quinta-feira, 26 de dezembro de 2019

Saúde preventiva


Compromisso reencarnatório e doenças crônicas

Lembra-nos André Luiz, pela pena psicográfica de Chico Xavier, que “renascendo entre as formas perecíveis, nosso corpo sutil, que se caracteriza, em nossa esfera menos densa, por extrema leveza e extraordinária plasticidade, submete-se, no plano da crosta, às leis de recapitulação, hereditariedade e desenvolvimento fisiológico, em conformidade com o mérito ou demérito que trazemos e com a missão ou o aprendizado necessários" (No Mundo Maior). A pedagogia reencarnatória reclama estudo, atenção e atitude para não produzir deteriorações desnecessárias a este corpo, carro material da nossa jornada pelo planeta.
A química fisiológica, como a química espiritual, não é casual ou fatalista. Emerge de nossos atos. Embora seja certo que a dor nos ensina, a ninguém foi dado buscar a doença ou o sofrimento como opção de vida. Incumbe-nos viver de forma cautelosa, escudando a nossa saúde física e espiritual, condição para tornar mais proveitosa a nossa experiência reencarnatória. Neste prisma, ter os olhos abertos para o que ocorre à nossa volta é o primeiro passo para evitar doenças e produzir saúde.
Você sabe o que é doença crônica? São aquelas de progressão lenta e de longa duração. Podem ser silenciosas ou sintomáticas e sempre comprometem a nossa qualidade de vida. Para considerar apenas as não transmissíveis, podemos exemplificá-las com as doenças cardiovasculares, as respiratórias crônicas (bronquite, asma, rinite), a hipertensão, o câncer, as doenças autoimunes (lúpus, doença celíaca, esclerose múltipla etc.) e as doenças metabólicas (obesidade, diabetes, esteatose, osteoporose etc.). Junto às últimas podem ocorrer diversas manifestações psiquiátricas, como o autismo e a depressão. Segundo a OMS, as doenças crônicas respondem por 63% das mortes no mundo (74% das causas dos óbitos no Brasil).
Tive acesso, em data recente, a uma explanação feita pelo Dr. Cícero Galli Coimbra, médico e cientista, acerca de alguns dados estarrecedores da saúde mundial. Na atualidade, 60% da população norte-americana com menos de 25 anos de idade sofrem de pelo menos uma doença crônica. Deste contingente, 45% padecem com duas dessas doenças. Trata-se de amostragem do que ocorre em todo o planeta, num ritmo exponencial que se agravou desde 1980. Na década de 1975 a 1985, duplicaram os casos de autismo no mundo. Nas décadas anteriores, as estatísticas apontavam para o nascimento de 1 criança autista para cada 5.000 crianças normais. No período seguinte, esta proporção já era de 1 para cada 2.500. Em 2012, chegamos a 1 criança autista para cada 88 normais e, em 2018, o índice foi de 1 por 40. Se nada for feito, um enorme contingente de pessoas manter-se-á dependente de medicamentos que a indústria farmacêutica lança no mercado a preços exorbitantes. Essas empresas não estão preocupadas em descobrir ou combater as causas dessas doenças. Orbitam nas cifras milionárias de seus negócios e doenças crônicas constituem a matéria-prima de seus lucros. Os fármacos que produzem combatem apenas os efeitos dessas doenças, o que lhes garante, por tempo indefinido, a fidelidade forçada de um expressivo público consumidor. Em 2016, essa indústria movimentou US$ 17 bilhões apenas com a venda de imunossupressores para o tratamento da esclerose múltipla. Quatro gigantes desse setor projetaram, no mercado de ações, um lucro de US$ 40 bilhões para 2026, gerado exclusivamente com essa doença. Milhares de pessoas tendem a se tornar, ainda jovens, incapacitadas para o trabalho e até para cuidados pessoais.
A boa notícia é que a maioria das doenças crônicas pode ser prevenida ou controlada. O peso da herança genética é pequeno, se comparado a outros fatores de risco que estão sob o nosso domínio e dependem apenas de nossa vontade e determinação. “Não somos vítimas de nossos genes, mas donos do nosso destino.” (Bruce Lipton). Para trabalhar no bem (essência do nosso compromisso reencarnatório) é preciso saúde. Com pequenas atitudes você pode evitar doenças crônicas e permitir uma experiência proveitosa no vaso físico. Mude hábitos para garantir uma alimentação saudável e variada, rica em frutas, vegetais e cereais. Esforce-se para banir o consumo de produtos industrializados, de açúcar, de sódio, de fumo, embutidos e refrigerantes. Mantenha atividades físicas regulares e reduza ao máximo o consumo de bebidas alcoólicas. Não se torne refém de medicamentos. Reserve momentos para desfrutar do prazer merecido, da tranquilidade e do relaxamento. Tudo sem esquecer da atividade mais importante, motriz de saúde física e mental: o trabalho desinteressado em favor do outro.

O autor é Promotor de Justiça, Professor Universitário, Mestre e Doutor em Direito. É estudioso e divulgador da Medicina Holística e dos meios naturais de promoção e recuperação da saúde.


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segunda-feira, 25 de novembro de 2019

