segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Se o assassinato de Jesus resgatou nossos pecados, pecado paga pecado!


A morte vicária de Jesus na cruz significa que seu sofrimento foi muito agradável a Deus, e, em consequência disso, os pecados da Humanidade, que tanto teriam ofendido a Deus, teriam sido resgatados ou pagos. Isso é o que tenho chamado de teologia de sangue.
O pecado faz sofrer nosso próximo e, por consequência, de acordo com a lei inexorável bíblica e universal de causa e efeito, faz-nos sofrer também, pois a cada um será dado de acordo com suas obras. (Mateus 16: 27). E ninguém deixará de pagar tudo até o último centavo. (Mateus 5: 26). Isso quer dizer que, quando pagarmos o último centavo de nossas faltas, estaremos quites com a lei de causa e efeito e, portanto, não vamos pagar mais nada, o que derruba totalmente por terra as chamadas penas eternas no sentido como foram entendidas, erradamente, pelos teólogos cristãos antigos e ainda por um grande número dos da atualidade.
As exceções dos que não aceitam essas ideias absurdas incompatíveis com o Deus Verdadeiro de amor infinito e irrestrito para com todos os seus filhos (Atos 10: 34) são dos teólogos cristãos espíritas e de uma minoria de avançados teólogos católicos e protestantes. E os cristãos ainda mais agarrados a essas ideias de um Deus pagão, sofredor, de terror e vingador, com suas penas infernais sempiternas, são os nossos irmãos evangélicos. Aliás, muitos pastores, não todos, usam essas penas infernais como meio de amedrontar seus fiéis e, assim, pegarem mais dízimos deles.
Todas as religiões recebem influências de outras. O cristianismo as recebeu dos judeus antigos, que, por sua vez, receberam as dos fenícios, caldeus e outros povos antigos da região do chamado Oriente Médio.
Essas ideias de um Deus que sofre com as nossas faltas e de ser Ele um castigador vingativo cruel e antropomórfico (de natureza humana) originaram-se dos deuses ou espíritos humanos desencarnados que se comunicavam através dos médiuns (na Bíblia, profetas), deuses esses que foram erradamente tidos como sendo o próprio e verdadeiro Deus. E esses deuses ou espíritos desencarnados são confirmados pelo próprio Jesus: “Vós sois deuses” (João 10: 34). Entre esses deuses há os bons, os mais ou menos e os maus e enganadores. Daí João Evangelista nos recomendar que examinemos os espíritos para sabermos se são bons ou maus, para que não venhamos dar crédito aos que são maus. (Primeira Carta de João 4: 1). É por isso que Moisés, também, até proibiu a comunicação com os espíritos desencarnados (Deuteronômio capítulo 18). Mas ele elogiou os médiuns (profetas na Bíblia) esclarecidos, verdadeiros e não mercenários Medade e Heldade, os quais recebiam espíritos bons e profetizavam. (Números 11: 24 a 30).
Deus não sofre com os nossos pecados, além de Ele não ser um espírito atrasado vampiro, que se deleita com sangue derramado e menos ainda com sangue humano. Que Deus seria esse? Essa teologia, além de ser absurda, leva muitos ao ateísmo!
Os deuses ou espíritos humanos evoluídos não ensinam a teologia de sangue nem que Deus sofre com os nossos pecados vingando-os de modo exagerado e, pois, injusto, e menos ainda esses espíritos humanos evoluídos ensinam o absurdo de que um pecado como o do assassinado de Jesus anula nossos pecados!

José Reis Chaves

Prof. de português e literatura aposentado formado na PUC Minas / Escritor e jornalista colunista do diário O TEMPO, de Belo Horizonte / Palestrante nacional e internacional espírita e de outras correntes espiritualistas / Apresentador do programa “Presença Espírita na Bíblia” da TV Mundo Maior / Participante do programa “O Consolador” da Rádio Boa Nova / Tradutor de "O Evangelho Segundo o Espiritismo", de Kardec, para a Editora Chico Xavier. E autor dos livros, entre outros, "A Reencarnação na Bíblia e na Ciência" e "A Face Oculta das Religiões", Editora EBM, SP, ambos lançados também em inglês nos Estados Unidos.
Podem-se ler também as matérias da coluna de José Reis Chaves em O TEMPO, de Belo Horizonte, no seu facebook e no site desse jornal: www.tempo.com.br / Procurar colunistas. No final das matérias, há um espaço para comentários dos leitores, espaço este que se tornou um verdadeiro fórum de religiões. E qualquer um pode deixar seu comentário lá. Se não quiser que seu nome apareça, use um pseudônimo. E seu e-mail nunca aparece lá.
Obs.: Se meus livros não são encontrados em sua cidade, eles podem ser adquiridos diretamente comigo por meu e-mail ou telefone. Telefone: (31) 3373-6870

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quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Sentido relativo


