quarta-feira, 28 de junho de 2023

Impressões


O conhecimento é relativo neste mundo, mesmo tendo os indivíduos participado da mesma formação.
A impressão que temos das coisas nunca é absoluta. Cada um abriga em si mesmo aquilo que se acomoda à sua maturidade espiritual, e o mundo será visto sempre conforme essa característica, as lentes cultural e moral mais nítidas ou mais embaçadas darão um parecer incompleto a respeito daquilo que se observa.
Jesus, o psicoterapeuta da humanidade, portador da maior mensagem libertadora que se tem notícia, ao aconselhar ao homem o “não julgueis” (1), estava mostrando essa relatividade do entendimento e que para se julgar seria preciso ter um profundo conhecimento do outro que não está na natureza humana, cabendo somente a Deus fazê-lo, porque conhece, o ser que criou, de forma integral.
Somos convidados a contribuir no meio em que vivemos, dar o nosso melhor na conduta e nos esforços, promover o bem em toda parte e a partir de nós mesmos, jamais aguardando que o outro faça, mas cumprindo por nossa vez com os deveres para com a sociedade e a natureza. Não nos cabe saber as razões pelas quais as pessoas fazem o que fazem, mas sim saber o que nós fazemos e, consciencialmente, é isso o que importa para nós, porque isso impacta diretamente a nossa vida de espíritos, “por uma questão de justiça retornaremos sempre ao mundo carregando as consequências do que fazemos” (2), e não a das que os outros fazem.
Diante de disparates do comportamento coletivo ou individual, façamo-nos uma pergunta: O que eu posso fazer para auxiliar? Mesmo que não possamos interferir, diretamente, podemos fazer uma coisa, orar para que tudo se resolva e que aconteça o melhor e continuar na execução de nossas tarefas materiais e espirituais com toda a dignidade que nos seja compreensível.
Estamos em tempos em que de todas as camadas sociais, do homem letrado ao ignorante do saber, surgem os comportamentos, especialmente públicos, mais controversos, momento de grande desafio para nos mantermos equilibrados, mas um equilíbrio edificante, não passivo, aquele que serve, trabalha, constrói, espalha o amor, socorre o outro, ampara e compreende.
Não nos cabe mais ficarmos apenas justificando enganos, censurando e condenando os homens e as instituições, precisamos ter cuidado com as impressões que temos a respeito de tudo e buscarmos nos enquadrar na definição de Allan Kardec a respeito do verdadeiro espírita, do verdadeiro cristão, que é o de “fazermos grandes esforços para domarmos nossas más inclinações” (3), isso feito, iremos nos modificando e as nossas atitudes exemplificarão o que nossas palavras ainda não poderiam fazê-lo.

Referências:
(1) Mateus 7:1;
(2) Questão 167 de O Livro dos Espíritos; e
(3) XVII, item 4 de O Evangelho Segundo o Espiritismo.

quarta-feira, 7 de junho de 2023

O problema da igualdade


A igualdade, sem dúvida, é realidade nas raízes da existência.
Todos os seres possuem direitos idênticos de acesso à elevação, sob qualquer prisma, entretanto é preciso considerar que os deveres graduam as vantagens, dentro da vida.
No caminho da evolução, desse modo, a teoria igualitária absoluta é invariável utopia que nenhum sistema político poderá materializar.
A experiência e o esforço pessoal são as duas alavancas da diferenciação à cuja influência decisiva não conseguiremos fugir.
Mas, se é verdade que não podemos improvisar a ancianidade do Espírito, que só o tempo confere a cada criatura, na jornada para a maturação, o trabalho é sempre a riqueza real, suscetível de ser ampliada em nosso destino, ao preço de nossa boa vontade.
Assim sendo, não te esqueças das oportunidades que a Divina Providência te oferece cada dia, em favor do teu crescimento.
Os degraus da subida de nossa alma no rumo da perfeição destacam-se, hora a hora, através das situações e das pessoas que nos rodeiam.
Não residem nas facilidades que nos acomodam o coração com as linhas inferiores do mundo. Salientam-se nos obstáculos com que somos defrontados.
Cada problema e cada aflição, cada prova mais rude e cada luta mais árdua representam pontos vivos de ascensão que podemos aproveitar, em favor do próprio aprimoramento.
Aprendamos a respeitar o próximo e auxiliá-lo, na convicção de que amparando os nossos irmãos de caminho, auxiliaremos a nós mesmos, de vez que adquiriremos o tesouro da experiência, que nos enriquecerá de visão para os cimos que nos cabe alcançar.
Cada fonte vive em seu nível.
Cada projeção de luz caracteriza-se por determinado potencial de radiação.
Cada flor guarda o perfume que lhe é próprio.
Cada árvore produz segundo a espécie a que se subordina.
Cada Espírito respira na esfera que elege para clima ideal da própria existência…
Compete-nos buscar a posição de superioridade que Jesus nos oferece, aceitando o sacrifício pelo bem que a vida nos impõe, a fim de que nos façamos hoje desiguais da personalidade que ostentávamos ontem, perdendo os envoltórios pesados que ainda nos imantam às zonas escuras da Terra e tentando a sintonia com os benfeitores que nos esperam na Glória Espiritual.

Espirito Emmanuel

Do livro Trilha de luz, obra psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier.


Imagem do livro