quinta-feira, 12 de maio de 2016

“Romana Legio Omnia Vincit”


Essa expressão curiosa, título do presente artigo, um lema do exército romano criado pelo imperador Júlio César (110 a.C. a 44 a.C.), traduzida do latim, significa que “Legião Romana a tudo vence”, uma exaltação às vitórias seguidas da máquina de guerra que Roma montou e que lhe garantiu, em determinado momento histórico, a conquista de grande parte do globo terrestre e com isso influenciar toda a cultura ocidental. Hoje, está nos anais da história... 
O espírito desta frase nos remete àquelas pessoas que têm na vida um tapete vermelho, que tudo vencem e que sempre se dão bem. Ilustrados na literatura pelo Rei Midas, pelo Gastão da Disney, são antíteses do Jó bíblico, com um caminho florido e ajustado no qual tudo concorre para seu sucesso. Pessoas “Omnia Vincit”. 
Certamente, conhecemos muitas delas. Algumas pessoalmente, outras, apenas como celebridades. Com fartos atributos combinados e valorizados pela sociedade-beleza, riqueza, inteligência, fama, carisma, família estruturada-,potências que se somam ao seu esforço e dedicação, que, combinados com o que chamamos erroneamente de sorte, tem-se que em tudo que eles tocam vira ouro. 
Objeto de inveja e de admiração, esses vencedores na ótica da vida terrestre, pela visão da vida maior, carregam fardos, por vezes imperceptíveis, no orgulho e na vaidade que os atormentam, no medo do fracasso nunca experimentado, na solidão de não saber em quem confiar, nas ameaças do egoísmo que o isolam do mundo, na evidência que torna postiças suas relações. 
Seduzidos pelos gramados verdes dos vizinhos, esquecemos que essas pessoas, para as quais as coisas parecem fáceis, esforçam-se e lutam, em batalhas internas e externas, e apesar de parecer que elas tudo vencem, amargam também derrotas em campos muitas vezes desvalorizados. Imagine, estimado leitor, no exercício da indulgência, a pressão que sofrem esses vencedores... 
A doutrina espírita, pela lógica da reencarnação, vem trazer a essa questão uma outra percepção. É prova o papel de perdedor, mas também é a vitória no mundo. Nas diversas roupagens que experimentamos, crescemos na dor, mas evoluímos também pelas posições de mando e de destaque, de maneiras diferentes. Em tudo, a lógica divina aproveita para o crescimento do Espírito. O que às vezes ressoa como um canto de sereia figura como uma armadilha mortal, nos ensina bem a literatura espírita, por nos trazer uma visão ampliada. 
N’O Evangelho segundo o Espiritismo, o Espírito de Lacordaire, em bela mensagem sobre o bem e o mal sofrer, nos diz que:“(...) poucos sofrem bem, poucos compreendem que somente as provas bem suportadas podem conduzir ao Reino de Deus. (...) Tendes ouvido frequentemente que Ele não põe um fardo pesado em ombros frágeis. O fardo é proporcional às forças, como a recompensa será proporcional à resignação e à coragem”. Mas temos dificuldade no mundo, e em seus valores, de identificar o que são fardos e qual o seu tamanho, e que nestes também cabe o “bem sofrer”! 
A lei é de amor, e o amor paira além dessas relações. Muitos desses iluminados, robustos em inteligência e posses, padecem da falta dessa competência essencial e encontram na cesta de oportunidades que a vida lhes oferta um caminho para desenvolver esse amor, às vezes negligenciado. Jesus dizia que venceu o mundo...Interessante refletir sobre que natureza de vitória seria essa! 
Tudo é passageiro, é experiência, é aprendizado. Mesmo que brademos para nós mesmos que tudo vencemos, sabemos que na verdade não é bem assim. Todos somos frágeis meninos nas lutas da vida, dependendo do pão nosso de cada dia, da saúde, da família e dos amigos. Somos ovelhas do rebanho divino e ele nos pastoreia, cada um a seu jeito, conforme sua necessidade Espiritual.

Marcus Vinicius de Azevedo Braga
acervobraga@gmail.com
Rio de Janeiro, RJ (Brasil)

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domingo, 8 de maio de 2016

Predições do Evangelho


O título da presente abordagem é o mesmo utilizado por Allan Kardec no capítulo XVII de A Gênese, obra integrante da Codificação Espírita e publicada em 1868. A significativa expressão engloba estudos de Kardec sobre diferentes passagens anotadas pelos evangelistas e com a perspectiva de previsão, ou anúncio do que vai acontecer, predito, previsto até por conjectura, em recurso didático bastante utilizado por Jesus nos diálogos com seus discípulos. 
O capítulo em referência traz diversos subtítulos com essa finalidade de estudo e análise dos textos dos Evangelhos. No item 30, no texto do subtítulo Parábola dos Vinhateiros Homicidas, traz importante advertência às nossas distrações ou negligências com a evolução moral.  
Peço ao leitor ler novamente a parábola, que bem é uma predição do comportamento geral humano frente às lições de amor enviadas por Deus aos filhos, por meio de mensageiros diversos em todos os tempos, culminando com a presença viva de Jesus, que não foi compreendido e morto pela ignorância reinante. 
O notável texto de Kardec é de uma atualidade impressionante. Ele inicia assim no item citado (30): “O pai de família é Deus; a vinha que plantou é a lei que estabeleceu; os vinhateiros aos quais arrendou a sua vinha são os homens que devem ensinar e praticar a sua lei; os servidores que enviou para eles são os profetas que fizeram perecer; seu filho que enviou, enfim, é Jesus, que fizeram perecer do mesmo modo. (...)”. 
Depois prossegue no texto que desejamos destacar pensando nas desorientações generalizadas que encontramos na atualidade do planeta:

“(...) Que fizeram os homens das máximas de caridade, de amor e de tolerância de Jesus? Que fizeram das recomendações que fez a Seus apóstolos para que convertessem os homens pela brandura e pela persuasão; da simplicidade, da humildade, do desinteresse e de todas as virtudes que Ele exemplificou?!   Em Seu nome, os homens se anatematizaram mutuamente e reciprocamente se amaldiçoaram; estrangularam-se em nome d`Aquele que disse: “Todos os homens são irmãos”. Do Deus infinitamente justo, bom e misericordioso que Ele revelou, fizeram um Deus cioso, cruel, vingativo e parcial; àquele Deus, de paz e de verdade, sacrificaram nas fogueiras, pelas torturas e perseguições, muito maior número de vítimas do que as que em todos os tempos os pagãos sacrificaram aos seus falsos deuses; venderam-se as orações e as graças do Céu em nome d`Aquele que expulsou do Templo os vendedores e que disse a Seus discípulos: “Dai de graça o que de graça recebestes”. 
E conclui com sabedoria:

“Que diria o Cristo, se viesse hoje entre nós? Se visse os que se dizem Seus representantes a ambicionar as honras, as riquezas, o poder e o fausto dos príncipes do mundo, ao passo que Ele, mais rei do que todos os reis da Terra, fez a Sua entrada em Jerusalém montado num jumento? Não teria o direito de dizer-lhes: “Que fizestes dos meus ensinos, vós que incensais o bezerro de ouro, que dais a maior parte das vossas preces aos ricos, reservando uma parte insignificante aos pobres, sem embargo de haver eu dito: Os primeiros serão os últimos e os últimos serão os primeiros no Reino dos Céus?”. Mas se aqui não está carnalmente, ele o está em Espírito, e, como o senhor da parábola, virá pedir contas aos seus vinhateiros do produto de sua vinha quando o tempo da colheita houver chegado.” 
Valemo-nos, diante de tanta clareza, todavia, do capítulo XV – Fora da Caridade não há salvação, de O Evangelho Segundo o Espiritismo, onde estão os belíssimos textos d Parábola do Bom Samaritano, da Necessidade da caridade segundo São Paulo e a extraordinária “bandeira” do Espiritismo: Fora da Caridade não há salvação. 
É desse luminoso capítulo que extraímos do comentário de Kardec, no item 3: “Toda a moral de Jesus se resume na caridade e na humildade, quer dizer, nas duas virtudes contrárias ao egoísmo e ao orgulho (...)”. É aqui que queríamos chegar. As desorientações em curso, com as perturbações sociais de variados graus de intensidade, com desdobramentos desafiadores, provém do egoísmo e do orgulho. 
E Kardec abrilhanta com seu raciocínio objetivo, no mesmo item: “(...) Em todos os seus ensinamentos, ele mostra essas virtudes como sendo o caminho da felicidade eterna. Bem-aventurados, disse ele, os pobres de espírito, quer dizer, os humildes (...)”. 
A humildade é a virtude que nos tem faltado ao coração; o egoísmo ainda nos avassala os sentimentos. Paulo, o Apóstolo, nos chama a atenção em sua conhecida Epístola sobre o sentimento contrário ao egoísmo em trecho também destacado por Kardec no mesmo capítulo: “(...) A caridade é paciente, é doce e benfazeja; a caridade não é invejosa; não é temerária e precipitada; não se enche de orgulho; não é desdenhosa; não procura seus próprios interesses; não se melindra e não se irrita com nada; não suspeita mal; não se regozija com a injustiça, mas se regozija com a verdade; tudo suporta, tudo crê, tudo espera, tudo sofre (...)”. 
Percebe-se com clareza que o momento aflitivo, de conturbação, com guerras, conflitos, prevalência dos interesses pessoais em detrimento do interesse coletivo, é fruto do egoísmo ainda imperante no comportamento humano. A parábola em referência é bem uma advertência para que prestemos atenção aos "chamados” de fraternidade, incessantemente enviados ao nosso sentimento individual e coletivo. 
A conclusão da parábola – que necessita ser entendida além das palavras – é verdadeiramente um predição: “(...) o senhor (...) arrendará a sua vinha a outros vinhateiros, que lhe entregarão os frutos em sua época.”, conforme anotou Mateus no capítulo XXI, v. de 33 a 41. 
Por isso, para aqueles que nos consideramos cristãos, o apelo é direto, como afirma o mesmo Paulo, igualmente no mesmo capítulo XV de O Evangelho Segundo o Espiritismo, item 10: “(...) Submetei todas as vossas ações ao controle da caridade; (...) não somente ela vos evitará de fazer o mal, mas vos levará a fazer o bem: porque não basta uma virtude negativa, é preciso uma virtude ativa; para fazer o bem, é preciso sempre a ação da vontade; para não fazer o mal, frequentemente, a inércia e a negligência (...)”.
Ação da vontade! Afinal, conclui o apóstolo: “(...) todos aqueles que praticam a caridade são os discípulos de Jesus, qualquer seja o culto a que pertençam.”

