terça-feira, 1 de novembro de 2016

Reorganização do blog


Infelizmente já há alguns dias a GOOGLE retirou sem nenhum aviso prévio todos os links que davam acesso a uma infinidade de materiais de vídeo, áudio, bibliotecas da literatura espírita, entre inúmeros outros recursos para estudo sistematizado da doutrina. Nunca houve nenhum impedimento em nível de autorização por parte dos outros sites, somos todos unidos em prol da divulgação, até mesmo a GOOGLE  ainda fornece os mesmos gadgets que eu utilizei para criar a pagina ora referida.
Sendo assim peço desculpas aos que utilizavam esses recursos, estarei verificando uma nova solução para realocá-los, acredito que por ser gratuito este serviço da GOOGLE, eles limitaram a quantidade de espaço, vou reorganizar o blog, mas estarei publicando os artigos semanais.

Sem mais,

Alencar Campitelli

quarta-feira, 26 de outubro de 2016

Não fique atolado no passado


O passado constitui a base para a edificação do presente,
com os olhos postos na felicidade do futuro 

“Aceite o passado como passado, sem negá-lo ou descartá-lo. Tenha suas lembranças, mas não viva no passado.” -      Morrie Schwartz 

Morrie Schwartz estava morrendo... Durante mais de três décadas fora um daqueles professores que marcam especialmente a vida dos alunos. Ensinou Sociologia na Universidade Brandeis, em Waltham, Massachusetts, por 35 anos, antes de aposentar-se...
Pouco antes de morrer, já completamente paralisado sobre o leito, depois de inglória luta contra uma insidiosa enfermidade conhecida pelo nome de esclerose lateral amiotrófica (ELA), ou doença de Lou Gehrig, ditou suas reflexões, enfeixadas no livro intitulado: “Lições Sobre Amar e Viver”, da Editora Sextante, do qual extratamos parte do capítulo cinco:

“(...) Viver no momento presente não significa rejeitar o passado; significa reagir a qualquer coisa que esteja ocorrendo agora. Se ficarmos pensando no passado, estaremos presos a ele em termos emocionais. Não são só os idosos ou pessoas com doenças graves que têm motivos para remorsos. Todos nós, no correr da vida, em algum momento pensamos: ‘se ao menos eu tivesse agido assim; se ao menos eu me tivesse casado com aquela pessoa; se ao menos eu tivesse dado aquele passo na minha carreira’. Se nos deixamos dominar por esses pensamentos, ficamos atolados no passado, o que é um grande desperdício de tempo. Em vez disso, olhemos para o passado e perguntemos: o que posso aprender com ele? Como ele pode me ajudar aqui e agora?”

APRENDA A SE PERDOAR E A PERDOAR OS OUTROS...

“(...) O perdão enternece o coração, esgota o rancor e dissolve a culpa.”

M. Schwartz.

A epígrafe acima tem o mesmo sentido daquela proferida por José, Espírito protetor, registrada há décadas no livro terceiro da codificação espírita[1]: “(...) sede indulgentes, meus amigos, porquanto a indulgência atrai, acalma, ergue; ao passo que o rigor desanima, afasta, irrita!...”

Completa M. Schwartz: “(...) somos excessivamente rigorosos conosco mesmos pelo que não realizamos ou pelo que deveríamos ter feito. O primeiro passo é perdoar-se por tudo aquilo que você não fez e que deveria ter feito, assim como por tudo o que fez e que não deveria ter feito. Livre-se da culpa. Sentimentos negativos não fazem bem a ninguém. A melhor forma de lidar com eles é perdoando-se e perdoando os outros.
O perdão é um termo difícil. Ele não significa apenas um pedido de desculpas, embora o remorso pelo que se fez sem dúvida faça parte dele. Podemos querer reparar o erro, se possível, mas há algumas circunstâncias em que não há nada mais que se possa fazer. Mesmo quando não temos como fazer as pazes com alguém, é preciso dizer a nós mesmos: é, fiz isso, e teria sido melhor se não tivesse feito, mas agora quero me perdoar por ter cometido esse erro.

O perdão nos ajuda a entrar em harmonia com o passado. Aprendi a me perdoar e isso me ajudou a não sentir mais tristeza ou remorsos profundos acerca do meu passado”.

UTILIDADE PRÁTICA DO PASSADO

“(...) Há uma diferença fundamental entre usar o seu passado e chafurdar nele” – continua explicando ainda M. Schwartz – “digamos que eu tenha tido uma experiência com uma pessoa grosseira e que eu tenha retribuído com grosseria, mas que não queira mais agir dessa forma. Posso usar aquela experiência para desenvolver uma atitude diferente, sempre que alguém não for simpático comigo. Se eu não gostei da minha reação no passado, posso mudar minha atitude de resposta.

Podemos examinar o nosso passado, tirar proveito dos nossos sucessos e aprender com nossos erros sem nos julgarmos. Essa é uma hora excelente para passar a vida em revista, reparar erros, identificar arrependimentos e encará-los com desapego, procurar harmonizar relacionamentos não resolvidos e acertar assuntos pendentes.”
Consoante a Doutrina Espírita, ainda existem outros motivos pelos quais é de toda a conveniência o esquecimento do passado: lá pelos meados do século XIX, Allan Kardec[2] e os Espíritos Superiores escreveram: “(...) o homem não pode e tampouco deve saber tudo. Deus, em Sua infinita sabedoria, assim o quer. Esquecido o passado, ele é mais senhor de si... Em cada nova existência, o homem dispõe de mais inteligência e melhor pode distinguir o bem do mal. Onde o seu mérito se se lembrasse de todo o passado? Quando o Espírito volta à vida anterior (a vida espírita), diante dos olhos se lhe estende toda a sua vida passada: vê as faltas que cometeu e que deram causa ao seu sofrer, assim como de que modo as teria evitado. Reconhece justa a situação em que se acha e busca então uma existência capaz de reparar a que vem de transcorrer. Escolhe provas análogas às que não soube aproveitar, ou as lutas que considere apropriadas ao seu adiantamento e pede a Espíritos que lhe são superiores que o ajudem na nova empresa que sobre si toma, ciente de que o Espírito, que lhe for dado por guia nessa outra existência, se esforçará pelo levar a reparar suas faltas, dando-lhe uma espécie de intuição das em que incorreu. Tendes essa intuição no pensamento, no desejo criminoso que frequentemente vos assalta e a que instintivamente resistis, atribuindo, as mais das vezes, essa resistência aos princípios que recebestes de vossos pais, quando é a voz da consciência que vos fala. Essa voz, que é a lembrança do passado, vos adverte para não recairdes nas faltas de que já vos fizestes culpados. Em a nova existência, se sofre com coragem aquelas provas e resiste, o Espírito se eleva e ascende na hierarquia dos Espíritos, ao voltar para o meio deles.
Não temos, é certo, durante a vida corpórea, lembrança exata do que fomos e do que fizemos em anteriores existências; mas temos de tudo isso a intuição, sendo as nossas tendências instintivas uma reminiscência do passado. E a nossa consciência, que é o desejo que experimentamos de não reincidir nas faltas já cometidas, nos concita à resistência àqueles pendores.

(...) Gravíssimos inconvenientes teria o nos lembrarmos das nossas individualidades anteriores. Em certos casos, humilhar-nos-ia sobremaneira; em outros nos exaltaria o orgulho, peando-nos, em consequência, o livre-arbítrio. Para nos melhorarmos, dá-nos Deus exatamente o que nos é necessário e basta: a voz da consciência e os pendores instintivos. 

Acrescentemos que, se nos recordássemos dos nossos precedentes atos pessoais, igualmente nos recordaríamos dos dos outros homens, do que resultariam talvez os mais desastrosos efeitos para as relações sociais. Nem sempre podendo honrar-nos do nosso passado, melhor é que sobre ele um véu seja lançado.
(...) Mergulhado na vida corpórea, perde o Espírito, momentaneamente, a lembrança de suas existências anteriores, como se um véu as cobrisse. Todavia, conserva algumas vezes vaga consciência dessas vidas, que, mesmo em certas circunstâncias, lhe podem ser reveladas. Esta revelação, porém, só os Espíritos superiores espontaneamente lha fazem, com um fim útil, nunca para satisfazer a vã curiosidade.
As existências futuras em nenhum caso podem ser reveladas, pela razão de que dependem do modo por que o Espírito se sairá da existência atual e da escolha que ulteriormente faça.
O esquecimento das faltas praticadas não constitui obstáculo à melhoria do Espírito, porquanto, se é certo que este não se lembra delas com precisão, não menos certo é que a circunstância de tê-las conhecido na erraticidade e de haver desejado repará-las o guia por intuição e lhe dá a ideia de resistir ao mal, ideia que é a voz da consciência, tendo a secundá-la os Espíritos superiores que o assistem, se atende às boas inspirações que lhe dão.
O homem não conhece os atos que praticou em suas existências passadas, mas pode sempre saber qual o gênero das faltas de que se tornou culpado e qual o cunho predominante do seu caráter. Bastará então julgar do que foi, não pelo que é, sim, pelas suas tendências. As vicissitudes da vida corpórea constituem expiação das faltas do passado e, simultaneamente, provas com relação ao futuro. Depuram-nos e elevam-nos, se as suportamos resignados e sem murmurar...
A natureza dessas vicissitudes e das provas que sofremos também nos pode esclarecer acerca do que fomos e do que fizemos, do mesmo modo que neste mundo julgamos dos atos de um culpado pelo castigo que lhe inflige a lei”.