O ano de 2015 motivou a família espírita mundial a comemorar, com alegria, os 150 anos de lançamento da obra O Céu e o Inferno, que estuda a Justiça Divina à luz do Espiritismo.  Não é para menos, a obra é mesmo uma preciosidade, face aos esclarecimento de seus textos, enriquecido que estão por depoimentos colhidos e selecionados por Kardec apresentando a situação dos espíritos no plano espiritual e constantes da 2ª. parte da obra.
O livro é um desdobramento do Livro Quarto de O Livro dos Espíritos, constituído de dois capítulos e estendendo-se da 920 à última questão da obra que deu origem ao Espiritismo.
E é exatamente em O Livro dos Espíritos, na questão 1009, incluída no subtítulo Duração das penas futuras, que encontramos o questionamento de Kardec: “(...) as penas impostas não o seriam jamais pela eternidade?”.
É que a velha crença do castigo eterno borbulhava na mentalidade humana e hoje já se verifica – embora haja posicionamentos ainda presentes nesse sentido – que a ideia do sofrimento eterno era história ingênua para uma época de infância da mentalidade humana. Aliás, diga-se de propósito que o livro O Céu e o Inferno adentra a questão com sabedoria e profundidade.
O que nos chama atenção, todavia, é que a questão em referência mereceu respostas de quatro sábios espíritos: Santo Agostinho, Lammenais, Platão e Paulo, o Apóstolo, e ainda está acrescido com texto complementar de Allan Kardec, o Codificador.
Nosso objetivo é chamar a atenção do leitor para buscar a questão e suas lúcidas respostas, para estuda-las e juntos ampliarmos nossas reflexões, face à sabedoria das considerações apresentadas, o que seria impossível aqui no contexto de breve abordagem, pois as respostas compõe material para um congresso de espiritismo só sobre a questão 1009. Todavia, destacamos trechos preciosos a seguir:

a)      De Agostinho: “(...) Não há contradição em atribuir-lhe a bondade infinita e a vingança infinita? (...) Ele não seria bom se consagrasse penas horríveis, perpétuas, à maior parte de suas criaturas. (...) não é o sublime da virtude, unida à bondade, fazer depender a duração das penas aos esforços do culpado para se melhorar? (...)”. Refere-se o autor à bondade de Deus, naturalmente, indagando, inclusive, o que seria a duração de uma vida de cem anos, em relação à eternidade e mesmo considerando que interroguemos o bom senso se haveria lógica na condenação perpétua por alguns momentos d erro. Sugiro ao leitor meditar na resposta, lendo-a na íntegra diretamente na fonte;
b)      De Lammenais: “(...) Filhos pródigos, abandonai vosso exílio voluntário; voltai vossos passos para a morada paterna: o pai vos estende os braços e mantém-se sempre pronto para festejar vosso retorno à família.” Isso após pedir que nos interessemos pelo combate por todos os meios para destruir a ideia da eternidade das penas, pensamento contrário à justiça e à bondade de Deus;
c)      De Platão: “Guerras de palavras! (...) Não sabeis, pois, que o que entendeis hoje por eternidade, os antigos não o entendiam como vós? (...) é no sentido relativo que importa interpretar os textos sagrados. A eternidade das penas, portanto, não é senão relativa e não absoluta. (...) Só Deus é eterno e não poderia criar o mal eterno; sem isso seria preciso arrancar-lhe o mais sublimes dos seus atributos: o soberano poder, porque não é soberanamente poderoso quem pode criar um elemento destruidor de suas obras (...)”. Magnífica a resposta de Platão, que endereçamos ao leitor;
d)      De Paulo, o Apóstolo: a resposta do espírito é tão grandiosa que comporta uma abordagem exclusiva e fornece material para amplo estudo. Destacamos, todavia, uma única frase, já no início da resposta: “Gravitar para a unidade divina, tal é o destino da Humanidade. Para alcança-lo, três coisas são necessárias: a justiça, o amor e a ciência; três coisas lhe são opostas e contrárias: a ignorância, o ódio e a injustiça. (...)”. Gravitamos todos em torno de Deus, que é causa de tudo e, incrível e extraordinário, é pensar que Deus é unidade na diversidade que criou, estando em tudo. É o que mais precisamos aprender: enxergar a paternidade divina! E vemos lá, assinalado pelo espírito o que é necessário e o que é o oposto. Considere o leitor os desafios da atualidade e não será difícil perceber os caminhos a que somos convidados a trilhar e mesmo os desafios de enfrentamento natural por força de nossa atual condição evolutiva.

Por isso a velha questão das penas é meramente relativa! O grau de responsabilidade varia de acordo com o conhecimento e não há castigos ou punições, há apenas consequências. O “gravitar” citado por Paulo inclui o esforço pessoal que precisa ser feito para alcançar os propósitos da evolução. Aprisionarmo-nos no medo ou na crença dos castigos eternos é travar esse esforço. É, pois, no sentido relativo que devem ser entendidas as chamadas penas impostas em sofrimento no equivocado entendimento do chamado inferno, pois que os sofrimentos e aflições aplicáveis em situações de lesões ou desrespeito às Leis de Amor que regem a vida e o Universo, nada mais são que meras consequências e nunca castigo. Consequências naturais geradas pelo desamor, pela desarmonia ou pelo desrespeito ou indiferença às Leis de Deus. E a própria aplicação da palavra eternidade é resultado da relatividade do conhecimento no tempo. Não somos eternos, somos imortais. Eterno é atributo de Deus. Nós, seus filhos, suas criaturas, somos imortais. Nunca teremos fim, mas fomos criados um dia, tivemos um início. Por isso devemos entender as questões dentro de sua relatividade.