Orson Peter Carrara

quarta-feira, 4 de maio de 2016

Um minuto com Chico Xavier


Certa vez, após uma reunião mediúnica, Chico Xavier e Waldo Vieira estavam datilografando mensagens recebidas. Chico datilografava uma mensagem de Emmanuel e Waldo, uma de André Luiz.
Um besouro que ali voava caiu na máquina de Waldo. Este o pegou e atirou-o com força na parede. O besouro levantou voo novamente e tornou a cair em sua máquina. Waldo tornou a pegar o besouro, arremessando-o violentamente no piso do aposento. O besouro, mais uma vez, levantou voo e desta vez pousou na máquina de Chico.

Chico pegou-o com todo o cuidado, abriu a janela e soltou-o lá fora, dizendo:

- Besouro, se você não conseguiu desencarnar através de Waldo é porque você é como eu: tem uma missão a cumprir no mundo. Vá com Deus!

Texto extraído do livro “Chico Xavier, Mandato de Amor”, editado pela União Espírita Mineira.

José Antônio Vieira de Paula
depaulajoseantonio@gmail.com
Cambé, Paraná (Brasil)

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sábado, 30 de abril de 2016

Serena despedida


Pareceu-nos vê-lo quando acordávamos na manhã de sábado, oito dias após sua desencarnação. Como um relâmpago, um flash. Ele dormia tranquilo, num leito completamente branco, belo, como sempre foi. Pensamos conosco: será que o visitamos? Deve estar passando pelo sono reparador, libertando o corpo espiritual da lembrança das dores que o corpo físico passou na Terra. Devemos tê-lo visitado essa noite, no mundo espiritual, pensamos.
Um irmão muito amado, um irmão querido. Apareceu com um câncer de rim, um adenocarcinoma, há cerca de um ano e meio. Como Deus é bom! Dois anos antes, tivemos uma intuição. Ele era inteligente demais. Engenheiro metalúrgico na COSIPA, muito respeitado pelos colegas, como exemplo de integridade moral e honestidade. Falava inglês, alemão, um pouco de espanhol. Visitou muitos países representando lá fora a sua indústria e o Brasil. Pensando em sua inteligência e que não tinha uma religião definida, num Natal, há cerca de três anos, demos a ele o maravilhoso livro de Léon Denis: “O Problema do Ser, do Destino e da Dor”, um dos nossos favoritos. Pensamos conosco: ele é inteligente, esse livro é muito belo e profundamente inteligente. Se um dia ele desencarnar e tiver lido esse livro, não chegará ao mundo espiritual sem conhecimento da realidade do Espírito. Ele leu o livro e adorou. Certa feita ele nos disse que devíamos trabalhar incessantemente até a vitória completa do bem na Terra. Pensamos conosco: ele está bem, conhecimento já tem, conduta reta sempre teve, chegará um dia preparado ao mundo espiritual. Aí veio o câncer.
Ele sempre foi um cavalheiro, não queria preocupar ninguém, principalmente os pais. Não queria que soubessem, para não se entristecerem. Tinha esperanças de cura e inicialmente os médicos lhe disseram que estava curado, que retirar o rim doente fora a solução. Ele passou essa informação a todos. Estava curado. Meses depois o chamaram, estava com metástases, precisava fazer quimioterapia. Somente quando viu que não havia mais esperança de cura, permitiu que os pais ficassem sabendo. Sua esposa costumava dizer que ele era um lorde, nunca perdia a educação. Quando o visitamos no hospital, em São Paulo, pela primeira vez, ele desceu conosco ao refeitório. Mesmo doente, abriu-nos a porta do elevador, puxou-nos a cadeira para sentar. Ficamos emocionada com esse simples gesto. Pensamos: - Nossa! Tínhamos esquecido isso, essa gentileza. Ainda existem homens assim!
Na segunda vez que o visitamos, seu estado já estava se agravando. Conversamos sobre o Espírito imortal e a vida, que continua além da morte. Perguntamos se ele tinha medo de morrer. Ele nos respondeu que não tinha medo, mas que gostaria de viver um pouco mais de tempo neste mundo, por isso, sua luta. Observamos sua gentileza em ação. Em nenhum momento reclamou. Cada auxiliar que entrava para ministrar qualquer medicação ou ajudá-lo no que fosse, ele cumprimentava e, ao sair, ele dizia: Obrigado. Em cinco minutos, ele falou obrigado três vezes para o mesmo auxiliar que entrava e saía. Um exemplo para todos ali, pensamos.
A expectativa era de que ele ficasse ainda na Terra mais uns quatro meses, mas o estado se agravou subitamente pouco depois. Já estávamos com a passagem comprada para visitá-lo novamente, sem sabermos da agravação do quadro, pois não havíamos sido informada da piora. Deus, no entanto, nos dá mostras incessantes de seu infinito amor.  Em nossas preces, pedíamos a Ele que não deixasse nosso irmão partir sem que nos despedíssemos. Quando entramos em seu quarto, no hospital, vimos que era questão de pouco tempo. Ele estava lúcido, consciente, apertou nossa mão, cumprimentando. Acenou para alguns engenheiros da COSIPA, seus amigos, que foram visitá-lo naquele dia e se afligiram com a piora que teve desde a semana anterior, quando o visitaram. Eram sete e meia da manhã quando chegamos, e onze horas, quando seus amigos lá estiveram. Ainda lutava. Fizemos uma prece e lhe demos um passe. Ele serenou, tranquilizou o corpo. Então lhe dissemos que ele já havia lutado demais, o corpo não obedecia mais, que se lembrasse das conversas que tivemos, que confiasse em Deus, que confiasse na imortalidade da alma, que Espíritos de escol estavam ali a ampará-lo, podíamos sentir a energia na pele, uma energia divina. Ele nos ouviu. Mais tarde, com nosso irmão que chegou, nossa cunhada e uma sobrinha, fizemos novamente uma prece. A energia no ambiente foi sentida por todos. Desencarnou em paz, às quinze horas e quarenta minutos. Uma jovem auxiliar de enfermagem que estava lá nos disse, entristecida, pois todos ali gostavam muito dele: - Só ontem ele me falou obrigado dez vezes!
Certa vez, nosso Hugo Gonçalves nos disse que Espíritos assim precisam ser lembrados. Ele não tinha uma religião. Foi um homem de bem, gentil e educado até o final. Imaginamos que um Espírito elevado o levou nos braços, quando ele se desprendeu. Pensamos que ele está bem amparado e, oito dias após, eis que o vimos, sereno, adormecido, em recuperação, para acordar sem dor, Espírito livre do jugo da matéria. Estará logo trabalhando, como ele disse, até a vitória completa do bem na Terra.
Como diz Léon Denis, no livro que acima citamos: “A própria morte pode ter também a sua nobreza, a sua grandeza. Não devemos temê-la, mas, antes, nos esforçar por embelezá-la, preparando-se cada um constantemente para ela, pela pesquisa e conquista da beleza moral, a beleza do espírito que molda o corpo e o orna com um reflexo augusto na hora das separações supremas. A maneira por que cada qual sabe morrer é já, por si mesma, uma indicação do que para cada um de nós será a vida no espaço”.
Pensemos nisso. Façamos esforços para sermos melhores, para sermos pessoas de bem e irmos em paz. Havia um sorriso leve no rosto do Vinícius, esse irmão querido, desencarnado aos 55 anos. Deve ter visto amigos queridos, quando partiu, e, como ele disse: Estamos juntos. Não importa a distância, estamos juntos. Então, para ele, boa estada no mundo espiritual e um até breve!
Para nós outros, os que aqui ficamos: sejamos cristãos sinceros, vivamos o Evangelho na conduta e melhoremos sempre mais!

