edições Loyola, lê-se: “Na literatura judaica contemporânea dos inícios do NT, a pessoa de Elias ocupa um grande espaço como precursor do Messias. Jesus atesta que esta função foi cumprida por João Batista”. Certa feita, os discípulos perguntaram a Jesus o que quer dizer que Elias virá primeiro.E o Mestre afirmou que Elias já veio e não o reconheceram. E o texto evangélico termina assim: “Então os discípulos entenderam que Jesus lhes falara a respeito de João Batista”. (Mateus 17, 9 a 13). Noutro texto, Jesus falando agora do próprio João Batista, diz: “E, se o quereis reconhecer, ele mesmo é Elias, que estava para vir. Quem tem ouvidos (para ouvir) ouça.” (Mateus 11, 7 a 15). Quem tenta negar que João Batista é reencarnação de Elias, não é um estudioso serio da Bíblia.
E a misericórdia de Deus deixaria de ser infinita, se não houvesse a reencarnação.
Numa parábola sobre a salvação, o Excelso Mestre ensina que é difícil passar pela porta estreita. Quem é que se julga já poder passar por ela? Sem a reencarnação, quem, pois, se salvaria? Sem ela, Deus teria fracassado no seu projeto de criação do homem!

Obs.: Esta coluna, é de José Reis Chaves, que às segundas-feiras, no diário de Belo Horizonte, O TEMPO, pode ser lida também no site www.otempo.com.br Clicar colunas. Ela está liberada para a publicação. Nas publicações, fico grato pela citação de meus livros: “A Face Oculta das Religiões”, “A Reencarnação na Bíblia e na Ciência” Ed. EBM (SP) e “A Bíblia e o Espiritismo”, Ed. Espaço Literarium, Belo Horizonte (MG) – www.literarium.com.br - e meu e-mail: jreischaves@gmail.com Os livros de José Reis Chaves podem ser adquiridos também pelo e-mail: contato@editorachicoxavier.com.br e o telefone: 0800-283-7147.

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terça-feira, 25 de maio de 2010

O melhor e o adequado


Certo professor meu defendia ardorosamente em suas aulas de Administração dos Materiais que não poderíamos, na nossa vida administrativa, querer sempre o melhor. O melhor era muito caro! As organizações demandavam, sim, o adequado.
Para uma escola, colocar o papel de secar as mãos de melhor qualidade do mercado pode nos obrigar a tirar recursos do material didático, pois não existirá recurso para colocar tudo de primeira linha. Essa sabedoria simples chamou-me a atenção e levei-a para a minha vida profissional. Mas, analisando a sua propriedade, vemos que a nossa vida como Espíritos imortais encarnados na Terra também demanda um pouco dessa visão.
O melhor é insustentável, pois o melhor de hoje não é mais o melhor de amanhã. O melhor exclui, torna-se obsoleto com grande velocidade. O adequado atende. Na vida nos digladiamos cotidianamente pelo melhor e aquecemos que poderíamos estar satisfeitos com o adequado. Matamos um leão a cada dia para dar o melhor aos filhos, quando eles necessitam do adequado e de nós. A busca pelo melhor é infinita, efêmera. 
O melhor é competitivo, olha para o lado. O adequado é para si, olha para quem dele precisa. Muitos no mundo sofrem pela falta do adequado e muitos outros se debatem em tristeza pela falta do melhor. O melhor é construído, o adequado é real. É fundamental identificarmos em nossa vida o que é adequado, o que é necessário para nos atender e aos que de nós dependem. O melhor precisa ser acompanhado da ostentação.
O melhor é para poucos, o adequado atende a mais pessoas.
O melhor é elitista. O melhor demanda escolhas, pois os recursos são limitados. O adequado é distributivo, vai de encontro às necessidades, sem ser mínimo. O melhor é fruto de um processo de comparações, para se chegar a um eleito.
O adequado é fruto de um processo de investigação do atendimento de uma necessidade. O melhor ocupa os lugares do adequado.
O melhor é consumista. O adequado é o necessário. Às vezes não precisamos do melhor, mas insistimos em tê-lo. O adequado nos serve. O melhor, só ele serve. O adequado nos exige adaptação. O melhor é a originalidade da exceção. O melhor sempre custa muito caro. O melhor sempre é alvo de disputa.
Como Espíritos imortais, viajores da estrada da existência, em relação aos bens matérias devemos cultivar a lógica do adequado, identificando o inadequado, o ocioso e o inservível, pois esses podem ser adequados a outros irmãos. A corrida pelo melhor nos aprisiona aos bens materiais, cujo valor de uso é suplantado pelo seu valor de troca, onde ter é um mecanismo de mercado que nos importa não pelo que aquela coisa nos atende e sim pelo que ela vale em relação aos outros. Construímos castelos de objetivos distantes da nossa vida espiritual. Faz-se mister nos libertarmos da busca desenfreada pelo melhor, insuflada pela propaganda massificada, colocando as coisas materiais no seu lugar, o lugar adequado.

