terça-feira, 23 de julho de 2013

Aconchego familiar


Uma agradável festa de casamento trouxe reflexões importantes em data recente. Os vínculos familiares, as lembranças que saltam incontroláveis e mesmo o ambiente emotivo – próprio da ocasião –, levam às emoções.
Misturam-se as gerações, encontram-se e integram-se as famílias; os mais veteranos recordam, assustam-se com os novos que o tempo transformou em adultos. Curioso porque, ao mesmo tempo, os mais novatos (e aqui refiro-me às crianças mesmo) promovem o espetáculo da vida humana que se renova todo dia. Muitos estão ausentes, ou já se foram – gerando intensas saudades; outros trazem consigo os laços de futuras famílias que começam a se esboçar nos jovens casais de namorados.
Depois os abraços, as recordações, a visão de como o tempo passou. E, por mais paradoxal que possa parecer, também o futuro vivo mostrando-se com toda sua força e potencialidade. Que coisa linda é a vida! Que espetáculo de alegria e amor!
Nela concentram-se maturidade, a juventude, a inocência, a pureza. Nela também está a dificuldade, a esperança, o otimismo, a alegria, a tristeza. Igualmente mostram-se os quadros da diversidade de experiências que trazem a sabedoria, a prudência, o cuidado.
Por isso mesmo a vida familiar é das mais notáveis oportunidades que recebemos do Criador. É nesta permuta, neste intercâmbio, que crescemos. É justamente através das diferenças que um faz o que outro deixa de fazer; que um ajuda o outro; que um ensina, outro aprende. Estamos todos num grande processo de crescimento individual e coletivo.
Ora, pois é justamente através da família que surgem os filhos; que o afeto se estabelece, que a estrutura ética, moral e psicológica se forma com segurança.
Por isso, todo investimento em favor da serenidade familiar é o melhor uso que podemos fazer de nosso tempo, de nossa capacidade. Estruturada a família, nos princípios do amor e do bem, do respeito ao semelhante, da honestidade, enfim, estaremos sendo partícipes de uma sociedade humana mais equilibrada. Não é notável isso?
Importante, pois, valorizar a família. Mas com um detalhe: nunca de forma egoísta, mas igualmente fomentando noções de solidariedade e cidadania. Fechar-se em si mesmo um grupo familiar é sinal evidente de fracasso, de equívoco no entendimento de seu verdadeiro papel.
Pare para pensar comigo, amigo leitor. Pense em sua família (também penso em meu grupo familiar). Que tesouro! Quantas alegrias, quanto aprendizado, quantas recordações, perspectivas e esperanças!
Você poderá alegar as dificuldades de convivência, enfermidades, os apertos financeiros e demais obstáculos de nosso tempo. Mas considere: são desafios de crescimento, são testes de maturidade. No final, o que fica mesmo não é o patrimônio dos bens materiais. O que prevalece mesmo (analise bem) são as emoções vividas. Só os sentimentos é que permanecem. Tratemos, pois, de valorizá-los adequadamente.

Orson Peter Carrara 
orsonpeter@92gmail.com

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quarta-feira, 17 de julho de 2013