Jane Martins Vilela
jane.m.v.imortal@gmail.com
Cambé, PR (Brasil)   

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terça-feira, 26 de abril de 2016

A religião mais universal é a mais atacada com erros e mentiras


Há um pequeno público, o dos materialistas, que, obviamente, negam o espiritismo. E há um grande público que o nega, porque o desconhece. Esses dois públicos formam uma maioria de descrentes nele. Somem-se a esses dois grupos os líderes religiosos contrários a ele e que mais o difamam. E o que incomoda muito esses líderes religiosos é o fato de eles viverem da sua religião, enquanto que os líderes espíritas vivem para a sua religião!
Somente, pois, são espíritas mesmo os médiuns e os indivíduos que o estudam. Mas porque ele é uma crença natural e de fé raciocinada, ele tem adeptos em todas as religiões. Daí a sua universalidade. De fato, qual povo não possui um histórico de visões e medo de espíritos? A própria Bíblia tem passagens que proíbem o contato com eles (Moisés, não Deus, em Deuteronômio capítulo 18). E se Moisés proíbe o contato com eles, é porque esse contato existe mesmo, pois ele não era doido de proibir tal contato, se ele não existisse! E Moisés proibiu essa comunicação com os espíritos, porque era muito grande a ignorância das pessoas sobre a mediunidade, além do comércio que muitos faziam com ela. Mas em Números 11: 24 a 30, ele a defende. E no tocante à reencarnação, dada a sua crença universal, dispensam-se comentários.
Muitas pessoas dizem que os espíritas se comunicam com os demônios. Mas os demônios somos nós mesmos. Sim, pois, na Bíblia, demônios em grego é “daimones” (plural) e “daimon” (singular) são os espíritos humanos. E há os maus, os mais ou menos, os bons e até os santos! A confusão sobre isso surgiu, porque todos os demônios perturbadores afastados das pessoas são maus, pois os bons não atormentam ninguém. E, assim, os teólogos concluíram erradamente que todo demônio é mau!
Hoje, os líderes religiosos, com curso superior de Bíblia, sabem disso, mas deixam na ignorância seus fiéis que não estudam a fundo a Bíblia. E escrevemos sobre essas coisas desconhecidas do povo cristão, porque não queremos cometer o pecado de omissão. Realmente, nós que escrevemos para um jornal de grande circulação como o é O TEMPO, temos que ter a responsabilidade de dizer a verdade. “Conhecereis a verdade e ela vos libertará” (João 8: 32). E as duas formas verbais “conhecereis” e “libertará” estão no futuro, pois não temos esse conhecimento agora, mas vamos tê-lo no futuro, quando já estivermos bem evoluídos.
Kardec é o verdadeiro reformador do cristianismo e de todo o espiritualismo universal, pois foi o pioneiro no estudo científico do espírito. Seus adversários, principalmente religiosos, não os cientistas, fracassaram, por completo, nos seus ataques contra o espiritismo. E, agora, como eles não têm mais sucesso nas suas mentiras, ou talvez, por ignorância sobre a doutrina espírita, eles têm apelado para a afirmação de que os espíritas não são cristãos. Mas são sim, pois Jesus ensinou que seus discípulos são conhecidos por se amarem uns aos outros e não, pois, por crerem ou deixarem de crer em determinadas doutrinas polêmicas criadas pelos teólogos e impostas pela força e não pela lógica e o bom senso. O espiritismo, simplesmente, não as segue, mas as respeita como respeita todas as crenças.
E o ele, apesar de ser a religião mais atacada, está mesmo presente em todas elas, pelo que é, realmente, a mais universal!

PS: “Presença Espírita na Bíblia”, com este colunista: www.tvmundomaior.com.br e parabólica digital.

José Reis Chaves

Prof. de português e literatura aposentado formado na PUC Minas / Escritor e jornalista colunista do diário O TEMPO, de Belo Horizonte / Palestrante nacional e internacional espírita e de outras correntes espiritualistas / Apresentador do programa “Presença Espírita na Bíblia” da TV Mundo Maior / Participante do programa “O Consolador” da Rádio Boa Nova / Tradutor de "O Evangelho Segundo o Espiritismo", de Kardec, para a Editora Chico Xavier. E autor dos livros, entre outros, "A Reencarnação na Bíblia e na Ciência" e "A Face Oculta das Religiões", Editora EBM, SP, ambos lançados também em inglês nos Estados Unidos.
Podem-se ler também as matérias da coluna de José Reis Chaves em O TEMPO, de Belo Horizonte, no seu facebook e no site desse jornal: www.tempo.com.br / Procurar colunistas. No final das matérias, há um espaço para comentários dos leitores, espaço este que se tornou um verdadeiro fórum de religiões. E qualquer um pode deixar seu comentário lá. Se não quiser que seu nome apareça, use um pseudônimo. E seu e-mail nunca aparece lá.
Obs.: Se meus livros não são encontrados em sua cidade, eles podem ser adquiridos diretamente comigo por meu e-mail ou telefone. Telefone: (31) 3373-6870

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sexta-feira, 22 de abril de 2016

