segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Obsessão

 
Uma interessante matéria publicada por Allan Kardec na Revista Espírita1 utiliza a expressão loucura obsessional. O texto, que recomendamos aos leitores, é um estudo sobre os Possessos de Morzine, uma localidade em determinada região francesa, alvo de carta endereçada ao Codificador pelo capitão B. (membro da Sociedade Espírita de Paris e naquele momento radicado na cidade de Anecy). Allan Kardec publicou a carta na edição de abril2, seguida de instruções dos espíritos Georges e Erasto e ainda acrescentou lúcido comentário sobre a questão. Depois na edição de dezembro3 voltou ao assunto, desdobrando-o em bem argumentada análise.
Trata-se de uma obsessão coletiva que atingiu toda uma coletividade e Kardec usa nas duas edições referidas toda a lógica da Doutrina Espírita para explicar a questão da natureza dos espíritos e sua permanente influência junto à humanidade através do perispírito e da mediunidade. Porém, abre importante caminho no entendimento da enfermidade classificada como loucura e acrescenta que “(...) Ao lado de todas as variedades de loucura patológica, convém, pois, acrescentar a loucura obsessional (...)” E acrescenta: “Mas como poderá um médico materialista estabelecer essa diferença ou, mesmo admiti-la? (...)”1.
A questão suscita observações interessantes sobre a saúde mental. Ocorre que é grande o número de pessoas consideradas como lesionadas no cérebro e portanto internadas em hospitais psiquiátricos ou em tratamento mental ou psicológico, quando na verdade estão apenas sob forte influência de espíritos que agem ainda com ódio premeditado ou mesmo atuam inconscientemente. Claro que há, e isto ninguém contesta, os que podem ser considerados vítimas de lesões cerebrais irreversíveis com indicações claras de tratamentos ou internações inadiáveis. Mas, a influência perniciosa de um espírito desequilibrado e “que não passou de acidental, por vezes toma um caráter de permanência quando o Espírito é mau, porque para ele o indivíduo se torna verdadeira vítima, à qual ele pode dar a aparência de verdadeira loucura. Dizemos aparência, porque a loucura propriamente dita sempre resulta de uma alteração dos órgãos cerebrais (...) Não há, pois, loucura real, mas aparente, contra a qual os remédios da terapêutica são inoperantes, como o prova a experiência (...)”1, conforme acentua o Codificador.
Como sabem os estudiosos da Doutrina Espírita, a obsessão é capítulo importante no relacionamento entre encarnados e desencarnados, tendo inclusive merecido capítulo específico em O Livro dos Médiuns4 e como destacado pelo próprio Codificador o desafio está em enfrentar esta loucura aparente – pois não há lesões cerebrais –, causada pela presença e influência de espíritos maus e perversos, que constrange e/ou paralisa a vontade e a razão de sua vítima, fazendo-a pensar, falar e agir por ele, levando-a a atos e posturas extravagantes ou ridículas. Considere-se que estamos num planeta ainda dominado pelo egoísmo, onde a maioria das criaturas que o habitam – estejam encarnados ou desencarnados – estão envolvidas com interesses mesquinhos e sem finalidades educativas ou de aperfeiçoamento. E fica fácil, então, imaginar o mundo invisível formando inumerável população que forma a atmosfera moral do planeta, caracterizado pela inferioridade das lutas mundanas e dos interesses que o egoísmo, a vaidade, o orgulho ou a inveja podem criar. Para resistir a tudo isso, usando palavras do próprio Kardec, “são necessários temperamentos morais dotados de grande vigor”5.
E é interessante notar que, conforme ponderações do próprio Kardec6, “(...) a ignorância, a fraqueza das faculdades, a falta de cultura intelectual” oferecem mais condições de assédio aos espíritos imperfeitos que tentam e muitas vezes conseguem dominar as criaturas humanas através do real fenômeno da obsessão, tantas vezes confundido como loucura ou lesões no cérebro. Diante desse quadro todo, percebe-se claramente a importância do estudo e da divulgação espírita perante todas as classes de indivíduos do planeta. Nesta área da saúde, o Espiritismo vem esclarecer a obscura questão das doenças mentais, apresentando uma causa que não era considerada e constitui perigo real evidente, provado pela experiência e pela observação: o da obsessão ou influência dos espíritos sobre os seres humanos.
Por estas razões todas, além das indicações aos leitores dos exemplares da Revista Espírita e de O Livro dos Médiuns, citados na presente abordagem, é que não posso deixar de indicar com muita ênfase o estudo do livro A Obsessão – Origens, Sintomas e Curas, do próprio Allan Kardec, publicado pela Casa Editora O Clarim. Trata-se de valiosa obra, composta de textos extraídos da já citada Revista Espírita. Com tradução de Wallace Leal Rodrigues, que premia o leitor com extraordinário Prefácio do Tradutor, riquíssimo por si só pela cultura do tradutor e conteúdo doutrinário expressos no referido texto, é obra para consultas permanentes.
Breve consulta ao sumário do livro, dentre os instigantes títulos dos capítulos, destaco dois para apreciação do leitor: O mal do medo e Curas de obsessões, indicativos bem próprios e atuais de desafios constantes de nosso tempo.
Optamos por não fazer transcrições da citada obra. Ela é muito valiosa para ser apresentada em trechos parciais. É preciso mesmo tê-la em mãos e constatar por si mesmo o alcance e profundidade dos textos selecionados e ali reunidos.
 
