quarta-feira, 16 de dezembro de 2020

Kardec, o Homem


O nascimento de Rivail, em Lion

Em 3 de outubro de 1804 nascia, na cidade de Lion, na França, Hipppolyte Léon Denizard Rivail – que viria ser conhecido como Allan Kardec. Veio ao mundo após o conturbado período que sucedeu à Revolução Francesa. Em sua certidão de nascimento, constam as seguintes informações sobre seus pais:
Filho de Jean-Baptiste Antoine Rivail, homem de lei, residente em Bourg de l’ Ain (Bourg-en-Bresse) e atualmente em Paris, e de Jeanne-Louise Duhamel, sua esposa, que estava, presentemente em Lyon, na rua Sala, nº 74.
Ainda conforme consta em registros na França, o pequeno Rivail teve dois irmãos, mas não os conheceu porque ambos desencarnaram ainda crianças, antes do nascimento do filho mais novo do casal Jean-Batiste e Jeanne-Louise.
Outro fato importante diz respeito ao desaparecimento de seu pai – que foi perseguido e preso durante a Revolução Francesa –, por volta de 1807. Assim, Rivail foi educado por sua mãe, contando com o apoio da avó e do tio maternos.
Isso não o impediu de ser criado em um ambiente amoroso, pautado pelos ensinamentos católicos e pelos bons exemplos, e de ter acesso ao estudo de qualidade.

Kardec, o Homem e os estudos.

Em uma família de magistrados, desde cedo o menino Rivail demonstrou inclinação para a área de educação. Muito inteligente, aprendia tudo com facilidade e ajudava os colegas que tinham dificuldade no aprendizado.
Realizou seus primeiros estudos na cidade natal e aos 10 anos foi para Yverdon, na Suiça, estudar no colégio de Pestalozzi, onde teve contato com um ambiente onde culturas e pessoas diferentes conviviam e praticavam a lição da fraternidade, da igualdade e da liberdade.
Conta-se que nas horas vagas, o adolescente subia montanhas para pesquisar e admirar as plantas da região – uma de suas paixões!
Como já era comum em sua vida escolar na cidade francesa de Lion, no colégio de Pestalozzi, Rivail ajudava os colegas com maior dificuldade nos estudos e, em uma clara demonstração da capacidade daquele Espírito, substituía o pedagogo quando esse se ausentava do colégio para divulgar seu método de ensino em outros países da Europa.
Esse encontro com um dos maiores pedagogos de todos os tempos, ajudou a moldar o pensamento de Kardec, o Educador – conforme você verá em artigo neste blog.

Kardec, o Homem em Paris

Após concluir seus estudos, o jovem Rivail passa a morar em Paris onde dá início à sua carreira como Educador. Profundo conhecedor do idioma alemão, efetuava traduções de obras do francês para o alemão – mas conhecia a fundo outros idiomas: inglês, neerlandês, italiano e espanhol!
Sempre muito requisitado para participar de rodas de intelectuais onde sua opinião era uma das mais respeitadas, em uma dessas ocasiões, conheceu uma mulher fascinante. Professora, poeta, pintora, Amélie Gabrielle Boudet era culta, inteligente e bondosa. Apaixonados, Rivail e Gabi (como era chamada pelo seu amado) casaram-se no ano de 1832.
Juntos, fundaram uma escola onde lecionavam para meninos e meninas. Em uma época em que as mulheres tinham poucos direitos – o estudo não era um deles -, faziam questão de defender o ensino para as mulheres.
O Professor Rivail também participou da Sociedade de Magnetismo – onde se dedicou ao estudo do sonambulismo, transe, clarividência e outros fenômenos – e trabalhou como contador.
Em todas as tarefas às quais se dedicou, o fez com extrema responsabilidade e excelência. Jamais deixou de ter um olhar amoroso para com seus semelhantes, seja na parte da educação, seja no apoio material – como fica comprovado nas páginas da Revista Espírita, quando fazia campanhas de auxílio, e pelo seu desejo de criar um abrigo para idosos espíritas.
Como podemos notar, Rivail, o Homem demonstra a grandiosidade desse Espírito escolhido para a missão de Codificador da Doutrina Espírita.
Conhecer melhor sua história e, principalmente, sua obra é imprescindível para todos nós que seguimos o Espiritismo.

Martha Rios Guimarães

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sábado, 12 de dezembro de 2020

Kardec, o Educador


Primeiros passos de Kardec, o Educador

Contrariando as expectativas, mesmo tendo nascido em uma família de magistrados, o pequeno Rivail sempre demonstrou inclinação para a área de Educação. E, ainda menino, demonstrava seu talento para ensinar, ajudando coleguinhas que tinham dificuldades para acompanhar as matérias na escola da cidade Lion, onde nasceu.
Aos 10 anos, seus pais o enviaram para o mais badalado colégio da Europa – e um dos mais prestigiados do mundo à época. O menino saiu do seu país natal e foi estudar em Yverdon, na Suiça.
Ali, crianças e adolescentes de vários locais do mundo se reuniam, formando um verdadeiro caldeirão cultural e estimulando o aprendizado que seguia a metodologia do grande Pedagogo João Henrique Pestalozzi.
Além das matérias tradicionais, em Yverdon os alunos tinham aula de ginástica, artes, jardinagem.
Segundo especialistas, a nova metodologia permitia que as crianças aprendessem em, um ano, o que levariam dois ou três pelos métodos tradicionais. Era natural que o método de Pestalozzi começasse a ser difundido em toda a Europa e, posteriormente, em todo o mundo.
O menino Rivail – então com 14 anos – sempre foi um dos discípulos mais fervorosos de Pestalozzi, substituindo-o quando viajava para difundir seu método de ensino e sua escola – e assim começava seu preparo para ser, no futuro próximo, Kardec, o Educador.
Além disso, auxiliava os colegas que tinham maior dificuldade no aprendizado e ainda tinha tempo para se dedicar à Botânica e pesquisar as plantas dos locais vizinhos – uma das paixões do adolescente que amava aprender.
Sem dúvida alguma, a convivência com Pestalozzi ajudou a preparar o pensamento do futuro Allan Kardec – mas, sigamos com a educação porque Kardec, o Codificador será tema de outro artigo.

Kardec inicia sua carreira de Educador na Cidade Luz.