O ínclito Codificador aduz com sua habitual lucidez[3]: “(...) em vão se objeta que o esquecimento constitui obstáculo a que se possa aproveitar da experiência de vidas anteriores.
Havendo Deus entendido de lançar um véu sobre o passado, é que há nisso vantagem. Com efeito, a lembrança traria gravíssimos inconvenientes. Poderia, em certos casos, humilhar-nos singularmente, ou, então, exaltar-nos o orgulho e, assim, entravar o nosso livre-arbítrio. Em todas as circunstâncias, acarretaria inevitável perturbação nas relações sociais.
Frequentemente, o Espírito renasce no mesmo meio em que já viveu, estabelecendo de novo relações com as mesmas pessoas, a fim de reparar o mal que lhes haja feito. Se reconhecesse nelas as a quem odiara, quiçá o ódio se lhe despertaria outra vez no íntimo. De todo modo, ele se sentiria humilhado em presença daquelas a quem houvesse ofendido.
Ao nascer, traz o homem consigo o que adquiriu[4], nasce qual se fez; em cada existência, tem um novo ponto de partida. Mas, pouco lhe importa saber o que foi antes: se se vê punido, é que praticou o mal. Suas atuais tendências más indicam o que lhe resta a corrigir em si próprio e é nisso que deve concentrar-se toda a sua atenção, porquanto, daquilo de que se haja corrigido completamente, nenhum traço mais conservará. As boas resoluções que tomou são a voz da consciência, advertindo-o do que é bem e do que é mal e dando-lhe forças para resistir às tentações.
Aliás, o esquecimento ocorre apenas durante a vida corpórea. Volvendo à vida espiritual, readquire o Espírito a lembrança do passado; nada mais há, portanto, do que uma interrupção temporária, semelhante à que se dá na vida terrestre durante o sono, a qual não obsta a que, no dia seguinte, nos recordemos do que tenhamos feito na véspera e nos dias precedentes.

E não é somente após a morte que o Espírito recobra a lembrança do passado. Pode dizer-se que jamais a perde, pois que, como a experiência o demonstra, mesmo encarnado, adormecido o corpo, ocasião em que goza de certa liberdade, o Espírito tem consciência de seus atos anteriores; sabe por que sofre e que sofre com justiça”.
“O passado merece ficar soterrado, constituindo a base para a edificação do presente, com os olhos postos na felicidade do futuro”.


[1] - KARDEC, Allan. O Evangelho seg. o Espiritismo. 125. ed. Rio: FEB, 2006, cap. X, item 16, § 5º.

[2] - KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. 88. ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 2006, questões: 392 a 399.

[3] - Kardec, A. O Evangelho segundo o Espiritismo.  104. ed. Rio [de Janeiro]: FEB, cap. V, item 11.

[4] - Mt., 16:27.

Rogério Coelho
rcoelho47@yahoo.com.br
Muriaé, MG (Brasil)

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quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Compromisso do Espiritismo


O advento do Espiritismo no planeta trouxe consigo um grave compromisso que cabe aos espíritas respeitarem e aplicarem – inicialmente a si mesmos e por consequência natural contagiar ou atingir aqueles com quem convivemos, em família ou em sociedade –, dada a responsabilidade que nele está embutido. 
Isso por uma razão muito simples: o objetivo prioritário da Doutrina Espírita, conforme explicitado na questão 292, item 22, em O Livro dos Médiuns: “(...) o objetivo essencial, exclusivo, do Espiritismo, é vosso adiantamento (...)”. Todas as demais atividades desenvolvidas pelos centros espíritas e seu movimento são importantes, mas todas secundárias, situando-se em primeiro lugar o adiantamento moral do ser humano.
Ora! Pensar nisso traz imensos desdobramentos, uma vez que o Espiritismo, que não tem hierarquia, nem chefes, nem pretende evidências sociais ou procura posições de comando ou poder, dispensa por sua própria natureza, quaisquer iniciativas que louvem a vaidade, o protecionismo, as manipulações, preferências ou privilégios de qualquer natureza. Por isso mesmo, baseia sua plataforma de trabalho na caridade, que inclui o respeito às pessoas, suas crenças, suas instituições, sejam elas sociais, educativas, religiosas, políticas, de qualquer nacionalidade, raça, ou opções que não agridam o bem geral que deve imperar na vida coletiva.
Por esta mesma razão ensina que nosso maior inimigo está dentro de nós mesmos e é identificado pelo nome de egoísmo, orgulho ou vaidade, geradores da indiferença, da violência, da miséria e do preconceito que ainda assolam o planeta.
Por isso a luta do espírita – perfeitamente enquadrada no compromisso do Espiritismo e seu movimento que se desdobra em amplas e conhecidas frentes de trabalho – é a de melhorar-se moralmente, aprimorar-se do ponto de vista moral para corresponder à altura seu compromisso de adesão aos postulados apresentados pelo Evangelho e revividos pelo Espiritismo.
Isso convida a posturas conciliatórias, de respeito às diferenças e de permanente trabalho para construção do belo, do digno, do progresso, usando como critério a máxima de Jesus que nos convida sempre a nos colocarmos no lugar do outro, de fazermos pelo semelhante aquilo que desejamos para nós próprios. 
O compromisso do Espiritismo, por extensão do movimento e seus adeptos, é educativo, autotransformador, requerendo vigilância contínua de nossos pensamentos e ações, para não nos deixarmos iludir por lutas ou posições passageiras, temporárias, por busca de poder ou evidência, posições que o próprio tempo se encarrega de diluir. O que permanece é mesmo a consciência do dever de trabalhar pelo bem geral.

As ilusões do mundo, entre poderes e recursos que passam pela vaidade e pelo egoísmo fomentando o orgulho, fascinam. Para nós que já sabemos os prejuízos, é prudente ficarmos atentos. Firmemos nossas ações nos compromissos do Espiritismo.