(1) Dezembro de 1862, páginas 360, edição EDICEL, tradução de Júlio Abreu Filho.
(2) Abril de 1862, páginas 107/108, edição EDICEL, tradução de Júlio Abreu Filho.
(3) Dezembro de 1862, páginas 360 a 365, edição EDICEL, tradução de Júlio Abreu Filho.
(4) Capítulo XXIII.
(5) página 356 da edição de Dezembro de 1862 da Revista Espírita, edição EDICEL, tradução de Júlio Abreu Filho.
(6) Abril de 1862 da Revista Espírita, página 111, edição EDICEL, tradução de Júlio Abreu Filho.

Orson Peter Carrara
orsonpeter@yahoo.com.br

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sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Quando os anjos falam

A maioria dos filmes com temática espiritualista utiliza de efeitos especiais e de roteiros recheados de sustos e de suspense para prender a atenção do espectador. Na contramão desta tendência, "Quando os Anjos Falam" não possui grande recursos visuais, seu grande instrumento para prender o público é exatamente o roteiro muito bem desenvolvido e um elenco competente.

O cerne principal do filme é o encontro entre Maddy (Redgrave), uma senhora que mora só e cujo filho morreu na guerra, e James, um garoto que não consegue superar a morte da mãe e que tem problemas de relacionamento com sua madrasta. A partir deste encontro os dois constroem uma sólida amizade que trará para ambos grandes lições...

Através da mediunidade de Maddy, que recebe mensagens de seu filho, James vai adquirindo a certeza que a morte não existe, que é apenas uma passagem e que a vida espiritual é plena, e que sua mãe está viva. Essa certeza vai sendo construida ao longo do filme até que no emocionante final a comprovação definitiva vem.

O filme mostra todos esses aspectos espirituais de forma muito natural e sem precisar exibí-los, o que torna o roteiro ainda mais inteligente e conduz o espectador a uma reflexão sobre a vida no além.

Infelizmente, esse filme não teve a repercussão que deveria, mas é sem dúvida uma ótima opção para se assistir com toda a família. Mesmo para aqueles que, porventura, não crêem na vida após a morte e na comunicabilidade entre encarnados e desencarnados vai ser muito difícil não se deixar encantar e se emocionar com este filme...



Acesse o link abaixo e assista ao filme; completo e dublado.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Os católicos têm contato com espíritos santos de sua devoção