O Espiritismo nada tem a ver com bruxaria e menos ainda com feitiçaria


Os dicionários registram bruxaria e feitiçaria como sendo palavras sinônimas. Preferimos dizer que elas são afins.
Bruxaria é a prática de rituais para com os chamados deuses, que nada mais são do que espíritos humanos desencarnados (deuses pagãos) e encarnados. “Vós sois deuses.” (Salmo 86: 6; e João 10: 34). Assim, pois, eu e você, que lê esta matéria, não somos espíritos ou deuses muito bons, santos, mas graças a Deus, não somos também diabólicos, como há muitos deles, neste nosso mundo físico e no mundo dos espíritos, os quais se comunicam entre si, pois todos estão vivos, os de cá e os de lá. “Deus não é Deus de mortos, mas de vivos.” (São Mateus 22: 32). Por que, então, não se comunicariam?
Já a feitiçaria é uma espécie de simpatia ou ritual com o objetivo de beneficiar ou prejudicar uma pessoa, e também ainda para beneficiar a própria pessoa que a faz.
E, geralmente, por gracejo e gozação, os bruxos são chamados também de feiticeiros. Mas é igualmente por gracejo e ironia, que os bruxos e feiticeiros, por devoção ou feitiçaria, eles próprios se intitulam de bruxos. Isso acontece porque, no passado, os médiuns e os bruxos morriam nas fogueiras da Inquisição. E, hoje, essas pessoas gostam de fazer essa espécie de desabafo, por serem solidárias aos seus colegas vítimas do passado. É como se elas de hoje dissessem: Sou médium, sou bruxo, e daí? 
O Espiritismo não é nada de bruxaria, feitiçaria e magia, embora, falsamente, os pastores evangélicos fundamentalistas tachem frequentemente os espíritas de bruxos, feiticeiros e macumbeiros. E até a Igreja, por ter deixado de atacar o espiritismo, eles têm tachado também de bruxaria e feiticeira! 
 É comum encontrarem-se médiuns entre os bruxos e feiticeiros, pois a mediunidade não é dom só de espíritas, umbandistas e adeptos do Candomblé etc. Aliás, o mundo de hoje está cheio de médiuns de todas as religiões, e até de médiuns ateus, em cumprimento às profecias de Joel e de são Pedro. “Vossos filhos e vossas filhas profetizarão, vossos jovens terão visões, e vossos velhos sonharão.” (Joel 2: 28; e Atos 2: 17-18).
 Lembrem-se, meus irmãos pastores fundamentalistas, de que os seus rebanhos e os de outras correntes religiosas seguidoras do Nazareno, inclusive a dos espíritas, têm como seu pastor maior o próprio Jesus, que detesta a mentira e a hipocrisia, e deseja um só rebanho e um só pastor de seres humanos unidos como irmãos, porque só assim seremos dignos de chamar Deus de Pai! E lembrem-se também desta frase do Mestre dos mestres: “Nada ficará oculto.” (São Marcos 4: 22).
Saiba você, que não conhece o espiritismo, que, de fato, ele não pratica rituais de veneração e de adoração nem para com o próprio Deus, quanto mais para com os diabos!
É que os adeptos da doutrina codificada por Kardec adoram a Deus somente em espírito e verdade, tal qual Jesus ensinou à samaritana, à beira do poço de Jacó (João 4: 23): “Mas vem a hora, e já chegou, quando os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque são estes que o Pai procura para seus adoradores.”

Na TV Mundo Maior, por parabólica, a cabo e o site www.tvmundomaior.com.br o programa “Presença Espírita na Bíblia”, com Celina e este colunista, nas quintas-feiras, às 20h, e nos domingos, às 23h. Para suas perguntas e sugestões: presenca@tvmundomaior.com.br - E, na Rede TV, o programa “Transição”, aos domingos, às 16h15 e em horários da madrugada.

Obs.: Esta coluna é de José Reis Chaves, às segundas-feiras, no diário de Belo Horizonte, O TEMPO, pode ser lida também no site www.otempo.com.br Clicar “TODAS AS COLUNAS”. Podem ser feitos comentários abaixo da coluna. Ela está liberada para publicações. Meus livros: “A Face Oculta das Religiões”, Ed. EBM (SP), “O Espiritismo Segundo a Bíblia”, Editora e Distribuidora de Livros Espíritas Chico Xavier, Santa Luzia (MG), “A Reencarnação na Bíblia e na Ciência”
Ed. EBM (SP) e “A Bíblia e o Espiritismo”, Ed. Espaço Literarium, Belo Horizonte (MG) –  www.literarium.com.br - e meu e-mail: jreischaves@gmail.com - Os livros de José Reis Chaves podem ser adquiridos também pelo e-mail: contato@editorachicoxavier.com.br e o telefone: 0800-283-7147.