Provação e aprendizado


Quando a dor nos bate à porta e enche de sombras nossa vida costumamos chorar ou nos desesperar.
Abatidos, olhamos em torno e invejamos os felizes do mundo: os que têm riquezas, os que aparentam não ter preocupações, os que têm saúde ou família perfeitas.
Nessas horas de provação lamentamos e choramos. Raras vezes aproveitamos a ocasião para meditar e retirar aprendizados.
Muitas vezes, aqui na Terra, as preocupações da vida material nos cegam.
Ficamos tão aflitos com o que haveremos de comer ou de beber que esquecemos de que temos Deus, um Pai amoroso que cuida de todos nós.
Acredite: ninguém está esquecido por esse Pai amoroso e bom, que faz nascer o sol sobre bons e maus, que faz cair Sua chuva sobre justos e injustos.
Muitas vezes nos perguntamos: Por que isso aconteceu comigo? A pergunta deveria ser diferente: Para quê isso aconteceu comigo?
Sim, toda e qualquer experiência – sofrida ou feliz – traz um aprendizado importante. São momentos que vão enriquecer nossa alma.
Deus não brinca com as nossas vidas. E se Ele permite que certas coisas aconteçam conosco é porque há um objetivo útil e importante para nós.
Faça uma retrospectiva: observe os momentos difíceis de sua existência. Cada um deles trouxe algo de novo, um aprendizado especial. Cada lágrima acrescentou sabedoria, experiência, um novo olhar sobre a vida.
A doença, por exemplo, nos ensina a valorizar a saúde, a cuidar melhor do corpo. A pobreza nos revela a importância do trabalho e do esforço pessoal. A família difícil nos oferece a lição da tolerância.
Enfim, as privações nos ensinam a ser mais sensíveis perante o sofrimento alheio. Essas lições são interiorizadas: nós as guardaremos para sempre.
Na verdade, as dificuldades são advertências que a vida nos apresenta, alertas sobre nossas atitudes perante o próximo.
Se algo ruim nos ocorre, vale a pena se perguntar: O que posso aprender com isso? Como posso melhorar a partir desse episódio?
Mas, atenção: nada disso significa que devemos cultuar a dor. Nada disso! Bem sofrer não significa cultivar o sofrimento, ser conformista ou agravar as dores que sofremos.
Bem sofrer significa enfrentar as situações com fé e coragem, alimentar a esperança enfrentando as situações com serenidade.
Assim, busque soluções, lute por sua felicidade. Mas faça tudo isso com tranquilidade.
Quando desabarem sobre você as tempestades da vida, não se entregue à revolta destruidora. Silencie, ore e procure descobrir o aprendizado oculto que a situação traz.
Acredite: por mais amarga seja a experiência, os frutos desse aprendizado jamais se perderão e eles poderão nos tornar mais sábios e generosos.
Por isso, cada vez que as lágrimas visitarem seu rosto, erga os olhos para o céu e agradeça.
Nas suas orações, peça a Deus a força necessária para superar o momento difícil e a inspiração para encontrar soluções.
E Deus, que nos ama tanto, não deixará de atendê-lo na medida de suas necessidades espirituais.
Quando o momento difícil passar, você se sentirá bem melhor se não tiver de lembrar que se entregou ao desespero, que gritou e se debateu.
Em geral, a solução está bem próxima. Se estivermos transtornados de medo ou desespero, será mais difícil resolver o problema. Com calma, logo poderemos ver a luz no fim do túnel.
Pense nisso.

Redação do Momento Espírita.
Autor desconhecido

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quinta-feira, 10 de outubro de 2019

Duas consequências inevitáveis


Devemos tudo à Vida abundante que desfrutamos. Deus, o Criador, dotou-nos de vida e possibilitou-nos intenso e contínuo aprendizado. Para que pudéssemos evoluir, aprender, e, portanto, adquirir méritos do esforço colocado a serviço da conquista da felicidade, cercou-nos de inúmeros recursos. Entre eles estão as maravilhas produzidas pela natureza. Desde o espetáculo do nascer do sol – que soa como amável e silencioso convite ao trabalho; às frutas ou perfume das flores, à condição de seres sociais que se relacionam para o mútuo crescimento e mesmo a uma infinidade de tesouros que nem percebemos. Sempre estão a nossa volta e o espaço desta página seria insuficiente para relacionar.
Colocou-nos num planeta rico de possibilidades e perspectivas. Dotou o planeta de água, fauna e flora abundantes; deu-nos os animais, pássaros e outros seres como companheiros de viagem e ainda escalou experimentados irmãos mais velhos que visitam o planeta, periodicamente, para ensinar o caminho do acerto e da felicidade. Entre eles, o maior de todos, Jesus de Nazaré, mensageiro do Evangelho, porta-voz direto do Pai Criador e que vivenciou em si mesmo o que ensinou.
Diante das possibilidades abertas, a humanidade vai caminhando, errando, acertando e aprendendo. Descobrimos nossas próprias leis, estamos pesquisando o que ainda nos intriga e lutamos contra dificuldades e obstáculos que são próprios e naturais de nosso atual estágio evolutivo. Sim, porque somos criaturas em caminhada, imperfeitas e inacabadas. O tempo levar-nos-á à perfeição relativa, quando estaremos promovidos à condição de cooperadores da grandiosa obra de Deus.
Essas reflexões todas convidam-nos a pensar com mais seriedade sobre a vida no planeta. Não estamos aqui a passeio. Também não estamos no planeta pela primeira, nem última vez. Somos todos irmãos, devemo-nos solidariedade recíproca e cumprimos um justo programa de autoaperfeiçoamento, cuja finalidade é o progresso individual e coletivo. E neste coletivo incluímos toda a sociedade do planeta, em todos os sentidos e níveis que se queira analisar.
No geral, devemos entender que como filhos de um Pai Bondoso e Justo, que ama profundamente suas criaturas, fica o dever do autoaprimoramento intelecto-moral, único instrumento real de equilíbrio e felicidade. E consideremos que tudo isto enquadra-se até num dever de gratidão a tudo que recebemos, diariamente, de Deus, o Pai de todos nós.
E pensemos que o autoaprimoramento intelecto-moral levar-nos-á pelo menos a duas consequências inquestionáveis: dominaremos o egoísmo feroz que ainda nos domina (o que determinará o fim da onda de sofrimentos que abate o planeta) e partiremos, porque mais conscientes, aos deveres da solidariedade que, por consequência, trarão o equilíbrio que esperamos.

Orson Peter Carrara

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quarta-feira, 2 de outubro de 2019

Suicídio, uma desgraça anunciada!


A mente despreocupada com a vigilância, tão amiúde recomendada pelos Espíritos Superiores, muito mais facilmente deixa-se contaminar pela influência desagregadora e nefasta da mídia sensacionalista, que se nutre das notícias escandalosas e fomentadoras do medo e da insegurança, conduzindo o indivíduo, geralmente, para os processos de fuga, que lhes causarão devastadoras e dolorosas consequências.
Isto porque esses processos são fundamentados no estado de perturbação em que o Ser deixou-se envolver, buscando opções antes inimagináveis, com repercussão dolorosa e perturbadora para o equilíbrio e a paz espiritual do indivíduo, que terá de suportar dores e sofrimentos, por muitos anos, dentre eles o suicídio.
As estatísticas sobre esse ato insensato são alarmantes, sendo por isso mesmo considerado uma questão de saúde pública, embora o suicídio nem sempre esteja incluído em debates sobre violência, como se não fizesse parte desse tipo de assunto.
Homens e Mulheres adultos buscam fugir dos problemas que os afligem, atentando contra a própria vida, assim como uma quantidade inacreditável de jovens, com poucos anos na experiência corporal, também são levados ao suicídio por diversos fatores, dentre os quais podemos destacar: os conflitos familiares, a dependência química, a obsessão, a falta de fé no futuro e, principalmente, a ausência de uma religião.
Segundo pesquisas, os conflitos familiares destacam-se como sendo o maior motivo de suicídio entre os jovens, pois as constantes discussões e embates travados entre pais e filhos causam sérios prejuízos nas estruturas psíquicas dos envolvidos, abalando os frágeis elos da consanguinidade, causando a desunião familiar, crescendo a passos largos em direção ao desamor e ao desrespeito mútuo.
A ausência do verdadeiro sentimento de Amor nas relações familiares, a falta de comunicação, as manifestações sob a forma de comportamentos extremados, entre outros, são fatores que contribuem, fortemente, para os problemas graves que assolam a saúde moral da família.
O resultado imediato dessas atitudes é o surpreendente número de jovens, que até mesmo, inconscientemente, ativam o seu mecanismo de autodefesa psíquica, tentando fugir da realidade que vivenciam em casa e aprisionam-se nas algemas da depressão, de onde muitos poucos logram sair.
Ante os graves acontecimentos de suicídio, precisamos acordar e tomar providências para encontrar em nosso ambiente de atuação os irmãos de qualquer faixa etária que estiverem buscando abrigo nos equivocados e traiçoeiros braços da tristeza, da amargura e do medo. Assim como aqueles que se escondem sob o véu da rebeldia e da agressividade, fugindo, desesperadamente, do enfrentamento dos seus respectivos problemas.
A Casa Espírita precisa cumprir seu papel na sociedade, oferecendo os benditos recursos de nossa doutrina, acolhendo, confortando e esclarecendo sob o destino feliz que a todos está reservado, no abençoado porvir, em nome de Deus.
Para melhor esclarecimento, podemos verificar os diversos e espantosos dados sobre o suicídio contidos no endereço eletrônico a seguir:


Francisco Rebouças

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sexta-feira, 20 de setembro de 2019

Hábitos insalubres


As criaturas têm despendido largos tributos à ignorância e ao desgoverno das emoções
“Endireitai o caminho.” - João, 1:23.

Segundo Emmanuel [1], “(...) para que alguém sinta a influência santificadora do Cristo, é preciso retificar a estrada em que tem vivido”, abandonando as veredas dos vícios, dos crimes, dos costumes dissolutos e os resvaladouros dos erros. Ao longo de nossa caminhada evolutiva temos despendido largos tributos à ignorância, à impaciência e ao desgoverno das emoções em variegados destrambelhamentos...
Não estaremos livres de toda sorte de dificuldades enquanto não alcançarmos o ápice da evolução, o zênite de nossa escala ascensional. Cumpre, assim, resguardamos o Espírito na calma ante os acontecimentos infelizes que fogem ao nosso controle. Todas as vezes que uma situação se der de forma diferente da que desejáramos, insculpindo as marcas da aflição nas carnes de noss’alma, ao invés de nos deixarmos comburir pela irritação e pela rebeldia, destemperando-nos em revolta, agressividade e palavrões, devemos estender a alcatifa da calma à nossa frente, pois tudo muda constantemente, inclusive o momento aziago...
Joanna de Ângelis[2] aconselha: “(...) em todos os passos da vida, a calma é convidada a estar presente. Aqui, é uma pessoa tresvariada que te agride; acolá é uma ameaça de insucesso na atividade programada; adiante, é uma incompreensão urdindo males contra os teus esforços. É necessário ter calma sempre... Ela é filha dileta da confiança em Deus e na sua justiça, a expressar-se numa conduta reta que responde por uma atitude mental harmonizada.
Quando não se age com incorreção, não há por que temer-se acontecimento infeliz. A irritação, alma gêmea da instabilidade emocional, é responsável por danos, ainda não avaliados, na conduta moral e emocional da criatura.
A calma inspira a melhor maneira de agir, e sabe aguardar o momento próprio para atuar, propiciando os meios para a ação correta. Não antecipa nem retarda. Soluciona os desafios, beneficiando aqueles que se desequilibram e sofrem”.
Em outra oportuna página, esclarece a mesma Mentora Amiga [3]: “(...) o homem que se candidata a uma existência feliz tem a obrigação de vigiar as suas emoções perturbadoras, a fim de que sejam evitadas desarmonias perfeitamente dispensáveis, na economia do seu processo de evolução.
As emoções perturbadoras decorrem do excesso de autoestima, do apego aos bens materiais e às pessoas, e do orgulho, entre outros fatores negativos. O excesso de consideração que o indivíduo concede, leva-o à irritação, ao ciúme, à agressividade, toda vez que os acontecimentos se dão diferentes do que ele espera e supõe merecer.
O grande desafio do homem da atualidade é, pois, superar os despautérios que têm raízes no seu passado espiritual. A liberação das emoções perturbadoras é resultado dos hábitos insalubres de entregar-se-lhes sem resistência. Tão comum se faz ao indivíduo a liberação dos instintos perniciosos geradores deles, que este se não dá conta do desequilíbrio em que vive. Adaptando-se ao autocontrole, eliminará, a pouco e pouco, a explosão dessas emoções perturbadoras”.
Emmanuel esclarece [4]: “(...) o mundo interior é a fonte de todos os princípios bons ou maus e todas as expressões exteriores guardam aí os seus fundamentos. Em regra geral, todos somos portadores de graves deficiências íntimas, necessitadas de retificação. Será muito fácil ao homem confessar a aceitação de verdades religiosas, operar a adesão verbal a ideologias edificantes... Outra coisa, porém, é realizar a obra de elevação de si mesmo, valendo-se da autodisciplina, da compreensão fraternal e do espírito de sacrifício.
O apóstolo Tiago entendia perfeitamente a gravidade do assunto e aconselhava aos discípulos alimpassem as mãos, isto é, retificassem as atividades do plano exterior, renovassem suas ações ao olhar de todos, apelando para que se efetuasse, igualmente, a purificação do sentimento, no recinto sagrado da consciência, apenas conhecido pelo aprendiz, na soledade indevassável de seus pensamentos. O companheiro valoroso do Cristo, contudo, não se esqueceu de afirmar que isso é trabalho para os de duplo ânimo, porque semelhante renovação jamais se fará tão somente à custa de palavras brilhantes”.
A nobre Mentora Joanna de Ângelis3 elaborou um pequeno código de conduta para facilitar-nos a assimilação de outros hábitos saudáveis e felicitadores. Vejamos o que ensina a Mentora de nosso Divaldo Franco: “(...) considera a própria fragilidade que te não faz diferente das demais pessoas; observa o esforço do teu próximo e valoriza-o; treina a paciência ante as ocorrências desagradáveis; reflexiona quanto à transitoriedade da posse; medita sobre a necessidade de ser solidário; propõe-te a adaptação ao dever, por mais desagradável se te apresente; aprende a repartir, mesmo quando a escassez caracterizar as tuas horas...
Um treinamento íntimo criará novos condicionamentos que te ajudarão na formação de uma conduta ditosa e tranquila.
Foram as emoções perturbadoras que levaram Pedro, temeroso, a negar o Amigo, e Judas, o ambicioso, a vendê-lO aos inimigos da verdade.
O controle delas, sob a luz da humildade e da fé, proporcionou à humanidade o estoicismo de Estêvão, a dedicação até o sacrifício de Paulo – que as venceram – e toda a saga de amor e grandeza do homem abnegado de todos os tempos”.
Santo Agostinho desenvolve de forma magistral o axioma encontrado por Sócrates no Templo de Delfos na Grécia, de autoria do também filósofo grego Sólon: “conhece-te a ti mesmo”, na sequência da questão número 919 de “O Livro dos Espíritos”, d’onde podemos pinçar valiosos subsídios para implementar o código de conduta elaborado pela lúcida Mentora de Divaldo Franco. E é ainda ela quem nos aconselha2: “(...) preserva-te em calma, aconteça o que acontecer. Aprendendo a agir com amor e misericórdia em favor do outro, o teu próximo, ou da circunstância aziaga, possuirás a calma inspiradora da paz e do êxito”.