Existe uma doutrina importante da Igreja, mas pouco explicada.Trata-se da Comunhão dos Santos, que é um dogma antigo do Credo Católico citado nas missas.
Como todo dogma é doutrina polêmica, o Espírito Santo é outro, pois de espírito humano na Bíblia, ele foi transformado pelos teólogos no Espírito divino da doutrina trinitária criada por eles. Na Bíblia, o Espírito Santo é o espírito de cada um de nós. Assim, ele é uma espécie de coletivo de todos os espíritos.(Daniel 13,45, da Bíblia Católica; e 1Coríntios 6,19).
Também virou dogma a conflitante doutrina da ressurreição da carne, do corpo, pois pela Bíblia ela é do espírito (1 Coríntios 15,44). As traduções mais recentes já falam em ressurreição dos mortos, o que já é um bom progresso. O maior teólogo católico da atualidade, o espanhol Andrés Torres Queiruga, ensina em seu livro “Repensar a ressurreição”, Ed. Paulinas, que a ressurreição é do espírito, inclusive a de Jesus. O Velho Testamento fala que Jesus ressuscitaria no terceiro dia. Porém se trata da ressurreição ou aparição em nosso mundo físico para os seus apóstolos e discípulos. Mas no mundo espiritual, Ele ressuscitou mesmo no momento de sua morte. “Pai, em vossas mãos entrego meu Espírito”.
E Jesus apareceu com o seu Corpo Espiritual (1 Coríntios 15,44) materializado, ou seja, o que as pesquisas científicas de Kardec denominaram de perispírito. Mas os cristãos primitivos, por ignorância, pensavam que se tratasse do corpo morto na cruz.
Sobre a doutrina da vida eterna, creio que ela virou dogma porque os primeiros cristãos, influenciados pelos cristãos judaizantes saduceus, não acreditavam em ressurreição nem em espírito. (Atos 23,8; e Eclesiastes 9,10). Ademais, a palavra eterno era polêmica, pois, apesar de ter sido traduzida por um tempo sem fim, na verdade ela significa tempo indeterminado, indefinido, que é o sentido do vocábulo grego “aionios”. O tempo é indefinido porque depende do carma de pagamento dos pecados de cada um. Mas já havia os teólogos que pensavam que era o sangue de Jesus que pagasse os nossos pecados, pois eles achavam que o Espírito de Deus se sentisse contente, aliviado e indenizado pelo pecado de assassinato de Jesus. Além disso, eles ainda não tinham descoberto que somos nós mesmos que pagamos os nossos pecados.
“Ninguém deixará de pagar até o último centavo”. (Mateeus 5,26).
E, quanto ao dogma da Comunhão dos Santos, certamente os teólogos cristãos judeus saduceus, como vimos, contrários que eram à imortalidade dos espíritos e ao contato com eles, repudiavam essa doutrina, por ela transgredir as leis mosaicas (não as divinas do Decálogo), as quais proíbem o contato com os espíritos dos mortos, não os diabos, como dizem alguns líderes religiosos.(Deuteronômio capítulo 18). Mas de certa feita, Moisés defendeu o espiritismo, elogiando Heldade e Medade, que recebiam espíritos (Números 11, 24 a 30).
A Comunhão dos Santos ensina que os católicos podem entrar em contato com os espíritos santos de sua devoção, pedindo-lhes graças, e que os fiéis podem ajudar os espíritos com preces e missas. Isso cheira espiritismo! Seria por isso que a Igreja se preocupou tanto com a Doutrina dos Espíritos? E seria por isso que os evangélicos, herdeiros de alguns erros da Igreja Católica do passado, têm uma ojeriza doentia pelo Espiritismo e pelos espíritos santos canonizados pela Igreja?

Obs.: Esta coluna, de José Reis Chaves, às segundas-feiras, no diário de Belo Horizonte, O TEMPO, pode ser lida também no site www.otempo.com.br - Clicar colunas. Ela está liberada para publicações. Meus livros: “A Face Oculta das Religiões”, “A Reencarnação na Bíblia e na Ciência” Ed. EBM (SP) e “A Bíblia e o Espiritismo”, Ed. Espaço Literarium, Belo Horizonte (MG) – www.literarium.com.br - e meu e-mail: jreischaves@gmail.com Os livros de José Reis Chaves podem ser adquiridos também pelo e-mail: contato@editorachicoxavier.com.br e o telefone: 0800-283-7147.

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quarta-feira, 25 de agosto de 2010