Orson Peter Carrara

quarta-feira, 5 de outubro de 2016

Fazer a nossa parte no mundo – Para os desanimados de plantão


Um grande e inspirador amigo que tive, Dr. Tomás Novelino, fundador do Educandário Pestalozzi de Franca (SP), médico e educador, sempre dizia o seguinte para pessoas que lhe vinham com pensamentos pessimistas a respeito do mundo: quem está trabalhando pelo bem, quem está fazendo a sua parte, não sente desânimo e nem vê o mundo com cores negras. 
Essa lembrança querida abre minhas reflexões nesse texto, já que os tempos de hoje se apresentam a muitos olhos com cores bastante sombrias. 
De fato, não faltam notícias tristes, sangrentas, nauseantes. E não é difícil nos deixarmos envolver por ondas de depressão e descrença, quando nos sintonizamos com todo o acervo de injustiças, problemas, crueldades, ataques à dignidade humana, depredação da natureza… e poderíamos aqui estender o quadro indefinidamente. 
No meio de tudo isso, porém, o bem existe. Mas, como dizia Gandhi: o bem anda com a velocidade de uma lesma. E poderíamos acrescentar, anda com o silêncio de uma lesma. O bem não faz alarde, porque justamente o que caracteriza o justo, o bom, o nobre, o elevado, é não querer se sobressair, não querer o poder, a publicidade e a ostentação a qualquer custo. Quem é do bem age por amor, por compaixão, por solidariedade, por idealismo e não por dinheiro, fama, poder, luxo e prazer sensorial. 
Os bons são motivados pelo bem em si e não pelo desejo de projeção do ego. É claro que as coisas nesse mundo nunca são tão puras. Às vezes vaidades se misturam a ideais nobres, ambições pessoais apequenam grandes projetos. Mas se persistimos no trilho do idealismo e da vontade sincera de servir, com o tempo, as ilusões egóicas, os mesquinhos interesses monetários vão se desmanchando diante de nossa compaixão pelas dores humanas, de nosso intenso desejo de contribuir para a mudança do mundo. 
Mas o que é trabalhar pelo bem, fazer a sua parte nesse mundo? Aquilo que Novelino dizia que poderia nos preencher por dentro de tal forma que não sentiríamos esse desânimo diante das mazelas ainda grandes da humanidade? 
Trata-se de descobrir (ou inventar, como quiserem) nosso sentido de existir, nosso projeto de vida e seguir em coerência com ele. E esse projeto, claro, precisa ter alguma meta de contribuir com algo de bom para o meio em que vivemos. Não importa o aparentemente pequeno ou claramente grande alcance do que fazemos. Importa a integridade, a força, o amor, a coerência que pomos em nossa ação. Por exemplo, a mãe de Gandhi simplesmente o educou. Uma tarefa que pode parecer corriqueira, comum. E no entanto, exerceu uma influência sobre uma alma, que exerceu influência sobre o mundo todo. Lembrei-me agora de Cora Coralina, fazendo doces a vida toda, e depois poesias tão fortes e sábias que, na velhice, ultrapassaram de muito a sua cozinha. 
Recordei de Jesus… um filho de carpinteiro, com doze amigos pobres, pescadores, quase todos analfabetos, e que mudou a face do mundo. 
Há tantos exemplos, em todas as épocas, em todos os setores, em todas as culturas, em todas as religiões (ou fora delas), que só de conhecê-los, nos sentimos vivificados e inspirados. (Aliás, por isso mesmo que criamos a série Grandes Pessoas, para as crianças, na Editora Comenius, com a ideia de trazer para as novas gerações essas inspirações).
Então, trata-se de planejar a própria vida a cada instante, no sentido de estarmos conectados com essa meta maior, que nos ultrapassa, que é contribuir para o bem da humanidade. Em cada profissão útil e digna podemos fazer isso. Em cada grupo pequeno ou grande, podemos fazer isso. Pode-se simplesmente ser um médico, mas pode-se ser um médico humano, cuidadoso, sinceramente interessado em seus pacientes, responsável, estudioso, com boa comunicação. Pode-se simplesmente ser um professor, mas pode-se ser um educador, que faz vínculo com seus alunos, que os contagia com amor e com a vontade de aprender, que se empenha pelo seu desenvolvimento integral. Pode-se simplesmente ser qualquer profissional minimamente competente, mas pode-se ser um profissional humano, que luta pela melhoria do outro e não para lhe passar a perna, que escuta os problemas dos companheiros e faz o que pode para atenuá-los, que se coloca à frente para cumprir suas tarefas com empenho e alegria e não encosta o corpo… que enfim, luta por situações de trabalho mais justas e mais satisfatórias para todos. Pode-se simplesmente ter uma família, mas pode-se ser um pai, uma mãe, um irmão, um filho, uma filha, um neto, uma neta especial, que se dedica de corpo e alma ao bem-estar físico e espiritual dos seus, que se sacrifica, que se entrega, que tem afeto pleno e equilibrado, consistente e persistente. 
Podemos assim fazer a diferença em qualquer lugar – eis o que quero dizer, desde que estejamos alinhados com nossa vocação, conectados com nossa missão existencial e coerentes com nossos projetos de vida.
E mesmo assim, podemos desanimar! 
E é para esse momentâneo desânimo dos bons, dos empenhados, dos lutadores, dos que estão fazendo a sua parte, que dedico principalmente esse texto. 
Lembro-me agora de outro grande amigo e mestre que tive, que foi Herculano Pires. Ele costumava dizer que não deveríamos ter complexo de Deus. E cito também o maravilhoso e antigo livro hindu Bhagavad Gita, que recomendava nos desapegarmos do resultado de nossas ações.
O que quer dizer isso? Quer dizer que devemos ter paciência e serenidade diante da lentidão do bem, do aprendizado nosso, dos outros, da humanidade. Estamos numa escola experimental. O erro faz parte de nossas experiências de evolução. Mas, é claro, que só a perspectiva de Deus e da eternidade é que pode nos dar essa visão serena e humilde, sabendo que o bem nos precede e nos transcende, e que fazendo nossa parte, bem feita, estaremos fazendo a justa medida que devemos fazer, sabendo que um dia, todo o resto passará.

Dora Incontri

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quarta-feira, 28 de setembro de 2016

Cairbar, um comunicador por excelência


O esforço empreendido pelo notável Cairbar Schutel, em Matão, na divulgação do Espiritismo, deixou clara sua posição de grande comunicador. Tomando conhecimento dos ensinos trazidos pelo Espiritismo, o moço que viera do Rio de Janeiro e se instalara no pequeno município paulista que ele mesmo auxiliara emancipar-se politicamente, não teve dúvidas: lançou-se de corpo e alma para que tais ensinos se tornassem conhecidos e pudessem beneficiar mais e mais pessoas.
A partir da fundação de um centro espírita e de um jornal que já é centenário, sua atuação extrapolou os limites da então pequena Matão, projetando-se através das décadas para o cenário internacional, principalmente após o surgimento de sua querida RIE, fundada em 1925.
Da distribuição avulsa pelas ruas da cidade, nos trens de passageiros, na remessa a cidades vizinhas e na postagem que se ampliou gradativamente para todo o Brasil, o pequeno jornal foi um farol a despertar consciências adormecidas para a realidade da imortalidade da alma, da pluralidade da existência e da comunicabilidade dos espíritos, entre outros princípios da Doutrina Espírita.
Vale acentuar que, em 1905, quando Schutel iniciou seu apostolado, sua idade era de apenas 36 anos. Durante os próximos 33 anos, de 1905 a 1938, dedicou sua vida completamente à divulgação e à vivência do Espiritismo.
É importante destacar também o aspecto de vivência. Afinal ele foi um autêntico cristão, nunca desprezando ou ignorando quem quer que o buscasse. Jamais teve atitudes de indiferença ou discriminação quanto aos pobres e necessitados que o procuravam em busca de consolo moral ou em busca do socorro material.
Mas sua grande marca foi mesmo o de comunicador. Além dos periódicos que publicou, dos livros que escreveu, das palestras proferidas, do incentivo doutrinário distribuído, ele igualmente influenciou expressivamente toda uma geração de espíritas. Seu exemplo, seu estímulo, a notável  sequência pioneira dos programas radiofônicos (depois transformada em livro), fizeram dele um comunicador por excelência.
Há que se destacar também que, mesmo após a desencarnação, seu trabalho continua. Ditou várias mensagens, por diferentes médiuns, já foi identificado igualmente por diferentes médiuns em locais onde o assunto é divulgação espírita e, por relatos idôneos, pode-se afirmar que ele é um dos espíritos coordenadores da expansão do pensamento espírita, inclusive no âmbito internacional.
Cairbar percebeu de imediato a proposta do Espiritismo, exposta com clareza por Allan Kardec em O Livro dos Espíritos, obra que alcança 160 anos de publicação em 2017, pois que lançada em 18 de abril de 1857.
Fica claro perceber o alcance da comunicação espírita. Ela, a Doutrina Espírita, não é estanque, mas dinâmica. Sua própria índole cristã é comunicativa. Surgiu com a publicação de livros, projetou-se através de livros e comunicação verbal, alcançou respeito pela comunicação vivida na prática e atualmente vive a realidade de ver seus temas essenciais serem tratados abertamente pela mídia.
Ora, o trabalho iniciado pelos espíritos, percebido por Allan Kardec – que lhe organizou metodicamente os ensinos –, vitalizado pela marcante presença de Chico Xavier, mas igualmente estimulado pelo trabalho de homens da fibra de Cairbar Schutel, entre tantos anônimos ou conhecidos, do presente ou do passado, é fator que nos convida à reflexão.
Que atuação estamos tendo para continuar referido empreendimento, cujo objetivo é espiritualizar o ser humano? Exemplos não nos faltam. Entre eles, um comunicador por excelência: Cairbar de Souza Schutel (1868-1938).
Vale destacar que o livro VISÃO ESPIRITA DE UM BANDEIRANTE – PENSAMENTOS DE CAIRBAR SCHUTEL – volumes I e II, publicados pela editora O Clarim em 2005 – ano em que se comemorou o centenário de O Clarim, reúne os editorais da RIE, de 1925 a 1938, na autêntica ferramenta de comunicação de sua lucidez doutrinária e sua firmeza de caráter, que ele usou através das páginas da Revista Internacional de Espiritismo, na defesa e na divulgação das ideias espíritas. Um exemplo, sem dúvida, de comunicação espírita.

Orson Peter Carrara
http://orsonpetercarrara.blogspot.com.br/

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quinta-feira, 22 de setembro de 2016

O Espiritismo responde


Uma leitora de Guarani (MG) pergunta-nos por que Martins Peralva desaconselha a participação de mulheres grávidas nos trabalhos mediúnicos a partir do 3º mês de gestação.
A recomendação de Martins Peralva consta do cap. 9 do livro Estudando a Mediunidade. Segundo ele, a abstenção da gestante nos trabalhos mediúnicos objetiva preservar o reencarnante das vibrações pesadas do comunicante, atendendo a que, estando a mente do filhinho intimamente associada à da futura mãe, naturalmente se associará, também, à do Espírito, já ligada à alma do médium, consoante ele demonstra graficamente na obra citada.
Se o médium tivesse sempre a certeza de que a sua faculdade seria utilizada, exclusivamente, por Espíritos Superiores, a abstenção – asseverou o saudoso escritor – não seria necessária.
Sabemos que há espíritas que discordam da medida proposta, mas Chico Xavier transmitiu sobre o assunto idêntica recomendação.
Adelino da Silveira perguntou-lhe: - Nos embaraços mensais, a mulher pode frequentar os trabalhos mediúnicos?