Jesus, a Páscoa e o momento de ódio em que estamos mergulhados


Não posso deixar passar essa Páscoa, sem uma reflexão sobre seu personagem principal, para quem se considera cristão. E nesse momento de grande tumulto no Brasil e no mundo, com tanta violência e tão denso nevoeiro, estou pensando nos cristãos… 
Esses cristãos que compõem a maioria da população brasileira, pelo menos no censo, divididos majoritariamente entre católicos, evangélicos e espíritas. 
Esses cristãos que, em sua maioria, não fazem conta dos ensinos de Jesus. Que talvez achem que são palavras poéticas, bonitas, mas preceitos inaplicáveis na vida prática. Ou ainda que são ensinos que só possam ser pensados em relações pessoais, mas nada podem acrescentar às relações sociais, à organização política, à produção econômica… Teorias bonitas, mas utópicas, que não são para esse mundo… E no entanto, há dois mil anos que essas belas palavras estão buscando nosso coração e nossa mente e estão sendo semeadas, muito além das relações de indivíduo a indivíduo, sendo justamente o fermento de avanços em todas as áreas, no Direito, na Educação, na Política, na Sociedade, na Economia. 
Só para citar três exemplos: um ateu, como André Comte-Sponville, ou um judeu, como Erich Fromm, ou um historiador da Educação, como Franco Cambi, reconhecem que a mensagem de Jesus – essa de fraternidade universal, de igualdade, de valorização dos excluídos – permeia toda a história da civilização ocidental, sendo a base de muitas de nossas conquistas sociais, inspiração de muitos direitos concretizados, vertente do humanismo mais universal que habita mesmo doutrinas, movimentos sociais e leis, que se consideram laicos, mas carregam dentro de si, as sementes cristãs. 
E, no entanto, ainda muitos cristãos não conseguem se deixar permear por essa onda refrescante de amor, liberdade, compaixão, humanismo… que sopra das palavras e dos exemplos de Jesus. Muitos cristãos que agem com o outro, que se portam socialmente, que trabalham em seus empregos e empreendimentos, que têm uma visão da lei e da justiça, da sociedade e do mundo, em completa oposição ao que ensinou, ao que demonstrou Jesus.  
Senão vejamos! 
Como pode um cristão ser racista, se a compreensão que lhe felicita é a da fraternidade universal? Se Jesus mostrou que seus discípulos viriam do Ocidente e do Oriente e que todos seriam bem-vindos ao banquete do Reino? 
Como pode um cristão discriminar alguém por sua conduta sexual, se Jesus acolheu aqueles que eram considerados “pecadores” e fez questão de, depois de morto, aparecer em primeiro lugar para Madalena, uma prostituta, que os judeus da época julgavam que deveria ser apedrejada? 
Como pode um cristão proferir uma frase do tipo: “bandido bom é bandido morto”, se Jesus disse “misericórdia quero e não sacrifício” e ele mesmo morreu entre dois ladrões, acolhendo-os em seu amor? 
Como pode um cristão acreditar, pregar e praticar qualquer tipo de violência, armada, física, psicológica, verbal e ainda achar que a violência se justifica, quando Jesus disse que deveríamos “perdoar setenta vezes sete”, que os “mansos herdariam a terra”, e que deveríamos amar os próprios inimigos? E se ele próprio não usou de violência, mas perdoou toda a violência recebida; se deu a outra face e morreu, pedindo que Deus perdoasse seus algozes? 
Como pode um cristão lutar pelo poder, trapacear, corromper-se, aviltar-se, para se sobrepor ao próximo, espezinhando quem a ele se interponha, se Jesus disse que “veio para servir e não para ser servido” e que “quem quisesse ser o maior, que fosse o servo de todos”? Se ele, que muitos cristãos consideram como o próprio Deus, e nós, espíritas, consideramos como um Espírito perfeito, veio ao mundo, como filho de um carpinteiro, viveu sem poderes e morreu perseguido pelos poderosos? 
Como pode um cristão se esfalfar, se atirar a uma luta insana, explorando outros seres humanos, seus irmãos, se corromper, vender seus valores, trair sua pátria, pisar em todos os princípios morais, para acumular dinheiro, para possuir o excesso, quando a muitos falta o necessário, se Jesus disse ao jovem rico que o procurou para segui-lo, que desse todos os seus bens aos pobres, acrescentando em seguida, que seria mais fácil um camelo passar pelo fundo de uma agulha do que um rico entrar no Reino dos Céus? E se ele próprio, nascido na pobreza, dizia não ter uma pedra onde encostar a cabeça? 
Como pode um cristão desprezar uma criança, fechar o ouvido à sua voz, desvalorizando a infância, negligenciando-a e tantas vezes abusando e usando de vara e violência (como querem os que seguem mais o Velho Testamento do que Jesus), se o Mestre disse “vinde a mim as criancinhas, porque é delas o Reino dos Céus”? 
Como pode um cristão ser machista, desrespeitando a igualdade de direitos das mulheres, explorando-as, olhando-as como objeto, usando de violência física ou psicológica contra elas, se Jesus, num tempo em que um rabino (como até hoje entre os rabinos ortodoxos) nem sequer podia encostar numa mulher, deixou que Madalena lhe tocasse, honrou-lhe com a primeira aparição em Espírito, acolhia em seu círculo mulheres, consideradas de má vida, ou mulheres de família, incluindo-as em seus ensinos (como fez com Marta e Maria, as irmãs de Lázaro ou com a samaritana do poço de Jacó, aliás multiplamente discriminada, por ser mulher, por ser samaritana e por ter tido vários maridos…)? 
Enfim… como pode um cristão ser tão contrário a todos os ensinos de Jesus? 
E como podem nações inteiras, formadas sob a égide do cristianismo, explorarem outros povos, promoverem a guerra, atacarem os mais fracos, dominarem outras nações, exercerem a tortura e matança, ignorando a fome, a injustiça e a marginalidade em que vivem inúmeros povos em todos os Continentes? 
Como podem nações que têm suas leis inspiradas na igualdade e fraternidade, que beberam nas fontes do cristianismo, que assinaram a Declaração Universal dos Direitos Humanos, que nada mais é do que uma carta laica com uma forte herança cristã, infringirem diariamente suas próprias leis e pisotearem a cada instante essa Declaração? 
E agora, como pode um povo como o brasileiro, cujas pesquisas revelam que 99% acredita na existência de Deus, de repente estar possuído dessa fúria selvagem, digladiando-se mutuamente, cuspindo ódio e contaminando até mesmo as crianças? 
Não posso me eximir de pensar tudo isso nessa Páscoa! 
Parece que a voz do Mestre nos conclama de novo à mansuetude, à compaixão (mesmo com aqueles que consideramos que erraram), ao “não julgueis para não serdes julgados”, ao perdão incondicional e ao amor, acima de tudo! 
Parece que a fera que dorme em nós ainda pode ser despertada por uma propaganda maciça, por uma hipnose coletiva, por uma histeria popular – como foi feito na Alemanha nazista ou na Itália fascista, apenas para citar duas situações históricas muito emblemáticas desse processo em que se acorda o monstro, escondido no inconsciente coletivo. 
Isso significa o quê? Que ainda não transcendemos as sombras que habitam em nós, que nossa adesão aos valores cristãos é superficial, é fraca, ainda não conseguiu transformar totalmente a fera em ser humano. 
Paremos um instante, respiremos fundo e analisemos a situação. Estamos mergulhados num comportamento de massa, irracional e muitos destilam ódio. Paremos antes que seja tarde e lembremos de Jesus! Pode parecer piegas falar assim: mas não é Jesus, que católicos, evangélicos e espíritas dizem seguir? E que mesmo ateus admiram?
Então, não há solução, nem política, nem social, nem econômica, sem os valores essenciais que Jesus ensinou e exemplificou e esses valores são justiça, igualdade, desapego, desprendimento, humildade, compaixão… enfim, o que todos sabemos já há muitos séculos, de cor e salteado, mas que a maioria ainda não teve coragem de colocar em prática.

Dora Incontri

terça-feira, 19 de abril de 2016

Cuide bem de seu Anjo


– Se o senhor me dá licença, eu agradeço!

Ouvi a frase, dita de forma agressiva. Afastei o carrinho de compras e o deixei passar. Era um rapaz forte que andava quase levando tudo pela frente. Logo atrás dele, uma moça, olhar muito meigo, grávida, passou me dizendo baixinho:

– Desculpe-me, senhor.

Feitas as compras, entrei na fila e vi que, lá em frente, no caixa, alguém falava alto e gesticulava. Era ele. Reclamava da caixa por uma compra feita outro dia. O gerente prometera trocar a mercadoria e não o fez. Xingava a funcionária, que nada dizia. Até porque não era assunto dela. O rapaz afastou-se levando as compras e, novamente, pude ver que a moça ficou para trás para pedir desculpas à caixa. 
Normalmente, pensamos em anjos da guarda como seres celestiais invisíveis que nos protegem. Tolerantes com nossas faltas, não nos abandonam, por toda a vida. Mas há anjos que decidem fazer mais por nós: reencarnam conosco, acompanham-nos espiritual e materialmente durante a existência. Assumem perante os outros nossas faltas, dando-nos exemplos diários de resignação, solidariedade, persistência e amor. 
Anjos são Espíritos, tanto quanto nós. Não há seres privilegiados na criação. Todos temos a mesma origem e, juntos, caminhamos no rumo da evolução. Nossos anjos, por melhores que sejam, também são humanos. E nem sempre suportam a carga. Às vezes, desistem. Partem para outra. Tanto quanto nós, são livres para dar o rumo que quiserem às suas vidas. 

Por isso, cuide muito bem de seu anjo. Ele é gente. Um dia pode cansar.

Milton R. Medran Moreira
Porto Alegre, RS (Brasil)

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quinta-feira, 14 de abril de 2016