Por volta de 1822, Rivail inicia-se no magistério e, nas horas vagas, traduz livros – em pouco tempo desabrocharia na plenitude Kardec, o Educador!
Em 1823 lança seu primeiro livro, de Aritmética, recomendado aos professores e às mães que, como o Educador gostava de lembrar, eram as primeiras mestras de seus filhos.
Em 1828, é lançado o “Plano para melhoria na educação pública”, que previa a criação de uma escola para formar Pedagogos – algo inédito à época.
Nele, Rivail afirmava que a Educação deveria ser encarada como uma ciência e que o pouco preparo dos professores atrasava todo o desenvolvimento do processo educacional e, por consequência, do povo.
Ainda neste livro, o professor fala da importância de desabrochar na criança os germes das virtudes e reprimir os do vício. Condena as punições corporais, afirmando que o que leva a criança a amar o trabalho e a virtude são, principalmente, os exemplos.
Também afirma que o conhecimento libertaria o homem de superstições e da ignorância. Escrita aos 24 anos, esta obra já demonstra o espírito investigativo de Rivail, essencial no trabalho espírita.
Poliglota, Rivail traduziu obras para o francês e, também, do francês para outros idiomas. Em 1831 foi convidado pelo governo francês para chefiar uma Comissão encarregada de revisar a legislação sobre a instrução pública francesa.
Nesse trabalho defendeu a educação moral, segundo ele, tão importante quanto a intelectual e essa iniciativa resultou na criação da instrução popular gratuita.

Kardec, o Educador encontra sua musa inspiradora

Em 1832 casa-se com Amelie Gabrielle Boudet, professora, escritora, artista – uma alma à altura do grande missionário e ela também uma grande educadora.
Gaby, como o professor a chamava, foi sua grande companheira em todos os projetos, inclusive o de Kardec, o Educador.
Por volta de 1833, o casal funda um pensionato para mocinhas, já que o sistema educacional privilegiava os meninos. Ambos defendiam o ensino para mulheres uma vez que, como diziam sempre, elas precisavam de informações para cumprir a maior e mais complexa de todas as tarefas: educar os filhos.
Em 1847, apresenta sugestões para reforma no sistema educacional, em especial, o direito de escolas públicas para as meninas.

O pensamento de Kardec, o Educador

O professor Rivail acreditava que:

O espírito da criança é como um terreno cuja natureza o jardineiro hábil deve conhecer e estudar, a fim de semear com proveito;
O educador deve desenvolver a inteligência da criança e não obrigá-la à memorização;
O educador tem sobre os ombros uma das mais importantes e difíceis tarefas: a de formar homens de bem;
Lembrava às crianças e jovens o dever de renderem graças a Deus pela oportunidade que lhes foram concedida.

Após o fechamento da Instituição Rivail (por problemas financeiros), o professor empregou-se como contabilista de três casas comerciais.
Mas à noite dedicava-se à área de educação, sua grande paixão.
Elaborava novos livros, traduzia obras inglesas e alemãs, preparava novos cursos e dava aulas. Paralelamente, de 1835 a 1840, ministrava, em sua casa, cursos gratuitos de química, física, astronomia, fisiologia, anatomia comparada, etc – sempre apoiado pela esposa, a Sra. Rivail.
Como podemos notar, o objetivo do método de ensino de Rivail sempre foi educar intelectual e moralmente, objetivando a formação de seres humanos capacitados a ajudarem na construção de um mundo melhor.
Para isso, criava métodos especiais para obter maior rendimento do aluno e batalhava por um ensino mais justo e democrático.
Para Rivail, o professor era simples mediador na obra educativa. Cabia ao aluno o esforço e a vontade de aprender e se transformar. Alguma semelhança com os ensinamentos da Doutrina Espírita? Sim, mas não por mera coincidência!

Martha Rios Guimarães

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quinta-feira, 3 de dezembro de 2020

Perdoar? Esquecer é mais difícil


Existe uma grande diferença em perdoar e o ato de esquecer. Acreditamos que é menos difícil perdoar do que esquecer, pois é comum dizer-se “quem leva o tapa nunca esquece”. De fato, é tarefa complicada.
Há um parente meu que considero muito, e ele sempre diz: “eu nunca faço a primeira ofensa”. É muito importante isso, pois constato que esta pessoa já atingiu um grau de evolução, mas como se comportará depois de ser ofendido?
Sabemos que existem pessoas que não estão nem aí para a evolução moral ou conduta correta. Querem mesmo é ofender, passar por cima dos outros sem a mínima consideração. É destas pessoas que devemos nos cuidar, pois, como estão acostumadas a estarem envoltas em energias ruins, não se preocupam com a língua ou atitudes maldosas.
Mas, no momento que somos ofendidos, a tendência é revidar, pois é uma questão de autodefesa que nos acompanha desde o tempo que dispúnhamos apenas do instinto, embora após algum tempo constatemos que aquela energia péssima que nos envolveu não deve continuar conosco, motivo pelo qual devemos então pensar no perdão, já que a ofensa não partiu de nós.
Então vem o momento de trabalharmos o perdão, que não é fácil, mas com dedicação e muita meditação, vamos conseguindo. Mas repito: não é fácil! Pode demorar dias, meses, anos ou até nem acontecer nesta vida, mas, se conseguirmos perdoar o que nos foi feito, temos então de tentar esquecer o acontecido.
Isso é mais difícil, pois, embora tenhamos a capacidade de minimizar a lembrança da ofensa ou calúnia, sempre fica um resíduo em nossa mente do fato, e volta e meia comentamos com alguém, ou até mesmo nos pegamos pensando, e isso nos reporta a um momento de energia muito prejudicial ao organismo.
Jesus, sabendo da difícil tarefa de perdoar, respondeu dizendo que o deveríamos praticar setenta vezes sete, isto é, indefinidamente.
Mas não nos preocupemos de quantas vezes vamos lembrar o acontecido, o importante é que a cada momento em que aquela energia ruinzinha vier à mente, lembremos o Mestre, e perdoemos novamente. Esse é um exercício que vai de encontro ao que Ele falou. Agindo assim, aquilo que nos fizeram vai ficando cada vez mais longe, e, certamente, ao longo do tempo quase nem lembraremos mais.
Não podemos sair desta vida levando conosco um rancor de uma pessoa que muitas vezes nem lembra o mal que nos causou, e que certamente terá de prestar contas ao Criador num futuro próximo ou até mesmo nesta existência, mas, nós, não carregando o rancor, estaremos livres do contato com o ofensor em outra vida, pois o deixamos liberado de resgatar algo conosco.
Exercitemos o perdão setenta vezes sete e tentemos esquecer, e certamente ficaremos livres. Energia a todos.