Chancelada pelo Dr. Bezerra de Menezes, Chico grafou a seguinte resposta: 

“No caso de nossas irmãs as mulheres, tão somente nas ocasiões de gravidez, após o terceiro mês de gestação do nascituro, devem abster-se da ação mediúnica, podendo permanecer, porém, na equipe de serviço espiritual para receberem auxílio.” (In Passes, Desobsessão e Disciplina, por Adelino da Silveira, disponível em http://goo.gl/mDGECt /.)

Como dissemos, no meio espírita as opiniões sobre o tema variam bastante.

Eis alguns exemplos:

1) Favorável à participação da gestante na sessão: http://goo.gl/Oj2GhO
2) Contrário à participação: http://goo.gl/dAWMtS
3) Meio termo entre as posições anteriores: http://goo.gl/5rmI0a

Pessoalmente, aliamo-nos à recomendação dada por Martins Peralva e referendada pelo Dr. Bezerra de Menezes.

Astolfo O. de Oliveira Filho
aoofilho@oconsolador.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)

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terça-feira, 13 de setembro de 2016

Um cristão verdadeiro age contra sua tendência normal do ego


No nível atual de nossa evolução espiritual, é difícil alguém ser um cristão verdadeiro, já que a nossa tendência normal é de satisfazermos aos interesses individuais e materiais de nosso ego. Daí Jesus ter-nos aconselhado que devemos buscar primeiramente as coisas do Reino de Deus, ou seja, as que dizem respeito à evolução do nosso eu superior (Mateus 6: 33) através da prática do amor. E Ele reforça esse ensino dizendo que se alguém quiser ser seu discípulo, deve renunciar-se a si mesmo, pegar sua cruz e segui-lo. A cruz a ser pega é o nosso carma de sofrimento. E, realmente, temos que pagar os nossos pecados até o último centavo (Mateus 16: 24; e 5: 26).
O cristianismo, com exceção do Espiritismo, ao contrário das religiões orientais, tem dado pouca importância a essas duas grandes verdades evangélicas. Mas, com razão, diz um antigo provérbio: “Lux ex oriente” (“A luz vem do Oriente”). E o cristianismo tem-se preocupado muito, também, com a adoração de Deus e pouco com a nossa reforma íntima. Vale a boa intenção dos teólogos. Mas Deus mesmo não dá muita importância a isso, pois Ele é imutável e totalmente independente de nós, sendo o mesmo ontem, hoje e sempre. A adoração a Deus não deixa de ser um ato de demonstração de nosso amor para com Ele. Mas nós é que nos beneficiamos com ela! E, segundo o que Jesus nos deu a entender, no seu diálogo com a Samaritana, à beira do Poço de Jacó (João 4: 23), Deus quer ser adorado em Espírito e verdade, o que nos leva a crer que a verdadeira adoração a Deus não é bem com cerimônias e rituais pomposos, mas reservadamente. Ademais, o meigo Galileu ensinou que se uma pessoa estiver no altar fazendo oferendas a Deus, mas se lembrar de que não está bem com alguém, ela deve interromper sua oferenda a Deus e ir reconciliar-se primeiro com seu desafeto, e então, somente depois disso, ela pode voltar ao altar para continuar as suas oferendas a Deus. (São Mateus 5: 23 e 24). Isso nos demonstra que estarmos bem com todas as pessoas é mais importante do que fazermos oferendas a Deus. E é mais importante exatamente porque, como já foi dito, Deus não precisa de nossas adorações e ofertas, mas nós precisamos estar reconciliados com todas as pessoas que, sem exceção, devemos amar, mesmo que sejam nossas inimigas! (São Mateus 5: 44). E, confirmando esse seu amor incondicional para com todos, Jesus disse que não veio para ser servido, mas para servir! Aliás, João nos ensina também que quem disser que ama a Deus, mas odeia seu inimigo, é mentiroso. (1 João 4: 20).
Realmente, para sermos cristãos verdadeiros, temos que combater sempre as mazelas dos vícios materiais de nosso ego, indo, pois, na contra mão do que é normal nas pessoas, isto é,  revidar as ofensas feitas contra nós, o que levou Paulo a dizer: a palavra da cruz é loucura para o mundo! (1 Coríntios 1: 18).
E vamos a dois exemplos, um evangélico (Lucas 6: 29) e o outro de santa Teresa de Calcutá, canonizada pelo Papa Francisco em 4-9-2016, exemplos esses que nos ensinam grandes verdades cristãs que, infelizmente, são realmente rejeitadas pela tendência normal de nosso ego: “Ao que tirar tua capa, deixe levar também a túnica”; e “As mãos que servem são mais importantes do que os lábios que oram”, sim, porque orar é mais fácil do que servir!

PS: “Presença Espírita na Bíblia”, com este colunista: www.tvmundomaior.com.br e parabólica digital.

José Reis Chaves

Prof. de português e literatura aposentado formado na PUC Minas / Escritor e jornalista colunista do diário O TEMPO, de Belo Horizonte / Palestrante nacional e internacional espírita e de outras correntes espiritualistas / Apresentador do programa “Presença Espírita na Bíblia” da TV Mundo Maior / Participante do programa “O Consolador” da Rádio Boa Nova / Tradutor de "O Evangelho Segundo o Espiritismo", de Kardec, para a Editora Chico Xavier. E autor dos livros, entre outros, "A Reencarnação na Bíblia e na Ciência" e "A Face Oculta das Religiões", Editora EBM, SP, ambos lançados também em inglês nos Estados Unidos.
Podem-se ler também as matérias da coluna de José Reis Chaves em O TEMPO, de Belo Horizonte, no seu facebook e no site desse jornal: www.tempo.com.br / Procurar colunistas. No final das matérias, há um espaço para comentários dos leitores, espaço este que se tornou um verdadeiro fórum de religiões. E qualquer um pode deixar seu comentário lá. Se não quiser que seu nome apareça, use um pseudônimo. E seu e-mail nunca aparece lá.
Obs.: Se meus livros não são encontrados em sua cidade, eles podem ser adquiridos diretamente comigo por meu e-mail ou telefone. Telefone: (31) 3373-6870

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terça-feira, 30 de agosto de 2016

Um minuto com Chico Xavier


O Chico é um ser emocionante, eis a expressão que melhor traduz a sua personalidade. Situa-se ele para muito além da dimensão que possa conceber.
Muito haverá que se falar de Chico, no futuro, além do que agora se fala. Casos sobre ele e relacionados com ele multiplicar-se-ão quase ao infinito. Muitos há ignotos e, desses muitos, alguns vêm à tona de quando em vez.
O narrado em frente é um deles. E, dada a pureza e simplicidade de linguagem da principal protagonista, Maria Helena Falcão dos Santos, advogada e esposa de meu prezado colega magistrado, Clodoaldo Moreira dos Santos, ora na inatividade, transcrevo-o "ipisis litteris":

"Há dezesseis anos, mais precisamente no dia 13/04/1975, sofri o maior golpe da minha vida.

Tinha verdadeira adoração por minha mãe. Nossa afinidade era muito grande. Na manhã daquele dia fatídico, estava eu fazendo a mamadeira para o meu filho caçula, quando o neto mais velho de minha inesquecível mãe e que com ela morava chegou em minha casa gritando: ‘Tia, a vovó está morrendo!’
Sem acreditar, pois à tarde do dia anterior ela tinha passado comigo e estava bem, corri até a sua casa, que era perto da minha, e a encontrei já sem fala, deitada em sua cama. Peguei-a nos braços e, chegando ao alpendre da casa, pedi a um vizinho, que ia passando de carro, que, pelo amor de Deus, nos levasse ao Hospital Santa Helena.
No banco de trás do carro eu sentia que todo o mundo desabava sobre mim. Minha santa mãe, com seus lindos olhos azuis, me fitava com todo o carinho que lhe era peculiar. 
Eu, em desespero, passava a mão em sua cabeça e rezava. De repente, ela estremeceu e aquela luz tão forte, que emanava de seus lindos olhos azul, desapareceu. Os olhos ficaram opacos, sem vida. 
Minha adorada mãe tinha acabado de desencarnar em meus braços. Entrei em desespero e nada mais fiz conscientemente disseram-me, depois, que, na hora do sepultamento, tiveram que me tirar a força de cima do caixão. 
Sofri demais. Não conseguia tirar da minha mente seus olhos opacos, sem brilho que tanto os embelezava.
Com o passar dos anos, lendo muitas obras espíritas e cuidando de meu amado pai que, depois de três anos de sofrimento no leito, também retornou ao Além, pude ter outra visão do mundo, das pessoas, da morte. Porém, persistia em mim a lembrança sofrida dos olhos sem vida de minha mãe.
Acalentava o sonho de um dia ver o médium Chico Xavier. Há seis anos, dez depois do desenlace de minha adorada mãe, fui surpreendida com o telefonema de uma amiga, dizendo que o Chico estava em Goiânia e que estaria na Colônia Santa Marta, às 13 horas. Fiquei muito feliz e pensei: hoje vou realizar o meu sonho de vê-lo! Pelo menos de longe!... 
Troquei rapidamente de roupa e, ao sair de casa, senti um desejo incontrolável de pegar uma florzinha do pé de manacá que minha mãe adorava e havia plantado para mim. Peguei a florzinha e, fechando-a na mão, dirigi-me para a Colônia. 
Ao ver Chico Xavier passar por mim, fui invadida por forte emoção e senti um desejo muito grande de falar com ele. Vi que ele se sentou em uma cadeira e as pessoas, que eram muitas, formavam fila para cumprimentá-lo. Entrei na fila. Sentia a florzinha na minha mão, que eu conservava fechada, e algo me dizia que continuasse assim. O Chico estendia a mão e cumprimentava um a um.
Quando chegou a minha vez, para meu espanto, ele, cabisbaixo, estendeu a mão para mim, só que com a palma virada para cima, como à espera que fosse colocado algo. Eu, imediatamente, sem saber por que, coloquei em sua mão a florzinha de manacá, que só eu sabia estar fechada em minha mão. Ele, ainda com a cabeça baixa, abriu o paletó e guardou-a no bolso interno do mesmo. Só aí levantou a cabeça e me encarou. Sentia eu uma grande emoção. Meu rosto estava banhado pelas lágrimas. Queria dizer alguma coisa, mas não conseguia.