Melindre, radicalismo e consequências morais


Muito se tem falado sobre o melindre e o quanto provoca danos quando se manifesta. Apesar de muitos terem conhecimento a respeito dessa chaga moral, poucos realmente procuram trabalhar a si mesmos para que o mal do constrangimento não faça parte de suas personalidades e por isso, o melindre continua fazendo vitimas, destruindo laços de amizade e pondo em derrocada trabalhos que poderiam dar bons frutos, tanto dentro quanto fora da casa espírita.
O melindre aparece em qualquer circunstância, em todo e qualquer ambiente seja nas instituições de cunho filosófico ou religioso, no lar, no trabalho, entre vizinhos, entre novos e velhos amigos enfim, onde está o homem lá se encontra o melindre, em estado latente, e ao despertar de sua suposta hibernação provoca danos arrasadores.
Essa propensão para nos ofendermos facilmente e para fazermos de pequenos contratempos violentas tempestades, dorme no íntimo de todos e tende a estar em processo de ebulição naqueles que se julgam superiores e que, portanto supõem-se não estar no mesmo nível dos reles mortais, logo, seus desejos não podem ser contrariados, por achar que a razão é um instrumento pessoal seu.
O melindre nunca se manifesta só, traz consigo amigos também cruéis e nefastos: o orgulho, a falta de humildade e o radicalismo.
O fato de um pedido ser negado por um companheiro de jornada já é motivo mais do que suficiente para que o radicalismo melindroso se faça presente tornando o individuo rancoroso por achar que aquele que lhe negou a rogativa não é suficientemente bom para ser seu amigo e que precisa afastar-se dele.
O que o melindroso não percebe é que além de tudo ele é também egocêntrico, pois, visando apenas à realização de seus intentos, não pergunta ao outro se por acaso ele teria condições de ajudá-lo, não procura colocar-se no lugar do outro para perceber as suas limitações e dificuldades. Deveria refletir: se eu estivesse no lugar de “fulano”, com as responsabilidades que tem, teria condições de satisfazer os desejos de alguém? Até onde me seria possível ir? Quais as minhas limitações?
Precisamos nos conscientizar que nem tudo o que queremos poderá ser realizado, ainda mais quando esta realização irá depender de outros para que se efetive. Por mais amigos que tenhamos nem sempre eles poderão nos auxiliar e o Espírita, principalmente por ter acesso a informações que lhe mostram de forma clara a realidade da vida espiritual e material, deveria ter pleno conhecimento de que nem todos tem condições para tomar determinadas decisões. Quando queremos impor nossas vontades estamos sendo tão maniqueístas quanto os que criticamos por terem posições impositivas e manipuladoras. Não alimentemos o melindre, pois ele tem consequências morais devastadoras em nossas vidas, nos envereda por uma rede de negatividade e de ignorância que se tornam entraves à educação do espírito, logo à evolução, além de ser uma porta aberta para a obsessão.
Cobramos dos outros atitudes firmes, criticamos o que se  constrange entretanto agimos da mesma forma quando não somos o centro das atenções. Quais crianças, fazemos birra, porém, na criança a birra pela contrariedade sofrida logo passa, no adulto ela permanece e cria raízes malignas: ódio, solidão... Amigos deixam de se falar ao invés de procurar uma solução para o problema surgido; pais e filhos dão as costas uns aos outros e ficam assim por anos, chegando mesmo a desencarnar sem que a situação seja resolvida; irmãos deixam de se falar. O ego ferido, de acordo com Emmanuel é como um verme que destrói uma semente.
É importante nos darmos importância? Sim, precisamos cuidar de nós mesmos, porém tendo o cuidado de não ultrapassarmos limites achando que somos melhores que os outros. Essa falsa idéia de ser melhor é extremamente perigosa, pois nos deixa cheios de vaidades inúteis e não me toques que afetam a alma e o corpo físico levando-nos por vezes a quadros depressivos e ampliando o juízo de valor que nos incute que somos vitimas de injustiças e ingratidões.
Não devemos confundir favor com obrigação, ninguém tem a obrigação de nos prestar um favor, principalmente sem ter condições efetivas para isso, Respeitemos os limites do outro, suas dores, aflições e dificuldades. A tolerância, quando bem entendida é uma benção que nos faz agir com responsabilidade e com menos apego a nós mesmos. Tracemos um plano de varrer o melindre de nossas vidas, vigiando para que não se instale e procurando desfazer situações desconfortáveis que tem ele como pano de fundo.
Insegurança e baixa autoestima são estigmas provocados pelos melindres e pelo radicalismo de não querermos reconhecer quando erramos e permitirmos que a mágoa seja nosso guia. Quando criticamos e nos afastamos das pessoas por julgar que fomos desrespeitados e não procuramos entender as situações, que por vezes são criadas por nossas atitudes impensadas e desestruturadas, demonstramos que também não fomos amigo o suficiente do outro, pois se o fôssemos, entenderíamos sua posição.
Intrigas, mal entendido que parece irreversível e desânimos podem ser revertidos desde que o individuo procure conhecer a si mesmo e reconhecer seus erros. Mas para isso é preciso fortalecer-se espiritualmente, entender que a ofensa só existe porque ele permitiu que ela habitasse o seu íntimo.
Levemos em consideração, para todos os âmbitos de nossas vidas, seja na convivência no grupo espírita, na vida profissional, em família ou com amigos as recomendações que Kardec nos dá em O Livro dos Médiuns, no capítulo 24, para granjearmos a simpatia dos bons espíritos: que procuremos trabalhar em nós os vieses de consequências ruins transformando-os em condições morais favoráveis ao progresso espiritual.
Precisamos cultivar a perfeita comunhão de sentimentos, a cordialidade recíproca, a ausência de sentimentos contrários à verdadeira caridade cristã, entendendo caridade no sentido de utilidade e ter em vista um único desejo, instruir-se e melhorar-se conforme nos ensinou os espíritos superiores através de Allan Kardec.

quinta-feira, 7 de abril de 2016

Esperança


Neste novo livro, escrito por mim e por minha companheira Jô Andrade, estudamos a respeito da Esperança, estabelecendo reflexões que nos inspire a um determinado objetivo: construí-la em nós!
Analisando que algumas pessoas possuem a esperança e outras não e mesmo entre as que possuem, umas são pálidas e frágeis e outras sólidas e inabaláveis, suportando as mais difíceis provas e as mais angustiosas expiações – porque tantas diferenças?
Partindo do princípio inquestionável de que todo efeito possui uma causa que lhe dá a origem, no caso da esperança, também deve existir uma causa que a produza. Concluímos, desta forma, que a esperança é o resultado de conceitos e crenças de vários segmentos diferentes e que resultam na maior ou menor capacidade de acreditar, com maior ou menor convicção.
É neste ponto que o Espiritismo oferece grande contribuição para a construção de uma esperança sólida e racional – afinal, se a fé deve ser raciocinada, a esperança também!
Encontramos em O Livro dos Espíritos, em Da Encarnação dos Espíritos, um texto que auxilia nossa compreensão: “O Espiritismo é, pois, o mais potente auxiliar da religião. Se ele aí está, é porque Deus o permite e o permite para que as nossas vacilantes esperanças se revigorem e para que sejamos reconduzidos à senda do bem pela perspectiva do futuro”.
A construção da esperança está entre as finalidades do Espiritismo, onde destacamos do texto acima a expressão “para que as nossas vacilantes esperanças se revigorem...”, ou seja, as informações que adquirimos no estudo do Espiritismo, auxiliam a construção dela.
Porém, na base de toda sólida esperança, encontramos (também extraído do texto acima) a necessidade de ter: “... perspectiva do futuro”.
O Espiritismo bem estudado, apresenta ao homem uma visão ampla do seu destino, como resultado das próprias ações e não como uma fatalidade determinante.
Apenas o progresso, o bem e a perfeição relativa, constituem a destinação da alma humana.
Desta forma, a esperança pode ser construída em qualquer um, desde que se observe o conhecimento de algumas questões que devem preceder a essa conquista.
A confiança no futuro, somado a certeza da soberania das leis de Deus e o auxílio espiritual constante com que todos contamos, serão os catalizadores da nossa maior ou menor esperança.
Tudo isso, para que, amadurecendo e crescendo, um dia nossa esperança atinja seu grau mais alto: a certeza sobre a justiça que existe em tudo o que nos envolve!

Roosevelt Andolphato Tiago

segunda-feira, 4 de abril de 2016

Minha nada mole encarnação - Inimigas

A eficácia do tratamento através de passes

Muito apropriado

A Influência e o Exemplo

Poderia ser mais uma brincadeira de mau gosto, mas veja o que acontece quando a influência ao lado é positiva!Mensagem de Gordon B. Hinckley