[1] - XAVIER, F. Cândido. Caminho, verdade e vida. 26. ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 2006, cap. 16.

[2] - FRANCO, Divaldo. Episódios diários. Salvador: LEAL, 1986, cap.16.

[3] - FRANCO, Divaldo. Momentos de felicidade. Salvador: LEAL, 1991, cap. 18.

[4] - XAVIER, F. Cândido. Caminho, verdade e vida. 26. ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 2006, cap. 18.

Rogério Coelho

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quinta-feira, 22 de agosto de 2019

Cinco-marias


Ensine à criança valores e atitudes de cooperação…

Educa e transformarás a irracionalidade em inteligência, a inteligência em humanidade e a humanidade em angelitude. 

Emmanuel

Crianças precisam experimentar valores e cooperação: atravessar a rua na faixa, recolher as fezes do cachorro durante o passeio no parque, dizer obrigado à funcionária da cantina na escola…
A formação do ser humano e do cidadão começa no nascimento e, por isso, na infância as crianças vão aprender por observação, principalmente – se os pais respeitam os sinais de trânsito, por exemplo, a criança compreenderá pouco a pouco que esses sinais são essenciais à ordem das cidades…
Instigar a inteligência infantil? O caminho é sem medo estabelecer em casa uma atmosfera de respeito, carinho e atenção, demonstrando, pelos exemplos, que a família é uma equipe e, por isso, todos os membros devem colaborar: molhar as plantas, guardar roupas e brinquedos, ajudar o irmão menor a vestir o casaco, economizar água, dizer ‘obrigado’...
No dia a dia, sem se esquecer de exercitar o diálogo, deixar claro ao filho ou à filha que toda atitude racista, por exemplo, gera consequências danosas à paz social – motivar, portanto, desde cedo, situações em que as crianças se percebam iguais e com direitos iguais... Afinal, “não nascemos racistas, nos tornamos racistas”, já alertou Pap Ndiaye, pesquisador do Instituto de Estudos Políticos (IEP) de Paris e especialista em relações raciais…
Sem dúvida, o exercício democrático, norteado pelo respeito, pelo espírito de paz e tolerância, deve ser experimentado tenazmente na infância. Aos pais cabe oferecer à criança situações nas quais valores e habilidades voltadas à cooperação, ao bem social, sejam vivenciados, ajudando-a, desse modo, a crescer consciente tanto de seus direitos como de seus deveres.

Eugênia Pickina

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terça-feira, 16 de julho de 2019

Prossiga!!!


Sim, é um comando expressivo, imperativo, necessário para todos. Tenho usado a expressão no final de minhas palestras, quando a temática permite. Na verdade, falo antes para mim mesmo e partilho com os ouvintes.
Para superar obstáculos, vencer traumas, manter a vitalidade, abrir caminhos e enxergar além das aparências difíceis, é preciso prosseguir. E sempre acrescento: prossigamos, pois que me incluo.
Sim, é preciso prosseguir, apesar de tudo. Prosseguir confiando, amando, trabalhando, cheios de esperança e determinação, nunca desistindo da honestidade, do amor, da perseverança e da crença firme na própria capacidade de buscar o melhor.
Muita gente fica doente porque fica paralisada pelo medo ou pela timidez, pela insegurança ou e até mesmo pelos obstáculos e adversidades naturais, bem próprias de nossa condição humana.
A vida conspira a nosso favor e até por gratidão a Deus, à vida, por tantas bênçãos, é preciso erguer a cabeça e prosseguir. Desde que estejamos no caminho que não cause prejuízos aos outros, ou lesões a nós mesmos, é preciso prosseguir.
Duas frases, cuja autoria desconheço e que pude ler numa publicação que não identificou o autor, bem cabem nesse raciocínio:

a) Tudo o que acontece no universo tem uma razão de ser; um objetivo. Nós como seres humanos, temos uma só lição na vida: seguir em frente e ter a certeza de que apesar de as vezes estar no escuro, o sol vai voltar a brilhar;

b) Quando estiverem em uma situação difícil, e sentirem que já não podem mais, não desanimem, e estejam seguros, que ainda que as coisas pareçam muito complicadas, não deixem que frustrem seus sonhos e não percam nunca... nunca a esperança, e lembrem-se que quando a noite estiver mais escura, é por que já vai sair o sol;

O grande detonador dos estados depressivos é dispensar a coragem e a esperança da própria convivência. Tenhamos o hábito de andar de braços dados com tais virtudes. Elas alimentam a alma e fazem superar as dificuldades, ainda que sejam muito expressivas.
Então, amigo leitor: Prossiga! Prossigamos! Não nos permitamos permanecer abraçados à indiferença, à omissão, à descrença ou à tristeza. Reagir a tais estados é o grande segredo de manter-se saudável e feliz. Como fazer isso? É bem simples: enumere os motivos todos de gratidão que todos detemos conosco.

Orson Peter Carrara

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terça-feira, 9 de julho de 2019

A carne é fraca


Estudo fisiológico e moral

1. Há inclinações viciosas que evidentemente são mais inerentes ao espírito, porque têm a ver mais com a moral do que com o físico; outras mais parecem consequência do organismo e, por este motivo, a gente se julga menos responsável. Tais são as predisposições à cólera, à moleza, à sensualidade, etc. 

2. Está hoje perfeitamente reconhecido pelos filósofos espiritualistas que os órgãos cerebrais correspondentes às diversas aptidões devem o seu desenvolvimento à atividade do espírito; que esse desenvolvimento é, assim, um efeito e não uma causa. Um homem não é músico porque tem a bossa da música, mas tem a bossa da música porque seu espírito é músico (Revista de julho de 1860 e abril de 1862). 