O macaco invejoso


Perseguido por uma onça, um macaco subiu rapidamente numa árvore; saltando de galho em galho, alcançou outras árvores, embrenhou-se mata adentro e só parou quando se sentiu a salvo do terrível felino.
Agarrado ao galho mais alto de um frondoso jequitibá, balançava-se ao sabor do vento, praticava mil estrepolias, assobiava, fazia caretas para a onça no intuito de provocá-la.
De súbito, parou. O vôo tranqüilo de um urubu polarizou sua atenção causando-lhe inveja e despeito.
Após longos minutos de muda contemplação, sem poder conter sua indignação, clamou de forma que todos o ouvissem:
- O Criador laborou em equívoco, a natureza está toda errada! Eu, o animal mais assemelhado ao homem, dotado de alguma inteligência, no máximo consigo lançar-me de um galho para outro. Voar que é bom, não vôo, enquanto aquele desprezível abutre, que nos causa repugnância por se comprazer nas carniças, paira majestosamente nas alturas como um ser privilegiado. Protesto, isto não é justo.
De nada valeram as admoestações de outros animais que se encontravam por perto. Lá do chão, um jabuti tentou apaziguá-lo:
- Meu amigo macaco, não menospreze nem subestime o valor do corvo. Lembre-se de que ele também é nosso irmão, merece respeito, você não deve ofendê-lo dessa forma.
Fizeram coro em apoio ao jabuti o tejo, a jibóia, a lagarta e muitos outros bichos, ao que o macaco irritado respondeu:
- Que nada, o que eu não devo é ficar submisso a um capricho da natureza. Vou fazer exercícios especiais,
aprenderei a voar. Vocês, pobres acomodados, verão e prestarão reverências a mim.
Dia após dia, via-se o macaco em intensivo treinamento. Com muito esforço, conseguira em seus pulos espetaculares quase dobrar a distância alcançada por seus irmãos símios, mas não se dava por satisfeito. Queria voar, planar no espaço infinito.
Certa feita, num lance mais ousado, encheu o peito de ar, eriçou os pêlos, arremessou-se para cima, abriu os braços, como se asas fossem, na louca ilusão de suster-se solto nas alturas. Estatelou-se no chão, provocando risadas na bicharada.
Rápido como um raio, sobressaltado, aos guinchos de dor e de pavor, subiu à copa de uma grande árvore. Por pouco não fora apanhado pela onça que, na espreita, aguardava uma oportunidade.
Indiferente aos conselhos dos amigos, obstinado, o macaco não desistia. Novas tentativas, mais quedas, outros sustos.
Um dia, o tombo foi mais violento, quebrou as patas e não pôde correr. Serviu de repasto para a onça.
Acabrunhada, sua alma chegou à porta de um palácio feericamente iluminado onde foi recebido pelo porteiro que, paciente, ouviu suas indagações:
- Isto aqui é a Casa de Deus? Se blasfemei, se me rebelei contra os desígnios do Senhor, se morri antes do tempo determinado pela Providência, vitimado por minha teimosia, não estou condenado ao inferno ?
Com palavras benevolentes, o porteiro esclareceu:
- Não, meu rebelde amigo, não está. O pai é de uma bondade infinita, jamais condenaria qualquer ser ao inferno, contudo, infinita também é a sua justiça. Isto aqui é uma escola, entre, você será preparado para reencarnar, ser-lhe-á dada nova oportunidade para corrigir-se da inveja e da vaidade.
- Nascerei de novo como macaco? Peço que não seja assim. Meu sonho é poder voar.
- Meu filho - replicou bondosamente o porteiro - você, além de cultivar a paciência precisa amar e respeitar seus irmãos, aprender que tudo na natureza é criação divina e tem função definida no mundo. O urubu é imprescindível como operário da limpeza pública, é útil, não merece ser menosprezado. Por isso, você renascerá urubu.
- Dos males, o menor. - suspirou o macaco - Pelo menos, poderei voar.
- Seu pedido está anotado para ser atendido em futuro mais remoto. Você chegou aqui com as patas quebradas por ter feito mal uso delas, então voltará à Terra como um urubu de asas deformadas, não poderá voar.
Muitos são os que reencarnam cegos, surdos, mudos, coxos, manetas, mongolóides, portadores das mais diversas deformidades. Cumprem penas transitórias para corrigenda e burilamento espiritual, uma vez que Deus, bom e justo, não dá castigos eternos aos seus filhos.

Felinto Elízio Duarte Campelo
felintoelizio@gmail.com

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sexta-feira, 13 de agosto de 2010

A Filosofia nos ensina que tudo em demasia deve ser evitado


Para a filosofia, tudo em excesso é ruim, o que acaba levando a erros, principalmente nas áreas política e religiosa. E os políticos e os teólogos apelam mais para o seu egoísmo e vaidade do que para a verdade.
No Brasil, entre os erros dos exageros políticos, estão os de verbas mal empregadas, que até beneficiam outros países e, estranhamente, os de regimes de força. As conseqüências disso são a precariedade em que se encontram os setores da saúde pública e das rodovias no nosso País.
O número de médicos é deficiente. As filas para consultas são longas. As datas de atendimentos para cirurgias, mesmo as urgentes, são marcadas para meses depois. As nossas estradas, em grande parte, estão abandonadas, com os desastres multiplicando-se dia a dia.
E lembramo-nos aqui do exagerado projeto de lei da proibição da palmada em crianças pelos pais. A proibição do espancamento é bemvinda, mas a de palmada é uma medida exagerada! E será que essa lei funcionaria na prática? Ela faz-nos lembrar da de proibição do jogo de bicho, à qual ninguém obedece! Exageros nem os da Bíblia. Mas vejamos o que ela diz: “Não retires da criança a disciplina, pois se a fustigares com a vara, não morrerá.”(Provérbios 23,13).Que os nossos políticos meditem sobre o dito popular de que “palmada de mãe não dói”, e que é preferível uma criança tomar palmadas de seu pai ou de sua mãe, a tomar mais tarde, quando adulta, cacetadas da polícia.
E os teólogos ensinaram e ensinam que Deus é apenas um e que as Pessoas da Santíssima Trindade é que são três. Assim, quando alguém pergunta a um teólogo se Jesus é também Deus, ele deveria responder categoricamente que não, que Jesus é apenas uma das três Pessoas da Santíssima Trindade. Mas ele, com a cara mais limpa do mundo, responde que sim, que Jesus é também Deus, o que é uma incoerência e contra a Bíblia: “O Pai é maior do que eu”.(João 14,28). “Por que me chamas bom? Só Deus é bom”. (Marcos 10,18).E os teólogos, geralmente, acrescentam que se trata de um mistério de Deus que não podemos compreender. Mas na verdade, é mistério deles mesmos, pois eles é que criaram essa doutrina, que respeito, mas que é contraditória e que, por isso mesmo se tornou dogma. E eles tentam contornar a coisa, dizendo que Jesus é gerado e não criado. Isso é uma verborragia ou jogo de palavras, pois criar e gerar são verbos sinônimos da ação de criar ou de dar origem a um ser. A diferença é que criar pode ter um sentido mais amplo, pois pode incluir também o ato de cuidar do ser criado, enquanto pequeno. Mas quanto à ação de criar ou procriar, gerar tem o mesmo sentido. Exemplo: o casal tal gerou dois filhos famosos. Segundo o ensino de são Tomás de Aquino, pode-se dizer que Jesus não é o ser incontingente (incriado), mas contingente (criado). Que os teólogos corrijam seus exageros doutrinários. Isso é o que seria a verdadeira inovação evangelizadora de que, hoje, se fala tanto!
É mesmo verdade que tudo de mais é ruim. Que, pois, os nossos políticos e teólogos se contenham, nos seus erros de excessos, uma vez que já se foi a época do coronelismo, da fé cega e da lógica ilógica!