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domingo, 14 de julho de 2013

Sexualidade e responsabilidade andam de mãos dadas

O autor do livro “Alegria de Servir” fala sobre sexualidade e diz 
que a questão do sexo e suas implicações devem 
ser objeto de reflexão, estudo e diálogo

Marcus Vinicius de Azevedo Braga (foto) é pedagogo, Mestre em Educação e articulista em diversos veículos da imprensa espírita e colaborador da revista “O Consolador”. Orador espírita, atua na evangelização da Juventude do Grêmio Espírita Atualpa Barbosa Lima, de Brasília-DF, sendo autor do Livro “Alegria de Servir”, publicado pela Editora da FEB.

Como lidar com a força dos impulsos sexuais que afloram na fase juvenil?

Bem, de tudo que se discutiu até hoje sobre o assunto, a história da humanidade nos mostrou que a repressão pura, a negação, não é o caminho ideal. Essa postura leva a situações ligadas a mentiras, a problemas psicológicos e ainda, em alguns casos, ao crime e à perversão. Tudo deriva da maneira com que enxergamos as energias sexuais. Essas são energias criativas, ligadas à afetividade e não coisas sujas ou temidas. Como toda energia, causa medo e demanda educação, respeito ao próximo e a si mesmo. 
Na fase juvenil, além da questão hormonal e da maior liberdade e autonomia, somos bombardeados por impulsos externos dos meios de comunicação e dos grupos de amigos, que exercem grande influência, em especial na questão da conduta afetiva. Nesse caldo de forças, o jovem deve buscar no diálogo com pessoas que ele considere maduras, e na leitura de obras sérias, construir a sua opinião sobre essas questões, sabendo dosar teoria e prática. Nesse ponto, a atividade da juventude espírita é fundamental. Lembro-me dos meus tempos de mocidade, em que esse tema era recorrente e de forma palpitante chamava a atenção dos jovens. 
  
Por que o sexo sem compromisso tem tanto destaque, principalmente nas épocas festivas como o carnaval?

O sexo é ligado à ideia de prazer, algo muito valorizado atualmente, e funciona como apelativo para se vender programas, produtos, eventos. Não é só uma questão do carnaval, mas a sexualidade está na questão maior do turismo sexual, da prostituição infantil, dos produtos para crianças focados nos adultos, na visão do ser humano como objeto etc. Além disso, vivemos uma época de valorização da liberdade, do direito de escolher o que fazer e o que consumir, em que as aventuras sexuais despertam o sonho de jovens e adultos, em ideias de quantidade ao invés de qualidade e, ainda, de qualidade ligada estritamente a formas e fama. 
Nesse contexto de catalisador de consumo, vendido como uma corrida frenética de adquirir “alvos”, crescemos e vivemos, homens e mulheres, às vezes sem perceber esse processo, a sua transitoriedade e tudo de bom que o sexo realmente pode trazer a nossas vidas. Como disse anteriormente, a questão do conservadorismo extremo e da liberdade sem noção, ambas as posturas vêm da nossa visão das forças sexuais e de fugas da nossa dificuldade de construir relações com sentimento e maduras, o que creio ser o maior desafio posto nos dias atuais.

Quando seria o momento correto para o jovem ter relações sexuais? Deveria ser apenas após o casamento?

Essa é aquela pergunta em que, se o entrevistado responder: antes do casamento, o jovem a guardará em casa em uma moldura, dizendo à mãe: “Ó, fulano, que é espírita, me deu aval! Uh uh!”. E se disser: só depois, a menina que engravidar na juventude será queimada na fogueira sob a leitura da entrevista. Penso que o momento do início da vida sexual é uma questão íntima. Mais importante do que o quando, é o “com quem” e o porquê. Penso também que se deve refletir se quer iniciar a vida sexual para dizer aos amigos e não ser mais vítima de anedotas, ou, ainda, para segurar o namorado, ou se é fruto do amadurecimento de uma relação. Por fim, uma das consequências da vida sexual ativa é a possibilidade da gravidez, o que envolve questões financeiras e profissionais dos pais em relação ao novo Espírito. Não pensar nisso é irresponsabilidade “in natura”. Acho que aí cada jovem já tem seus elementos para pensar e começar a decidir coisas na vida, em um natural processo de crescimento, em que podemos ajudá-los e não substituí-los. 

Há “privacidade” na realização do ato sexual, em relação à presença de Espíritos desencarnados?