Marcus Vinicius de Azevedo Braga
acervobraga@gmail.com

Matéria extraída do Jornal da FEESP de Janeiro de 2010 – Imagem ilustrativa

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Dimas e a Reencarnação


A maior prova de que a alma continua vivendo após a morte foi dada por Jesus, ao aparecer para Maria Madalena, três dias após a sua morte.
Essa aparição à ex-pecadora se deu exatamente diante do seu túmulo vazio, ocasião em que Ele pediu que ela não o tocasse, pois ainda não havia subido às regiões celestiais, ou melhor, ao Paraíso.
Segundo a Bíblia, o Cristo em Espírito permaneceu entre nós durante quarenta dias, período no qual, além de aparecer a Madalena, mostrou-se também a Maria, mãe de Thiago, e Maria Salomé, quando se dirigiam ao sepulcro.
Jesus, depois de morto, foi ainda reconhecido por dois de seus Apóstolos, na Estrada de Emaús; pelos onze Apóstolos, por duas vezes no cenáculo, oportunidade em que Tomé tocou seu Espírito materializado; e também pelos mesmos, perto do Lago de Tíberíades. Foi visto ainda por cerca de quinhentos dos seus seguidores na Montanha da Galiléia, ao fazer para eles suas últimas recomendações.
Depois de falar para essa pequena multidão, o Cristo seguiu com os apóstolos para o Monte das Oliveiras. Lá, ao término de suas últimas instruções, levantou as mãos e, enquanto os abençoava, fez a sua ascensão para a vida espiritual após quarenta dias de sua desencarnação.
Diante disso, como podemos conciliar a promessa do Mestre a Dimas, o chamado "bom ladrão", no alto da cruz: "Em verdade te digo que hoje mesmo estarás comigo no Paraíso", se Jesus só foi para lá quarenta dias depois de sua morte?
De fato, Jesus não mentiu a Dimas, pois ele, ao arrepender-se de todo o mal que havia feito, rendeu-se inteiramente ao Cristo, significando, portanto, "hoje", o instante daquele mesmo dia em que o "bom ladrão" encontrou a paz de espírito.
Podemos concluir, com isso, que o Paraíso é um estado de consciência e não um local determinado no espaço.
Porém, ao garantir a Dimas a entrada imediata na Vida Superior, Jesus queria lhe dizer que isso aconteceria com o propósito de reeducá-lo, para, mais tarde, reencarnar inúmeras vezes até atingir a perfeição espiritual, a mesma já alcançada pelo Mestre. Essa perfeição, todos nós, filhos de Deus, alcançaremos também um dia, diante da eternidade!

