quarta-feira, 16 de dezembro de 2020

Kardec, o Homem


O nascimento de Rivail, em Lion

Em 3 de outubro de 1804 nascia, na cidade de Lion, na França, Hipppolyte Léon Denizard Rivail – que viria ser conhecido como Allan Kardec. Veio ao mundo após o conturbado período que sucedeu à Revolução Francesa. Em sua certidão de nascimento, constam as seguintes informações sobre seus pais:
Filho de Jean-Baptiste Antoine Rivail, homem de lei, residente em Bourg de l’ Ain (Bourg-en-Bresse) e atualmente em Paris, e de Jeanne-Louise Duhamel, sua esposa, que estava, presentemente em Lyon, na rua Sala, nº 74.
Ainda conforme consta em registros na França, o pequeno Rivail teve dois irmãos, mas não os conheceu porque ambos desencarnaram ainda crianças, antes do nascimento do filho mais novo do casal Jean-Batiste e Jeanne-Louise.
Outro fato importante diz respeito ao desaparecimento de seu pai – que foi perseguido e preso durante a Revolução Francesa –, por volta de 1807. Assim, Rivail foi educado por sua mãe, contando com o apoio da avó e do tio maternos.
Isso não o impediu de ser criado em um ambiente amoroso, pautado pelos ensinamentos católicos e pelos bons exemplos, e de ter acesso ao estudo de qualidade.

Kardec, o Homem e os estudos.

Em uma família de magistrados, desde cedo o menino Rivail demonstrou inclinação para a área de educação. Muito inteligente, aprendia tudo com facilidade e ajudava os colegas que tinham dificuldade no aprendizado.
Realizou seus primeiros estudos na cidade natal e aos 10 anos foi para Yverdon, na Suiça, estudar no colégio de Pestalozzi, onde teve contato com um ambiente onde culturas e pessoas diferentes conviviam e praticavam a lição da fraternidade, da igualdade e da liberdade.
Conta-se que nas horas vagas, o adolescente subia montanhas para pesquisar e admirar as plantas da região – uma de suas paixões!
Como já era comum em sua vida escolar na cidade francesa de Lion, no colégio de Pestalozzi, Rivail ajudava os colegas com maior dificuldade nos estudos e, em uma clara demonstração da capacidade daquele Espírito, substituía o pedagogo quando esse se ausentava do colégio para divulgar seu método de ensino em outros países da Europa.
Esse encontro com um dos maiores pedagogos de todos os tempos, ajudou a moldar o pensamento de Kardec, o Educador – conforme você verá em artigo neste blog.

Kardec, o Homem em Paris

Após concluir seus estudos, o jovem Rivail passa a morar em Paris onde dá início à sua carreira como Educador. Profundo conhecedor do idioma alemão, efetuava traduções de obras do francês para o alemão – mas conhecia a fundo outros idiomas: inglês, neerlandês, italiano e espanhol!
Sempre muito requisitado para participar de rodas de intelectuais onde sua opinião era uma das mais respeitadas, em uma dessas ocasiões, conheceu uma mulher fascinante. Professora, poeta, pintora, Amélie Gabrielle Boudet era culta, inteligente e bondosa. Apaixonados, Rivail e Gabi (como era chamada pelo seu amado) casaram-se no ano de 1832.
Juntos, fundaram uma escola onde lecionavam para meninos e meninas. Em uma época em que as mulheres tinham poucos direitos – o estudo não era um deles -, faziam questão de defender o ensino para as mulheres.
O Professor Rivail também participou da Sociedade de Magnetismo – onde se dedicou ao estudo do sonambulismo, transe, clarividência e outros fenômenos – e trabalhou como contador.
Em todas as tarefas às quais se dedicou, o fez com extrema responsabilidade e excelência. Jamais deixou de ter um olhar amoroso para com seus semelhantes, seja na parte da educação, seja no apoio material – como fica comprovado nas páginas da Revista Espírita, quando fazia campanhas de auxílio, e pelo seu desejo de criar um abrigo para idosos espíritas.
Como podemos notar, Rivail, o Homem demonstra a grandiosidade desse Espírito escolhido para a missão de Codificador da Doutrina Espírita.
Conhecer melhor sua história e, principalmente, sua obra é imprescindível para todos nós que seguimos o Espiritismo.