PS:
1) Realizar-se-á em SP, em 21 e 22-8-2010, o 6º Encontro Nacional da Liga dos Pesquisadores do Espiritismo. www.ccdpe.org.br
2) Com o esclarecimento do IBGE, a FEB altera a sua recomendação sobre o Censo. O espírita pode declarar que é espírita ou kardecista, pois o Código 610 inclui as duas palavras.

Obs.: Esta coluna, de José Reis Chaves, às segundas-feiras, no diário de Belo Horizonte, O TEMPO, pode ser lida também no site www.otempo.com.br Clicar colunas. Ela está liberada para publicações. Seus livros: “A Face Oculta das Religiões”, “A Reencarnação na Bíblia e na Ciência” Ed. EBM (SP) e “A Bíblia e o Espiritismo”, Ed. Espaço Literarium, Belo Horizonte (MG) – www.literarium.com.br - e meu e-mail:
jreischaves@gmail.com - Os livros de José Reis Chaves podem ser adquiridos também pelo e-mail: contato@editorachicoxavier.com.br e o telefone: 0800-283-7147
 
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quarta-feira, 14 de julho de 2010

A PAZ começa dentro de casa

O mundo melhor com o qual sonhamos começa no lar

Sonhamos com um mundo melhor onde paz e harmonia predominem na intimidade de cada um e na vida social. Volta e meia nos deparamos na rua e nos noticiários com campanhas, caminhadas, e passeatas contra as guerras e em prol da paz. Slogans não faltam:Diga não à violência! Guerra não! Eu sou
da paz! Paz e amor!
Muitos já buscam a paz mesmo desconhecendo-a; outros, como algumas crianças da Geração Nova, já a praticam automaticamente e sem esforço.
Inúmeras são as lutas que se travam a seu favor. Nas ruas, na imprensa escrita e falada. Paz da boca para fora. Palavras tão estéreis quanto inúteis; enquanto não tivermos consciência clara do que seja agressividade e violência.
Não tem sentido lógico, pessoas ainda agressivas e violentas nas menores ações do dia-a-dia empunhando a bandeira da paz. E o que é pior: cobrando dos outros atitudes mais pacíficas. Mais parece coisa de gente que não tem e nem sabe o que fazer; que deseja aparecer ou pretende vender alguma idéia ou produto.
Não desenvolvemos a sensibilidade de distinguir as atitudes pacíficas das agressivas em nossas atitudes diárias. Não percebemos realmente o que é violência e agressividade, exceto aquela que salta aos olhos, escabrosa e truculenta: guerras, assassinatos, agressões, estupros, tiros, facadas. E o que é pior, sentimos apenas a que nos atinge ou nos choca; mas, encaramos como normal e como nosso direito de reagir à que aplicamos nos outros, dos pensamentos às atitudes.
Somente seremos capazes de combater a violência quando aprendermos a detectá-la em nós mesmos e, quando educarmos as crianças para que sejam mansas e pacíficas, exemplificando, pois a educação é algo compartilhado e não imposto. Palavreado não seguido de atitudes coerentes não serve para nada; apenas atrapalha. Pessoas não se educam com slogans, nem com palavras de ordem, e sim na prática, com os exemplos de cada dia.
Antes de conseguirmos a paz nas ruas ela precisa ser conquistada no íntimo de cada um e no ambiente familiar. A atitude pacífica deve ser aprendida e exercitada na vida em família.
Como tudo que envolve o homem a paz não se consegue na canetada de um decreto, com teorias mirabolantes ou num passe de mágica, é uma conquista gradual, a partir do respeito pela própria vida e pela vida do outro.
Alcançaremos um estado de paz relativa, quando nos lares não houver mais: Guerra pelo poder de controlar. Competição. Mentiras. Traições. . Violência verbal. Agressão física.
Desse ponto em diante todas as lutas sociais em prol da paz serão vitoriosas.
Ainda é do nosso feitio usar palavras e frases sem parar para pensar no seu significado real; uma das muitas que usamos relacionada com o tema é: “Sou uma pessoa muito boa e pacifica, desde que não pisem no meu calo, desde que não mexam comigo!”...
Ser manso pacífico é diferente de estar em paz; muitas vezes de forma provisória, sob a ação anestésica das justificativas. Ser manso e pacífico é um estágio definitivo de conquista, no qual o indivíduo não ofende nem se sente ofendido, e vive num estado de ausência de violência sem precisar explicar nem justificar atitudes. Não precisa pedir perdão nem perdoar.