Bem, também nos perguntamos se existem Espíritos quando vamos ao sanitário, quando fazemos provas escolares, quando cortamos a unha. Penso que os Espíritos mais amadurecidos se ligam a questões de maior relevância e, no caso do ato sexual, creio que essa se dá em relação a questões da reencarnação de novos Espíritos. Obviamente, que se existe um Espírito com uma ligação de ódio muito grande entre os amantes, ele pode estar ali perto, esbravejar e até interferir. Mas, em minha opinião, isso não se prende ao ato ser sexual e sim às pessoas envolvidas. Lembremos: tudo reside na nossa visão das forças sexuais!

O que você tem a dizer com a relação à gravidez precoce, quando ela compromete a concretização dos planos de vida de ambos os envolvidos? Mesmo nesses casos, a gravidez é sempre uma dádiva?

Quem disse que a gravidez compromete a concretização dos planos de vida de ambos os envolvidos? Vai tornar mais difícil, mas comprometer? Não, a vida é repleta de desafios e a gravidez precoce (ou não planejada) é um deles, que nos traz grandes alegrias, na dádiva que é ter um filho(a). Logicamente, força um amadurecimento dos envolvidos, mas até hoje não soube de ninguém que desencarnou dessa causa. Aqueles que se veem diante de uma gravidez precoce e a enfrentam com maturidade e, dependendo da idade, contando com seguro apoio da família, são heróis e dignos de aplauso e não de reprimenda. Vivemos situações curiosas no mundo: a mãe solteira ou o jovem casal da gravidez precoce são massacrados pela comunidade e o casal que aborta silenciosamente vive no paraíso da inconsciência entre as pessoas. Devemos enxergar essa questão para mais além, percebendo a maturidade dos desafios. Como dito, sexualidade e responsabilidade andam de mãos dadas, literalmente...

Por que o ato sexual foi, e ainda é, por várias pessoas, entendido como sinônimo de pecado e promiscuidade?

Porque arrastamos dos anos de dominação católica no país uma visão muito estreita dessa questão e, apesar do dito pelos Espíritos em obras como “Vida e Sexo” (Emmanuel/Chico Xavier) ou em textos de autores encarnados como Jorge Andréa (Forças sexuais da alma), não mudamos a nossa forma de ver a vida e continuamos a enxergar a sexualidade como algo negativo, quase um mal necessário.  Com a AIDS ainda profusa na África, vemos ainda a Igreja proibir o uso do preservativo. Desse reino do proibido, surge essa gama de hipocrisias que o Espiritismo se dispôs a combater. Acrescentando: na casa espírita ainda vemos a jovem expulsa de nossas fileiras pela gravidez precoce, a mulher reprovada por ter se separado e iniciado nova relação e, ainda, negamos o tema nas nossas discussões na doce ilusão de que, se não falarmos nada, nada acontecerá, é só ficar quietinhos... Essa mentalidade do mundo bonitinho e dos problemas varridos para debaixo do tapete, a história nos provou que é inócua. 
A questão do sexo e suas discussões correlatas deve ser objeto de reflexão, de estudo, de diálogo e, ainda, de fortalecimento de corações e mentes, pois a juventude espírita deve preparar aquele Espírito para os desafios do mundo, e isso inclui o campo afetivo! Às vezes discutimos temas de menor relevância no currículo da juventude espírita e passamos ausentes dessa temática, nos dez anos que o jovem passa pela escola de evangelização, seja pelo medo, seja pela falta de pessoas interessadas.
Para concluir, gostaria de indicar três artigos que tratam de alguma forma dos temas aqui expostos e que publiquei na revista eletrônica “O Consolador”, e são eles:

Namoro Espírita: 
http://www.oconsolador.com.br/ano4/193/marcus_braga.html

O aborto, o abandono e a roda dos séculos:
http://www.oconsolador.com.br/ano6/263/marcus_braga.html

Reflexões sobre a vida a dois:
http://www.oconsolador.com.br/ano4/202/marcus_braga.html

Matheus Alexandre do Carmo
matheuslesh@hotmail.com
Guará, DF (Brasil)