Orson Peter Carrara

domingo, 22 de novembro de 2015

Crônicas da vida invisível: a resposta de Iohan


Nalgum lugar do maravilhoso livro de Roberto Cabral, O Violinista de Veneza, se explica que a vida por vezes nos encurrala, via aparentes "coincidências", com mudanças necessárias de pensamentos, de iniciativas, a fim de nos conduzir a um estado de felicidade espiritual mais pleno. Em poucas vezes deparei noutras leituras tamanha expressão da verdade! 
De uns quatro dias para cá eu andava encantada depois de assistir à versão cinematográfica da obra-prima de Victor Hugo, Os Miseráveis. Porque, como apreciadora de literatura, me confirmo fã incondicional do legendário poeta e escritor francês, desde os tempos em que, cursando a faculdade de Letras, escancaram-se ao meu acesso os grandes clássicos literários universais! 
Paralelo a isso, eu contava já de há mais de um mês com uma extensa fila de livros novos para ler. Mas o começo de ano corrido, em ritmo frenético com férias, viagens, taxas a pagar, entre outra extensa série de compromissos, acabou por me empurrar involuntariamente este prazer para um momento mais pacificado. Ainda porque, em se tratando de obras de teor espírita, necessito particularmente de estado de espírito condizente e atmosfera propícia para a devida assimilação do conteúdo, desfrutando, deste modo, da leitura assim como acontece quando sorvemos aos poucos uma aromática xícara de café! 
Ontem, uma sexta-feira, sentindo chegado enfim um momento adequado, olhei para a sacola da livraria ainda do mesmo jeito guardada sobre a escrivaninha, com os livros. Já tinha me ocorrido no mesmo dia umas duas vezes a ideia de começar com a citada obra de Roberto Cabral, obviamente comprada em sintonia espontânea com a aura que, de tempos a esta parte, me cerca desde que se iniciou minha parceria mediúnica com Iohan, o querido músico das esferas invisíveis que fora violinista em mais de uma de suas reencarnações anteriores. Até aquele momento, portanto, apenas intuindo que possivelmente ele tivesse participado da influenciação à compra do livro, meio a meio com minhas próprias inclinações, tomei-o para ler e, ignorando a programação enfadonha da TV, joguei-me gostosamente no sofá da sala, começando. E não consegui mais me separar da leitura! Por razões que impressionavam! 
Precisaria narrar detalhadamente o conteúdo do livro para melhor explicar, mas, para os fins deste artigo, resumo que trata-se da história de um professor de violino que, na Europa do século XIX e em Veneza, se vê afastado de seu grande amor, a menina dos olhos de anjo e sua aluna, por causa da sua resistência teimosa em não aceitar ou, ao menos, não querer investigar com isenção os fenômenos mediúnicos das mesas girantes que avassalavam a Europa naquela época, principalmente a partir da França, quando - vejam, Victor Hugo! - em pleno tempo de exílio, se dedicava com fervor ao estudo de todos estes fatos, promovendo, ele mesmo, as reuniões com as mesas! 
Ora, conforme eu ia lendo, lembrava-me também do nosso próprio romance, lançado ano passado, Sonata ao Amor, contando o drama sofrido de Iohan em sua última reencarnação: um professor de violino vitimizado pela prova dolorosa de ser um portador do HIV, e toda a sua luta ao apaixonar-se por uma aluna, tendo que enfrentar os preconceitos da sociedade, e encontrando, junto a ela, a redenção de seus dilemas, ao deparar as explicações situadas todas nos episódios trágicos de suas vidas anteriores! E comecei a desconfiar que o querido mentor de nossas atuais parcerias literárias, de caso pensado, me havia conduzido a esta obra inspirada, de Roberto Cabral, a fim de ainda uma vez ilustrar como tudo é encadeamento e simbiose de intenções quando nos dispomos a trabalhar na missão de divulgação das verdades maiores da vida, sem esmorecimentos, o que vez ou outra ameaça o médium mergulhado nas canseiras e compromissos que o enredam em várias frentes durante sua trajetória material! E após ler, empolgada, a passagem na qual o protagonista, Antônio, promove voluntariamente uma breve sessão mediúnica de confirmação da presença de um Espírito em sua casa, a partir de perguntas respondidas com pancadas, me ocorreu, ao me recolher para dormir ontem, pedir o mesmo ao meu paciente amigo da invisibilidade. Queria dele, ainda uma vez, a bondade de uma confirmação da sua influenciação naquele caso, para não ficar dada a achar se tratar de uma coincidência sem cabimento, e, diga-se, grandemente desanimadora, quando tantos detalhes concorriam para me comprovar exatamente o contrário! Assim, encerrei-me em meu quarto perto da meia-noite, e me coloquei em estado de prece e concentração. 
No entanto, empolgada pela iniciativa de improviso, e momentaneamente esquecida de que cada mentor nos acessa em dependência direta da sintonia com os recursos fluídicos do próprio médium, cometi o equívoco de solicitar dele um tipo estrito de resposta no formato do que promoveu o protagonista do livro. Pedi que, se fosse de fato verdade a sua presença e influenciação para ler justo aquela obra, com intenção benéfica de incrementar certezas apaziguadoras na sua medianeira, a fim de darmos continuidade tranquila aos nossos projetos de futuro, que desse uma pancada leve no quarto, em sinal de "sim". Mas passaram os minutos, para minha decepção, no mais franco silêncio! 
Todavia, antes de me abandonar a um estado de desânimo absoluto, após repetir inutilmente a solicitação mal refletida, ocorreu-me mergulhar de novo em prece fervorosa a Jesus, renovando meu pedido, mas de modo diferente. Atinei para o fator importante de que devem prevalecer nestas vivências o sentido de utilidade real, o que só é bem avaliado a partir da ótica de cima dos mentores. Atinando com o meu engano, disse a Iohan que entendia que talvez meu modo de pedir fosse equivocado, e mesmo o propósito ou o momento em que solicitava dele este favor. E que, então, se lhe fosse possível me responder com o mesmo "sim" de forma mais apropriada aos meus recursos mediúnicos, que o fizesse por influenciação mental, como costuma se comunicar comigo. Ou através de sugestão ocasional à minha filha, naquele instante ainda acordada em seu quarto, ou ainda a meu pai - atualmente residindo em Aracaju - para enviar-me uma mensagem qualquer pelo celular. E eu entenderia aquilo como uma confirmação condigna! 
Pois não se passaram cinco minutos desta nova solicitação, amigo leitor, e ao meu lado na cama, no escuro do quarto, soou o celular com duas mensagens de meu pai, versando sobre assuntos cotidianos! 
Eis, portanto, e oferecida de maneira maravilhosa, encantadora, a resposta deste outro exímio violinista da vida invisível e um de meus mentores! A confirmação tão ansiada!
A resposta de Iohan!