Gerson Simões Monteiro
gerson@radiodejaneiro.am.br

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quinta-feira, 20 de maio de 2010

A palavra escrita e a mídia eletrônica


O texto computadorizado enseja outra mobilidade a quem dele se utiliza

O que ensina, esmere-se em fazê-lo." (Paulo, Romanos, 12:27.)
A palavra escrita nasceu com o povo fenício, constituído por exímios navegadores, que levavam navios abarrotados de mercadorias para terras distantes. Para os trâmites burocráticos desse intenso comércio, foram criados alguns símbolos gráficos cuja maturação resultou no alfabeto que conhecemos.
Portanto, conforme podemos entender com as elucubrações do Benfeitor Espiritual Camilo: ¹ "(...) nos tempos atuais, embora os inconvenientes provocados pelos que sofrem de incontinência verbal, que falam sem travas, vemos que a palavra escrita tem se mantido, desde as eras imemoriais, como uma documentação grandiosa que vem mostrando, através de descrições empolgantes, ou lamentáveis, toda a saga da humanidade, desde quando o ser humano passou a utilizar-se da escrita".
Nas escritas cuneiformes dos medos, dos persas e dos assírios; nos ideogramas chineses e japoneses; nas ideografias que se espalharam mundo afora, até os alfabetos mais elaborados, encontrados no seio de miríades de povos, temos achado verdadeiras riquezas que dão conta das sociedades planetárias, indicando, assim, a importância do texto escrito para o estabelecimento da cultura, do saber.
Nada obstante a espantosa revolução digital, em efervescência nos dias atuais, apesar dos revestimentos inovadores que as mídias utilizam, mesmo diante do bulício sobre os inesgotáveis recursos das novas tecnologias, como o DVD, como a realidade virtual e os endereços eletrônicos dos infonautas, a palavra escrita prossegue firme e forte, sem que tenha sido deslocada da sua proeminente posição de destaque na vida de todos.
Embora uma quantidade extraordinária de bytes e de gigabytes, que enchem o chamado "espaço cibernético", e a aluvião de mensagens transmitidas por correio eletrônico alcancem números nunca vistos antes, a realidade é que a palavra escrita tem garantido seu espaço, afirmando-se como matériaprima de todo esse surto de progresso na esfera das comunicações.
É verdade que o texto computadorizado enseja outra mobilidade a quem dele se utiliza. Basta que se acione uma tecla para que determinado conteúdo desapareça diante dos olhos abismados do usuário. O que antes dependia só de papel e de estro, hoje basta os feixes de elétrons e sua velocidade vertiginosa para que se obtenha materializado na tela um curto ou amplo texto escrito.
Diante desses tempos de revoluções tecnológicas perturbadoras, com o incremento da informática, pensamos que há pouco tempo a Humanidade acabou de sair da perplexidade que representou para o mundo, no bojo do século XVI, a prensa de tipos móveis de Gutenberg. Os primeiros livros deixaram de ser copiados à mão, demoradamente, para serem multiplicados à vontade pelas máquinas mágicas, então, elas sim, revolucionárias.
Nos tempos que correm, agora, tem-se a sensação de que o progresso voeja no rastro das naves espaciais ou na inabordável freqüência do pensamento humano.
A palavra escrita, o texto, estará sempre nos impulsionando a procurar complementá-la com as imagens variadas que a sua leitura nos permite, enriquecendo a criatividade da mente, apesar de todo o progresso e aperfeiçoamento tecnológico.
É, pois, através da palavra escrita que encontraremos a ponte mais curta ligando nosso mundo interno, a nossa mente, ao mundo que nos cerca, o mundo de fora.
Portanto, os incumbidos pelo avanço intelectual, que instruam as massas nas ciências, nas profissões, no entendimento dos textos lidos, a fim de que aprendam a falar com segurança, a se expressar com correção e elegância, pois que se pode identificar o progresso espiritual de um povo através do seu falar.
Ivan de Albuquerque diz, ² poeticamente:

“O amor de quem ensina é, na verdade, as bases da humana felicidade, a força que impulsiona o pensamento.
Salvar da ignorância é caridade, libertando do rude embotamento”.

