segunda-feira, 31 de outubro de 2022

As vestes da Verdade.


A pintura A Verdade saindo do poço é um quadro idealizado pelo escultor e pintor francês Jean-Léon Gérôme.
Está ligada a uma parábola do Século XIX, que narra o encontro da Verdade com a Mentira, durante um passeio.
A Mentira elogiou o dia, o sol brilhante, sem nuvens.
A Verdade concordou, salientando a beleza dos pássaros que as rodeavam, com suas plumagens variadas.
Porque o dia estivesse muito quente, a Mentira sugeriu que se refrescassem nas águas convidativas de um lago.
Ambas se despiram, deixando suas roupas à margem e mergulharam.
Porém, logo que a Verdade se distraiu, a Mentira saiu da água às pressas, vestiu a roupa da Verdade, desaparecendo a correr.
Percebendo que tinha sido enganada e que estava sem suas roupas, a Verdade saiu do lago. No entanto, se negou a vestir as roupas da Mentira.
Decidiu que não tinha do que se envergonhar, e que, mesmo sem roupa alguma, caminharia até sua casa.
Todos os que a viram, andando despida, sequer indagaram o que poderia ter acontecido, ou porque ela se apresentava assim. Houve somente críticas para a sua atitude.
Percebeu, então, que as pessoas tinham mais facilidade em aceitar uma Mentira fantasiada de Verdade, do que ela mesma, sem nenhuma vestimenta.

Essa situação se reprisa, em nossos dias, repetidas vezes. A Mentira disfarçada atrai mais pessoas e ilude aos desavisados, que a aceitam, sem nada questionar.
A sua aceitação tão rápida se deve ao fato de que, de um modo geral, damos mais importância às aparências, que nos parecem, quase sempre, muito atraentes e sedutoras.
É assim que se acrescentam itens inexistentes a fatos, que se ilustram notícias, aumentando-lhes os detalhes. Tudo para parecer mais interessante.

* * *

Importante nos indagarmos como nos comportamos, nesse mundo em que abundam as mentiras fantasiadas de verdade.
Quantos de nós, desejosos de sermos os primeiros a dar a notícia retumbante, simplesmente repassamos a terceiros o que ouvimos, lemos, ou recebemos em nossos grupos de whatsapp.
No entanto, abraçando a verdade, consideremos que ela é como o alimento, que deve ser ingerido, sem exagero, a fim de não provocar problemas.
Ou como a água, que mata a sede, mas deve ser bebida na quantidade exata, devagar.
Por isso, a verdade não deve ser aplicada com dureza, como se fosse uma arma para destruir os outros.
É necessário tato para mostrá-la. Há muitas formas de ser apresentada, sem que maltrate os outros ou fira sentimentos, sem necessidade.
Não é tanto o que se diz, que oferece resultados positivos ou desagradáveis, mas a forma como se diz.
A verdade jamais deve ser adulterada. Também não deve ser lançada como uma bomba, destruindo corações frágeis. Dosagem certa, no momento exato.

Importante nos perguntarmos: A verdade que sabemos é realmente verdade?

Se é, a quem trará benefícios a sua divulgação?

Essa medida nos dirá, exatamente, o que devemos ou não divulgar, como e quando fazê-lo.

Pensemos nisso.

Redação do Momento Espírita

Imagem ilustrativa

segunda-feira, 17 de outubro de 2022

Enfermidade educativa...


Não gosto de ir ao médico, aliás, acredito que não é o programa predileto de ninguém, todavia, não raro as circunstâncias da vida nos empurram para a indesejada visita ao doutor. E mais por insistência familiar do que por vontade própria dia desses compareci ao consultório médico, mais precisamente ao cardiologista, haja vista o histórico familiar: os cinco irmãos de meu avô materno morreram de problemas cardíacos, meu avô também não escapou a sina e foi dessa forma que transferiu residência para o além há 20 anos. Minha mãe morreu de derrame e tenho uma tia inválida há mais de 20 anos por conta de uma trombose cerebral, ou seja, um histórico que recomenda alguns cuidados especiais ao coração, afinal, não sou mais nenhum garoto, estou com 33 anos e jamais fiz qualquer exame.
No consultório as perguntas de praxe e recebi de presente uma papelada indicando os exames a serem realizados.
Na consulta de retorno, eis a surpresa, descrita no seguinte diálogo:

Doutor: Você é hiper-tenso há muitos anos e por conta disso seu coração inchou mais de 6 cm, além do que seu colesterol está altíssimo. Você deve cuidar-se, vou indicar-lhe alguns remédios para o coração e a pressão, mas antes me responda algumas perguntas:

E prosseguiu o doutor: Você alimenta-se adequadamente com frutas e legumes?
Eu: Não, minha alimentação é a base de chocolates e salgados em virtude do corre corre diário.
Doutor: Corte salgados, frituras e deixe o chocolate apenas para o final de semana e moderadamente.

Doutor: Você irrita-se com facilidade?
Eu: Sim.
Doutor: Deixe a irritação de lado e aprenda a contar até 10 ou 1.000 se preciso for.

Doutor: Você faz exercícios regularmente?
Eu: Não, sou sedentário.
Doutor: Então comece imediatamente, uma vida sedentária colabora para o aumento da pressão arterial.

Doutor: Você trabalha muito?
Eu: Abraço inúmeras atividades.
Doutor: Deixe algumas de lado ou então irá trabalhar apenas no além, cuide um pouco mais de você, de sua saúde.

Confesso que sai do consultório atordoado com o diagnóstico e os conselhos médicos. A lista de remédios era grande: 1 para a pressão, 1 para o coração, 1 para o colesterol e 1 tranqüilizante. Meu Deus! Eu que sempre fui avesso a remédios terei de encará-los, pra mim um grande desafio a ser vencido. Mas depois da primeira impressão, coloquei-me a refletir. As enfermidades são educativas, fazem parte do processo pedagógico das criaturas ainda em processo de amadurecimento que estão neste planeta escola. As enfermidades são as apostilas necessárias para a educação de nossa postura perante a vida, não fossem elas e ficaríamos entregues eternamente aos exageros de todos os matizes, desequilibrando cada vez mais nossa conduta. De agora em diante terei de reorganizar minha vida, agindo comedidamente em todas as circunstâncias, já senti o efeito no próprio corpo físico, embora os remédios - muito fortes - estejam me fazendo algumas vezes cambalear, emagreci cerca de 6 quilos, porquanto fui obrigado a reeducar minha alimentação. Frituras e chocolates cederam lugar à legumes e frutas.
Nossa finalidade principal na Terra não é outra senão evoluir, o corre corre diário é fruto dos exageros desnecessários que imprimimos à nossa vida. Em realidade, caro leitor, compartilho com você essa experiência para que não caia na mesma armadilha do descuido com a máquina física, porquanto ela - a máquina física - necessita de cuidados para poder funcionar de forma correta, e nós precisamos de pouquíssimo para viver bem, aliás, necessitamos apenas do AAA, que resume-se da seguinte forma: Abrigo, Alimento e Amigos.
Dentro do quesito evolução estão computadas as conquistas do espírito imortal, aprender a viver é uma dessas conquistas, por isso, fundamental ter em mente que, ou aprendemos a nos equilibrar ou as enfermidades baterão a nossa porta, nos mostrando o caminho correto de proceder.
Pensemos nisso.

Wellington Balbo

Imagem ilustrativa