Publicado por MundoemCores.com em Quarta, 10 de fevereiro de 2016

sábado, 2 de abril de 2016

02 de abril de 1910


Ele nasceu na data que dá título à presente abordagem. Sim, Pedro Leopoldo (MG) foi seu berço natal no distante 1910.  De infância pobre e sofrida, órfão de mãe em tenra idade, sua vida foi de lutas, mas deixou um legado inestimável para a cultura e a evolução humanas. 
Como é de conhecimento geral, a produção psicográfica de Chico Xavier foi intensa. Centenas de livros publicados por diferentes editoras, milhares de páginas recebidas de centenas de espíritos. Muitos desses livros foram traduzidos para outros idiomas, muitos textos compactos em mensagens objetivas e práticas, rápidas de ler, se transformaram nesses volantes avulsos impressos e distribuídos gratuitamente por todo o país e exterior. A vida de Chico, seus exemplos e casos de intensa sensibilidade e ensinos para a mente popular, se transformou em peças de teatro, foi motivo de filmes para o cinema, com grande sucesso. Mas não é só. 
Várias pessoas se debruçaram sobre seus dados biográficos, sobre os casos que viveu com os exemplos de humildade e solidariedade estendida a qualquer pessoa que o procurava, e transformaram esses casos e exemplos em motivação para outras obras que trazem a experiência da convivência com o médium. Muitas pessoas que conviveram com Chico publicaram livros sobre essa personalidade incomparável. 
O que não dizer das cartas psicografadas, também muitas delas transformadas em obras de conforto para entes queridos separados pelo fenômeno biológico da morte física? 
Mas a obra de Chico não se restringe, porém, a apenas obras de conforto e consolo. Há que se destacar também a produção literária de caráter científico produzidas pela mediunidade exemplar de Chico Xavier. Cite-se algumas obras específicas do Espírito Emmanuel e praticamente toda a obra produzida pelo Espírito André Luiz.  E isso sem contar com o perfil da recepção de versos e poesias de personalidades marcantes da cultura brasileira e portuguesa. O que não impediu também a recepção de textos em outros idiomas, muitas vezes com as duas mãos, simultaneamente, e em algumas ocasiões com a mão esquerda escrevendo de trás para frente. 
É realmente uma vida fenomenal, diferente, marcante! Uma vida que influenciou muitas outras vidas. Mais pelo exemplo que pelo fenômeno, ressalte-se. Seu perfil moral enquadra-se perfeitamente nas qualidades elencadas por Allan Kardec em O Evangelho Segundo o Espiritismo com o subtítulo O Homem de Bem, constante do capítulo XVII, item 3, que indicamos ao leitor a título de reflexão para comparação sobre a conduta de Chico e as qualidades ali elencadas pelo Codificador do Espiritismo. 
Mas ainda não é só. Chico foi indicado para o Prêmio Nobel da Paz, foi eleito O Maior Brasileiro de todos os tempos, em promoção pela rede de TV SBT, em 2012. Foi protagonista do famoso programa de TV, Pinga Fogo, da extinta TV TUPI, na década de 70, com grandes picos de audiência que o tornaram ainda mais conhecido e respeitado. 
Vários foram os programas de TV que exibiram reportagens sobre sua vida, seu legado, suas lutas e seus exemplos, muitos deles entrevistando-o diretamente, com enorme repercussão na mídia. Chico também recebeu vários títulos de Cidadania, de mais de uma centena de cidades brasileiras. Um Memorial foi construído em Uberaba (MG) para preservar sua memória e muitos eventos pelo país todo homenageiam seu nome querido. 
Soma-se a tudo isso, ainda, o título de Maior Brasileiro da História, em votação popular pela revista Época, em 2006, e eleito também o Mineiro do Século XX, em votação promovida pela TV Globo Minas, em 2000. Além da Comenda Paz, outorgada pelo Governo de Minas Gerais, em 1999. Isso sem dizer das inúmeras personalidades famosas que igualmente o procuravam, de artistas a políticos e cientistas internacionais. 
E ele, muitas vezes centro das atenções e de disputas – inclusive jurídicas, permaneceu intocável na moralidade e na humildade. Perfilou sua vida com exemplos de simplicidade e modéstia, deixando um legado exemplar de conduta moral inquestionável. Seja pelo desprendimento – tudo que lhe chegava às mãos como manifestação de gratidão ele repassava para os necessitados que o buscavam – ou pela humildade que o caracterizou durante toda a vida. 
Sua fidelidade ao Cristo emociona, sensibiliza, toca o coração!
Não há como não se emocionar diante de sua figura simples, frágil, mas saturada de bondade e compreensão. É o que mais lhe marca a personalidade. Apesar de sua sabedoria e grandeza, não demonstra isso em nenhum gesto ou atitude. Vive simplesmente o amor. 
Não é por acaso que foi chamado o Homem Amor. Nossa homenagem, pois, de gratidão, à sua data natalícia: 02 de abril...

Orson Peter Carrara

terça-feira, 29 de março de 2016

Mediunidade sempre existiu. Espiritismo só a partir de Kardec


O fenômeno mediúnico sempre existiu, pois é uma habilidade inata que todos os homens possuem, em maior ou menor grau. Sua utilização, entretanto, nem sempre foi bem orientada.
Nos primórdios da humanidade, era praticada apenas pelos chamados “iniciados”, ou seja, homens ou mulheres especialmente treinados e que, muitas vezes, a exerciam com fim egoísta e material. Essa é a razão pela qual Moisés chegou a proibir o intercâmbio mediúnico (Deuteronômio, Cap. 18, vs. 9-12), embora Moisés também fosse médium, o que bem demonstra que a sua intenção não era condenar a mediunidade, mas coibir os abusos então existentes. 
Mais tarde, a passagem de Jesus entre nós marcou a “liberação” do uso da mediunidade, já que Ele, em muitas passagens, afirma, ensina e exemplifica a prática mediúnica. É interessante observar que, no Novo Testamento, não há uma única passagem em que a proibição de Moisés seja mencionada. O próprio Mestre estimulou as faculdades mediúnicas nos discípulos (“conferiu-lhes o poder”), ordenando que trabalhassem com elas (“curai os doentes, ressuscitai os mortos, purificai os leprosos, expulsai os demônios”) (Mt. 10, vs. 1 e 8.) 
Alguns séculos depois, ignorando a postura de Jesus, as religiões dominantes tentaram novamente proibir a mediunidade. Não lhes interessavam as revelações dos Espíritos tais como a lei de que a semeadura é livre, mas a colheita é obrigatória, nesta ou numa próxima reencarnação, ou ainda que Jesus não se sacrificou para “pagar” pelos pecados de toda a humanidade, mas sim para nos mostrar o verdadeiro caminho da salvação. E assim por diante, ou seja, nada das lendas que interessavam ao poder religioso a fim de manter o domínio das mentes.
Como sói acontecer em tais situações, passaram então a inventar mentiras, do tipo “a mediunidade é obra do demônio”. E perseguiram de forma implacável os que a praticavam, sob a acusação de serem feiticeiros.
Entretanto, não se pode proibir aquilo que faz parte das leis naturais, da mesma forma que não se pode insistir que o Sol gira ao redor da Terra, quando a ciência prova o contrário...
Como toda semente só germina em terra fértil e na época certa, os desígnios superiores aguardaram o passar dos séculos, até que as luzes intelectuais e científicas permitissem uma discussão menos fanática sobre o tema.
E foi aí que surgiu o Espiritismo, com a publicação de O Livro dos Espíritos, organizado por Allan Kardec, em 18 de abril de 1857, marco da nova fase da evolução humana.
Primeira pergunta de Kardec aos Espíritos, contida nessa obra: que é Deus? (Atenção ao detalhe, que e não quem). E a resposta: “Deus é a inteligência suprema, causa primeira de todas as coisas”.
E segue com perguntas e respostas cada vez mais oportunas e inteligentes sobre a justiça e o perfeito equilíbrio das leis divinas.

Pedro Fagundes Azevedo
Ex-presidente da Legião Espírita de Porto Alegre, é jornalista.
tvp-sul-az@uol.com.br
Porto Alegre, RS (Brasil)

Imagem ilustrativa

sexta-feira, 25 de março de 2016

Um minuto com Chico Xavier


O Chico é um ser emocionante, eis a expressão que melhor traduz a sua personalidade. Situa-se ele para muito além da dimensão que possa conceber.
Muito haverá que se falar de Chico, no futuro, além do que agora se fala. Casos sobre ele e relacionados com ele multiplicar-se-ão quase ao infinito. Muitos há ignotos e, desses muitos, alguns vêm à tona de quando em vez.
O narrado em frente é um deles. E, dada a pureza e simplicidade de linguagem da principal protagonista, Maria Helena Falcão dos Santos, advogada e esposa de meu prezado colega magistrado, Clodoaldo Moreira dos Santos, ora na inatividade, transcrevo-o "ipisis litteris":