Christina Nunes
Rio de Janeiro, RJ (Brasil)

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quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Do terror à lama, tudo podemos lamentar. Mas o que fazer?


Como não chorar por todas as dores, sem menosprezar nenhuma, dessas que infestam o mundo? A dor das mães, cujos filhos morrem violentamente, é igual: sejam elas muçulmanas, judias, parisienses, sírias, quenianas, norte-americanas, das periferias de São Paulo, dos assaltos na classe média, dos massacres entre todos os povos…
A dor da natureza aviltada, mutilada, envenenada, seja em Fukushima, seja em Mariana, seja nos transgênicos que causam câncer, seja nas sementes estéreis, indecentes, da Monsanto…
A dor das crianças abusadas, violentadas, escravizadas, sejam sírias, vietnamitas, bolivianas, brasileiras, de qualquer época, de qualquer povo…
A dor dos povos oprimidos, expulsos, tiranizados, que são tantos, ou são todos, que nem se pode mencioná-los…
A dor que campeia no planeta, toda ela merece nossa compaixão, nossa empatia, nossa solidariedade.
Mas… a grande pergunta é: o que faremos com os que causam essas dores? Os homens que estrupam, violentam, abusam; os bancos que manipulam economias inteiras, causando pobreza e penúria, suicídios e mortes; os governos que se locupletam na corrupção, e servem aos interesses corporativos, que imperam no planeta, indiferentes às necessidades da massa (e são todos ou quase todos, e não só o brasileiro; os fanáticos de todas as religiões que disseminam o ódio e a intolerância, que vão desde um Malafaia a um radical islâmico ou israelita; os fabricantes de armas e seus lobistas nos congressos, nos Estados Unidos, no Brasil, seja onde for, esses que se interessam que se vendam armas à vontade, sem piedade dos que morrerão por elas, sejam povos inteiros ou vítimas de massacres urbanos; os que comercializam a saúde e a educação, sem se importarem de fato com a cura e com o progresso das nações, mas apenas a manutenção da ignorância e da doença, para que lucrem sempre mais; os que manejam a informação, enganando as populações da Terra, semeando falsas notícias, deturpando, manipulando, para agradar aos poderosos, para vender, sem a mínima preocupação com a verdade e com os interesses da maioria… A grande pergunta é: o que faremos com todos esses?
Para mim, não há resposta possível, sem a dimensão da eternidade. Não há esperança, sem a perspectiva da imortalidade.
Então, cabe-nos orar pelos que choram e pelos que fazem chorar. Cabe-nos trabalhar para consolar todas as dores, restaurar todos as vítimas e cabe-nos trabalhar para despertar a consciência dos verdugos, dos que são responsáveis por todas as tragédias. É possível isso? Sim, desde que por causa da maldade de alguns ou de muitos, os bons não façam adesão à violência, à retaliação, ao ódio e à desesperança. Desde que saibamos que mesmo os piores têm mães e filhos e sobretudo todos, invariavelmente todos, têm uma centelha divina na alma, que um dia acordará e os fará retroceder os passos em sua violência.
E cabe-nos sobretudo trabalhar a educação, uma educação que dê instrumentos às novas gerações para serem mais eficazes na transformação desse mundo. Esses instrumentos são vários. Vou nomear alguns:

·  Uma educação de empatia com o sofrimento do próximo, seja ele quem for.