Nilton Moreira

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sexta-feira, 27 de novembro de 2020

Escolha sua praia


A expressão acima foi dita, com propriedade, na gravação de estudos do livro Nosso Lar, levados ao ar toda terça-feira, às 21h45 em meu canal de Youtube. Comentávamos com ênfase sobre a diversidade que nos caracteriza a condição humana, bem como de tudo que nos cerca na natureza. Tudo se assemelha, mas nada é igual, dada a concepção do Criador que não se repete em nada, num turbilhão de diversidade, do micro ao macro, em qualquer ângulo de análise, escancarando Sua grandeza. Onde também está incluído um grão de areia, que pode ser semelhante, mas nunca é igual a outro. Daí a expressão “Escolha sua praia”.
Na edição do vídeo, o amigo Américo Sucena, participante dos estudos, incluiu diversas fotos de praias, com a diversidade própria. E como todo mundo gosta de praia, ficou o convite.
Numa frase simples pode ser feita uma comparação notável. Existem praias empedradas, outras limpas, ainda outras sujas de óleo, lixo ou detritos, carregadas ou não de vegetação. Muitas se apresentam com águas calmas e límpidas, como também há aquelas com águas revoltas, de ondas altas ou calmas. Muitas há lotadas, outras solitárias, de fácil ou difícil acesso, como também encontramos as privadas ou públicas, improvisadas, perigosas, procuradas para atividades esportivas, utilizadas para caminhadas ou descanso e mesmo iluminadas à noite ou esquecidas pelas autoridades que delas devem cuidar.
Essa diversidade de condição pode ser aplicada, em comparação, com a própria vida e suas escolhas, nos vários segmentos de atuação e vivência. Podemos escolher sempre dentro da diversidade de opções e sempre colheremos o resultado das escolhas. Escolha, pois, sua praia. Na vigilância do bom senso e no uso do discernimento em tudo que fazemos, as escolhas sensatas resultarão em paz e alegria para nossos dias!

Orson Peter Carrara

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quarta-feira, 18 de novembro de 2020

Renovemo-nos dia a dia


"...Transformai-vos pela renovação de vossa mente, para que proveis qual é a boa, agradável e perfeita a vontade de Deus." – Paulo. Romanos (12:2)

Não adianta a transformação aparente da nossa personalidade na feição exterior.
Mais títulos, mais recursos financeiros, mais possibilidades de conforto e maiores considerações sociais podem ser simples agravo de responsabilidade.
Renovemo-nos por dentro.
É preciso avançar no conhecimento superior, ainda mesmo que a marcha nos custe suor e lágrimas.
Aceitar os problemas do mundo e superá-los, à força de nosso trabalho e de nossa serenidade, é a fórmula justa de aquisição do discernimento.
Dor e sacrifício, aflição e amargura, são processos de sublimação que o Mundo Maior nos oferece, a fim de que a nossa visão espiritual seja acrescentada.
Facilidades materiais costumam estagnar-nos a mente, quando não sabemos vencer os perigos fascinantes das vantagens terrestres.
Renovemos nossa alma, dia a dia, estudando as lições dos vanguardeiros do progresso e vivendo a nossa existência sob a inspiração do serviço incessante.
Apliquemo-nos à construção da vida equilibrada, onde estivermos, mas não nos esqueçamos de que somente pela execução de nossos deveres, na concretização do bem, alcançaremos a compreensão da vida, e, com ela, o conhecimento da "perfeita vontade de Deus", a nosso respeito.

EMMANUEL (espírito); XAVIER, Francisco Cândido (psicografado por). Fonte viva. 12. ed. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira. Cap. 107.


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quinta-feira, 5 de novembro de 2020

Disciplina


No texto Profissão de fé espírita raciocinada, publicado no livro Obras póstumas, Kardec comenta que o aperfeiçoamento do Espírito é fruto do seu próprio esforço; ele avança na razão da sua maior ou menor atividade ou da sua boa vontade em adquirir as qualidades que lhe faltam.
Destacamos no texto a ideia de qualidades que nos faltam, e indagamos: nos faltam para quê? Certamente, para nos aproximarmos da condição que é a meta final do desenvolvimento do espírito humano: o conhecimento de todas as coisas e a soma completa das virtudes.
Algumas qualidades serão adquiridas muito lentamente, pois dependem de mudanças muito profundas em nossa individualidade, mas, outras, encontram-se mais próximas de nossa realidade. Exigem aparentemente um menor esforço pessoal. Uma dessas qualidades é a disciplina.
A indisciplina não é manifestação de mau caráter, mas concorre para a desorganização, o descompromisso, os atrasos recorrentes, e termina por prejudicar muita gente. Quantas pessoas não são más, mas, em decorrência desse traço de personalidade, agem de forma a interferirem negativamente no bem-estar dos outros. 
Mas em que consiste a disciplina? O vocábulo disciplina nos remete ao conceito de discípulo, aquele que aprende com um mestre segundo um método. Disciplina, assim, consiste em viver segundo um método.
Se pretendo furar um poço não farei buracos em locais diferentes, porque assim agindo nunca alcançarei o lençol de água. Se desejo perder peso, não ficarei 10 dias sem nada comer, pois, ao final, estarei enfermo e todo o meu esforço de nada valerá. Se sonho em tornar-me campeão de natação, não vou treinar 12h por dia por 30 dias, mas algumas horas por dia por longo tempo.
Disciplina, portanto, é adequar nossas atividades cotidianas a um projeto vital lógico, organizado, seguindo um método adequado.
Curioso observar que, no seu primeiro contato com Emmanuel, Chico Xavier ouviu dele que, a princípio, uma só coisa lhe era necessária para desempenhar a contento a tarefa previamente programada: disciplina!

Ricardo Baesso de Oliveira

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sexta-feira, 23 de outubro de 2020

Perseverar até o fim


“Mas aquele que perseverar até o fim será salvo.” (Mateus, 24:13.)

