segunda-feira, 25 de novembro de 2019

Provação e aprendizado


Quando a dor nos bate à porta e enche de sombras nossa vida costumamos chorar ou nos desesperar.
Abatidos, olhamos em torno e invejamos os felizes do mundo: os que têm riquezas, os que aparentam não ter preocupações, os que têm saúde ou família perfeitas.
Nessas horas de provação lamentamos e choramos. Raras vezes aproveitamos a ocasião para meditar e retirar aprendizados.
Muitas vezes, aqui na Terra, as preocupações da vida material nos cegam.
Ficamos tão aflitos com o que haveremos de comer ou de beber que esquecemos de que temos Deus, um Pai amoroso que cuida de todos nós.
Acredite: ninguém está esquecido por esse Pai amoroso e bom, que faz nascer o sol sobre bons e maus, que faz cair Sua chuva sobre justos e injustos.
Muitas vezes nos perguntamos: Por que isso aconteceu comigo? A pergunta deveria ser diferente: Para quê isso aconteceu comigo?
Sim, toda e qualquer experiência – sofrida ou feliz – traz um aprendizado importante. São momentos que vão enriquecer nossa alma.
Deus não brinca com as nossas vidas. E se Ele permite que certas coisas aconteçam conosco é porque há um objetivo útil e importante para nós.
Faça uma retrospectiva: observe os momentos difíceis de sua existência. Cada um deles trouxe algo de novo, um aprendizado especial. Cada lágrima acrescentou sabedoria, experiência, um novo olhar sobre a vida.
A doença, por exemplo, nos ensina a valorizar a saúde, a cuidar melhor do corpo. A pobreza nos revela a importância do trabalho e do esforço pessoal. A família difícil nos oferece a lição da tolerância.
Enfim, as privações nos ensinam a ser mais sensíveis perante o sofrimento alheio. Essas lições são interiorizadas: nós as guardaremos para sempre.
Na verdade, as dificuldades são advertências que a vida nos apresenta, alertas sobre nossas atitudes perante o próximo.
Se algo ruim nos ocorre, vale a pena se perguntar: O que posso aprender com isso? Como posso melhorar a partir desse episódio?
Mas, atenção: nada disso significa que devemos cultuar a dor. Nada disso! Bem sofrer não significa cultivar o sofrimento, ser conformista ou agravar as dores que sofremos.
Bem sofrer significa enfrentar as situações com fé e coragem, alimentar a esperança enfrentando as situações com serenidade.
Assim, busque soluções, lute por sua felicidade. Mas faça tudo isso com tranquilidade.
Quando desabarem sobre você as tempestades da vida, não se entregue à revolta destruidora. Silencie, ore e procure descobrir o aprendizado oculto que a situação traz.
Acredite: por mais amarga seja a experiência, os frutos desse aprendizado jamais se perderão e eles poderão nos tornar mais sábios e generosos.
Por isso, cada vez que as lágrimas visitarem seu rosto, erga os olhos para o céu e agradeça.
Nas suas orações, peça a Deus a força necessária para superar o momento difícil e a inspiração para encontrar soluções.
E Deus, que nos ama tanto, não deixará de atendê-lo na medida de suas necessidades espirituais.
Quando o momento difícil passar, você se sentirá bem melhor se não tiver de lembrar que se entregou ao desespero, que gritou e se debateu.
Em geral, a solução está bem próxima. Se estivermos transtornados de medo ou desespero, será mais difícil resolver o problema. Com calma, logo poderemos ver a luz no fim do túnel.
Pense nisso.

Redação do Momento Espírita.
Autor desconhecido

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quinta-feira, 10 de outubro de 2019