3. Se a atividade do espírito reage sobre o cérebro, deve reagir igualmente sobre as outras partes do organismo. Assim, o espírito é o artífice de seu próprio corpo, por assim dizer, modela-o, a fim de apropriá-lo às suas necessidades e à manifestação de suas tendências. Assim sendo, a perfeição do corpo nas raças adiantadas seria o resultado do trabalho do espírito que aperfeiçoa o seu utensílio à medida que aumentam as suas faculdades. (A Gênese segundo o Espiritismo, cap. XI, Gênese Espiritual). 

4. Por uma consequência natural desse princípio, as disposições morais do espírito devem modificar as qualidades do sangue, dar-lhe maior ou menor atividade, provocar uma secreção mais ou menos abundante de bile ou de outros fluidos. É assim, por exemplo, que o glutão sente vir a saliva, ou, como se diz vulgarmente, vir água à boca à vista de um prato apetitoso. Não é o alimento que pode super excitar o órgão do paladar, pois não há contato; é, portanto, o espírito, cuja sensualidade é despertada, que age pelo pensamento sobre esse órgão, ao passo que, sobre um outro Espírito, a visão daquele prato nada produz. Dá-se o mesmo em todas as cobiças, todos os desejos provocados pela visão. A diversidade das emoções não pode ser compreendida, numa porção de casos, senão pela diversidade das qualidades do espírito. Tal é a razão pela qual uma pessoa sensível facilmente derrama lágrimas; não é a abundância das lágrimas que dá a sensibilidade ao espírito, mas a sensibilidade do espírito que provoca a abundante secreção de lágrimas. Sob o império da sensibilidade, o organismo modelou-se sob esta disposição normal do espírito, como se modelou sob a do espírito glutão. 

5. Seguindo esta ordem de ideias, compreende-se que um espírito irascível deve levar ao temperamento bilioso, de onde se segue que um homem não é colérico porque é bilioso, mas que é bilioso porque é colérico. Assim acontece com todas as outras disposições instintivas; um espírito mole e indolente deixará o seu organismo num estado de atonia em relação com o seu caráter, ao passo que, se ele for ativo e enérgico, dará ao seu sangue, aos seus nervos, qualidades bem diferentes. A ação do espírito sobre o físico é de tal modo evidente, que por vezes se veem graves desordens orgânicas produzidas por efeito de violentas comoções morais. A expressão vulgar: A emoção lhe fez subir o sangue, não é assim despida de sentido quanto se podia crer. Ora, o que pôde alterar o sangue senão as disposições morais do espírito? 

6. Este efeito é sensível sobretudo nas grandes dores, nas grandes alegrias, nos grandes pavores, cuja reação pode chegar a causar a morte. Vemos pessoas que morrem do medo de morrer. Ora, que relação existe entre o corpo do indivíduo e o objeto que causa pavor, objeto que, muitas vezes, não tem qualquer realidade? Diz se que é o efeito da imaginação; seja, mas o que é a imaginação senão um atributo, um modo de sensibilidade do espírito? Parece difícil atribuir à imaginação, aos músculos e aos nervos, pois então não compreenderíamos por que esses músculos e esses nervos não têm imaginação sempre; por que não a têm após a morte; por que o que nuns causa um pavor mortal, noutros excita a coragem. 

7. Seja qual for a sutileza que usemos para explicar os fenômenos morais exclusivamente pelas propriedades da matéria, cairemos inevitavelmente num impasse, no fundo do qual se percebe, com toda a evidência, e como única solução possível, o ser espiritual independente, para quem o organismo não é senão um meio de manifestação, como o piano é o instrumento das manifestações do pensamento do músico. Assim como o músico afina o seu piano, pode-se dizer que o Espírito afina o seu corpo para pô-lo no diapasão de suas disposições morais. 

8. É realmente curioso ver o materialismo falar incessantemente da necessidade de elevar a dignidade do homem, quando se esforça para reduzi-lo a um pedaço de carne que apodrece e desaparece sem deixar qualquer vestígio; de reivindicar para si a liberdade como um direito natural, quando o transforma num mecanismo, marchando como um boneco, sem responsabilidade por seus atos. 

9. Com o ser espiritual independente, preexistente e sobrevivente ao corpo, a responsabilidade é absoluta. Ora, para a maioria, o primeiro, o principal móvel da crença no niilismo, é o pavor que causa essa responsabilidade, fora da lei humana, e à qual crê escapar fechando os olhos. Até hoje essa responsabilidade nada tinha de bem definido; não era senão um medo vago, fundado, há que reconhecer, em crenças nem sempre admissíveis pela razão. O Espiritismo a demonstra como uma realidade patente, efetiva, sem restrição, como uma consequência natural da espiritualidade do ser. Eis por que certas pessoas temem o Espiritismo, que as perturbaria em sua quietude, erguendo à sua frente o temível tribunal do futuro. Provar que o homem é responsável por todos os seus atos é provar a sua liberdade de ação, e provar a sua liberdade é revelar a sua dignidade. A perspectiva da responsabilidade fora da lei humana é o mais poderoso elemento moralizador: é o objetivo ao qual conduz o Espiritismo pela força das coisas. 

10. Portanto, conforme as observações fisiológicas que precedem, podemos admitir que o temperamento é, pelo menos em parte, determinado pela natureza do espírito, que é causa e não efeito. Dizemos em parte, porque há casos em que o físico evidentemente influi sobre o moral: é quando um estado mórbido ou anormal é determinado por uma causa externa, acidental, independente do espírito, como a temperatura, o clima, os vícios hereditários de constituição, um mal-estar passageiro, etc. O moral do Espírito pode, então, ser afetado em suas manifestações pelo estado patológico, sem que sua natureza intrínseca seja modificada. 

11. Escusar-se de suas más ações com a fraqueza da carne não é senão um subterfúgio para eximir-se da responsabilidade. A carne não é fraca senão porque o espírito é fraco, o que derruba a questão e deixa ao espírito a responsabilidade de todos os seus atos. A carne, que não tem nem pensamento nem vontade, jamais prevalece sobre o Espírito, que é o ser pensante e voluntarioso. É o espírito que dá à carne as qualidades correspondentes aos instintos, como um artista imprime à sua obra material o cunho de seu gênio. Liberto dos instintos da bestialidade, o espírito modela um corpo que não é mais um tirano para as suas aspirações à espiritualidade de seu ser; então o homem come para viver, porque viver é uma necessidade, mas não vive para comer. 

12. A responsabilidade moral dos atos da vida, portanto, permanece íntegra. Mas, diz a razão que as consequências dessa responsabilidade devem ser proporcionais ao desenvolvimento intelectual do Espírito, pois quanto mais esclarecido ele for, menos escusável será, porque, com a inteligência e o senso moral, nascem as noções do bem e do mal, do justo e do injusto. O selvagem, ainda vizinho da animalidade, que cede ao instinto do animal, comendo o seu semelhante, é, sem contradita, menos culpável que o homem civilizado que comete uma simples injustiça. 