Martha Rios Guimarães

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sábado, 12 de dezembro de 2020

Kardec, o Educador


Primeiros passos de Kardec, o Educador

Contrariando as expectativas, mesmo tendo nascido em uma família de magistrados, o pequeno Rivail sempre demonstrou inclinação para a área de Educação. E, ainda menino, demonstrava seu talento para ensinar, ajudando coleguinhas que tinham dificuldades para acompanhar as matérias na escola da cidade Lion, onde nasceu.
Aos 10 anos, seus pais o enviaram para o mais badalado colégio da Europa – e um dos mais prestigiados do mundo à época. O menino saiu do seu país natal e foi estudar em Yverdon, na Suiça.
Ali, crianças e adolescentes de vários locais do mundo se reuniam, formando um verdadeiro caldeirão cultural e estimulando o aprendizado que seguia a metodologia do grande Pedagogo João Henrique Pestalozzi.
Além das matérias tradicionais, em Yverdon os alunos tinham aula de ginástica, artes, jardinagem.
Segundo especialistas, a nova metodologia permitia que as crianças aprendessem em, um ano, o que levariam dois ou três pelos métodos tradicionais. Era natural que o método de Pestalozzi começasse a ser difundido em toda a Europa e, posteriormente, em todo o mundo.
O menino Rivail – então com 14 anos – sempre foi um dos discípulos mais fervorosos de Pestalozzi, substituindo-o quando viajava para difundir seu método de ensino e sua escola – e assim começava seu preparo para ser, no futuro próximo, Kardec, o Educador.
Além disso, auxiliava os colegas que tinham maior dificuldade no aprendizado e ainda tinha tempo para se dedicar à Botânica e pesquisar as plantas dos locais vizinhos – uma das paixões do adolescente que amava aprender.
Sem dúvida alguma, a convivência com Pestalozzi ajudou a preparar o pensamento do futuro Allan Kardec – mas, sigamos com a educação porque Kardec, o Codificador será tema de outro artigo.

Kardec inicia sua carreira de Educador na Cidade Luz.

Por volta de 1822, Rivail inicia-se no magistério e, nas horas vagas, traduz livros – em pouco tempo desabrocharia na plenitude Kardec, o Educador!
Em 1823 lança seu primeiro livro, de Aritmética, recomendado aos professores e às mães que, como o Educador gostava de lembrar, eram as primeiras mestras de seus filhos.
Em 1828, é lançado o “Plano para melhoria na educação pública”, que previa a criação de uma escola para formar Pedagogos – algo inédito à época.
Nele, Rivail afirmava que a Educação deveria ser encarada como uma ciência e que o pouco preparo dos professores atrasava todo o desenvolvimento do processo educacional e, por consequência, do povo.
Ainda neste livro, o professor fala da importância de desabrochar na criança os germes das virtudes e reprimir os do vício. Condena as punições corporais, afirmando que o que leva a criança a amar o trabalho e a virtude são, principalmente, os exemplos.
Também afirma que o conhecimento libertaria o homem de superstições e da ignorância. Escrita aos 24 anos, esta obra já demonstra o espírito investigativo de Rivail, essencial no trabalho espírita.
Poliglota, Rivail traduziu obras para o francês e, também, do francês para outros idiomas. Em 1831 foi convidado pelo governo francês para chefiar uma Comissão encarregada de revisar a legislação sobre a instrução pública francesa.
Nesse trabalho defendeu a educação moral, segundo ele, tão importante quanto a intelectual e essa iniciativa resultou na criação da instrução popular gratuita.

Kardec, o Educador encontra sua musa inspiradora

Em 1832 casa-se com Amelie Gabrielle Boudet, professora, escritora, artista – uma alma à altura do grande missionário e ela também uma grande educadora.
Gaby, como o professor a chamava, foi sua grande companheira em todos os projetos, inclusive o de Kardec, o Educador.
Por volta de 1833, o casal funda um pensionato para mocinhas, já que o sistema educacional privilegiava os meninos. Ambos defendiam o ensino para mulheres uma vez que, como diziam sempre, elas precisavam de informações para cumprir a maior e mais complexa de todas as tarefas: educar os filhos.
Em 1847, apresenta sugestões para reforma no sistema educacional, em especial, o direito de escolas públicas para as meninas.