"Há dezesseis anos, mais precisamente no dia 13/04/1975, sofri o maior golpe da minha vida.
Tinha verdadeira adoração por minha mãe. Nossa afinidade era muito grande. Na manhã daquele dia fatídico, estava eu fazendo a mamadeira para o meu filho caçula, quando o neto mais velho de minha inesquecível mãe e que com ela morava chegou em minha casa gritando: ‘Tia, a vovó está morrendo!’
Sem acreditar, pois à tarde do dia anterior ela tinha passado comigo e estava bem, corri até a sua casa, que era perto da minha, e a encontrei já sem fala, deitada em sua cama. Peguei-a nos braços e, chegando ao alpendre da casa, pedi a um vizinho, que ia passando de carro, que, pelo amor de Deus, nos levasse ao Hospital Santa Helena.
No banco de trás do carro eu sentia que todo o mundo desabava sobre mim. Minha santa mãe, com seus lindos olhos azuis, me fitava com todo o carinho que lhe era peculiar.
Eu, em desespero, passava a mão em sua cabeça e rezava. De repente, ela estremeceu e aquela luz tão forte, que emanava de seus lindos olhos azul, desapareceu. Os olhos ficaram opacos, sem vida.
Minha adorada mãe tinha acabado de desencarnar em meus braços. Entrei em desespero e nada mais fiz conscientemente disseram-me, depois, que, na hora do sepultamento, tiveram que me tirar a força de cima do caixão.
Sofri demais. Não conseguia tirar da minha mente seus olhos opacos, sem brilho que tanto os embelezava.
Com o passar dos anos, lendo muitas obras espíritas e cuidando de meu amado pai que, depois de três anos de sofrimento no leito, também retornou ao Além, pude ter outra visão do mundo, das pessoas, da morte. Porém, persistia em mim a lembrança sofrida dos olhos sem vida de minha mãe.
Acalentava o sonho de um dia ver o médium Chico Xavier. Há seis anos, dez depois do desenlace de minha adorada mãe, fui surpreendida com o telefonema de uma amiga, dizendo que o Chico estava em Goiânia e que estaria na Colônia Santa Marta, às 13 horas. Fiquei muito feliz e pensei: hoje vou realizar o meu sonho de vê-lo! Pelo menos de longe!...
Troquei rapidamente de roupa e, ao sair de casa, senti um desejo incontrolável de pegar uma florzinha do pé de manacá que minha mãe adorava e havia plantado para mim. Peguei a florzinha e, fechando-a na mão, dirigi-me para a Colônia.
Ao ver Chico Xavier passar por mim, fui invadida por forte emoção e senti um desejo muito grande de falar com ele. Vi que ele se sentou em uma cadeira e as pessoas, que eram muitas, formavam fila para cumprimentá-lo. Entrei na fila. Sentia a florzinha na minha mão, que eu conservava fechada, e algo me dizia que continuasse assim. O Chico estendia a mão e cumprimentava um a um.
Quando chegou a minha vez, para meu espanto, ele, cabisbaixo, estendeu a mão para mim, só que com a palma virada para cima, como à espera que fosse colocado algo. Eu, imediatamente, sem saber por que, coloquei em sua mão a florzinha de manacá, que só eu sabia estar fechada em minha mão. Ele, ainda com a cabeça baixa, abriu o paletó e guardou-a no bolso interno do mesmo. Só aí levantou a cabeça e me encarou. Sentia eu uma grande emoção. Meu rosto estava banhado pelas lágrimas. Queria dizer alguma coisa, mas não conseguia.
Ele, então, me disse:

– ‘Minha filha, os olhos dela brilham mais que a água marinha mais pura que possa existir neste planeta’.

E olhava para o meu lado, como se visse alguém. Eu, que já estava totalmente embargada pela emoção, entendi que ele estava vendo minha adorada mãe, ali, ao meu lado, mais viva do que nunca e que os olhos opacos e sem vida, cuja lembrança tanto me doía e fazia sofrer, não existiam.
Dominada por intensa emoção, afastei-me daquele santo homem, sem dizer uma palavra, mas com a certeza de que minha mãe estava muito bem e que seus belos olhos azuis brilhavam ainda mais que antes.”

Depoimento de Weimar M. de Oliveira, em artigo publicado na Folha Espírita de maio/2002.

José Antônio Vieira de Paula
depaulajoseantonio@gmail.com
Cambé, Paraná (Brasil)

segunda-feira, 21 de março de 2016

Vinha de Luz


Em carta publicada nesta mesma edição, Rosane Machado Xavier da Silva, de Alvorada (RS), solicita-nos esclarecimentos sobre a correta interpretação da mensagem intitulada “Facciosismo”, constante do cap. 36 de Vinha de Luz, obra mediúnica escrita por Emmanuel por intermédio de Francisco Cândido Xavier.

A mensagem citada reproduz, em seguida ao título, o seguinte versículo:

"Mas se tendes amarga inveja e sentimento faccioso em vosso coração, não vos glorieis nem mintais contra a verdade." (Tiago, 3:14.)

Eis o teor integral do texto escrito por Emmanuel:

“Toda escola religiosa apresenta valores inconfundíveis ao homem de boa vontade. Não obstante os abusos do sacerdócio, a exploração inferior do elemento humano e as fantasias do culto exterior, o coração sincero beneficiar-se-á amplamente, na fonte da fé, iluminando-se para encontrar a Consciência Divina em si mesmo. 
Mas, em todo instituto religioso, propriamente humano, há que evitar um perigo – o sentimento faccioso, que adia, indefinidamente, as mais sublimes edificações espirituais. 
Católicos, protestantes, espiritistas, todos eles se movimentam, ameaçados pelo monstro da separação, como se o pensamento religioso traduzisse fermento da discórdia. 
Infelizmente, é muito grande o número de orientadores encarnados que se deixam dominar por suas garras perturbadoras. Espessos obstáculos impedem a visão da maioria. 
Querem todos que Deus lhes pertença, mas não cogitam de pertencer a Deus. 
Que todo aprendiz do Cristo esteja preparado a resistir ao mal; é imprescindível, porém, que compreenda a paternidade divina por sagrada herança de todas as criaturas, reconhecendo que, na Casa do Pai, a única diferença entre os homens é a que se mede pelo esforço nobre de cada um.” (Vinha de Luz, cap. 36.) 

Antes de qualquer comentário, é importante lembrar o significado da palavra facciosismo, substantivo comum derivado do adjetivo faccioso acrescido do sufixo “ismo”. 
Facciosismo significa: qualidade de faccioso, parcialidade; sectarismo, paixão partidária. É o mesmo que faciosismo ou facciosidade. 
Emmanuel afirma que tal sentimento é altamente pernicioso porque adia, indefinidamente, as mais sublimes edificações espirituais. 
A fé religiosa, seja ela qual for, não poderia jamais ser motivo de discórdia, de ódio, de separação entre as pessoas, fato que, infelizmente, como a História registra, tem sido uma constante nas relações entre católicos e protestantes, entre muçulmanos e cristãos, entre evangélicos e espíritas, como se Deus não fosse o Pai de todos nós, mas tão somente daqueles que rezam pela mesma cartilha. 
Enquanto o sectarismo, a paixão partidária, a parcialidade comandarem as ações humanas, dificilmente a fraternidade se tornará na Terra um sentimento comum a todos os povos, independentemente de suas convicções religiosas ou políticas. 
Somos todos irmãos e filhos do mesmo Deus. 
Não existem, pois, motivos reais para que sejamos facciosos. 
É esse o ponto central da mensagem de Emmanuel. 
Como ele nos propõe, é absolutamente imprescindível que compreendamos a paternidade divina por sagrada herança de todas as criaturas e reconheçamos que, na Casa do Pai, a única diferença entre os homens é a que se mede pelo esforço nobre de cada um, e não pela cor de nossa pele, pelos nossos saldos bancários ou pela crença que orienta os nossos passos. 

Sem fraternidade, – escreveu certa vez Allan Kardec, ao comentar o conhecido lema da Revolução Francesa –, não haverá liberdade real nem igualdade no mundo em que vivemos.

Astolfo O. de Oliveira Filho
Londrina, Paraná (Brasil)

Imagem do livro

quarta-feira, 2 de março de 2016

Tensão ou harmonia nos grupos espíritas


Da preciosa coleção da Revista Espírita (editada por Kardec no período de 1858 a 1869), extraímos para o leitor pequeno trecho do texto Organização do Espiritismo – publicado na edição de dezembro de 1861 –, cuja atualidade impressiona face aos desafios sempre encontrados pelas instituições e grupos no que se refere aos relacionamentos entre seus integrantes.
A velha questão dos melindres de suscetibilidades, dos conflitos de opinião e daí os desdobramentos próprios da desorganização das ideias diferentes, leva muitas iniciativas ao fracasso, interrompe bênçãos de trabalho, afasta valorosos cooperadores, com prejuízos evidentes à proposta espírita.
Como o fim do Espiritismo é essencialmente moral, espera-se que busquemos nesse esforço do auto aprimoramento as bases de nossa atuação individual e coletiva, para não ocorrência dos prejuízos bem próprios de nossa condição humana.
Acompanhemos o pequeno trecho selecionado, que se refere aos grupos:

“(...) Se eles forem formados de bons elementos, serão tantas boas raízes que darão bons rebentos. Se, ao contrário, são formados de elementos heterogêneos e antipáticos, de espíritas duvidosos, se ocupando mais da forma que do fundo, considerando a moral como a parte acessória e secundária, é preciso se prever polêmicas irritantes e sem desfecho, melindres de suscetibilidades, seguido de conflitos precursores da desorganização. Entre verdadeiros espíritas, tais como os havemos definido, vendo o propósito essencial do Espiritismo na moral, que é a mesma para todos, haverá sempre abnegação da personalidade, condescendência e benevolência, e, por consequência, certeza e estabilidade nos relacionamentos. Eis porque insistimos tanto nas qualidades fundamentais. (...)”