13. Esta lei ainda encontra sua aplicação na Medicina e dá a razão do seu insucesso em certos casos. Considerando-se que o temperamento é um efeito, e não uma causa, os esforços tentados para modificá-lo podem ser paralisados pelas disposições morais do espírito que opõe uma resistência inconsciente e neutraliza a ação terapêutica. É, pois, sobre a causa primeira que devemos agir; se se consegue mudar as disposições morais do espírito, o temperamento modificar-se-á por si mesmo, sob o império de uma vontade diferente ou, pelo menos, a ação do tratamento médico será ajudada, em vez de ser tolhida. Se possível, dai coragem ao poltrão, e vereis cessarem os efeitos fisiológicos do medo. Dá-se o mesmo com as outras disposições. 

14. Mas, perguntarão, pode o médico do corpo fazer-se médico da alma? Está em suas atribuições fazer-se moralizador de seus doentes? Sim, sem dúvida, em certos limites; é mesmo um dever que um bom médico jamais negligencia, desde o instante que vê no estado da alma um obstáculo ao restabelecimento da saúde do corpo. O essencial é aplicar o remédio moral com tato, prudência e convenientemente, conforme as circunstâncias. Deste ponto de vista, sua ação é forçosamente circunscrita, porque, além de ele ter sobre o seu doente apenas uma ascendência moral, em certa idade é difícil uma transformação do caráter. É, pois, à educação, e sobretudo à primeira educação, que incumbem os cuidados dessa natureza. Quando a educação, desde o berço, for dirigida nesse sentido; quando nos aplicarmos em abafar, em seus germes, as imperfeições morais, como fazemos com as imperfeições físicas, o médico não mais encontrará no temperamento um obstáculo contra o qual a sua ciência muitas vezes é impotente. 

15. Como se vê, é todo um estudo, mas um estudo completamente estéril, enquanto não levarmos em conta a ação do elemento espiritual sobre o organismo. Participação incessantemente ativa do elemento espiritual nos fenômenos da vida, tal é a chave da maior parte dos problemas contra os quais se choca a Ciência. Quando ela levar em consideração a ação desse princípio, verá abrir-se à sua frente horizontes completamente novos. É a demonstração desta verdade que o Espiritismo traz.

Cosme Massi

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quarta-feira, 12 de junho de 2019

A calma que se precisa


O momento decisivo da evolução humana pede persistência, coragem, mas também calma.
Se pensarmos no alcance no final da conhecida expressão de Jesus: Amai-vos uns aos outros como eu vos amei,
podemos ampliar seu entendimento e entender seu divino convite.
Afinal o "como eu vos amei", como devemos entender?
Como é que Ele nos amou?
Em boa síntese didática-educativa, podemos entender que:

a) Ele sempre respeitou nossa posição evolutiva. Tanto que sempre valorizava quem dele se aproximava. Às diferentes personalidades que o procuraram, da mulher adúltera ao doutor da lei, respeitou-lhes o estágio moral.

b) Nada pediu em troca pelos inúmeros benefícios que trouxe à humanidade. Isso é uma demonstração de amor. Ama e porque ama ampara, consola, conforta, orienta. Nada exigiu, aguarda nosso despertar. 

c) Importou-se conosco. Esse importar-se conosco foi demonstrado na prática pelas expressivas manifestações de entendimento de nossa precária condição evolutiva, estendendo-nos seu divino amparo e orientação.

Daí a recomendação fraterna: "Amai-vos uns aos outros". Mas apresentou também a proposta de como fazê-lo, acrescentando o "como eu vos amei". Até porque - e hoje entendemos com mais exatidão - ele é o Modelo e Guia, referência mais alta que possuímos no planeta para seguir e nos esforçarmos como exemplo para incorporarmos ao comportamento.
Essa adoção de postura no comportamento é capaz de vencer obstáculos, extinguir contendas e dispensar mágoas, ressentimentos ou sentimentos de vingança ou mesmo temores infundados, uma vez que estamos todos protegidos por sua grandeza e bondade.
É a calma, a resignação ativa, que trabalha, compreende e encontra outros caminhos que sejam de paz para superação dos imensos desafios da atualidade.

Orson Peter Carrara

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quinta-feira, 30 de maio de 2019

Vivência mediúnica


Estudando a paranormalidade humana com critério e austeridade, Allan Kardec anotou, no item 159 do Capítulo XlV de O Livro dos Médiuns, que todo aquele que sente, num grau qualquer, a influência dos Espíritos é, por esse fato, médium.”
Analisando a mediunidade, o ínclito Codificador esclareceu que a sua expressão orgânica não constitui privilégio, antes é uma faculdade do Espírito, cuja condução depende dos valores éticos daquele que a possui.
Desse modo, ela está presente na quase totalidade dos indivíduos e em todo lugar, desvinculada de quaisquer conquistas morais ou de outra natureza.
Sendo, no entanto, instrumento que propicia o progresso, por cujo intermédio ocorrem as demonstrações da imortalidade e todo um elenco de contribuições para a felicidade humana, a sua condução exige requisitos graves, do que resultam as bênçãos que se anelam, exercitando-a com elevação.
O perfeito conhecimento dos objetivos da mediunidade equipa o intermediário para a desincumbência do compromisso assumido antes da reencarnação, e o seu menosprezo acarreta problemas muito complexos, interferindo na existência do seu portador.
Todo instrumento deixado ao abandono sofre os efeitos danosos do descuido.
Qualquer faculdade do corpo, da mente ou da alma, relegada a plano secundário, padece a desorganização que o tempo, a falta de exercício impõem, gerando atrofia, atraso, desequilíbrio.
A mediunidade não constitui exceção.
Médiuns, conscientes ou não, foram os santos, os sábios, os artistas, os cientistas, por conseguirem sentir a presença dos Espíritos ou do pensamento superior de que se tornaram instrumentos, expressando, nas próprias vidas, nas realizações e inventos, a manifestação superior de que se fizeram objeto.
No que tange à conduta espírita, o médium é portador de abençoada instrumentalidade para autoiluminar-se, promover o progresso da Humanidade, desenvolver os valores nobres, consolar e amparar as criaturas atormentadas e sofridas de ambos os planos da Vida.
Assim, o indivíduo é médium em todos os momentos da existência física, e não apenas esporadicamente, durante as reuniões experimentais de que participa.
Conforme a conduta mental e social, graças aos pensamentos e ações, atrai Espíritos com os quais se afina, passando a agasalhar-lhes os sentimentos e as ideias, que exteriorizará, às vezes, sem dar-se conta.
A vivência mediúnica é, por consequência, capítulo importante, no dia a dia de todo aquele em quem a faculdade se manifesta, e pretende servir ao programa do Bem, na restauração ou fundação da sociedade justa e feliz, ou da Era Nova do Espírito Imortal.
A disciplina constitui um elemento importante, para que outros deveres se apresentem, favorecendo a desincumbência do ministério abraçado. Graças ao seu exercício correto, torna-se imediata a luta pela superação do egoísmo e seu séquito nefando, sempre responsáveis pelas ocorrências desditosas entre os homens.
Como antídoto a esse terrível adversário íntimo, a experiência do amor solidário e a adaptação ao sentimento de humildade real fazem-se indispensáveis para o desenvolvimento de outras virtudes, que formam o conjunto de recursos auxiliares para conseguir-se a vitória.
A vivência mediúnica saudável é consequência da conscientização do compromisso, que se adquire através do estudo da própria faculdade, da meditação em tomo das suas finalidades quanto da irrestrita confiança em Deus.
A vivência mediúnica será expressa na ação dignificadora, que se constitui recurso precioso para a pacificação íntima e a felicidade.
Médiuns existem de todos os quilates e portadores das mais variadas faculdades.
Médiuns espíritas, porém, conscientes e responsáveis, são em número menor, que se entregam à vivência integral objetivando alcançar o mediunato, que é a grande meta que pretendem os Espíritos missionários no exercício da mediunidade. (…)