O pensamento de Kardec, o Educador

O professor Rivail acreditava que:

O espírito da criança é como um terreno cuja natureza o jardineiro hábil deve conhecer e estudar, a fim de semear com proveito;
O educador deve desenvolver a inteligência da criança e não obrigá-la à memorização;
O educador tem sobre os ombros uma das mais importantes e difíceis tarefas: a de formar homens de bem;
Lembrava às crianças e jovens o dever de renderem graças a Deus pela oportunidade que lhes foram concedida.

Após o fechamento da Instituição Rivail (por problemas financeiros), o professor empregou-se como contabilista de três casas comerciais.
Mas à noite dedicava-se à área de educação, sua grande paixão.
Elaborava novos livros, traduzia obras inglesas e alemãs, preparava novos cursos e dava aulas. Paralelamente, de 1835 a 1840, ministrava, em sua casa, cursos gratuitos de química, física, astronomia, fisiologia, anatomia comparada, etc – sempre apoiado pela esposa, a Sra. Rivail.
Como podemos notar, o objetivo do método de ensino de Rivail sempre foi educar intelectual e moralmente, objetivando a formação de seres humanos capacitados a ajudarem na construção de um mundo melhor.
Para isso, criava métodos especiais para obter maior rendimento do aluno e batalhava por um ensino mais justo e democrático.
Para Rivail, o professor era simples mediador na obra educativa. Cabia ao aluno o esforço e a vontade de aprender e se transformar. Alguma semelhança com os ensinamentos da Doutrina Espírita? Sim, mas não por mera coincidência!

Martha Rios Guimarães

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quinta-feira, 3 de dezembro de 2020

Perdoar? Esquecer é mais difícil


Existe uma grande diferença em perdoar e o ato de esquecer. Acreditamos que é menos difícil perdoar do que esquecer, pois é comum dizer-se “quem leva o tapa nunca esquece”. De fato, é tarefa complicada.
Há um parente meu que considero muito, e ele sempre diz: “eu nunca faço a primeira ofensa”. É muito importante isso, pois constato que esta pessoa já atingiu um grau de evolução, mas como se comportará depois de ser ofendido?
Sabemos que existem pessoas que não estão nem aí para a evolução moral ou conduta correta. Querem mesmo é ofender, passar por cima dos outros sem a mínima consideração. É destas pessoas que devemos nos cuidar, pois, como estão acostumadas a estarem envoltas em energias ruins, não se preocupam com a língua ou atitudes maldosas.
Mas, no momento que somos ofendidos, a tendência é revidar, pois é uma questão de autodefesa que nos acompanha desde o tempo que dispúnhamos apenas do instinto, embora após algum tempo constatemos que aquela energia péssima que nos envolveu não deve continuar conosco, motivo pelo qual devemos então pensar no perdão, já que a ofensa não partiu de nós.
Então vem o momento de trabalharmos o perdão, que não é fácil, mas com dedicação e muita meditação, vamos conseguindo. Mas repito: não é fácil! Pode demorar dias, meses, anos ou até nem acontecer nesta vida, mas, se conseguirmos perdoar o que nos foi feito, temos então de tentar esquecer o acontecido.
Isso é mais difícil, pois, embora tenhamos a capacidade de minimizar a lembrança da ofensa ou calúnia, sempre fica um resíduo em nossa mente do fato, e volta e meia comentamos com alguém, ou até mesmo nos pegamos pensando, e isso nos reporta a um momento de energia muito prejudicial ao organismo.
Jesus, sabendo da difícil tarefa de perdoar, respondeu dizendo que o deveríamos praticar setenta vezes sete, isto é, indefinidamente.
Mas não nos preocupemos de quantas vezes vamos lembrar o acontecido, o importante é que a cada momento em que aquela energia ruinzinha vier à mente, lembremos o Mestre, e perdoemos novamente. Esse é um exercício que vai de encontro ao que Ele falou. Agindo assim, aquilo que nos fizeram vai ficando cada vez mais longe, e, certamente, ao longo do tempo quase nem lembraremos mais.
Não podemos sair desta vida levando conosco um rancor de uma pessoa que muitas vezes nem lembra o mal que nos causou, e que certamente terá de prestar contas ao Criador num futuro próximo ou até mesmo nesta existência, mas, nós, não carregando o rancor, estaremos livres do contato com o ofensor em outra vida, pois o deixamos liberado de resgatar algo conosco.
Exercitemos o perdão setenta vezes sete e tentemos esquecer, e certamente ficaremos livres. Energia a todos.

Nilton Moreira

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