O advento do Espiritismo no planeta trouxe consigo um grave
compromisso que cabe aos espíritas respeitarem e aplicarem – inicialmente a si
mesmos e por consequência natural contagiar ou atingir aqueles com quem
convivemos, em família ou em sociedade –, dada a responsabilidade que nele está
embutido.
Isso por uma razão muito simples: o objetivo prioritário da
Doutrina Espírita, conforme explicitado na questão 292, item 22, em O Livro dos
Médiuns: “(...) o objetivo essencial, exclusivo, do Espiritismo, é vosso
adiantamento (...)”. Todas as demais atividades desenvolvidas pelos centros
espíritas e seu movimento são importantes, mas todas secundárias, situando-se
em primeiro lugar o adiantamento moral do ser humano.
Ora! Pensar nisso traz imensos desdobramentos, uma vez que o
Espiritismo, que não tem hierarquia, nem chefes, nem pretende evidências
sociais ou procura posições de comando ou poder, dispensa por sua própria
natureza, quaisquer iniciativas que louvem a vaidade, o protecionismo, as
manipulações, preferências ou privilégios de qualquer natureza. Por isso mesmo,
baseia sua plataforma de trabalho na caridade, que inclui o respeito às
pessoas, suas crenças, suas instituições, sejam elas sociais, educativas,
religiosas, políticas, de qualquer nacionalidade, raça, ou opções que não
agridam o bem geral que deve imperar na vida coletiva.
Por esta mesma razão ensina que nosso maior inimigo está
dentro de nós mesmos e é identificado pelo nome de egoísmo, orgulho ou vaidade,
geradores da indiferença, da violência, da miséria e do preconceito que ainda
assolam o planeta.
Por isso a luta do espírita – perfeitamente enquadrada no
compromisso do Espiritismo e seu movimento que se desdobra em amplas e
conhecidas frentes de trabalho – é a de melhorar-se moralmente, aprimorar-se do
ponto de vista moral para corresponder à altura seu compromisso de adesão aos
postulados apresentados pelo Evangelho e revividos pelo Espiritismo.
Isso convida a posturas conciliatórias, de respeito às
diferenças e de permanente trabalho para construção do belo, do digno, do
progresso, usando como critério a máxima de Jesus que nos convida sempre a nos
colocarmos no lugar do outro, de fazermos pelo semelhante aquilo que desejamos
para nós próprios.
O compromisso do Espiritismo, por extensão do movimento e
seus adeptos, é educativo, autotransformador, requerendo vigilância contínua de
nossos pensamentos e ações, para não nos deixarmos iludir por lutas ou posições
passageiras, temporárias, por busca de poder ou evidência, posições que o
próprio tempo se encarrega de diluir. O que permanece é mesmo a consciência do
dever de trabalhar pelo bem geral.
As ilusões do mundo, entre poderes e recursos que passam
pela vaidade e pelo egoísmo fomentando o orgulho, fascinam. Para nós que já
sabemos os prejuízos, é prudente ficarmos atentos. Firmemos nossas ações nos
compromissos do Espiritismo.
Orson Peter Carrara
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