·  Uma educação de empatia com o sofrimento dos animais.

·  Uma educação de conexão com toda a natureza, para que o ser, que se forma, se sinta parte dela, como somos de fato.

· Uma educação com espiritualidade plural, dessa que resgata os grandes valores de todas as religiões, como bondade, compaixão, perdão, fraternidade e que critica os abusos de todas as religiões, como poderes instituídos, exploração comercial, fanatismo…

·  Uma educação que ensine as novas gerações hábitos saudáveis, não consumistas, de plantar e colher e de comer o que se planta e de sair das grandes e insalubres aglomerações urbanas, para apoderar-se de novo da terra, do verde, do ar e da água, cuidando de tudo isso.

·  Uma educação que ensine a valorizar mais o ser do que o ter, porque então no futuro, ninguém se venderá e ninguém aceitará um emprego numa indústria bélica, numa indústria de alimentos que envenenam as crianças, numa corporação que joga detritos nos mares e nos rios, numa mídia que mente e manipula as massas.

·  Uma educação que acorde nas mentes jovens sonhos e utopias, esperanças e forças para mudar esse mundo!

Apesar de todas as tragédias que se anunciam nas mídias, ainda acredito em tudo isso, porque no meio da multidão, há muita gente consolando, confortando, trabalhando pelo que é justo e bom. E acima de tudo, há Deus, o Ser supremo, amoroso e sábio – e não esse deuzinho pregado por fanáticos fundamentalistas – que nos permite a liberdade de aprender com nossos erros, entregando-nos a responsabilidade de construir um mundo melhor, e nos amparando nesse intento, por dentro de nós, com sua presença que ilumina e pacifica, dando-nos a garantia de que o bem vencerá!

Dora Incontri 

sábado, 14 de novembro de 2015

Recorte de Jornal


Um amigo carioca envia-me virtualmente um recorte de jornal com o título “Pesquisa” e o seguinte texto:

“A ONU resolveu fazer pesquisa em todo mundo. Enviou carta ao representante de cada país com a pergunta: Por favor, diga honestamente qual é a sua opinião sobre a escassez de alimentos no resto do mundo. A pesquisa foi um grande fracasso. Por que? Todos os países europeus não entenderam o que era escassez. Os africanos não sabiam o que era alimento. Os cubanos estranharam e pediram maiores explicações sobre o que era opinião. Os argentinos mal sabem o significado de por favor. Os norte-americanos nem imaginam o que significa resto do mundo. O Congresso Brasileiro está até agora debatendo o que é honestamente.” 
Claro que o texto é uma montagem humorada e ao mesmo tempo dramática das diferenças culturais do planeta e também da enorme distância moral que distingue os países, por força de hábitos, condicionamentos, governos, etc. e até mesmo da indiferença com que muitas vezes nos tratamos uns aos outros, inclusive coletivamente, no desrespeito a outras pátrias. 
O texto também é uma alfinetada na drástica crise moral que atinge o Brasil, com a situação vigente de desequilíbrio político, oriundo da ausência de moralidade no comportamento, que não é só político, é geral, denotando a urgência da melhora individual que resulte no bem coletivo para a Pátria. 
A ironia quanto aos outros países citados igualmente é uma declaração aberta de posicionamentos que tem caracterizados as culturas de diferentes nacionalidades nessa imensidade de um planeta em reviravolta que tenta encontrar-se a si mesmo, face às ilusões que ainda nos permitimos, como cidadãos, seduzidos pelo poder, sem perceber a transitoriedade de nossos efêmeros valores materiais, ainda que necessários. 
Felizmente o “fundo do poço tem molas” e nos devolverá à superfície de nós mesmos até que aprendamos o respeito mútuo e a solidariedade, valores vitais para a harmonia social. Sem eles, vemos a miséria e a violência – em todos os ângulos cruéis com que ela se apresenta – e todos os seus lamentáveis desdobramentos, frutos mesmo do egoísmo, da vaidade, do orgulho que ainda nos caracteriza a condição humana. 
Mas as lições vão modificando a mentalidade, pois o progresso é inevitável. Se somos refratários ou rebeldes aos aprendizados de aprimoramento intelecto-moral, a vida e suas perfeitas leis nos colocarão no caminho que precisamos. 
Esse aspecto de determinismo do progresso, pois que lei, é fator de muita esperança, alívio e entusiasmo para alterar a situação precária que ainda nos encontramos no convívio social. Ele nos convida à mudança, à alteração de paradigmas, traça com clareza objetivos a serem traçados e alcançados e melhor, orienta o caminhar, mostrando que a única alternativa de felicidade real é o amor que se expressa por meio da gentileza, da atenção, da honestidade, da solidariedade. 
Somos convidados a agir com bondade e determinação nesse objetivo, usando a confiança em Deus e a resignação como instrumentos que devemos assimilar em nós mesmos, indispensáveis para a segurança que nos faz avançar destemidos.
Por isso, a realidade imortalista (somos criaturas imortais) da vida ainda é a grande causa capaz de modificar os corações humanos. A ausência dessa noção vital é a responsável pelos tristes quadros ainda vivenciados pela humanidade, especialmente os morais, que geram os demais. 
O fato da assimilação de que não somos o corpo, estamos nele temporariamente em experiências de aprendizado, modificará o panorama social, destruindo o materialismo. Esse o grande desafio a ser levado adiante, para o qual todos somos convidados: viver no planeta, sim, mas com a consciência de que aqui estamos temporariamente e os apegos todos serão dolorosos quando chegar a hora de partir... 
E já que a vida é imortal e todos nos reencontraremos com a própria consciência, o grande juiz incorruptível, é melhor cuidarmos de andar na linha desde já. Não por ameaça ou medo, mas por consciência de seres que já compreenderam que a vida atual não é um passeio, mas uma valiosa oportunidade de aprendizado, onde devemos respeitar e agir com decência, vivendo em harmonia interior e auxiliando-nos mutuamente na superação das dificuldades que todos temos, não importa a idade, a raça, a nacionalidade, o nome, o cargo, a profissão, a crença ou qualquer outra diferença que queiramos nominar. 
Somos filhos da mesma origem e devemos conquistar o futuro de felicidade que nos está reservado com os esforços continuados nas experiências que a vida vai oferecendo.