Ele, então, me disse:

– ‘Minha filha, os olhos dela brilham mais que a água marinha mais pura que possa existir neste planeta’. 

E olhava para o meu lado, como se visse alguém. Eu, que já estava totalmente embargada pela emoção, entendi que ele estava vendo minha adorada mãe, ali, ao meu lado, mais viva do que nunca e que os olhos opacos e sem vida, cuja lembrança tanto me doía e fazia sofrer, não existiam. 
Dominada por intensa emoção, afastei-me daquele santo homem, sem dizer uma palavra, mas com a certeza de que minha mãe estava muito bem e que seus belos olhos azuis brilhavam ainda mais que antes.”

Depoimento de Weimar M. de Oliveira, em artigo publicado na Folha Espírita de maio/2002.

José Antônio Vieira de Paula
depaulajoseantonio@gmail.com
Cambé, Paraná (Brasil)

Fonte:http://www.oconsolador.com.br/ano9/439/umminutocomchico.html

quarta-feira, 24 de agosto de 2016

Papa Francisco: um Espírito de escol


A humanidade caminha a passos lentos rumo ao amor, que sendo o último estágio da evolução espiritual, a aquisição completa deste sentimento é também o estágio de maior iluminação do ser pensante. É o voltar ao seio de Deus, para nos expressarmos de uma forma poética.
Muitas vezes, na maioria delas, no entanto, temos nos equivocado na interpretação desta palavra, considerando a iluminação como um símbolo de status, um grau onde seres que atingiram o patamar mais alto buscam distanciar-se dos simples mortais, ou seja, daqueles que, como nós, ainda trilham os caminhos menos ensolarados da vida.
Jesus, modelo irrefutável de amor, por toda a sua história de convivência e amparo aos menos felizes, aos que ainda não se esclareceram moralmente, como governador deste planeta não tem se furtado de nos enviar Espíritos de luz que aqui chegam para nos mostrar que a luz não é algo para humilhar os que não ainda a possuem. Nem para isentar os iluminados do trabalho em prol dos inferiores.
E na atualidade não poderíamos deixar de citar este grande Espírito que à frente da direção desta grande e respeitável instituição, a Igreja Católica, o Papa Francisco, vem quebrando paradigmas. O que não é pouca coisa diante da tradição quase que intransigente desta.
O bem em mundos superiores é algo natural, a regra. Num mundo de provas e expiação, no entanto, precisa ser objeto de aplausos. Não com o objetivo de envaidecer aqueles que o praticam, mas de valorizar o pouco para que se torne muito. Como regar uma semente para que germine, cresça e dê frutos. Este enviado de Deus tem feito sua parte, quando fala abertamente sobre questões até então polêmicas, como o perdão a quem se arrependeu de praticar um aborto, respeito aos homossexuais, igreja hospital e não igreja punitiva, quando, por exemplo, falou sobre os fiscais da fé.
O Papa que não aceita mordomias em hotéis, que faz questão de pagar sua conta. Quem desce de um carro para beijar e abençoar um menino numa cadeira de rodas? Podemos imaginar o quão importante estas atitudes são na evolução destas pessoas, destes irmãos de caminhadas que receberam a atenção de alguém que eles admiram tanto?
Já, por outro lado, podemos imaginar as dificuldades, as críticas que ele enfrenta? Analisando mais a fundo, podemos imaginar as tentativas dos missionários das trevas para derrubar este grande trabalhador?
Por isto mesmo quando estivermos prestes a reclamar do que ainda não é como deveria ser, lembremo-nos dos seus esforços muito louváveis e agradeçamos a Jesus por nos enviar de tempos em tempos, nas variadas escolas religiosas e também fora delas, Espíritos que não falam somente de religião, mas são exemplos vivos de amor. Lembremo-nos dos esforços de outros Espíritos abnegados e lembremo-nos do pouco ou nada que fazemos para a construção de um mundo melhor.
Não nos esqueçamos de que eles fazem a parte deles e se vão, para dar continuidade à sua jornada espiritual. Entram e saem, com a simplicidade dos grandes. Deixam exemplos maravilhosos, levam vibrações positivas. E nós, se partíssemos hoje, levaríamos e deixaríamos o quê? Fica a reflexão. Somos aquilo que fazemos, de nobre ou não tão nobre.

Rodinei Moura
rodimoura@uol.com.br
Ibitinga, SP (Brasil)

quinta-feira, 18 de agosto de 2016

O trabalho espírita requer servidores capacitados


Sempre haverá trabalho no campo do bem, na seara de Jesus. E quanto mais bem preparado o servidor, melhor também será seu trabalho e maior o número de corações a serem amparados.
Muitos centros espíritas carecem de trabalhadores que compreendam, de fato, o que é um trabalho realizado com bondade, harmonia e humildade, em que se evite o personalismo que abate, atrasa e desmotiva o propósito abençoado do Espiritismo: o consolo por meio da luz do amor.
Devido a essa preocupação, Carlos Campetti, em parceria com sua esposa Vera Campetti, escreveu o livro intitulado Trabalho Mediúnico – desafios e possibilidades.
A obra, de simples entendimento e objetivando ser somente um material de apoio – que levou dez anos para ser produzida, pois seu intuito é oferecer auxílio às pessoas interessadas em praticar a mediunidade de maneira mais segura e produtiva, conforme as orientações de Jesus e a codificação de Allan Kardec –, busca orientar trabalhadores, grupos e centros a fim de realizarem uma atividade mais sólida e eficaz no campo da prática mediúnica.
As obras básicas do Espiritismo, como as codificadas por Kardec e outras notáveis escritas por autores renomados e referentes, dão-nos o entendimento necessário e a direção correta para a realização dos trabalhos realizados em uma Casa Espírita.
Se essas obras sérias e respeitadas fossem de verdade estudadas e seu ensinamento e sua orientação fossem assimilados, sinceramente o contexto atual do movimento espírita seria bem diferente, seria muito melhor e mais profícuo.
Em face disso, existe também certa preocupação com a qualidade da literatura espírita produzida atualmente em nosso país, porque, da mesma maneira que podem ocorrer falhas no trabalho realizado nas atividades de um centro, assim pode se dar no tocante à tarefa do livro.
Todos sabemos que, se houver um material confiável, muito de positivo se poderá realizar em todos os setores da atividade espírita. E – melhor ainda – se houver disciplina e amor na condução de nossas tarefas, trabalhos abençoados poderão ser alcançados, em benefício de ambos os planos da vida.
Dr. Bezerra de Menezes, mestre da caridade, muito tem alertado sobre os perigos que a invigilância e a acomodação podem causar.
Uma questão que disso se deriva, e como tal bastante delicada, é o interesse pessoal presente, muitas vezes, entre os trabalhadores da Casa Espírita e comum também na prática mediúnica.
Precisamos, por isso, manter-nos atentos, pois o orgulho e a invigilância são, como ninguém ignora, portas escancaradas para a obsessão individual e coletiva.
De outro modo, se a humildade, a solidariedade, o entendimento e o amor forem a base do trabalho realizado, por certo os passos estarão seguindo conforme os grandes ensinamentos, porquanto não é um grupo, uma opinião ou um trabalhador que merecem destaque, mas unicamente o trabalho voltado para o bem que é possível realizar na seara de Jesus, na qual, como Ele mesmo declarou, a tarefa é muito grande mas os tarefeiros são poucos.