Perseverança e determinação, eis os caminhos que nos conduzirão à paz e à felicidade que buscamos.
Não podemos, em hipótese alguma, acreditar que os nossos sonhos de ventura se realizarão por benesses vindas graciosamente dos “céus”. Ninguém, em sã consciência, poderá esperar por conquistas sem uma grande dose de insistência e esforço.
A vida sempre nos dará aquilo que a ela ofertamos. O homem corajoso e destemido, embora em meio às dificuldades que possa viver, nunca prosseguirá sozinho, pois que a providência divina que a tudo registra saberá, em qual momento e em que circunstância deverá sustentá-lo, para que caminhe sempre um pouco mais.
A palavra evangélica é por demais consoladora e estimulante: “aquele que perseverar até o fim será salvo”. Obviamente a expressão do Cristo não significa término, mas, sim, dita comentários sobre o alvo a ser alcançado, ou seja, a paz e a serenidade que morarão conosco, definitivamente, quando atingirmos a perfeição a que estamos todos destinados.
E perseverar não é tarefa fácil, pois que, contra nossos humildes desejos de viver na claridade do conhecimento e do bem, na atualidade, pesam nuvens sombrias incrustadas no passado dos nossos dias, onde a ignorância e o mal povoavam os nossos pensamentos. Mas é preciso perseverança sempre.
Não temos qualquer notícia de que alguém tenha logrado encontrar um oásis de tranquilidade sem antes travar intensas batalhas, principalmente na intimidade, onde moram os nossos maiores inimigos: egoísmo, indiferença, violência, ódio, orgulho, preguiça e tantos outros.
Dessa forma, diante de todas as dificuldades que surgirem em nossa caminhada de ascensão, não permitamos, embora com muito esforço, que o desânimo, a tristeza e o abatimento venham impedir nossa escalada de crescimento espiritual. As maiores e mais importantes conquistas nos chegam sempre após grandes embates contra os obstáculos que se levantam a desafiar as nossas pretensões. Sejamos, portanto, determinados e dotados de muita força de vontade, pois que tais propostas atraem a presença, ao nosso lado, daqueles que pensam como nós e que também alimentam as intenções de superar barreiras e vencer limites.
Muitas vezes a tarefa que acreditamos estar no final, apenas se inicia, o que exigirá a nossa disposição em prosseguir em busca do objetivo que traçamos. E, em se tratando de metas a serem atingidas, caminhando com Jesus, na implantação do reino de Deus na Terra, podemos nos preparar para longas jornadas, pois que o Mestre há dois mil anos vem trabalhando nesse mister e ainda não viu a sua obra concluída. Ajudá-Lo, portanto, requererá incomensurável quota de ideal que somente os arrojados, conscientes e decididos poderão sustentar.
Portanto, evitemos o medo, a angústia e a aflição de encontrar percalços pela estrada, certamente eles existirão, pois sempre estiveram na rota daqueles que venceram, e eles souberam como superá-los. Façamos o mesmo e também, com a prestativa e indispensável ajuda de Deus, haveremos de alcançar os nossos objetivos.
Assim, perseveremos até o fim, mesmo que isso nos custe grande dose de sacrifício e sofrimento. Não saiamos da nossa rota de crescimento espiritual, pois a colheita, que virá nos dias do futuro, dirá que valeu a pena o nosso esforço e a nossa determinação.
A bondade divina nunca nos desamparou. Meditemos.

Waldenir A. Cuin

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quinta-feira, 15 de outubro de 2020

E o alimento espiritual?


“Nem só de pão vive o homem.” – Jesus. (Mateus, 4:4.) 

Incomparável a coragem e a capacidade de Jesus para levar adiante seu sublime e santo ministério de amor diante dos homens. 
Convocando um pequeno grupo de Apóstolos, percorreu espinhosas estradas, visitou diversas comunidades, curando enfermos, saciando famintos, esclarecendo equivocados e espalhando esperança por onde passou. 
Veio ao nosso planeta para nos trazer a luz que nos iluminaria os caminhos escuros que trilhávamos em termos morais e espirituais, enfrentando as mais estranhas situações de desrespeito dos poderosos da época, que sentindo a nobreza e a pureza contidas nas suas mensagens e nos seus exemplos, procuravam impedi-lo de continuar a esclarecer o povo ignorante que exploravam sem piedade.
O Mestre sabedor do que se passava, simplesmente seguiu levando aos corações necessitados e desesperados a esperança em dias melhores no porvir, assegurando que a Justiça Divina a todos recompensaria com as bênçãos da alegria ou com os tormentos da infelicidade contemplando a cada um com o que de fato fez por merecer. 
Por estar sempre junto aos pequeninos e sofredores do mundo, foi categorizado como agitador social, mesmo agindo sempre de forma pacífica e respeitosa no convívio com seus irmãos. Fazendo-se humilde diante dos poderosos adversários, jamais se negou a agir de maneira amorosa e respeitosa para com todos, sendo sempre o mesmo no atendimento e no ensino na orientação e no socorro dos próprios adversários e perseguidores que dele precisaram. 
Aos escravos da ambição e do egoísmo arrastados pela ilusão e guiados pela vontade enfermiça que aceitamos com facilidade, sem qualquer reflexão e que nos determinam posturas equivocadas de inveja, vaidade, avareza, etc., de forma insana norteando as ações perniciosas e imprudentes que empreendemos, Ele ensinou a mirar os mais nobres objetivos existenciais. 
“Não somente agasalho que proteja o corpo, mas também o refúgio de conhecimentos superiores que fortaleçam a alma. 

Não só a beleza da máscara fisionômica, mas igualmente a formosura e nobreza dos sentimentos. 

Não apenas a eugenia que aprimora os músculos, mas também a educação que aperfeiçoa as maneiras. 

Não somente a cirurgia que extirpa o defeito orgânico, mas igualmente o esforço próprio que anula o defeito íntimo. 

Não só o domicílio confortável para a vida física, mas também a casa invisível dos princípios edificantes em que o espírito se faça útil, estimado e respeitável. 

Não apenas os títulos honrosos que ilustram a personalidade transitória, mas igualmente as virtudes comprovadas, na luta objetiva, que enriqueçam a consciência eterna (…)” (1) 

É exatamente assim a postura de todos aqueles que se decidem por seguir o nosso Modelo e Guia, vencendo suas dificuldades e esforçando-se por buscar a reforma íntima tão necessária ao nosso crescimento espiritual. 

Dessa forma, não nos resta alternativa diferente conforme nos assevera a Doutrina dos Espíritos, que não seja a decisão corajosa de testemunhar os ensinos e exemplos de Jesus, através da fé raciocinada que nos ensina a filosofia religiosa que seguimos. 

Pensemos nisso! 

Referências: 
Xavier, Francisco Cândido, pelo Espírito Emmanuel. Livro Fonte Viva, Cap.18.


Francisco Rebouças 

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sexta-feira, 2 de outubro de 2020

É sempre tempo de receber visitas


Pois se nem ainda podeis fazer as coisas mínimas, por que estais ansiosos pelas outras?”
(LUCAS, capítulo 12, versículo 26.)