Na fase de não violência ou estar em paz, ainda precisamos perdoar e sermos perdoados de forma condicional num primeiro estágio e depois incondicional numa fase mais avançada. Nosso processo de humanização é lento e gradual; ao tentar conter impulsos agressivos o homem "troglodita" que ainda habita
em nós, dá início ao processo de humanização verdadeira, passo a passo.
Outra coisa que tomamos como verdade: afirmar que o homem agressivo e violento é um animal. É preciso que fique claro que o animal não é agressivo; apenas se defende quando é ameaçado de alguma forma; suas reações são puramente instintivas, exceto nos que convivem há muito tempo com o homem - os chamados animais domésticos possuem uma capacidade de captação mais poderosa do que o das crianças pequenas, tanto que adotam com o passar dos anos, o “ar" ou o "jeitão" dos donos e, assimilam também algo da forma de reagir das pessoas com as quais convivem, por isso eles podem se mostrar agressivos ou dóceis. Quem chama uma pessoa agressiva e violenta de animal está cometendo uma injustiça.
Interessa-nos nesta conversa, a revisão de alguns conceitos relacionados com a paz ou a falta dela segundo a ótica da educação do espírito; em especial o que acontece entre as paredes de um lar. Como nos comportamos na vida em família? Somos da paz ou da guerra? Da concórdia ou da discórdia?

Américo Marques Canhoto - Casado, pai de quatro filhos. Nasceu em Castelo de Mação, distrito de Santarém, em Portugal. Médico da família, clinica desde o ano de 1978. Hoje, atende em São Bernardo do Campo e São José do Rio Preto, Estado de São Paulo. Conheceu o Espiritismo em 1988. Recebia pacientes indicados pelo doutor Eduardo Monteiro. Depois descobriu que esse médico era um espírito.

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sábado, 10 de julho de 2010

Primeira viagem

Pílulas de vida

Marinheiro de primeira viagem, Evilásio pediu a um amigo que o acompanhasse em sua primeira visita ao centro espírita. Depois de atravessar grandes sofrimentos, desejava libertar-se do alcoolismo.
- Sozinho eu não vou. Nunca se sabe.
No dia marcado, levantou-se bem cedo, sentindo-se fraco e derrotado.
Abandonado pela família, vivia sozinho, descontrolado pelas bebedeiras.
- Parar eu quero, mas só Deus pode me ajudar... – Falava em voz alta, como se conversasse com alguém.
Sentou-se na poltrona da sala – único móvel a povoar o recinto – e aguardou o amigo. Pontualmente, Romualdo bateu na sua porta às oito horas.
- Vamos! Já está pronto? – Perguntou o amigo.
- Prontinho para morrer – Respondeu mal-humorado.
Algum tempo depois, no centro espírita, aguardavam o inicio da sessão. Depois de pronunciar uma prece, o dirigente da reunião anunciou o tema da palestra:
“Ajuda-te e o Céu te ajudará”.
Ao final da preleção, Evilásio estava impaciente.
- Ele falou bonito. E agora, o que vai acontecer, Romualdo?
- Vamos aguardar para receber o passe.
- O que eles fazem naquela sala?
- Silêncio, Evilásio. Não é permitido conversar.
As pessoas entravam na sala de passe e saiam por uma porta lateral.
- Não sei não, Romualdo...
Evilásio dirigiu toda sua desconfiança para a câmara de passe.
Seu temor se ampliou ao entrever – no abrir e fechar silencioso da porta – pessoas que se movimentavam na sala, iluminadas apenas por uma tênue lâmpada azulada.
- É sua vez, Evilásio.
- Vai você primeiro, Romualdo.
- Vamos Evilásio, você não pediu ajuda? Eles vão te ajudar!
- Precisa mesmo?
Calado, Romualdo apontou na direção da sala.
Constrangido, Evilásio levantou-se e, passos curtos e hesitantes, entrou.
Sentou-se na cadeira, fechou os olhos e balbuciou:
- Valha-me Deus, Nossa Senhora!
Foi quando ouviu um pedido:
- Pense em Jesus...
Evilásio respirou fundo e, durante alguns instantes, elevou-se, em pensamento a uma instância de paz, um remanso tranqüilo e acolhedor, onde livrou-se de um peso que carregava há muitos anos... Uma indescritível felicidade invadiu seu coração. Depois de ouvir o som de uma sineta, foi convidado a levantar-se e sair por uma porta lateral. No corredor, Evilásio sentiu um impulso irresistível. Retornou ao salão pela porta principal e, diante de um senhor idoso que controlava o acesso das pessoas à sala de passes, perguntou sorridente:
- Será que dá para repetir a dose?