Fonte:http://www.oconsolador.com.br/ano9/439/editorial.html

Imagem acima do livro


quarta-feira, 10 de agosto de 2016

Agressores e vítimas


Diante de crimes hediondos, suicídios, tragédias provocadas (como atentados e sequestros dramáticos), a perplexidade domina os círculos da sociedade humana.            
É importante, de início, já informar: ninguém nasceu predestinado a matar ou a matar-se. Matar ou matar-se são resultantes da liberdade de agir. Estamos todos destinados ao progresso e o desajuste das emoções, do equilíbrio, é o grande responsável por tais tragédias. Estamos absolutamente convidados à harmonia na convivência, à solidariedade nas iniciativas.            
Referida liberdade de decisão, no entanto, nos sujeita a reparações que virão a seu tempo. Isso por uma razão muito simples: somos responsáveis pelo que fazemos. A vida e suas leis determinam essa responsabilidade intransferível, deixando bem claro que toda lesão que causamos a nós mesmos ou a terceiros teremos que reparar. Não é castigo, mas apenas conseqüência.
E as vítimas? Como ficam essas pessoas? Por que sofrem atentados e se tornam vítimas de crimes passionais, etc? Podemos acrescentar outras questões: Por que Deus permite? Por que uns se livram inesperadamente de determinados perigos, enquanto outros deles são vítimas? Por que ocorrem com uns e com outros não? Qual o critério para todas essas situações?
Apesar da dor e sofrimentos decorrentes, e da não justificativa – sob qualquer pretexto – de gestos que violentem a vida, as chamadas vítimas enquadram-se em quadros de aprendizados necessários ou de reparações conscienciais perante si mesmos, envolvendo, é claro, os próprios familiares.
Por outro lado, os autores – apesar de equivocados e cruéis – são dignos de piedade, uma vez que enfermos. Quem agride está doente, desequilibrado na emoção e necessitado de auxílio, compreensão, tolerância e, mais ainda, de perdão.
Cristãos que nos consideramos, sem importar a denominação religiosa que adotamos, a postura solicitada em momentos difíceis como o agora enfrentando pela mentalidade brasileira, é de compaixão com agressores e vítimas. Todos são dignos da misericórdia que norteia o amor ao próximo. A situação de quem agride é muito pior do que quem é agredido. O agredido já se liberta de pendências que aguardavam o momento difícil; o agressor, por sua vez, abre períodos longos, no futuro, de arrependimentos e reparações que lhe custarão dores e sofrimentos.
Nada justifica a crueldade. Sua ocorrência coloca à mostra nossas carências e enfermidades morais expostas, demonstrando a necessidade do quanto ainda precisamos fazer uns pelos outros.
Não podemos julgar. Não temos competência para isso. O histórico divulgado pela mídia já demonstra por si só as carências expostas, entre tantos outros fatos lamentáveis. Mas há a bagagem que não vemos...
O momento é de vibrações uns pelos outros. Todos somos filhos de Deus... 

Orson Peter Carrara
http://orsonpetercarrara.blogspot.com.br/

quarta-feira, 3 de agosto de 2016

Mensagens espíritas aceites em tribunal...


Pode parecer ficção científica, mas não é. No Brasil, já é o 3º caso, que se conheça, em que informações ditadas pelos Espíritos, através de médiuns, são aceites em tribunal, tendo em conta a sua veracidade e credibilidade. Venha daí conhecer este novo caso. 
No Ceará, Brasil, um homem, Galdino Alves Bezerra Neto, de 47 anos de idade, desapareceu em 2011. A sua mãe, D. Maria Lopes Farias, procurava o filho sem cessar, desde então. Após procurá-lo sem êxito em Hospitais, Delegacias, Instituto de Medicina Legal, a mãe de desaparecido, que frequentava um centro espírita, Lar de Clara, em Caucaia, recebeu uma carta psicografada (ditada por um Espírito e escrita por um médium em transe espiritual) do avô paterno do jovem, em Outubro de 2014.
“O avô dele escreveu dizendo que eu deixasse de o procurar em hospital, no IML e fosse a Canindé, mandasse celebrar uma missa, mas antes eu passasse na Lagoa do Juvenal”, conta a idosa, em entrevista ao programa Gente na TV, da TV Jangadeiro / SBT, lagoa essa onde encontraria ossadas no local.
A carta ditada pelo Espírito do avô do desaparecido, levou Maria até a cena do crime, em Maranguape. Chegando lá, ela soube que, de facto, uma ossada tinha sido encontrada há algum tempo. “Fui directa à Delegacia de Maranguape. Cheguei lá e disse que queria saber sobre umas ossadas que tinham aparecido. Eles deram-me a requisição, eu fui ao IML, fiz o exame e deu positivo”, conta a mãe. Na delegacia de Maranguape, o caso é investigado pelo inspector Wellington Pereira, que se surpreendeu com a ajuda inusitada: “Com 32 anos de polícia, é a primeira vez que me deparo com essa colaboração, justamente de uma carta psicografada, para que a gente pudesse chegar à identificação de uma ossada humana “, ressaltou. 
Segundo o inspector, o inquérito foi reaberto para que se possa identificar o que aconteceu com o jovem. A ossada foi localizada em Janeiro de 2013, mas não havia nenhum pista sobre sua identificação. Somente em Outubro de 2014, a carta psicografada dirigida à mãe, ajudou a dar um Norte ao caso. Após os exames de DNA, a polícia pôde iniciar as investigações sobre a morte do desaparecido. Na última terça-feira (19), Maria Lopes voltou à delegacia de Maranguape, para falar sobre as últimas lembranças que tem do filho, e como era sua rotina. Apesar da polícia ainda não saber como se deu o crime, numa segunda carta, enviada pelo próprio filho, este pôde novamente ajudar no esclarecimento do caso.
“A segunda carta já foi ele mesmo. O avô contou só o básico, porque ele não estava capaz de escrever. Ele disse que não tinha escrito há mais tempo, porque não queria me fazer sofrer”, conta a mãe.
Na carta, ele conta que passava de ônibus próximo à Lagoa do Juvenal e foi atraído pelo local. No relato, ele teria sido vítima de latrocínio, roubo seguido de morte, e os criminosos teriam escondido o corpo.
Desde meados do século XIX que a Doutrina Espírita (que não é mais uma seita ou religião) veio matar a morte, ao demonstrar experimentalmente a imortalidade do Espírito, através da comunicabilidade dos Espíritos, numa pesquisa rigorosamente científica, levada a cabo por Allan Kardec.
Paradoxalmente, nos dias que correm, ainda existem pessoas que dizem que “nunca ninguém veio do lado de lá contar como é”, quando essas comunicações existem desde que o Homem é Homem, e foram comprovadas experimentalmente em meados do século XIX, conclusões essas que continuam a ser comprovadas nos tempos que correm, por outros pesquisadores e cientistas não espíritas.
Numa altura em que cada vez mais a Humanidade busca o seu Norte, tentando saber de onde vem, para onde vai, o que faz na Terra e qual a causa de tantas dissemelhanças neste planeta, a doutrina espírita (ou espiritismo) apresenta-se como uma filosofia de vida que, esclarecendo o ser humano, consola-o, na medida em que ele entende o porquê da vida e das suas peculiaridades.
Deixamos aos interessados uma sugestão de leitura, “O Livro dos Espíritos” de Allan Kardec, que se apresenta como uma monumental obra, ainda hoje, em 2016, não bem entendida pelo ser humano.
“Nascer, morrer, renascer ainda, progredir sem cessar, tal é a lei”, é uma frase que encerra o pensamento espírita, que pode dar forte contributo à sociedade, no sentido de uma maior e mais rápida espiritualização do ser humano.