Jesus na casa de Marta e Maria é uma passagem que consta nas citações do Evangelho de Lucas no capítulo 10, versículo 38.
Na ocasião Jesus é recepcionado pelas irmãs de Lázaro, o ressuscitado, iniciando um momento prazeroso de conversação, seguido de grandes e preciosos ensinamentos.
Importante a reflexão sobre a ansiedade e as escolhas que fazemos diariamente. Analisar alguns dados sobre o comportamento do homem contemporâneo e os reflexos da vida virtual na nossa saúde.
A temática utilizada por Lucas: Jesus na casa de Marta e Maria, traz também uma indicação sutil de como precisamos desenvolver hábitos saudáveis nos círculos de nossa convivência e como o evangelho meditado, sentido e vivenciado pode lançar luz sobre nossas escolhas.
A figura de Marta simboliza a ação, agitação e o fazer, enquanto Maria simboliza a serenidade, contemplação e a emoção. Marta e Maria representam estados psicológicos do ser humano em constante transformação e oscilação.
Nesse sentido é possível concluir que todos nós temos uma porção de Marta e uma porção de Maria, porém é necessário e urgente desenvolver equilíbrio para viver nossas escolhas de maneira a trazer paz e serenidade para os dias conturbados que vivemos.
Segundo Jesus, em Lucas, Maria escolheu a boa parte, que não será tirada dela, e nós outros, Martas e Marias, precisamos adquirir o hábito de receber a visita do Sublime Amigo em nossos lares absorvendo assim seus ensinamentos.
O apego aos bens materiais, o corre-corre diário, as doenças psicossomáticas sinalizam a urgência de criar redes de proteção, para nos sentirmos pertencentes ao círculo de afetos e apaziguar nossas agitações e distonias.
É sabido que o comportamento desequilibrado de inquietação e a agitação impactam a saúde de modo muitas vezes incapacitantes, promovem distúrbios e ou transtornos que necessitarão de um longo prazo para que o tratamento possa surtir os efeitos. Segundo dados da OMS, os transtornos de ansiedade atingem um total de 264 milhões de indivíduos, no mundo.
O que pode ser feito para apaziguar as crises serão os atendimentos médicos especializados, as psicoterapias, as terapias e sem dúvida os atendimentos especializados nas casas espíritas, através de palestras, cursos, acolhimento fraternal, atividades assistenciais, o passe e a água fluidificada. Porém, como fazer tais procedimentos e atendimentos se o próprio trabalhador espírita vem sofrendo essas alterações cognitivas e comportamentais?
A ansiedade, percebida nos trabalhadores espíritas, está mais visível quando o comportamento mental está voltado para a antecipação dos acontecimentos futuros, para a preocupação em promover muitos eventos dentre outros, impedindo-os de se plenificarem nas lides doutrinárias espíritas cotidianas e simples.
O transtorno de ansiedade começa quando essa emoção fica desenfreada. O nervosismo paralisa o indivíduo, impedindo-o que realize suas tarefas, atrapalhando os seus compromissos e emperrando sua vida social e espiritual.
Logicamente os tempos apresentados na citação de Lucas eram outros e não exigiam das pessoas tantas atividades sociais, culturais e econômicas, entretanto a lição estampada na citação evangélica lucana é ensinar aos homens, em todas as épocas, a discernir sobre o que é essencial a cada um!
Sermos Maria é apresentar nossas preocupações aos pés de Jesus e confiar que seremos inspirados a tomar nossas melhores escolhas, sermos Marta é equilibrar nossas ações e agir de modo a realizar o bem sem o desânimo e a inquietação, simplificando: “Quem dera ter as mãos de Marta, porém o coração de Maria.”

Referências:

(1) LUCAS, capítulo 12, versículo 26; e
(2) LUCAS, capítulo 10, versículo 38.

Jane Maiolo

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terça-feira, 22 de setembro de 2020

Somos observados


“O que pensam de nós os Espíritos que estão ao nosso redor e nos observam? – Isso depende. Os Espíritos levianos riem das pequenas traquinices que vos fazem, e zombam das vossas impaciências. Os Espíritos sérios lamentam as vossas trapalhadas e tratam de vos ajudar.” (Questão 458 de O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec.)

Uma vez que a morte, definitivamente, não existe e que prosseguimos a viver mesmo fora da matéria, é muito natural que em estando na vida espiritual, possamos acompanhar aqueles que ficaram na Terra.
Dessa forma, nossos amigos, parentes ou os Espíritos que se afinizam conosco, com frequência, seguem os nossos passos, como acompanhamos as ações daqueles por quem temos simpatia.
No entanto, será sempre muito oportuno não olvidar que os Espíritos que se aproximam de nós são atraídos pelo que pensamos e fazemos, pois a ciência há muito já ensinou que a energia atrai energia da mesma natureza.
Assim, precisamos observar, cuidadosamente, como estamos agindo, que tipo de mensagem estamos passando aos outros, pois nossa vida exerce influência sobre a vida alheia, como o comportamento dos outros também dita procedimentos em nossas ações.
Então, os Espíritos que nos observam, dependendo do que estamos fazendo, riem das nossas atitudes, se divertem com as preocupações infundadas que alimentamos ou lamentam as decisões que tomamos, quando escolhemos seguir por estradas sombrias.
Conhecendo tais informações, será valiosa a nossa precaução em procurar fazer somente o que é belo, nobre e sublime, pois assim estaremos mantendo conosco a presença de Espíritos que também se prestam a tais realizações. Ainda, as entidades espirituais que não se dão ao cultivo da dignidade, logo tomarão outros rumos, uma vez que, do lado de quem pauta a vida pelas diretrizes do Evangelho do Cristo, não haverá lugar para os indiferentes, desocupados e perversos.
Caso contrário se dará, se vivermos na inércia, preguiça e descuido para com os reais valores da vida, pois, assim, nossa atração recairá sobre os Espíritos da mesma natureza, o que nos leva a concluir, sem sombra de dúvida, que muitos prejuízos teremos, pois que a presença de quem não tem equilíbrio, ombreando conosco, certamente nos proporcionará os consequentes deslizes que o desequilíbrio promove.
Portando, não é difícil entender qual deverá ser a tônica dos nossos atos e ações. As Leis Divinas estabelecem um código perfeito, onde cada um receberá de acordo com as suas obras. Não existe nada de novo, pois Francisco de Assis, há muito tempo, já ensinou à humanidade “que é dando que se recebe” e Jesus, em suas lições inquestionáveis e de profundo valor educativo, não se esqueceu de dizer da necessidade do amor ao próximo.
Na verdade, quem ama, quem serve, quem trabalha pelo próximo, quem vê no irmão do caminho alguém que merece respeito, consideração; quem procura não ferir ninguém, não magoar, não prejudicar quem quer que seja, pode ter certeza, contará sempre com a assistência dos bons Espíritos, daqueles que se esforçam para a construção de um mundo melhor.
Já os que trilham por outras estradas, vivendo na indiferença, na apatia, magoando, ferindo, maltratando, obviamente não poderá esperar senão pela presença dos Espíritos da mesma natureza e, indiscutivelmente, os prejuízos serão grandes.
Temos o livre-arbítrio. Decidimos por nós mesmos. Assim, cuidemos de analisar que tipo de vida estamos levando e, por consequência, saberemos quais são os Espíritos que estão nos acompanhando.