Espírito de Joanna de Ângelis
Psicografia de Divaldo Pereira Franco, em 3.11.1993, no Centro Espírita Caminho da Redenção, em Salvador, Bahia.

Divaldo Pereira Franco
Natural de Feira de Santana, Bahia, Brasil, reconhecido como um dos maiores médiuns e oradores espíritas da atualidade, fundou, juntamente com seu fiel amigo Nilson de Souza Pereira, o Centro Espírita Caminho da Redenção e a Mansão do Caminho, que atendem a toda a comunidade do bairro de Pau da Lima, em Salvador, beneficiando milhares de doentes e necessitados.

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quarta-feira, 1 de maio de 2019

Estás preocupado?


É compreensível que te surpreendas em estado de preocupação, quando te defrontes com os diversos desafios do teu cotidiano.
Não será tarefa simplista o ter que dar conta dos quefazeres domésticos, associados aos da profissão e do convívio social.
Realmente, concebe-se que são tantas coisas a pesar sobre o teu sentimento, sobre os teus pensamentos, sobre o teu humor, que, vez que outra, percebes que foste invadido por ondas de preocupações, para o que abriste as portas morais.
Entretanto, vale parar um pouco e meditar acerca desse fenômeno.
Quando te preocupas, passas a dispender largas quotas das tuas energias na direção do objeto da tua preocupação.
Se a causa é válida, converge a preocupação em ação positiva e benfazeja, ao invés de te manteres paralisado à frente do desafio.
Se o móvel da preocupação não tiver a marca do legítimo valor, se o teu estado psicológico prende-se ao desejo de posse, ao ciúme, à falta de fé em Deus ou a qualquer capricho nocivo à saúde da alma, é chegado o tempo de, à custa dos necessários esforços, te desligares dessa sintonia, que te irá minando o mundo íntimo, sem que encontres solução, podendo escorregar para valões de desespero, mágoa, ódio ou indiferença, ou em estado extremo, podendo impulsionar-te para o crime, que tem variado espectro para as almas lúcidas que conhecem, ainda que por simples informações, as orientações das Leis Divinas.
Desse modo, estuda com clareza as fontes e motivos das tuas preocupações, considerando com o Celeste Guia que a cada dia já basta o seu mal.
Na certeza de que estás no mundo a fim de aprender, crescer e amar, nos roteiros da felicidade, não te permitas sucumbir ante problemas de saúde, financeiros, mal-entendidos ou familiares. Aprende a resolver, um após outro, os teus problemas e, na certeza de que o tempo é o fator de resolução de todos os enigmas, entrega as tuas preocupações ao Criador e marcha adiante aguardando a luz do novo dia, que sempre brilha após as noites de horror e sombras.
Não te deixes aturdir pelas exageradas preocupações, trabalhando com valor e afinco o cerne de ti mesmo.

Camilo.
Psicografia de Raul Teixeira em 05.07.2010.

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segunda-feira, 15 de abril de 2019

É sempre assim


É comum, muito comum, que toda iniciativa, toda ideia inovadora, toda postura que altere paradigmas e tente vencer preconceitos ou modelos ultrapassados, encontre resistência, encontre circunstâncias desafiadoras, contrárias e mesmo pessoas que – muitas vezes até com violência, ainda que velada – movimentam forças e opiniões para desmotivar ou destruir anseios de progresso ou de mudanças…
Note-se que nomes famosos ou não, que de certa forma alteraram padrões de comportamento, trouxeram inovações que beneficiaram muita gente ou provocaram benéficas mudanças no modus operandi – seja de uma empresa, de uma instituição, de uma nação ou mesmo da civilização – nunca encontraram facilidades. Ao contrário, tudo parecia conspirar contra. Muitos obstáculos se apresentaram, aparentemente insuperáveis como verdadeiros testes de paciência e perseverança.
Isso está bem caracterizado no espetacular filme O Menino que descobriu o vento, cuja sinopse deixo ao leitor pesquisar, para estimular a curiosidade e ampliar o prazer da busca pelo filme, disponível no Netflix. De lançamento muito recente, eis opção que desejo recomendar ao leitor, pois as lições ali contidas de perseverança, coragem, fé e determinação são marcantes, sem falar dos exemplos variados do que é capaz a corrupção, ou dos efeitos danosos da omissão política ou mesmo do desinteresse pelo bem da coletividade. Além, é claro, dos benefícios todos da humildade e da confiança na vida.
Não deixe, pois, de ver. Emoção e reflexão garantidos.
Para bem ilustrar nosso raciocínio, vale buscar o livro A Gênese, em seu capítulo XVI, item 12, onde encontramos: “As mais das vezes, os acontecimentos vulgares da vida privada são consequência da maneira de proceder de cada um: este, de acordo com as suas capacidades, com a sua habilidade, com a sua perseverança, prudência e energia, terá êxito naquilo em que outro verá malogrados todos os seus esforços, por efeito da sua inaptidão, de sorte que se pode dizer que cada um é o artífice do seu próprio futuro, futuro que jamais se encontra sujeito a uma cega fatalidade, independente da sua personalidade. Conhecendo-se o caráter de um indivíduo, facilmente se lhe pode predizer a sorte que o espera no caminho por onde haja ele enveredado.”
Parece-nos muito oportuno refletir esse ângulo das experiências humanas…