Afonso Moreira Jr. é expositor e colaborador na "Federação Espírita do Estado de São Paulo", diretor responsável pelo "Grupo Espírita Geam", Rua Força Pública, 24 (Santana), São Paulo, SP. Telefone (11) 6221-1464 begin_of_the_skype_highlighting (11) 6221-1464 end_of_the_skype_highlighting, autor de obras paradidáticas e editor do Jornal dos Espíritos, e-mail afonsomoreirajr@jornaldosespiritos.com

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terça-feira, 6 de julho de 2010

As profecias bíblicas sobre a mediunidade estão se cumprindo

“E acontecerá depois que derramarei o meu Espírito sobre toda a carne; vossos filhos e vossas filhas profetizarão, vossos velhos sonharão, e vossos jovens terão visões; até sobre os servos e sobre as servas derramarei o meu Espírito naqueles dias”. (Joel 2, 28 e 29); e são Pedro (Atos 2, 17 e 18).
Nas traduções “derramarei o meu Espírito ou do meu Espírito”, não se trata do Espírito de Deus. Também nos profetas (médiuns), não é Deus mesmo que se manifesta, mas um espírito de Deus, do bem. Mas as traduções trazem Espírito com letra inicial maiúscula, como se fosse o próprio Deus, que os teólogos passaram a chamar de Espírito Santo. Recomendo aqui a obra “Espiritismo: Princípios, Práticas e Provas”, de Paulo Neto, Ed. Grupo Educação, Ética e Cidadania”, Divinópolis (MG), 2010, um livro espírita de
impacto.
Na conversão de Paulo, foi o Espírito de Jesus que se lhe manifestou e não o Espírito Santo. Quando Pedro foi libertado da prisão por um espírito santo (anjo) e foi para a casa de Maria, mãe de João (são Marcos), as pessoas, supondo que Pedro estivesse morto, acharam que fosse o seu anjo (seu espírito), e não o Espírito Santo, que lhes estivesse manifestandose. (Atos 12, 15). O Espírito de Jesus e não o Espírito Santo disse a Paulo e Timóteo que não fossem para a Abitínia.(Atos 16,7). Paulo teve uma visão de um homem macedônio e não do Espírito Santo, instruindo-o para ir para a Macedônia. (Atos 16, 9). O Espírito que apareceu a Filipe não foi o Espírito Santo. (Atos 8,29).E Pedro ordenou que os gentios fossem batizados em nome de Jesus e não do Espírito Santo. (Atos 10,48).
Você, que me lê, deve estar pensando que eu sou contra o Espírito Santo. Porém a penas defendo um estudo sério e sem dogmas da Bíblia. Eu aceito o Espírito Santo bíblico, que é o conjunto dos espíritos, inclusive o de Jesus, e não o polêmico dos teólogos instituído no 4º século. As traduções e adaptações fraudulentas de textos bíblicos, para darem apoio à teologia dogmática sobre ele e outras doutrinas, estão hoje, cada vez mais, sendo criticadas pelos estudiosos da Bíblia em profundidade, no grego e na Vulgata Latina.
Em 9-6-2010, o “Diário do Nordeste”, do Ceará, noticiou os fenômenos espirituais que estão ocorrendo na Escola de Ensino Fundamental Eduardo Barbosa, do Distrito de Cachoeira BR, no Município de Itatira, com 33 alunos, que são levados aos hospitais da região. Eles entram em transe, têm a voz transformada e depois não se lembram de nada. O padre Guilherme A. de Andrade Pessoa foi convidado para celebrar uma missa na escola.
Mas mesmo durante ela os fenômenos se repetiram. E como 3 alunos da escola morreram em acidentes, o pastor José Carlos, de Lagoa do Mato, admite que os espíritos deles precisam de preces. E porque um espírito pediu orações e missas, conclui-se que ele deve ser de um católico. Estão suspensas as aulas na escola.E o Governo do Ceará já foi informado do assunto.
Quem não vê que esses fenômenos são exemplos do cumprimento das profecias de Joel e de são Pedro, desconhece a Doutrina Espírita ou conhece-a, mas só pelas costumeiras calúnias e difamações de que sempre ela foi e ainda é vítima, justamente porque ela tem verdades bíblicas e científicas incontestáveis, que muito incomodam os profitentes de doutrinas teológicas errôneas, hoje insustentáveis, e que prestam um grande desserviço ao cristianismo!