Waldenir A. Cuin

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quinta-feira, 17 de setembro de 2020

O custo do abandono emocional


“Por isso não desfalecemos; mas, ainda que o nosso homem exterior se corrompa, o interior, contudo, se renova de dia em dia”. (1)-

Em época de grandes avanços intelectuais, científicos e tecnológicos é possível observar também o avanço das perturbações sociais como a criminalidade e a violência estampadas na face da sociedade contemporânea. Estamos vivendo uma grande catarse social: feminicídios, estupros, intolerâncias, corrupções, atentados, suicídios, desestruturação da base social, da família e o triste abandono da infância.
A vitimização por homicídio de jovens de 15 a 29 anos, no país, é fenômeno denunciado ao longo das últimas décadas, mas que permanece sem a devida resposta em termos de políticas públicas que efetivamente venham a enfrentar o problema.
Quando crianças e jovens aderem a pulsão de morte e destruição significa que a vida não é importante!
O homem do século XXI tem cada vez mais conhecimento e controle sobre o mundo exterior, porém tem se afastado com a mesma intensidade do seu mundo interior. Aprendemos a dominar algumas forças da natureza, a construir diques, barragens, abrigos, porém não conseguimos nos dominar emocionalmente nem tampouco nos conhecer.
Segundo o pediatra e psicanalista inglês, Donald Winnicott, o ser humano é dotado de uma tendência inata ao amadurecimento, tendência essa que requer um ambiente facilitador e a presença constante de um agente suficientemente bom para ajudá-lo a desenvolver-se na primeira infância, período que se estende aproximadamente até os seis anos de idade. (2)
Os primeiros anos do ser humano são marcados por intensos processos de desenvolvimento bio-psíquico-emocional. É uma fase determinante para a capacidade cognitiva e sociabilidade do indivíduo. As crianças nesta fase precisam de amparo, compreensão, oportunidades e estímulos, para que possam desenvolver cada uma de suas aptidões, assim como criar vínculos afetivos, sentimento de pertencimento, autoconfiança, responsabilidade, dentre outros afetos.
A sociedade de modo geral vem pagando um preço alto por não compreender o papel e a responsabilidade de cada um na esfera social e humana. O transtorno mental e os distúrbios de comportamento se multiplicam, já não sabemos como agir. Para se ensinar na escola não serão apenas necessários um livro, uma caneta, uma criança e um professor como assinalava Malala Yousafzai, ativista paquistanesa, mas precisaremos de apoio de profissionais da área da saúde como neuropediatras, psicólogos, psicopedagogos, psicanalistas dentre outros.
Nossas crianças estão se desenvolvendo de maneira frágil sem sentimentos éticos como a empatia, a compaixão, juízo crítico e capacidade de suportar limites. A instantaneidade do prazer é estimulada pela insana sociedade contemporânea. Os pais têm medo de serem “pais”, deixando o posto vazio ou temporariamente fora de área de serviço, com possibilidade de outros assumirem o papel tão fundamental que é a educação integral dos filhos. A frustração precisa voltar a fazer parte da lição de casa, pois dizer “não” é um desafio que precisamos enfrentar com maturidade. Estabelecer limites é oportunizar para que a criança se adapte à realidade e aprenda a conviver e a superar os conflitos advindos do seu meio social em qualquer tempo.
A frustração, a ansiedade, a raiva, o ódio, a disputa e a privação fazem parte do aprendizado das crianças tanto quanto o amor, o respeito, a solidariedade e a fraternidade.
A segurança emocional das crianças e jovens é que está em jogo. Promover e organizar o ambiente familiar saudável é sem sombra de dúvida a única luz no fim desse túnel chamado sociedade contemporânea, caso não amadurecermos essa ideia e planejarmos outras ações continuaremos fragilizados e temerosos pelo amanhã.
A nova geração, preconizada por Allan Kardec no livro A Gênese precisa de objetivos claros e limites para se ajustarem ao novo vindouro. (3)
A humanidade se transforma, isso é evidente, porém a influência dos pais e uma educação de qualidade é sempre o material divino para ascensão de uma Nova Geração. (4)
Atentemos a admoestação carinhosa do Convertido de Damasco: “Por isso não desfalecemos; mas, ainda que o nosso homem exterior se corrompa, o interior, contudo, se renova de dia em dia.”(5)

Bibliografia:

2 Coríntios 4:16
WINNICOTT, D. W. (1969c). (1975b). Conceitos contemporâneos de desenvolvimento adolescente e suas implicações para a educação superior. In O Brincar & a Realidade. Rio de Janeiro: Imago.
KARDEC, ALLAN. A Gênese. 19ª Edição. SP. LAKE- CAP. CAPÍTULO XVIII
(4) KARDEC, ALLAN. O Livro dos Espíritos, Rio de Janeiro: Ed. FEB , 2007- questão 208;
(5) 2 Coríntios 4:16-17

Jane Maiolo

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quinta-feira, 10 de setembro de 2020

Por que nos sentimos mal em determinados ambientes?


Você já esteve em ambientes em que se sentiu mal, constrangido, pouco à vontade?
Ao comentar essas coisas com alguém pode ser que tenham dito que é coisa de sua cabeça, ou, então, má vontade de sua parte para com aquela "turma".
Até pode ser, mas... nem sempre é má vontade de nossa parte.
Ocorre que nossa alma sente, por intermédio da expansão do perispírito, se aquele ambiente ou aquelas pessoas têm fluidos simpáticos aos nossos.
O corpo engana, os gestos podem ser perfeitamente traçados e planejados para agradarmos os outros, mas o mesmo não ocorre com os fluidos que não podem ser manipulados por algo que não seja o pensamento.
Os fluidos não se corrompem com as aparências e os sorrisos falsos, eis porque podemos sentir uma estranha sensação de mal querer mesmo com todos nos tratando de forma simpática.
Nossos fluidos, pois, conforme ensina Kardec, interpenetram-se com os de outros Espíritos e sentimos bem ou mal estar, a depender dos Espíritos encarnados ou desencarnados que estejam ao nosso redor.
Eis a razão pela qual buscamos, até de forma inconsciente, estar ao lado de pessoas que possuem valores semelhantes aos nossos.
É que nossa alma anseia a calmaria e busca ficar longe dos embates, principalmente os embates psíquicos, internos, que ocorrem longe da vista de todos.
Em nossa relação com as pessoas, ou com os Espíritos, há muito mais do que atração dos corpos, há, sobretudo, uma busca da alma, da essência que existe em nós por fluidos que se combinem com os nossos.
Nosso ser almeja a felicidade mesmo que relativa, e impossível é ser feliz num ambiente de constante intriga, mal querer, inveja, portanto, de fluidos que não se combinam.
Não é sem razão que os Espíritos informam ser uma das maiores felicidades da Terra estar ao lado de almas amigas, que têm valores muito próximos aos que temos.
Entretanto, vale salientar que, conforme crescemos, levaremos em nós somente o amor e a simpatia, de tal modo que teremos poucas antipatias e muitas afeições.
Mas isto é fruto de um intenso labor do Espírito por conquistar a capacidade de amor incondicional.
Um dia chegaremos lá e teremos apenas afetos, amores, pessoas pelas quais simpatizamos, pois pouco importará o fluido que emana do outro, porquanto o fundamental será o fluido que nós emanamos, e este será, tão somente, salpicado de amor e bem querer.