Bibliografia:
1)TEIXEIRA, J. Raul. Nos passos da Vida terrestre. Niterói: FRÁTER, 2005, ip. 141-142.
2)TEIXEIRA, J. Raul. Caminhos para o amor e a paz. Niterói: FRÁTER, 2005, 1.162.


Rogério Coelho
rcoelho47@yahoo.com.br

Matéria extraída do Jornal da ( FEESP ) - Janeiro 2010 - Imagem ilustrativa

terça-feira, 18 de maio de 2010

Emmanuel é o principal Espírito Santo de Chico Xavier


Pela Bíblia, o Espírito Santo é como se fosse o coletivo de todos os espíritos. Não discordando da Doutrina Espírita, que ensina que o Espírito Santo é um espírito iluminado, considero como santos todos os espíritos, no sentido de que todos eles são criações de Deus, e um dia, serão realmente santos.
Realmente, todos os espíritos humanos, em estado potencial, são santos, pois todos têm o gérmen da santidade, tal como uma semente que tem o gérmen da planta. Os chamados espíritos bons (evoluídos) são os que poderíamos denominar de Espíritos Santos propriamente ditos ou anjos bons, que já são bem evoluídos. O Espiritismo tem como espíritos puros os que já atingiram os níveis mais avançados de evolução. Os espíritos maus, ou seja, os pouco evoluídos, são os demônios ou diabos da tradição cristã. Mas para o Espiritismo, todos são espíritos humanos, sejam eles evoluídos ou atrasados. E, na verdade, todos são também demônios, já que essa palavra, de acordo com a sua etimologia grega “daimones”, significa nos originais bíblicos espíritos humanos.
No Velho Testamento, o Espírito Santo é um espírito humano. “Deus suscitou o Espírito Santo de Daniel”. (Daniel 13,45, da Bíblia Católica). Lutero tirou os capítulos 13 e 14 de Daniel. E o Espírito Santo dos teólogos só foi instituído no Concílio Ecumênico de Constantinopla (381). Por isso, são Paulo não o conheceu. Daí que ele fala, seguindo o Velho Testamento, que nós somos templos “dum” (como está no original grego) e não “do” Espírito Santo. (1 Coríntios 6,19). As frases “Cheios “do” Espírito Santo” devem ser lidas assim: “Cheios “dum” Espírito Santo”. E quando se diz que Deus enviou seu Espírito, não se trata do próprio Espírito de Deus (Enviador e nunca Enviado), mas de um Espírito do bem, de Deus.Na Bíblia, muitas vezes, se diz anjo no lugar de espírito, porque o espírito enviado, por ser um mensageiro, torna-se um anjo. Uma parte dos apóstolos e discípulos queria que o os gentios fossem circuncidados antes de se tornarem cristãos, isto é, antes de serem batizados. Entre eles estavam são Tiago e são Pedro. Outros liderados por são Paulo eram contra essa norma. Paulo foi vitorioso nessa polêmica. E Cornélio recebeu um Espírito que o instruiu para entrar em contato com Simão (são Pedro) na cidade de Jopa, onde, em transe (êxtase), Pedro recebeu um Espírito, que o corrigiu no erro de achar que somente os judeus seriam salvos. E lembremos-nos de que isso foi depois do Pentecostes. Portanto, estão equivocados os teólogos, quando ensinam que depois do Pentecostes, os apóstolos eram inspirados pelo Espírito Santo e não erravam mais! (Recomendo a leitura, na íntegra, dos capítulos 10 e 11 de Atos). Se fosse o Espírito Santo, isto é, o único e mesmo Espírito que inspirasse os apóstolos, não teria havido a citada polêmica e outras entre eles. Também num conclave de cardeais, que elege um papa, se fosse o Espírito Santo trinitário dos teólogos que inspirasse os cardeais, todos eles votariam num mesmo candidato a papa, cuja eleição se daria na primeira votação. 
Emmanuel é um espírito altamente evoluído e que nos deixou pela psicografia do médium Chico Xavier um acervo de 450 livros teológico-bíblicos, que é, sem dúvida, um dos maiores da história do cristianismo. E  como o conteúdo desse acervo se identifica plenamente com a moral evangélica, o Espírito Emmanuel é um verdadeiro Espírito Santo!