Obs.: Esta coluna, de José Reis Chaves, às segundas-feiras, no diário de Belo Horizonte, O TEMPO, pode ser lida também no site www.otempo.com.br Clicar colunas. Ela está liberada para publicações. Seus livros: “A Face Oculta das Religiões”, “A Reencarnação na Bíblia e na Ciência” Ed. EBM (SP) e “A Bíblia e o Espiritismo”, Ed. Espaço Literarium, Belo Horizonte (MG) – www.literarium.com.br - e meu e-mail:
jreischaves@gmail.com - Os livros de José Reis Chaves podem ser adquiridos também pelo e-mail: contato@editorachicoxavier.com.br e o telefone: 0800-283-7147

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sábado, 3 de julho de 2010

A régua de Deus

A avaliação sempre foi uma tarefa complexa para os seres humanos.
Apesar disso, avaliamos continuamente as pessoas, as situações, os dias...Sempre na busca de uma idéia, uma representação em nossa mente sobre alguma questão. Essa necessidade de se posicionar, de construir uma referência no nosso mundo interior advém da nossa necessidade de segurança em relação ao incerto e ao exterior, onde nós formulamos juízos que preparam defesas e abrem sorrisos.
Jesus, no evangelho, assevera que com a medida que medirmos, seremos medidos, exemplificando a mecânica da avaliação divina, a régua de Deus. Entretanto, em um errôneo pensamento inverso, pensamos que seremos medidos pela nossa medida, julgando que a divindade se utilizará de nossa ótica para nos avaliar, crendo que Deus usará a “nossa régua”.
André Luis, pela Psicografia de Chico Xavier, no seu Conduta Espírita, nos informa que “não é a posição que exalta o trabalhador, mas sim o comportamento moral com que se conduz dentro dela”. Sabedoria profunda emana dessa sentença, que afirma que a avaliação divina é contextualizada sem ser, no entanto, vinculada a amplitude temporal o situacional do cargo. O júbilo está na interação coração-coração e não na dimensão da platéia que nos assiste. “O essencial em seu êxito não é tanto aquilo que você distribui e sim a maneira pelo qual você se decide a servir”, complementa ainda André Luis, no Livro Sinal Verde.
Ou seja, se desconhecidos ou celebridades, a Régua de Deus nos medirá na conduta que apresentamos e não na relevância do Cargo ou da empreitada.
As vezes nos detemos na busca de inaugurarmos hospitais, esquecidos dos necessitados trabalhos que estão em andamento. Buscamos as vezes descerrar placas, esquecendo do verdadeiro envolvimento com as pessoas e com a prática do bem. Cabe sempre relembrar que o saudoso Chico Xavier nos falava da necessidade de querermos encargos e não cargos. O cargo, a evidência, constituem prova para o espírito encarnado, exigindo dele grande sacrifício. Na busca de fazer o bem e colaborar, não podemos nos esquecer
que os meios geram consequencias para os fins.
Não por outro motivo a literatura espírita é farta em pessoas famosas na vida terrena confrontadas a ilustres desconhecidos, que pelos seus méritos galgaram alto nível de elevação em sua encarnação. A carne é efêmera, a Terra é a escola e a conduta reta é a medida, em que pese a nossa era da
comunicação de massa exaltar o contrário.
Celebridades ou anônimos, somos todos espíritos em evolução se alternando em papéis na nossa longa jornada evolutiva rumo a perfeição.
Amados pelo Pai criador e orientados pelo Mestre Jesus, somo todos, do átomo ao arcanjo, sujeitos aos imperativos da Lei, e dessa forma que Deus nos verá.

Marcus Vinicius de Azevedo Braga ( acervobraga@gmail.com ) é Pedagogo e Articulista Espírita, frequenta o Grêmio Espírita Atualpa, em Brasília-DF; e publicou em 2000 o livro " Alegria de servir ", pela Editora da Federação Espírita Brasileira.

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