Wellington Balbo

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quinta-feira, 3 de setembro de 2020

Educação no Lar


Cada dia a violência torna-se mais constante e perversa, atingindo índices insuportáveis.
Todo o sentido ético da existência humana vem desaparecendo para dar lugar à agressividade, ao desrespeito aos códigos do dever e do respeito que nos devemos todos uns aos outros.
As estatísticas sobre o comportamento primitivo são alarmantes, inclusive, na intimidade doméstica, na qual não vigem a consideração nem a compreensão entre pais e filhos, irmãos e demais membros da família.
O femicídio covarde assusta e a cada dia aumenta na razão direta em que se avolumam os desequilíbrios de toda ordem, inclusive, de natureza sexual, que se fazem naturais na sociedade.
A mulher, quase sempre desrespeitada, vem sofrendo tratamento incompatível com os princípios da cultura e da civilização.
Nas escolas confundem-se as más condutas de alguns mestres despreparados para o mister assim como de alunos deseducados e cínicos que se agridem reciprocamente, assim como aos professores, especialmente femininos.
A desordem reina de maneira assustadora e as pessoas estão praticamente armadas uma contra as outras, demonstrando nas feições carrancudas, os tormentos íntimos que as afligem e descaracterizam.
Sem dúvida, vivemos momentos muito graves na infeliz civilização dos nossos dias, nos quais, o amor e a honra perderam o significado, estimulando os valores insensatos do aventureirismo.
Há uma necessidade urgente de reorganizar-se o lar, de voltar-se para os costumes retos e as famílias equilibradas, reconstruindo-se o ninho doméstico e tornando-o essencial para uma existência feliz.
Narra-se que oportunamente o jovem Edison entregou à genitora uma carta que o seu professor encaminhara-lhe.
Indagada sobre o conteúdo ela explicou ao filho que se tratava de uma informação na qual o professor explicava-lhe ser necessário que ela mesma educasse e instruísse o filho, por ser ele portador de inteligência brilhante e de muitos valores morais que necessitavam ser trabalhados.
Edison, o criador da lâmpada elétrica entre outros notáveis descobrimentos, sensibilizou o mundo e o deslumbrou com as suas conquistas.
Após a desencarnação da mãezinha dispôs-se a arrumar papéis e outros objetos, havendo reencontrado a carta em uma gaveta.
Abriu-a e leu-a. Tomado de surpresa, constatou que a carta dizia exatamente o contrário do que a sua mãe lera: – Seu filho é um doente mental e não têm condições de frequentar a escola. Assim cancelamos sua matrícula.
A nobreza dessa senhora incomum transformara o diamante bruto em estrela luminosa que cl o mundo até hoje.
Ninguém mais nem melhor do que os pais para serem os primeiros educadores porque o lar é a primeira escola, no qual se corrigem as heranças morais negativas, as tendências nefastas, as paixões primitivas e mediante os exemplos de amor e de treinamento para o bem são desenvolvidos os sentimentos morais que jazem adormecidos.
O ser humano está fadado a conquistar as estrelas, mas necessita muito antes de autoiluminar-se, conhecendo as imensas possibilidades espirituais e morais que lhe jazem adormecidas no imo do ser.
Na convivência doméstica caldeiam-se as paixões que se transformam em fontes de bençãos e de plenitude.

Artigo publicado no jornal A Tarde, coluna Opinião, 28 de novembro 2019.

Divaldo Franco
Professor, médium e conferencista


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quarta-feira, 26 de agosto de 2020

A missão de Allan Kardec


Camille Flammarion tinha razão quando, à beira do túmulo de Allan Kardec, afirmou que ele era o bom senso encarnado.
Se estudarmos a sua vida, desde que teve conhecimento das mesas girantes pelo magnetizador M. Fortier, até o final da sua existência terrena, veremos, realmente, que o Mestre pautou a sua vida estritamente pelas normas da ponderação, do exame sem preconceito e da análise imparcial.
Esse seu espírito de perscrutador profundo foi que contribuiu consideravelmente para que a Doutrina dos Espíritos tomasse corpo, assumindo proporções gigantescas até hoje.
A missão de Allan Kardec foi a de um reformador. Ele codificou a Doutrina Espírita, que condiz com a comunicação do Espírito de Verdade que, na afirmação de Jesus Cristo (João, 14:15 a 17 e 26), viria em tempo oportuno trazer novos ensinamentos, quando o gênero humano estivesse melhor preparado para assimilá-los.
O notável francês desempenhou uma tarefa árdua e cheia de imensos sacrifícios, principalmente por ter como cenário um século no qual a ciência caminhava a largos passos para o materialismo, distanciada de Deus.
A exemplo do que aconteceu com Jesus Cristo, Allan Kardec também teve opositores sistemáticos, que jamais esmoreciam no combate às novas ideias.
Entretanto, como os tempos são chegados, a Doutrina Espírita se apresentou como verdade irretorquível, abalando a estrutura milenar dos velhos sistemas religiosos e empolgando a Humanidade do mundo em que vivemos.
O ilustre filho de Lyon não veio para destruir o que Jesus havia ensinado, mas, sim, descerrar o espesso véu que empanava as palavras contidas no Evangelho, e, auxiliado pelos Espíritos esclarecidos, extrair desses ensinamentos a letra que mata, deixando tão somente o espírito que vivifica.

Altamirando Carneiro

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quinta-feira, 20 de agosto de 2020

Pais intolerantes, filhos...