Orson Peter Carrara

terça-feira, 10 de novembro de 2015

Um minuto com Chico Xavier


Espíritos elevados, através da mediunidade fidedigna de médiuns da atualidade, afirmam-nos que um dos grandes obstáculos à nossa evolução na vida atual é o atavismo, que nada mais é que o conjunto de nossas próprias tendências trazidas de vidas anteriores. Naturalmente aqui falamos das predisposições negativas.
Quem convivia com Chico, não raras vezes presenciava situações, talvez comuns para nossa modesta avaliação, mas que, banhada pelas explicações advindas da mediunidade segura desse trabalhador do Cristo, assumiam uma nova visão. 
Vejamos o fato registrado no livro “Chico Xavier, Mandato de Amor”, editado pela União Espírita Mineira no ano de 1992, no qual várias pessoas que puderam conviver com o médium de Pedro Leopoldo contam fatos particulares vividos ao seu lado. 
Apresentaremos aqui uma dessas narrativas, onde o atavismo de determinadas pessoas fica bem evidenciado. 
Quem narra é Arnaldo Rocha, que se tornou amigo pessoal do médium após a perda de sua esposa Irma de Castro, que para nós, do movimento espírita brasileiro, ficou conhecida como Meimei.

Conta Arnaldo:

- A bem da verdade, devo dizer que no início de nossa amizade estranhava muito a disciplina que Chico impunha à sua vida. Ele retornava do serviço na Fazenda Modelo à tarde, ocupando-se, incontinenti, em visitas aos enfermos, no atendimento aos necessitados e, ainda, além das noites de segundas e sextas-feiras, dedicadas às reuniões no Centro Espírita Luiz Gonzaga, aplicava-se ao trabalho silencioso de recepção de mensagens e livros ditados por instrutores espirituais. 
Toda vez que eu voltava a Pedro Leopoldo, Chico inquiria-me com a mesma pergunta: “O que está lendo? Fale-me de seus estudos e suas tarefas doutrinárias!” 
Com isso, aprendia a admirar e amar a “nossa alma querida”, exemplo de humildade, renúncia e abnegação. 
Numa tarde de sábado, reunidos em casa de Luiza, decidimos inspecionar as obras do pequeno prédio que viria a ser a nova sede do “Luiz Gonzaga”. Chegando lá, deparamo-nos com situações de desentendimento e altercação. 
Dr. Rômulo Joviano e Lindolfo Ferreira – o responsável pelas obras – discutiam entusiasticamente em torno de ideias divergentes. Percebendo a presença de Chico, os dois amigos tranquilizaram os ânimos inflamados, de maneira que, em poucos minutos, todos conversavam saudavelmente, num clima de alegria e descontração. 
Após a saída de Dr. Rômulo, Chico informou-nos que o terreno onde estávamos comportara, outrora, a casa em que nascera e que aquele exato local havia sido o quarto em que sua mãe, D. Maria João de Deus, dera à luz. Uma revelação emocionante! 
Lindolfo, abraçando-nos, disse: - Ora, vejam só! Dr. Rômulo tem atitudes estranhas! Será que pensa estarmos ainda no cerco de destruição de Jerusalém? Estamos é construindo um templo de oração!!! 
- Não se preocupe com o acontecido – disse-me Chico, algum tempo depois, a caminho de casa. – Dr. Rômulo e Lindolfo são os antigos inimigos encontrados no “Há Dois Mil Anos”. O primeiro, nas vestes do senador romano Pompílio Crasso, amigo do também senador Publio Lentulus – Emmanuel. E o segundo, o bravo defensor da pátria judia, André de Gioras. Ambos, inconscientemente, estão recordando acontecimentos já passados. É bom nos lembrarmos do belo ensinamento emmanuelino: “O ontem muitas vezes fala mais alto do que podemos admitir no tempo a que chamamos hoje”. É por isso que em determinados estados da experiência física atual, ao nos envolvermos ou não em desarmonias mentopsíquicas e emocionais, permitimos que se nos aflorem, das criptas da inconsciência, cenas, fatos e sensações de existências passadas, que nos levam a atitudes não condizentes com os padrões estabelecidos e criados pela personalidade atual.
Ensimesmado, procurava guardar a lição de Chico, apreendendo o sentido profundo que suas palavras encerravam.