Obs.: Esta coluna, é de José Reis Chaves, que às segundas-feiras, no diário de Belo Horizonte, O TEMPO, pode ser lida também no site www.otempo.com.br Clicar colunas. Ela está liberada para a publicação. Nas publicações, fico grato pela citação de meus livros: “A Face Oculta das Religiões”, “A Reencarnação na Bíblia e na Ciência” Ed. EBM (SP) e “A Bíblia e o Espiritismo”, Ed. Espaço Literarium, Belo Horizonte (MG) – www.literarium.com.br - e meu e-mail: jreischaves@gmail.com Os livros de José Reis Chaves podem ser adquiridos também pelo e-mail: contato@editorachicoxavier.com.br e o telefone: 0800-283-7147.

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sexta-feira, 14 de maio de 2010

De lá para cá, o cristianismo primitivo bíblico e o teológico


Ser contra os erros de uma religião não é ser inimigo dela. Jesus era contra os erros do judaísmo, mas não era inimigo dessa sua religião. E Deus é contra os nossos erros, mas nos ama!
A cristologia e a soteriologia não bíblicas são duas doutrinas polêmicas. Pela cristologia bíblica, Jesus não é Deus absoluto. Se o fosse, Ele falaria em nome de si próprio e não do Pai. "Para que sejam um, como Tu, ó Pai, o és em mim, e eu em Ti; que também eles sejam um em nós" (João 17, 21 a 23); "Mas agora procurais matar-me, a mim, homem que vos tem dito a verdade que de Deus tem ouvido" (João 8,40); "Um só Deus e Pai de todos" (Efésios 4,6); "Há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo, homem" (1 Timóteo 2,3); "Meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus" (João 20,17).
Por essa correta cristologia bíblica, Jesus é o elo de ligação entre Deus e nós, o demiurgo e o logos de Platão e do evangelista João. "Há um abismo entre Jesus e Deus" (Ário). O Nazareno e todos nós somos deuses (João 10,34) relativos.
Deus absoluto é só o Pai. "O Pai é maior do que eu" (João 14,28). "Eu sou a videira, meu Pai é o agricultor, e vós sois os ramos" (João 15,1 e 5). Há uma grande diferença entre o agricultor (Deus) e a videira (Jesus)! Os teólogos ensinam que as contradições são mistérios de Deus, quando são eles que as inventaram!
Como toda religião recebe influência de outras, a soteriologia não bíblica é herança do judaísmo. Foram as epístolas paulinas que levaram a ideia dos sacrifícios judeus para o cristianismo. Daí é que ela entrou nas anotações dos evangelistas. Mas Jesus a condenou veementemente: "Misericórdia quero e não sacrifícios" (são Mateus 9,13). E mesmo no Velho Testamento há condenações dos sacrifícios. "Melhor é um bocado seco, e tranquilidade, do que uma casa cheia de sacrifícios" (Provérbio 17,1); "Agradar-se-á o Senhor de milhares de carneiros?" (Miquéias 6,7); "De que me serve a multidão de vossos sacrifícios?" (Isaías 1,11). 
Os espíritos que apreciam sacrifícios são atrasados. Como o sangue de Jesus derramado poderia ser agradável a Deus?
Como isso O teria feito voltar a sorrir para a humanidade? Deus se deleitaria com o aumento dos assassinatos?
Tenho denominado essa teologia de sacrifícios de teologia do sangue, que é abominável a Deus. E ela é a base da doutrina teológica soteriológica não bíblica, que transformou até a Santa Ceia, símbolo judaico de confraternização entre Jesus e seus apóstolos, no ritual da missa, que respeito. Mas o que Jesus lhes recomendou foi outra coisa, ou seja, que se lembrassem Dele, fazendo outras ceias de confraternização.
Houve-as somente no cristianismo primitivo. De lá pra cá, como dissemos, elas são os rituais das missas. Para os teólogos trata-se de uma repetição simbólica e incruenta (sem sangue) do sacrifício do Calvário. Mas se se trata de simbolismos, como fica nas missas o dogma do corpo verdadeiro e real e do sangue verdadeiro e real de Jesus?