Orson Peter Carrara

Imagem do filme

quarta-feira, 16 de janeiro de 2019

Provação e expiação


Quando a dor nos bate à porta e enche de sombras nossa vida costumamos chorar ou nos desesperar.
Abatidos, olhamos em torno e invejamos os felizes do mundo: os que têm riquezas, os que aparentam não ter preocupações, os que têm saúde ou família perfeitas.
Nessas horas de provação lamentamos e choramos. Raras vezes aproveitamos a ocasião para meditar e retirar aprendizados.
Muitas vezes, aqui na Terra, as preocupações da vida material nos cegam.
Ficamos tão aflitos com o que haveremos de comer ou de beber que esquecemos de que temos Deus, um Pai amoroso que cuida de todos nós.
Acredite: ninguém está esquecido por esse Pai amoroso e bom, que faz nascer o sol sobre bons e maus, que faz cair Sua chuva sobre justos e injustos.
Muitas vezes nos perguntamos:

Por que isso aconteceu comigo? 

A pergunta deveria ser diferente:

Para quê isso aconteceu comigo?

Sim, toda e qualquer experiência – sofrida ou feliz – traz um aprendizado importante. São momentos que vão enriquecer nossa alma.
Deus não brinca com as nossas vidas. E se Ele permite que certas coisas aconteçam conosco é porque há um objetivo útil e importante para nós.
Faça uma retrospectiva: observe os momentos difíceis de sua existência. Cada um deles trouxe algo de novo, um aprendizado especial. Cada lágrima acrescentou sabedoria, experiência, um novo olhar sobre a vida.
A doença, por exemplo, nos ensina a valorizar a saúde, a cuidar melhor do corpo. A pobreza nos revela a importância do trabalho e do esforço pessoal. A família difícil nos oferece a lição da tolerância.
Enfim, as privações nos ensinam a ser mais sensíveis perante o sofrimento alheio. Essas lições são interiorizadas: nós as guardaremos para sempre.
Na verdade, as dificuldades são advertências que a vida nos apresenta, alertas sobre nossas atitudes perante o próximo.
Se algo ruim nos ocorre, vale a pena se perguntar:
 
O que posso aprender com isso? 

Como posso melhorar a partir desse episódio?

Mas, atenção: nada disso significa que devemos cultuar a dor. Nada disso! Bem sofrer não significa cultivar o sofrimento, ser conformista ou agravar as dores que sofremos.
Bem sofrer significa enfrentar as situações com fé e coragem, alimentar a esperança enfrentando as situações com serenidade.
Assim, busque soluções, lute por sua felicidade. Mas faça tudo isso com tranquilidade.
Quando desabarem sobre você as tempestades da vida, não se entregue à revolta destruidora. Silencie, ore e procure descobrir o aprendizado oculto que a situação traz.
Acredite: por mais amarga seja a experiência, os frutos desse aprendizado jamais se perderão e eles poderão nos tornar mais sábios e generosos.
Por isso, cada vez que as lágrimas visitarem seu rosto, erga os olhos para o céu e agradeça.
Nas suas orações, peça a Deus a força necessária para superar o momento difícil e a inspiração para encontrar soluções.
E Deus, que nos ama tanto, não deixará de atendê-lo na medida de suas necessidades espirituais.
Quando o momento difícil passar, você se sentirá bem melhor se não tiver de lembrar que se entregou ao desespero, que gritou e se debateu.
Em geral, a solução está bem próxima. Se estivermos transtornados de medo ou desespero, será mais difícil resolver o problema. Com calma, logo poderemos ver a luz no fim do túnel.

Pense nisso.

Redação do Momento Espírita.

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terça-feira, 8 de janeiro de 2019

Um minuto com Chico Xavier


Em março de 1933 Chico Xavier se despediu de José Álvaro Santos e, sozinho, tomou o rumo da Central do Brasil. Enquanto esperava o trem para Pedro Leopoldo, foi surpreendido por dois amigos de seu ex-anfitrião. Traziam uma ótima notícia: ele estava empregado. O rapaz se lembrou do pai, da pobreza, dos irmãos e sentiu vontade de abraçar os dois. Quase chegou à euforia quando ouviu as outras boas novas: teria os estudos pagos no melhor colégio da cidade e ainda receberia dinheiro extra para ajudar em casa. Havia apenas uma condição: Chico deveria assumir a autoria de Parnaso de Além-Túmuloe negar a existência dos espíritos durante duas palestras, uma no auditório da Escola Normal e outra no Teatro Municipal.

O rapaz murchou. Mas ainda teve fôlego para reagir:

- Não posso mentir para mim mesmo. Ouço a voz de minha mãe, escrevo poemas que não são meus. Como posso renegar a verdade?

- Chico, você conhece um passarinho chamado sofrê? Não? O sofrê é um pássaro que imita os outros. Você nasceu com a vocação desse passarinho entre os poetas. Não acredite em espíritos. Esses poemas que você julga psicografar são seus, somente seus.

Nesse momento, Emmanuel apareceu com um de seus trocadilhos: - Sim, volte a Pedro Leopoldo e procuremos trabalhar. Você não é um sofrê, mas precisa sofrer para aprender.

O rapaz voltou para casa e foi recebido por um pai inconformado. João Cândido encheu a boca para chamar o filho de ingrato. Chico já esperava aquela reação. Correu para o armazém de José Felizardo Sobrinho, refugiou-se atrás do balcão e sentiu até certo entusiasmo em cortar toucinho para os fregueses e varrer o chão. Estava se sentindo tão à vontade na cidade natal que no dia 23 de setembro daquele ano, às 21h, assinou, como Primeiro-Secretário, a ata de posse da primeira diretoria do Pedro Leopoldo Futebol Clube.
Parecia até um jovem comum. Quem sabe um dia entrasse em campo e marcasse um gol? Quem sabe chegasse a um bar e pedisse uma cerveja bem gelada ou convidasse uma moça para o cinema?
Não. Chico tinha mais o que fazer. Nas noites de segunda e sexta-feira, ele colocava O Evangelho segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, embaixo do braço e ia para o Centro Luiz Gonzaga. Seguia à risca uma instrução ditada por Emmanuel: fidelidade irrestrita a Jesus Cristo e a Kardec, o codificador da doutrina espírita.
O guia do outro mundo levava tão a sério este mandamento que um dia chegou a determinar a Chico:

- Se alguma vez eu lhe der algum conselho que não esteja de acordo com Jesus e Kardec, fique do lado deles e procure me esquecer.

Do livro: As vidas de Chico Xavier, de Marcel Souto Maior.

Regina Stella Spagnuolo

Imagem do livro