segunda-feira, 25 de julho de 2016

Não só o cristianismo nasceu de fenômenos mediúnicos


Os fenômenos com espíritos só ocorrem através de médiuns. Todos nós temos um pouco de mediunidade. Mas para que haja esses fenômenos, tem que haver um médium especial por perto. E esses médiuns especiais são uma minoria. Daí se ouvir muito a afirmação: Eu não acredito em assombrações ou fatos que envolvem espíritos, porque nunca vi nada nesse sentido. Ademais, os líderes religiosos cristãos sempre esconderam dos seus fiéis a verdade da comunicação bíblica com os espíritos, dizendo que isso é impossível e até que é pecado. E, com isso, ajudaram a engrossar a fileira dos cépticos e de sua filosofia materialista. 
E atentemos para o fato de que as pessoas, que fazem pesquisas e estudos nessa área são também poucas. E, às vezes, até fazem isso às escondidas, com medo, pois os líderes religiosos ensinavam também que essa prática, além de pecado, era perigosa. Na verdade, os líderes religiosos não queriam que as pessoas estudassem esses fenômenos espíritas, porque elas acabavam virando espíritas. E a consequência de tudo isso é que apenas uma insignificante porcentagem dos estudiosos desse assunto e os médiuns dão crédito a esses fenômenos de manifestações dos espíritos. E assim, acontecia o que já dissemos, a grande maioria falava e fala frequentemente: Eu não acredito nessas coisas, porque nunca vi nada envolvendo espíritos ou fantasmas!
Mas hoje, a coisa é diferente. É o que disse o Mestre dos mestres: Nada ficará oculto (Mateus 10: 26), ou seja, com a evolução, a verdade, um dia, chegará para todos. A Igreja já não ataca mais o espiritismo, pois os padres sabem das coisas, já que estudam muito. E as pessoas de hoje são mais esclarecidas. Daí que a grande maioria dos católicos de cidades grandes e de porte médio frequentam casas espíritas, e são mais numerosas nelas do que os próprios espíritas, não faltando nelas também a presença de um crescente número de protestantes e evangélicos. E um detalhe, essas pessoas são geralmente as de melhor nível de instrução de acordo com pesquisas da Fundação Getúlio Vargas, ou seja, desembargadores, juízes, promotores de justiça, médicos, advogados, engenheiros, jornalistas, psicólogos, antropólogos, professores universitários, membros do alto escalão político e da alta hierarquia militar. E, discretamente, até bispos, padres e pastores frequentam as casas espíritas.  
O cristianismo teve início com a comunicação do Espírito desencarnado de Jesus, que, ressurgindo do mundo dos mortos, apareceu, primeiramente, a Maria Madalena.
São Paulo, o primeiro autor do Novo Testamento, converteu-se ao cristianismo na Estrada de Damasco, quando Jesus, depois de sua morte, lhe apareceu em forma de uma luz tão brilhante, que o deixou cego e desmaiado. Depois, Paulo foi curado por Ananias em Damasco, pois Jesus apareceu também a Ananias, dando-lhe instruções para curar Paulo.
E não só o cristianismo surgiu com fenômenos mediúnicos ou que envolvem espíritos: Maomé, fundador do Islamismo, não sabia ler nem escrever. Mas pela sua mediunidade psicofônica,   o Anjo Gabriel ditou o Alcorão escrito por seus auxiliares.
E anjo é espírito humano de alto nível de evolução. Aliás, o próprio nome do Anjo Gabriel, em hebraico, quer dizer “homem iluminado”, o que nos demonstra também que ele, já naquela época, era mesmo um espírito muito evoluído!

PS: II Congresso Espírita Internacional de Madri (Espanha), “Um Mundo Novo”, de 16 a 18 de setembro de 2016. Contato: progresoespiritismo@gmail.com

José Reis Chaves

Prof. de português e literatura aposentado formado na PUC Minas / Escritor e jornalista colunista do diário O TEMPO, de Belo Horizonte / Palestrante nacional e internacional espírita e de outras correntes espiritualistas / Apresentador do programa “Presença Espírita na Bíblia” da TV Mundo Maior / Participante do programa “O Consolador” da Rádio Boa Nova / Tradutor de "O Evangelho Segundo o Espiritismo", de Kardec, para a Editora Chico Xavier. E autor dos livros, entre outros, "A Reencarnação na Bíblia e na Ciência" e "A Face Oculta das Religiões", Editora EBM, SP, ambos lançados também em inglês nos Estados Unidos.
Podem-se ler também as matérias da coluna de José Reis Chaves em O TEMPO, de Belo Horizonte, no seu facebook e no site desse jornal: www.tempo.com.br / Procurar colunistas. No final das matérias, há um espaço para comentários dos leitores, espaço este que se tornou um verdadeiro fórum de religiões. E qualquer um pode deixar seu comentário lá. Se não quiser que seu nome apareça, use um pseudônimo. E seu e-mail nunca aparece lá.
Obs.: Se meus livros não são encontrados em sua cidade, eles podem ser adquiridos diretamente comigo por meu e-mail ou telefone. Telefone: (31) 3373-6870

Imagem ilustrativa

terça-feira, 19 de julho de 2016

Continuados testes


Considere o leitor que a vida é uma sequência de desafios nos aprendizados de cada dia, onde se incluem as dificuldades dos relacionamentos – muitas vezes tensos – e as próprias limitações pessoais.
Na verdade, a vida reserva a cada um de nós a felicidade completa que, claro, será futura e não imediata. Por esta mesma razão, é uma construção gradativa, lenta e que exige lutas constantes, sacrifício dos caprichos nem sempre recomendáveis e esforço nessa direção. E não é imediata porque é impossível que se conquistem num espaço tão curto e rápido, como é a vida humana – por mais longa que seja –, as virtudes e o conhecimento que formam a autêntica felicidade que não está baseada no ter, mas no ser. Na verdade, é a felicidade oriunda da paz de consciência, onde não há remorsos, nem arrependimentos e a vida é voltada para fazer o bem em sua integridade.
Lembrei-me dessas considerações ao ler a frase “(...) A vida, que a todos nos reserva felicidade futura, estrutura-se em contínuos testes de humildade e paciência. (...)”. A frase consta do capítulo primeiro do livro Tramas do Destino, de Manoel Philomeno de Miranda, por Divaldo Pereira Franco.
Primeiro chamou-me atenção a palavra estrutura-se, no caso da frase em questão, indicando as bases da felicidade futura nos alicerces da humildada e da paciência. A própria palavra estrutura já indica solidez, segurança, apoio. Mas ela vem acompanhada da curiosa expressão contínuos testes, que por sua vez leva à lembrança dos desafios. Afinal, teste lembra avaliação, exame ou verificação. E a frase é concluída com as virtudes da humildade e da paciência. Repitamos a frase: “(...) A vida, que a todos nos reserva felicidade futura, estrutura-se em contínuos testes de humildade e paciência. (...)”.
Ficou interessante ligar felicidade no futuro com estrutura (que lembra solidez e segurança, garantia) baseada nas duas citadas virtudes. E mais ainda perceber a abrangência quando prestamos atenção à palavra reserva. A vida reserva, ou em outras palavras, a vida trará no tempo certo ou deixa como herança a felicidade. Vamos entendendo que ela precisa ser construída nas bases da paciência e da humildade.
Agora pensemos nas virtudes citadas.
Já parou o leitor para pensar nos testes diários de paciência? Seja na convivência, nos obstáculos, nas carências próprias, nos travamentos psicológicos, nos embaraços burocráticos ou nas diferenças individuais que lesam os relacionamentos, na enfermidade e mesmo nas imperfeições morais que ainda caracterizam a sociedade humana, de quanta paciência precisamos? E que quando não a cultivamos, e nos deixamos empolgar pela irritação ou pela ansiedade, quantos prejuízos daí são decorrentes?
Observemos com atenção: somos testados a todos instante. Assim também no que se refere à humildade. Quantos de nós não somos vencidos pela vaidade ou pela prepotência, pelo desprezo ou indiferença que direcionamos a alguém ou aos interesses coletivos e humanitários, no desrespeito à lei ou às diferenças humanas?
Quantos não somos derrotados pela arrogância ou pelo desejo de autopromoção?
E aí nos lembramos dos grandes vultos da humildade e da paciência, vencedores de si mesmos, autênticos heróis e legítimos representantes dos alicerces que estruturam a felicidade, como Irmã Dulce, Madre Thereza, Chico Xavier, entre tantos outros, inclusive anônimos...
Ficamos na teimosia da imposição de ideias, nos recalques do ciúme e da inveja, incomodados com o destaque pessoal próprio e alheio, na tola ilusão de mando, nos melindres que mais lembram a infância quando falávamos: também não brinco mais... e com isso vamos adiando a construção da própria felicidade.
Quanto tempo ainda perdemos com discussões vazias, com maledicência que corre solta, com críticas destrutivas perfeitamente dispensáveis, iludidos pela própria ganância ou pela prepotência que ainda nos caracteriza o estágio humano e esquecemos que a felicidade está na consciência tranquila que só pode mesmo ser conquistada com a paciência e a humildade, porque estas não exigem nada, não impõem, aceitam, resignam ativamente e agem bem em favor de todos, sem nada esperar, sem expectativas, sem ansiedade. São felizes aqueles que gradativamente vão construindo esses alicerces.
Temos muito o que aprender realmente. Não percebemos ainda que nos perdemos pelo egoísmo, pelo orgulho e pela intolerância, comportamentos contrários àqueles que trazem a autêntica felicidade que será conquista inapagável, que o ladrão não rouba, nem a tempestade destrói ou a traça e ferrugem corroem, como afirmou o Mestre da Humanidade.
Aliás, por falar Nele, como esquecer seus exemplos de paciência e humildade para que aprendêssemos a mansidão e a fé? Ele é mesmo o modelo e guia para a Humanidade, a quem devemos seguir sem receios, temores ou acomodação. Não há outro caminho, é só por Ele mesmo que conquistaremos essa lucidez de espírito.