A sempre constante questão dos conflitos ou da harmonia está no comportamento individual que se reflete diretamente nos grupos. Exatamente aquele comportamento de boa vontade que busca superar o egoísmo e a vaidade para o bem coletivo. Quando nos fechamos em pontos de vistas, quando nos achamos melhores que os demais, quando pensamos que nossa opinião é a melhor, quando não valorizamos o esforço alheio ou quando optamos pelos tristes caminhos do orgulho, serão nossos acompanhantes a irritação, a intolerância e seus desdobramentos próprios.
Quando, todavia, optamos pelo caráter solidário dos relacionamentos, quando desejamos sinceramente o bem de todos ou direcionamos nossas ações para a permanência da harmonia, os frutos de nossas realizações conjuntas serão doces e sempre com benefícios gerais que extrapolam os limites do próprio grupo, pois que se irradiam de si mesmo em favor de muitos.
É que o afeto é capaz desses prodígios. O afeto há que ser construído, valorizado, conquistado, estimulado, vivido e cultivado.
Será de muito oportunismo uma releitura do texto Organização do Espiritismo, especificamente voltado à formação ou manutenção de grupos espíritas.

Orson Peter Carrara 

domingo, 14 de fevereiro de 2016

Eutanásia e aborto: novo Nazismo?


Certamente todos nos lembramos das práticas horríveis do nazismo, na II Guerra Mundial, onde a loucura de um homem pretendia criar uma raça pura e forte.
Parece coisa primitiva, mas... foi ontem, há 70 anos atrás!!!
Em pleno século XXI, o Homem vive as maravilhas da tecnologia, que muito tem contribuído para o seu bem-estar, e melhores condições de vida no planeta Terra.
Este mês (Fevereiro de 2016), em Portugal, um jornal semanário dava destaque a uma petição a favor da eutanásia, assinada por cerca de 100 pessoas, consideradas "ilustres" na sociedade.
Apelam ao direito de morrer com dignidade, como se morrer, fosse indigno.
Apela-se ao fim do sofrimento, como se o sofrimento não fosse uma presença contínua, na vida de todos nós.
Porque matar os idosos que sofrem, e não os jovens ou os adultos saudáveis, com vários tipos de sofrimento?
Entende-se este ponto de vista, quando o Homem, tendo perdido o Norte de Deus, e vivendo dentro do paradigma materialista (o materialismo foi morto pela Física, ao declarar que não existe matéria, mas sim energia em vários estados), pense que a eutanásia é a saída limpa do sofrimento.
Tola ilusão...
Em meados do século XIX, apareceu a Doutrina dos Espíritos (Espiritismo ou Doutrina Espírita) que veio demonstrar, à saciedade, que somos seres imortais, que a vida continua além da morte do corpo de carne, e explicar o porquê da dissemelhança de oportunidades nesta vida, tendo em conta a Lei da Reencarnação, e a consequente Lei de Causa e Efeito.
Hoje em dia, não é possível alegar desconhecimento, pois, este abunda ao som de um clique, no teclado de um computador.
Investigadores e cientistas de todo o mundo, não espíritas na sua maioria, têm vindo desde meados do século XIX até aos dia de hoje, a comprovar as teses espíritas.
Não sendo o Homem senhor da Vida, não tem o direito de decidir pela morte deste ou daquele. A legislação humana, retrata, de certo modo, o seu estado evolutivo, espiritualmente falando.

O estudo sério e sistemático da Doutrina Espírita, dá ao Homem
uma compreensão holística da Vida, fazendo-o entender do porquê da vida, suas dissemelhanças e as consequências dos nossos actos nesta vida,a repercutirem-se em vidas posteriores.

Estudando a doutrina espírita (que não é mais uma seita nem mais uma religião) verificamos que a dor, diversificada, aparece como factor auto-correctivo para o ser humano, propiciando-lhe assim, nesses momentos, longos e fecundos momentos de meditação, sobre os valores reais da Vida, e qual o objectivo da mesma.
A pessoa que, de livre vontade, se mata pelo processo da eutanásia, entra no mundo espiritual na grave condição do suicida, e os médicos que o matam, mesmo que "legalmente", de acordo com as leis dos homens, assumem o ónus de homicidas, ónus esse do qual não se furtam, pois que radicam na sua consciência. Uns e outros, voltarão noutra reencarnação, com dolorosos processos de culpa, quando não marcados por dolorosas limitações físicas, como acontece com a maioria dos suicidas.
Quando se tenta liberalizar o aborto, como condenar Hitler?
Quando os médicos aconselham mães a abortar porque foi detectada uma anomalia num determinado gene do bebé, como condenar Hitler?
Quando se pretende "legalizar" a matança de doentes terminais, sob a pretensa dignidade de morrer (como se a dignidade dependesse do estado exterior do corpo carnal), como condenar Hitler?
Conta-se, que certo dia uma mãe adentrou o consultório do seu ginecologista. Desempregada, com um filho de 5 anos, estava grávida e, tendo em conta a vida difícil do ponto de vista monetário, queria abortar, pois dizia não conseguir criar sozinha dois filhos. O ginecologista fez então a seguinte proposta: se abortasse, corria risco de vida, quer a mãe, quer o bebé. Assim sendo, seria mais lógico matar o filho de 5 anos e deixar nascer o bebé. A mãe saiu furiosa, porta fora...
Afinal... onda estava a diferença?
Seria útil que os nossos legisladores, médicos, políticos, governantes, estudassem espiritismo, como já acontece em muitos países, a fim de melhor entenderem quem somos, de onde viemos, o que estamos na Terra a fazer, e para onde vamos após o decesso físico.

Matar?
Jamais,... seja qual for o pretexto...

José Lucas

domingo, 7 de fevereiro de 2016

Exilados de Capela

EXILADOS DE CAPELA(belísimo video)

Publicado por Margarida Oliveira em Terça, 19 de janeiro de 2016

sábado, 6 de fevereiro de 2016

Ponderação de lucidez


O que se vai ler abaixo é trecho de um pronunciamento de Allan Kardec, em 6 de outubro de 1865, na reabertura das sessões da Sociedade Parisiense de Estudos Espiritas, e que contém atualíssima e feliz ponderação do Codificador – dirigida aos espíritas de sua época e perfeitamente cabível nos dias atuais do movimento espírita e mesmo para nossa condição de cidadão –, publicada na íntegra na edição de novembro de sua Revista Espírita, do mesmo ano, que recomendamos aos leitores. Aqui destacamos um único parágrafo, valioso por si mesmo.

 Vejam:

R. E. novembro de 1865: «Deus me guarde de ter a presunção de me crer o único capaz, ou mais capaz do que um outro, ou o único encarregado de cumprir os desígnios da Providência; não, este pensamento está longe de mim. Neste grande movimento renovador tenho a minha parte de atuação; não falo senão daquilo que me concerne; mas o que posso afirmar sem vã fanfarrice, é que, no que me incumbe, nem a coragem, nem a perseverança, me faltarão. Nisso jamais falhei, mas hoje que vejo o caminho se aclarar de uma maravilhosa claridade, sinto minhas forças crescerem, não tenho mais dúvida e graças às novas luzes que praza a Deus me dar, estou certo, e digo a todos os meus irmãos, com toda a certeza que jamais tive: coragem e perseverança, porque um esplendoroso sucesso coroará vossos esforços.”.

A seleção parcial está dentro de um contexto geral, cuja íntegra do texto trará ao leitor esclarecimentos valiosos de atuação espírita. Destacamos, todavia, esse parágrafo específico pela evidência da humildade de Kardec, ao lado de intensa força pessoal construída sobre virtudes que todos podemos valorizar nesses tempos de imensa dificuldade social: coragem e perseverança.
Embora seu extraordinário trabalho de organização do corpo doutrinário do Espiritismo com as instruções colhidas dos espíritos, ele não se coloca em posição superior a ninguém, reconhece que todos tem sua parte de ação no programa geral de expansão do pensamento espírita.
Esse reconhecimento da parte de trabalho que cabe a cada um de nós no concerto geral de evolução do planeta, onde se inclui naturalmente o próprio esforço pessoal nesse objetivo, é o primeiro passo que vacina contra vaidades ou pretensões desconectadas com nossa condição de filhos de Deus destinados à felicidade.
Todos podemos oferecer nosso trabalho, nosso esforço. Se soubermos agir com lucidez, se nos respeitarmos mutuamente, usando as ferramentas da coragem e da perseverança – como destaca o Codificador – um esplendoroso sucesso coroará vossos esforços, usando as palavras do próprio Kardec em seu discurso.
E o que seria esse sucesso senão a vitória sobre nós mesmos, no domínio das paixões e imperfeições que ainda trazemos, no cumprimento do dever, do esforço pela conquista de virtudes, na luta pelo progresso. Exemplo claro trazido pela conduta do codificador do Espiritismo, que não se deixa vencer pela postura vaidosa ou orgulhosa, embora todo o trabalho que estava em suas mãos.

A Revista Espírita é riquíssima fonte desses ensinamentos. Recomendo-a com ênfase aos leitores.

Orson Peter Carrara

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