José Reis Chaves
Teósofo e biblista - jreischaves@gmail.com
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quinta-feira, 13 de maio de 2010

Sairmos da vida somente pela vontade de Deus


Amados irmãos, por maiores que sejam os obstáculos que se anteponham à nossa frente, durante a existência corpórea, é mister continuarmos firmes no leme da vida, vencendo as adversidades do caminho, uma a uma, até o derradeiro instante, quando formos convidados à presença augusta de Deus, para a nossa prestação de contas.
A reflexão acima, por nós elaborada, foi dirigida a uma pessoa que sentindo-se traída pela criatura que amava, segundo comentários no local onde residia, tentou suicidar-se com a deflagração de um disparo de arma de fogo, alguns anos passados, em uma cidadezinha do interior baiano.
Essa pessoa, entretanto, teve a felicidade de escapar com vida após esse disparo desferido próximo a um dos ouvidos, face o projétil ter sido desviado, atingindo de raspão o maxilar, causando-lhe apenas fratura desse osso, sem maior gravidade para a região auditiva. Foi, como se diz comumente, um verdadeiro milagre.
A vítima, por sinal, nossa conhecida, encontrando-se conosco quando ainda fazia tratamento fisioterápico da mandíbula, confessou-se arrependida e aceitou, de bom grado, a advertência que lhe fizemos por meio da reflexão supracitada.
Em determinadas situações da vida, meus irmãos, as pessoas às vezes entram em desespero, levadas por Espíritos inferiores que as influenciam para o mal, cometendo desatinos, como entregar-se ao freqüente uso de bebidas alcoólicas, indispor-se com outros indivíduos, no lar, no local de trabalho, ou em outros ambientes, chegando ao ponto de atentar contra a própria vida, como o fez a pessoa a quem nos referimos neste artigo.
O que está faltando, afinal, para que sejam neutralizados sentimentos de desespero, aflições, infelicidade e outros tantos que infernizam as pessoas, levando por vezes algumas delas a chegarem a esses infortúnios? Todos nós que conhecemos os ensinamentos evangélicos ditados por Cristo Jesus, aos Seus Discípulos, sabemos, perfeitamente, que é justamente a ausência do conhecimento dessas lições consoladoras na vida desses irmãos sofredores.
Dentre as recomendações de Jesus para desfrutarmos de uma vida bem orientada, destaca-se fazermos costumeiramente uso da oração e da vigilância, a fim de não cairmos nas tentações do mal.
Outra advertência igualmente salutar é temos confiança em Deus e a Ele entregarmos os nossos caminhos, na certeza absoluta de que Deus tudo fará em nosso benefício.
E assim como esses ensinamentos do Cristo de Deus aqui citados, outros existem na literatura evangélica, como nos livros básicos da Doutrina Espírita e nos seus consagrados romances mediúnicos psicografados por médiuns de respeitável valor, como Francisco Cândido Xavier, Divaldo Pereira Franco, para não citarmos tantos outros de igual prestígio e notoriedade.
Concluindo, gostaria de mencionar aqui o título de uma obra mediúnica, intitulada Memórias de um Suicida, (recebida psicograficamente pela médium Yvonne do Amaral Pereira, editada pela Federação Espírita Brasileira) da conceituada Doutrina Espírita, que retrata com realismo e expressividade, o estado de aniquilamento moral do Espírito no Plano Espiritual, após o suicídio. Vale a pena ser lida e apreciada por todos os que desejem se interessar por essa modalidade de livros de instrução dos Espíritos.