Orson Peter Carrara
http://orsonpetercarrara.blogspot.com.br/

Imagem do livro

sexta-feira, 8 de julho de 2016

Sem a reencarnação a obra redentora seria impossível


A missão redentora do gênero humano feita pelo Messias foi a de trazer para nós o evangelho. E Ele próprio confirmou essa sua missão de enviado de Deus: “... É necessário que eu anuncie o evangelho do reino de Deus também às outras cidades, pois é para isso que eu fui enviado.” (Lucas 4: 43).
Não foi, pois, para ser assassinado pela morte cruel de crucificação que Deus no-lo enviou, mas realmente, para trazer-nos o evangelho.
Deus o Pai estaria por trás do pecado de assassinato de Jesus, se Ele, o Deus Pai, tivesse enviado seu Filho para se deleitar com o pecado de seu assassinado. E o maior sofrimento de Jesus não foi bem morrer na cruz que, naquela época, no Império Romano, era uma morte comum para os condenados à morte.  Seu maior sofrimento foi Ele vir viver nesse nosso mundo ainda muito atrasado e, há dois mil anos, mais ainda. Ele ficou aqui, pois, como um peixe fora d’ água.
Porém, é claro, que o sofrimento da morte de Jesus na cruz é motivo de muita emoção de tristeza para nós, apesar de Ele, o Deus Pai, não sofrer com os pecados da Humanidade, pois quem sofre somos nós mesmos vítimas dos pecados e os próprios autores deles, já que, de acordo com a lei de causa e efeito, nós colhemos o que semeamos: “Não vos enganeis: de Deus não se zomba; pois aquilo que o homem semear, isso também ceifará.” (Gálatas 6: 7). Os cristãos, de um modo geral, com exceção dos espíritas, não dão muita importância a essa lei inexorável universal de causa e efeito, o que é um grande erro. É que eles pensam erradamente que Jesus já sofreu para nós, quando, pela Bíblia, quem sofre é o que peca. Pai não paga pecado de filho nem filho paga pecado de pai. A alma que pecar morrerá moralmente, e, portanto, fica sujeita ao carma de sofrimento (Ezequiel 18: 20).  E Jesus tapa a boca de quem discorda dessa lei de causa e efeito ou cármica: Não sairás da prisão, enquanto não pagares o último centavo (São Mateus 5: 26).
Atribuir, pois, a Deus a responsabilidade pelo pecado do assassinado de Jesus é até uma blasfêmia contra o Espírito Santo, por excelência, que é o Espírito perfeito do Deus Pai. Isso seria mesmo tomar o Espírito de Deus como um espírito atrasado vampiro, que se satisfaz com sangue humano derramado, o que seria uma aberração teológica! É natural que os teólogos do passado e os próprios apóstolos, influenciados pela teologia judaica antiga de sacrifícios agradáveis a Deus, pensassem assim. Mas em pleno século 21, essa teologia de sangue não pode mais continuar sendo aceita como certa, ela que foi condenada pelo próprio excelso Mestre: “Misericórdia quero e não sacrifícios.” (São Mateus 9: 13); e “Amá-lo excede a todos os sacrifícios” (São Mateus 12: 33).
Mas cabe aos que já conhecem o evangelho do enviado de Deus fazerem a sua parte tornada possível por Deus pela sua criação do fenômeno da reencarnação, do nosso intelecto e livre arbítrio para serem usados exatamente nas reencarnações.
Uma só encarnação não daria nem para começarmos a nossa peregrinação terrena em busca da nossa passagem pela porta estreita, símbolo da concretização da nossa redenção pela vivência do evangelho do qual foi portador o Messias, um homem santíssimo judeu!

PS: “Presença Espírita na Bíblia”, com este colunista: www.tvmundomaior.com.br e parabólica digital.

José Reis Chaves

Prof. de português e literatura aposentado formado na PUC Minas / Escritor e jornalista colunista do diário O TEMPO, de Belo Horizonte / Palestrante nacional e internacional espírita e de outras correntes espiritualistas / Apresentador do programa “Presença Espírita na Bíblia” da TV Mundo Maior / Participante do programa “O Consolador” da Rádio Boa Nova / Tradutor de "O Evangelho Segundo o Espiritismo", de Kardec, para a Editora Chico Xavier. E autor dos livros, entre outros, "A Reencarnação na Bíblia e na Ciência" e "A Face Oculta das Religiões", Editora EBM, SP, ambos lançados também em inglês nos Estados Unidos.
Podem-se ler também as matérias da coluna de José Reis Chaves em O TEMPO, de Belo Horizonte, no seu facebook e no site desse jornal: www.tempo.com.br / Procurar colunistas. No final das matérias, há um espaço para comentários dos leitores, espaço este que se tornou um verdadeiro fórum de religiões. E qualquer um pode deixar seu comentário lá. Se não quiser que seu nome apareça, use um pseudônimo. E seu e-mail nunca aparece lá.
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quinta-feira, 23 de junho de 2016

Poderosa ação!


Impressionante a atualidade e grandeza do texto que Allan Kardec publicou em O Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo XXVII, no subtítulo Ação da Prece. Transmissão do Pensamento. Para estudo individual ou em grupo, para apresentação em palestras ou seminários ou para embasamento de compactas ou longas abordagens, o texto é uma preciosidade e aborda a poderosa ação da prece e da transmissão do pensamento. 
O codificador inicia com a valiosa informação de que “as preces dirigidas a Deus são ouvidas pelos Espíritos encarregados da execução das suas vontades (...)”, após ponderar que a prece coloca um ser em comunicação mental com outro ser a quem se dirige, não importando se esteja encarnado ou já tenha deixado o corpo pela desencarnação. 
O caminhar didático do texto é suave, leve, proporcionando como que uma aula útil e muito agradável para se aprender o mecanismo de transmissão do pensamento na comunicação entre os seres. Para isso faz uma comparação notável para entendermos a questão: “(...) é preciso mentalizar todos os seres, encarnados e desencarnados, mergulhados no fluido universal que ocupa o espaço, como o somos, neste mundo, na atmosfera. Esse fluido recebe um impulso da vontade; é o veículo do pensamento, como o ar é o veículo do som, como a diferença de que as vibrações do ar são circunscritas, enquanto que as do fluído universal se estendem ao infinito. (...)”. O que ocorre, portanto, é que “(...) estabelece-se uma corrente fluídica de um para o outro, transmitindo o pensamento, como o ar transmite o som. (...)”. 
A prece tem poderosa ação porque por ela atraímos o concurso dos bons espíritos, que nos sustentam nas boas resoluções e nos inspiram bons pensamentos, possibilitando-nos adquirir as forças morais para superação das dificuldades. Não usá-la, conforme raciocínio de Kardec, é renunciar para sim mesmo e a outros o bem que se lhes pode fazer, à assistência que todos podemos receber da Bondade Divina. 
E há uma advertência expressiva no texto, com outras palavras e outro exemplo, mas que se pode resumir no exemplo de adversidades ou doenças que podemos enfrentar, fruto ou não de excessos: temos o direito de reclamar? E conclui a resposta de Kardec: “(...) Não, porque poderia encontrar na prece a força para resistir às tentações (...)”. E podemos acrescentar, inclusive à tentação da reclamação ou dos lamentos da revolta. 
O texto ocupa três páginas do capítulo, com sábias reflexões. Deixo ao leitor ir à fonte original para o prazer dessa leitura do sábio e profundo texto. Mas concluo com dois pensamentos importantes ali expressos, para ampliar a reflexão de todos nós:

a)      No item 13: “Acedendo ao pedido que lhe é dirigido, Deus frequentemente, tem em vista recompensar a intenção, o devotamento e a fé àquele que ora, eis porque a prece do homem de bem é mais meritória aos olhos de Deus, e sempre mais eficaz, porque o homem vicioso e mau não pode orar com o fervor e a confiança que só é dado pelo sentimento da verdadeira piedade. Do coração do egoísta, daquele que ora com os lábios, não podem sair senão palavras, mas não os impulsos da caridade que dão à prece todo o seu poder. (...)”;
b)      No item 15: “O poder da prece está no pensamento; ela não se prende nem às palavras, nem ao lugar, nem ao momento em que é feita. Pode-se, pois, orar em toda parte, em qualquer lugar, a qualquer hora, sozinho ou em comum. (...)”.

Recomendo, com ênfase, ao leitor, ler o texto integral, até para ampliar o assunto a respeito da prece com comum, reunindo várias pessoas e seu extraordinário poder, mas também para tocar num ponto muito comum nos relacionamentos humanos, quando ouvimos alguém pedir: “Ah! Ore por mim!”. A lucidez de Kardec se faz presente: “(...) Isso é tão compreensível, que, por um movimento instintivo, a pessoa se recomenda de preferência às preces daqueles nos quais se percebe que a conduta deve ser agradável a Deus, porque são mais ouvidos.” 
O fato principal, contudo, fica no raciocínio de que diante das dificuldades todas que possamos atravessar, das adversidades muitas vezes inevitáveis, é preciso lembrar, entre outras situações de “(...) Se não ultrapassarmos o limite do necessário na satisfação das nossas necessidades, não teremos as doenças que são consequências dos excessos, e as vicissitudes que essas doenças ocasionam. Se colocarmos limite à nossa ambição, não teremos a ruína. Se não quisermos subir mais alto do que podemos, não temeremos cair. Se formos humildes, não sofreremos as decepções do orgulho humilhado. Se praticarmos a lei da caridade, não seremos nem maldizentes, nem invejosos, nem ciumentos, e evitaremos as querelas e as dissenções. Se não fizermos mal a ninguém, não temeremos as vinganças, etc. (...)”.
 A prece é o grande recurso contra esses males que ainda nos sondam os passos.

Orson Peter Carrara