José Antônio Vieira de Paula
Cambé, Paraná (Brasil)

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sexta-feira, 6 de novembro de 2015

A Nova Literatura Mediúnica


“E falem dois ou três profetas, e os outros julguem.”– Paulo (I Cor,14:29)

As palavras de Paulo – inegavelmente a maior autoridade em assuntos mediúnicos dos tempos apostólicos – deveriam servir de alerta àqueles que têm a responsabilidade da publicação de obras de origem mediúnica. 
A literatura mediúnica tem aumentado de maneira assustadora. Diariamente aparecem novos médiuns, novos livros, alguns bem redigidos, se observados quanto ao aspecto gramatical, mas de conteúdo duvidoso, se analisadas as revelações fantasiosas que iludem muitos novatos, ainda sem conhecimento doutrinário que lhes possibilite um exame criterioso daquilo que leem. 
Muitos desses livros se originam de Espíritos ardilosos que, de maneira sutil, se lançam no meio espírita como arautos de novas revelações capazes de encantarem leitores menos preparados, aqueles sem um lastro de conhecimento doutrinário que lhes possibilite um exame lúcido, capaz de os levar a conclusões esclarecedoras. 
Muitas pessoas que conheceram recentemente a Doutrina, antes de estudarem Kardec, Léon Denis, Gabriel Delanne e outros autores conceituados; antes de lerem as obras de médiuns como Francisco Cândido Xavier, Yvonne A. Pereira, Divaldo Franco, José Raul Teixeira, estão se deparando com obras fantasiosas, escritas em linguagem vulgar, contendo o que pretendem seus autores – encarnados e desencarnados – sejam novas revelações. 
Bezerra de Menezes, Emmanuel, André Luiz, Meimei, Manoel Philomeno de Miranda, Joanna de Ângelis e tantos outros Espíritos se tornaram conhecidos e respeitados pelo conteúdo sério, objetivo, seguro, esclarecedor de suas obras, sempre redigidas em linguagem nobre. 
Esses Espíritos conquistaram, pouco a pouco, o respeito, a credibilidade e a admiração do público espírita pelo conteúdo de seus escritos, na forma de mensagens ou de livros, publicados espaçadamente, como que dando tempo a um estudo sereno e criterioso do seu conteúdo. 
Nos dias que correm, infelizmente, o quadro se modificou. Muitos médiuns, valendo-se de nomes já conhecidos pelo valor de suas obras, tentam impor-se aos leitores espíritas, não pelo valor das mensagens em si, mas escorados em nomes respeitáveis. 
Sabendo-se que nomes pouco importam aos Espíritos esclarecidos, é de se perguntar por que os benfeitores que se notabilizaram através de Francisco Cândido Xavier haveriam de continuar usando seus nomes em mensagens transmitidas através de outros médiuns? Se o importante é servir à causa do Bem, por que essa continuidade na identificação, tão pessoal, tão terrena? Não seria mais consentâneo com a impessoalidade do trabalho dos Servidores do Bem deixar que o valor intrínseco da mensagem se revele, sem estar escorado num nome conhecido? Por que não deixar que a mensagem se imponha pelo valor de seu conteúdo? Por que escudar-se em nomes respeitáveis, quando o texto não resiste a uma comparação, até mesmo superficial, de conteúdo e, às vezes, até mesmo de forma? Por que essa ânsia insofreável de publicar tudo o que se recebe – ou que se imagina ter recebido – dos Espíritos? Onde o critério, a sobriedade tantas vezes recomendada na obra de Kardec? Será que o público espírita já leu, estudou, analisou, entendeu toda a produção mediúnica produzida até agora? Ao dizer isso não se está afirmando que a fase de produção mediúnica está encerrada. 
Sabe-se que a Doutrina é dinâmica, que a revelação é progressiva. Progressiva, e não regressiva, pois há obras que estão muito abaixo daquilo que se publicou até hoje, para não dizer que há aquelas que nunca deveriam estar sendo publicadas. 
Infelizmente, os periódicos espíritas, de modo geral, não publicam análises dessas obras que estão sendo comercializadas, ostentando indevidamente o nome da Doutrina. 
Impera, no meio espírita, um sentimento de falsa caridade, um pieguismo mesmo, que impede se analise uma obra diante do público. Essas atitudes é que encorajam médiuns ávidos de notoriedade à publicação dessa verdadeira avalanche de obras que vão desde aquelas discutíveis a outras verdadeiramente reprováveis. 
Nesse particular, é justo se chame a atenção dos dirigentes de núcleos espíritas, sejam centros, sejam livrarias, a fim de que avaliem a responsabilidade que lhes cabe quanto ao que é dado a público em nome do Espiritismo. 
O dirigente – ou o grupo responsável pela direção de uma casa espírita – responderá perante o Alto, sem a menor dúvida, pela fidelidade aos princípios doutrinários de tudo o que se divulga em nome do Espiritismo, seja na exposição oral, num livro, ou simplesmente num folheto. O mesmo se diga relativamente àqueles responsáveis pelas associações intituladas “clube do livro”.