Rarnon Cerqueira Coelho,
de Salvador (BA), é articulista espírita.

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quarta-feira, 12 de maio de 2010

Sobre a terapia regressiva a vidas anteriores


A terapia pela regressão de memória, podendo alcançar as vidas anteriores, é um recurso abençoado para ajudar a libertar pacientes de fobias, males e limitações diversos, cujas causas se radicam em traumas e condicionamentos de existências passadas.
Sabe-se hoje que o psiquismo humano divide-se em dois grandes grupos: o consciente e o inconsciente. O consciente é racional, analítico e tem limitado âmbito de registro, só o que poderíamos chamar de memória operativa, ligada aos fatos da vivência presente. Já o inconsciente não raciocina, mas registra tudo.
Em essência, o processo da TVP consiste em tornar o presente o conteúdo do inconsciente, nos pontos causadores de distúrbios e incômodos e usar o raciocínio para reorganizar aquele conteúdo que foi mal resolvido.
O aplicador do processo efetua, portanto, a anulação e a rematrização dos fatos infaustos. A anulação consiste na aplicação de comandos mentais, enquanto a pessoa se acha em estado alterado de consciência, para impedir as conseqüências indesejáveis no presente, sempre que as circunstâncias se repetem ou evocam aquelas em que se deram. Já a rematrização é a revivência artificial, mediante comandos verbais do terapeuta, dos mesmos fatos, sem os aspectos infelizes Por exemplo, se alguém sofre de deficiências e fobias relacionadas com viagens e contatos com pessoas estranhas e a regressão revela que, na vida anterior, essa pessoa perdeu os pais na infância e viu repentinamente esfacelada a família, sendo tirada de casa, de junto dos seus, para ser criada por estranhos (ainda que parentes), através de longa e penosa viagem, que se fixou indelevelmente na mente de forma assustadora, a anulação consiste em convencer a mente atual de que nenhuma conseqüência deve produzir no presente aquela ocorrência infeliz. Complementando, a rematrização recompõe a idéia da família organizada e segura, em que as figuras de pai, mãe, irmãos e outros familiares convivem harmoniosamente e a vida segue sem problemas, do nascimento até a fase adulta.
Como acontece a todo campo novo, a TRVP tem partidários e contraditores. Esses alegam que "se Deus quis velar ao homem os fatos de suas vidas anteriores, é que eles devem ficar ocultos; que devemos é caminhar para a frente e não voltar ao passado para rememorar antigos tormentos".
Esse argumento é facilmente contestado de vez que ninguém pode dizer com segurança se (ou até onde) Deus pretende realmente manter algo oculto ao homem.
Desde que haja caminhos para se conhecer algo, isso já não significa que o Criador deixa ao homem a possibilidade de descobrir o que interessa à sua evolução, no tempo devido? Os órgãos internos do corpo humano também estão normalmente "ocultos" ao homem, no entanto ele inventou os aparelhos de raios-X, a tomografia computadorizada e desenvolveu a cirurgia, com que vê e atua no interior do corpo, de modo a sanar as anormalidades que se apresentam, tanto quanto possível. E ninguém se lembra de condenar a Medicina por interferir no que está guardado e "oculto" pela natureza, até mesmo dentro do cofre de ossos de uma caixa craniana.
Assim também os partidários das terapias regressivas explicam que, da mesma forma que seria absurdo abrir o corpo de uma pessoa sadia, por mera curiosidade, ou até para extirpar uma parte que não esteja incomodando, é de toda conveniência fazê-lo para remover um apêndice, por exemplo, que esteja inflamado, ameaçando supurar.
De maneira que, quando pessoas ignorantes da realidade espiritual vejam com ceticismo e desaprovem a regressão induzida ao passado desta e de outras vidas, para aliviar males específicos dos pacientes, é compreensível.

Lauro F. Carvalho,
da Divulgadora do Livro Espírita, do Sanatório Espírita de Brasília,
é articulista espírita - feesp@feesp.org.br


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