A intolerância é uma chaga social. Os sonhos de harmonia entre os homens batem de frente nos muros da intolerância erguidos pela inflexibilidade das pessoas. As guerras, por exemplo, são as filhas mais diletas da intolerância. Leia-se guerra também os embates domésticos, que frequentemente ocorrem avassalando lares. Há tempos é assim...
Na idade Média, época obscura em que a Europa ficou imersa na ignorância, a intolerância era ainda mais abundante. Aqueles que não compartilhassem dos mesmos pontos de vista dos poderosos eram perseguidos e mortos ou forçados a modificar suas opiniões e crenças religiosas. Já na Idade Moderna é ilustrativo o caso de Galileu Galilei. O cientista, ao confirmar que a Terra não era o centro do universo foi convidado em tribunal a desmentir. Galileu, a contragosto teve de renegar as suas idéias para que continuasse vivo. Outro exemplo de intolerância ocorreu com a Doutrina Espírita que nascia na Europa do século XIX. O auto de fé de Barcelona, em que foram queimados, em praça pública, 300 livros espíritas enviados por Allan Kardec ao livreiro Maurício Lachâtre, espelhou, também, de forma triste a intolerância de algumas pessoas.
Poucos se atentam, no entanto, de que as raízes da intolerância têm morada nos lares, na educação das crianças. Os pais, não raro exemplificam a intolerância aos seus filhos, transmitindo-a em suas atitudes. Pais intolerantes com os filhos, filhos intolerantes para com a vida e o semelhante. Digo isto por que presenciei triste cena em que os pais diziam ao filho não admitir, de forma alguma, seu namoro com jovem de outra religião. O jovem, obviamente não compreendeu a atitude dos pais, no entanto, em virtude da rígida educação foi forçado a acatar. Terminou o namoro por causa da religião, isso em pleno século XXI. Lamentável. Fico a pensar:
Será que este jovem será atingido pela intolerância dos pais? Será que irá copiá-la?
Pode ser que sim, pode ser que não. Porém, a família é nosso primeiro filtro de valores, é na família que aprendemos as primeiras noções de como viver em sociedade. Se os pais atuam na educação do filho transmitindo valores distorcidos, alimentando o preconceito e a intolerância, pode ser que esses jovens, espíritos em processo de educação, configurem em seu íntimo essas irrealidades como verdades absolutas.
O resultado não é difícil de prever: crescerão adultos preconceituosos e intolerantes, mimados e desacostumados a conviver com as diferenças. E, educados dessa forma, os diferentes serão encarados como inimigos ferrenhos. Ou seja, se não pensa conforme meus conceitos é meu oponente. Daí a busca pela eliminação de quem não lê na mesma cartilha. Alguns no emprego puxam o tapete, outros nas instituições boicotam as boas idéias, e assim caminha a humanidade...
Cabe, portanto, aos pais abrir a tela mental e despir-se de preconceitos e modelos mentais obsoletos, porquanto, se a intolerância outrora era justificada pela ignorância, hoje essa desculpa não faz mais sentido. A principal herança que deixamos aos filhos não é a monetária, mas, sim, a herança moral.

Pensemos nisso.

Wellington Balbo

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terça-feira, 11 de agosto de 2020

A sofisticação moral de Kardec


A ideia de Kardec sempre girou em torno da sofisticação moral do ser humano.
Entenda-se sofisticação no sentido positivo e construtivo, que impele o ser a superar-se, a vencer suas limitações e a elevar-se em espírito e verdade.
Quando lemos sua obra, percebemos esta preocupação constante, tanto que em diversos momentos o objetivo de Kardec é oferecer aos seus leitores e estudiosos o que de mais nobre poderia ser concebido em termos morais.
Assim, tem-se um permanente curso de aperfeiçoamento espiritual, a ser acessado por todos em quaisquer momentos da existência. E, como as grandes lições da Humanidade, não há custo a ser pago, os ensinamentos são gratuitos e estão disponíveis, facilmente, ao alcance de um clique. As obras de Kardec já são, há bastante tempo, de domínio público, o que significa que as traduções, em português, de seus livros, podem ser facilmente acessadas em equipamentos disponíveis na palma da mão, como os celulares.
Para ilustrar trazemos a questão de número 886 de "O Livro dos Espíritos". Do mesmo modo como, antes, no item 625, do mesmo livro, portanto, anterior à própria questão 886, Kardec recebe das Inteligências Superiores a informação de que o homem Jesus é a referência moral para a Humanidade e, ele, Kardec, então, quer saber qual o verdadeiro sentido da caridade, como a entendia aquele Pescador de Almas.
Percebe-se, neste ponto, a preocupação de Kardec em nivelar por cima, com a intenção de oferecer ao homem um norte moral dos mais sofisticados, e este norte é encontrado em Jesus e sua doutrina.
A resposta dos Espíritos prova isso: "Benevolência para com todos, indulgência para com as imperfeições alheias, perdão de ofensas".
A caridade, então, tem tríplice viés e alcance: inicia com a bondade, o ato de agir no bem, independente de quem seja o interlocutor em nosso caminho; adotar a indulgência que é a atitude natural e espontânea diante das imperfeições alheias, aquilo que os indivíduos conseguem, no momento, oferecer, dada a sua condição espiritual evolutiva; e, por fim, o perdão em relação às ofensas alheias, que decorre dos dois elementos anteriores porque, sendo bons e indulgentes, compreendemos que precisamos agir diferentemente, não destinando, a quem quer que seja, nenhuma paga, ou uma atitude na mesma moeda, no padrão de ofensa recebido.
Cumpre mencionar que não há uma fórmula, uma bula ou um manual para o proceder em relação aos que nos rodeiam. A base empírica, racional, lógica e virtuosa brota de cada situação em que vamos aprendendo a entender melhor o semelhante, sem exigir dele reciprocidade nem a mesma reflexão que nós já temos, em função das nossas experiências.
E o bom é que podemos tentar sempre, experimentar todos os dias e ir progredindo conforme nossas capacidades.
Não é sofisticado isso?

Wellington Balbo e Marcelo Henrique

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sábado, 1 de fevereiro de 2020

A calma que se precisa


O momento decisivo da evolução humana pede persistência, coragem, mas também calma.
Se pensarmos no alcance no final da conhecida expressão de Jesus: Amai-vos uns aos outros como eu vos amei,
podemos ampliar seu entendimento e entender seu divino convite.
Afinal o "como eu vos amei", como devemos entender?
Como é que Ele nos amou?

Em boa síntese didática-educativa, podemos entender que:

a) Ele sempre respeitou nossa posição evolutiva. Tanto que sempre valorizava quem dele sem aproximava. Às diferentes personalidades que o procuraram, da mulher adúltera ao doutor da lei, respeitou-lhes o estágio moral.

b) Nada pediu em troca pelos inúmeros benefícios que trouxe à humanidade. Isso é uma demonstração de amor. Ama e porque ama ampara, consola, conforta, orienta; Nada exigiu, aguarda nosso despertar. 

c) Importou-se conosco. Esse importar-se conosco foi demonstrado na prática pelas expressivas manifestações de entendimento de nossa precária condição evolutiva, estendendo-nos seu divino amparo e orientação.

Daí a recomendação fraterna: "Amai-vos uns aos outros". Mas apresentou também a proposta de como fazê-lo, acrescentando o "como eu vos amei". Até porque - e hoje entendemos com mais exatidão - ele é o Modelo e Guia, referência mais alta que possuímos no planeta para seguir e nos esforçarmos como exemplo para incorporarmos ao comportamento.
Essa adoção de postura no comportamento é capaz de vencer obstáculos, extinguir contendas e dispensar mágoas, ressentimentos ou sentimentos de vingança ou mesmo temores infundados, uma vez que estamos todos protegidos por sua grandeza e bondade.
É a calma, a resignação ativa, que trabalha, compreende e encontra outros caminhos que sejam de paz para superação dos imensos desafios da atualidade.

Orson Peter Carrrara

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