José Passini
Juiz de Fora, MG (Brasil)

Imagem ilustrativa

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Vovô, usa “eche”!


Incrível a experiência vivida com as crianças! Somente a sabedoria de Deus poderia mesmo ter estabelecido leis que determinam que a vinda dos seres humanos ao planeta para os estágios de aprendizado se dê por meio de uma fase de inocência e pureza, com as alegrias e emoções próprias trazidas pela infância. 
As crianças encantam a vida e nos fazem enxergar a vida de outra forma, nos ensinam muito e nos devolvem as lembranças carinhosas da infância. O que mais impressiona, porém, são as descobertas sucessivas que elas fazem, surpreendendo os adultos com a agilidade que lhes caracterizam as atitudes. 
A netinha que chegou na família há pouco mais de dois anos e que agora vai ganhar irmãozinho, surpreendeu-me esta semana com o hábito próprio infantil de imitar os adultos. 
Com meu celular à mão, ou melhor, nos ouvidos, andava pela casa e pela varanda externa, balbuciando frases que só ela mesmo devia entender. Eu, por minha vez, estava naturalmente preocupado que ela deixasse o celular cair ou o entregasse – como faz de hábito com tudo – à cachorrinha que também vive em casa: D. Kika, expert em mastigar objetos variados. 
Eis que diante de meu pedido insistente: Amanda, empresta o celular para o vovô, preciso fazer uma ligação, obtive surpreso a seguinte resposta, após ela correr e apanhar o fixo:

 – Usa “eche”, vovô!  E continuou sua trajetória de frases que só ela mesmo entende...

Em outra ocasião em que a chave da porta lateral havia sumido, ficamos todos a comentar tumultuados na procura da chave, ela saiu e foi buscar a chave...
Raciocínio rápido, inteligente, ágil. 
Bem próprio de um cérebro novinho, denotando conquistas já assimiladas, imitadas ou compreendidas.
Isso não é apenas aprendizado, é também experiência adquirida anteriormente, agora facilitada pelo meio na convivência de observação e pelos recursos do próprio corpo em desenvolvimento. 
O fato notável é que é mesmo admirável ver o desenvolvimento de uma criança e suas conquistas em qualquer ângulo que se queira analisar. 
Afinal a alma que habita o corpo de uma criança pode ser tão ou mais desenvolvido que de um adulto. Na criança os órgãos infantis, ainda em formação, é que impedem a plena manifestação da alma ali presente. 
O mais importante desse raciocínio todo, porém, é que todos vimos ao mundo para progredir, passando pela fase de infância, que é facilitadora às impressões educativas que recebe dos pais, dos adultos e educadores, do meio em que vive. É uma fase mais acessível à influência dos bons exemplos e para a qual devemos contribuir todos aqueles que estejamos encarregados de sua educação. 
Na adolescência, quando intensas modificações físicas e mesmo no caráter se apresentam, é a fase que o habitante que voltou e viveu primeiro a fase infantil, retoma agora sua natureza e se mostra como ele era. 
As crianças são os seres que retornam para os processos de continuidade no aprendizado e as aparências de inocência é para facilitar os mecanismos educativos, para os quais os pais e responsáveis devem estar atentos. 
Mas claro que não é só isso. Também existe a necessidade de proteção e total dependência de cuidados, despertando o interesse e cuidados dos pais ou responsáveis. 
Daí o empenho que nós, os adultos, devemos dedicar ao bom amparo aos pequeninos que nos rodeiam na condição consanguínea ou não, pois tais investimentos educativos e afetuosos – calcados no exemplo – resultarão no adulto responsável e bom, o que mais precisamos nessa sociedade que se debate com tantos conflitos, resultantes em muitos casos dos descuidos com a educação e da falta de bons exemplos.

Orson Peter Carrara