Duas consequências inevitáveis


Devemos tudo à Vida abundante que desfrutamos. Deus, o Criador, dotou-nos de vida e possibilitou-nos intenso e contínuo aprendizado. Para que pudéssemos evoluir, aprender, e, portanto, adquirir méritos do esforço colocado a serviço da conquista da felicidade, cercou-nos de inúmeros recursos. Entre eles estão as maravilhas produzidas pela natureza. Desde o espetáculo do nascer do sol – que soa como amável e silencioso convite ao trabalho; às frutas ou perfume das flores, à condição de seres sociais que se relacionam para o mútuo crescimento e mesmo a uma infinidade de tesouros que nem percebemos. Sempre estão a nossa volta e o espaço desta página seria insuficiente para relacionar.
Colocou-nos num planeta rico de possibilidades e perspectivas. Dotou o planeta de água, fauna e flora abundantes; deu-nos os animais, pássaros e outros seres como companheiros de viagem e ainda escalou experimentados irmãos mais velhos que visitam o planeta, periodicamente, para ensinar o caminho do acerto e da felicidade. Entre eles, o maior de todos, Jesus de Nazaré, mensageiro do Evangelho, porta-voz direto do Pai Criador e que vivenciou em si mesmo o que ensinou.
Diante das possibilidades abertas, a humanidade vai caminhando, errando, acertando e aprendendo. Descobrimos nossas próprias leis, estamos pesquisando o que ainda nos intriga e lutamos contra dificuldades e obstáculos que são próprios e naturais de nosso atual estágio evolutivo. Sim, porque somos criaturas em caminhada, imperfeitas e inacabadas. O tempo levar-nos-á à perfeição relativa, quando estaremos promovidos à condição de cooperadores da grandiosa obra de Deus.
Essas reflexões todas convidam-nos a pensar com mais seriedade sobre a vida no planeta. Não estamos aqui a passeio. Também não estamos no planeta pela primeira, nem última vez. Somos todos irmãos, devemo-nos solidariedade recíproca e cumprimos um justo programa de autoaperfeiçoamento, cuja finalidade é o progresso individual e coletivo. E neste coletivo incluímos toda a sociedade do planeta, em todos os sentidos e níveis que se queira analisar.
No geral, devemos entender que como filhos de um Pai Bondoso e Justo, que ama profundamente suas criaturas, fica o dever do autoaprimoramento intelecto-moral, único instrumento real de equilíbrio e felicidade. E consideremos que tudo isto enquadra-se até num dever de gratidão a tudo que recebemos, diariamente, de Deus, o Pai de todos nós.
E pensemos que o autoaprimoramento intelecto-moral levar-nos-á pelo menos a duas consequências inquestionáveis: dominaremos o egoísmo feroz que ainda nos domina (o que determinará o fim da onda de sofrimentos que abate o planeta) e partiremos, porque mais conscientes, aos deveres da solidariedade que, por consequência, trarão o equilíbrio que esperamos.

Orson Peter Carrara

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quarta-feira, 2 de outubro de 2019

Suicídio, uma desgraça anunciada!


A mente despreocupada com a vigilância, tão amiúde recomendada pelos Espíritos Superiores, muito mais facilmente deixa-se contaminar pela influência desagregadora e nefasta da mídia sensacionalista, que se nutre das notícias escandalosas e fomentadoras do medo e da insegurança, conduzindo o indivíduo, geralmente, para os processos de fuga, que lhes causarão devastadoras e dolorosas consequências.
Isto porque esses processos são fundamentados no estado de perturbação em que o Ser deixou-se envolver, buscando opções antes inimagináveis, com repercussão dolorosa e perturbadora para o equilíbrio e a paz espiritual do indivíduo, que terá de suportar dores e sofrimentos, por muitos anos, dentre eles o suicídio.
As estatísticas sobre esse ato insensato são alarmantes, sendo por isso mesmo considerado uma questão de saúde pública, embora o suicídio nem sempre esteja incluído em debates sobre violência, como se não fizesse parte desse tipo de assunto.
Homens e Mulheres adultos buscam fugir dos problemas que os afligem, atentando contra a própria vida, assim como uma quantidade inacreditável de jovens, com poucos anos na experiência corporal, também são levados ao suicídio por diversos fatores, dentre os quais podemos destacar: os conflitos familiares, a dependência química, a obsessão, a falta de fé no futuro e, principalmente, a ausência de uma religião.
Segundo pesquisas, os conflitos familiares destacam-se como sendo o maior motivo de suicídio entre os jovens, pois as constantes discussões e embates travados entre pais e filhos causam sérios prejuízos nas estruturas psíquicas dos envolvidos, abalando os frágeis elos da consanguinidade, causando a desunião familiar, crescendo a passos largos em direção ao desamor e ao desrespeito mútuo.
A ausência do verdadeiro sentimento de Amor nas relações familiares, a falta de comunicação, as manifestações sob a forma de comportamentos extremados, entre outros, são fatores que contribuem, fortemente, para os problemas graves que assolam a saúde moral da família.
O resultado imediato dessas atitudes é o surpreendente número de jovens, que até mesmo, inconscientemente, ativam o seu mecanismo de autodefesa psíquica, tentando fugir da realidade que vivenciam em casa e aprisionam-se nas algemas da depressão, de onde muitos poucos logram sair.
Ante os graves acontecimentos de suicídio, precisamos acordar e tomar providências para encontrar em nosso ambiente de atuação os irmãos de qualquer faixa etária que estiverem buscando abrigo nos equivocados e traiçoeiros braços da tristeza, da amargura e do medo. Assim como aqueles que se escondem sob o véu da rebeldia e da agressividade, fugindo, desesperadamente, do enfrentamento dos seus respectivos problemas.
A Casa Espírita precisa cumprir seu papel na sociedade, oferecendo os benditos recursos de nossa doutrina, acolhendo, confortando e esclarecendo sob o destino feliz que a todos está reservado, no abençoado porvir, em nome de Deus.
Para melhor esclarecimento, podemos verificar os diversos e espantosos dados sobre o suicídio contidos no endereço eletrônico a seguir:


Francisco Rebouças

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sexta-feira, 20 de setembro de 2019

Hábitos insalubres


As criaturas têm despendido largos tributos à ignorância e ao desgoverno das emoções
“Endireitai o caminho.” - João, 1:23.

Segundo Emmanuel [1], “(...) para que alguém sinta a influência santificadora do Cristo, é preciso retificar a estrada em que tem vivido”, abandonando as veredas dos vícios, dos crimes, dos costumes dissolutos e os resvaladouros dos erros. Ao longo de nossa caminhada evolutiva temos despendido largos tributos à ignorância, à impaciência e ao desgoverno das emoções em variegados destrambelhamentos...
Não estaremos livres de toda sorte de dificuldades enquanto não alcançarmos o ápice da evolução, o zênite de nossa escala ascensional. Cumpre, assim, resguardamos o Espírito na calma ante os acontecimentos infelizes que fogem ao nosso controle. Todas as vezes que uma situação se der de forma diferente da que desejáramos, insculpindo as marcas da aflição nas carnes de noss’alma, ao invés de nos deixarmos comburir pela irritação e pela rebeldia, destemperando-nos em revolta, agressividade e palavrões, devemos estender a alcatifa da calma à nossa frente, pois tudo muda constantemente, inclusive o momento aziago...
Joanna de Ângelis[2] aconselha: “(...) em todos os passos da vida, a calma é convidada a estar presente. Aqui, é uma pessoa tresvariada que te agride; acolá é uma ameaça de insucesso na atividade programada; adiante, é uma incompreensão urdindo males contra os teus esforços. É necessário ter calma sempre... Ela é filha dileta da confiança em Deus e na sua justiça, a expressar-se numa conduta reta que responde por uma atitude mental harmonizada.
Quando não se age com incorreção, não há por que temer-se acontecimento infeliz. A irritação, alma gêmea da instabilidade emocional, é responsável por danos, ainda não avaliados, na conduta moral e emocional da criatura.
A calma inspira a melhor maneira de agir, e sabe aguardar o momento próprio para atuar, propiciando os meios para a ação correta. Não antecipa nem retarda. Soluciona os desafios, beneficiando aqueles que se desequilibram e sofrem”.
Em outra oportuna página, esclarece a mesma Mentora Amiga [3]: “(...) o homem que se candidata a uma existência feliz tem a obrigação de vigiar as suas emoções perturbadoras, a fim de que sejam evitadas desarmonias perfeitamente dispensáveis, na economia do seu processo de evolução.
As emoções perturbadoras decorrem do excesso de autoestima, do apego aos bens materiais e às pessoas, e do orgulho, entre outros fatores negativos. O excesso de consideração que o indivíduo concede, leva-o à irritação, ao ciúme, à agressividade, toda vez que os acontecimentos se dão diferentes do que ele espera e supõe merecer.
O grande desafio do homem da atualidade é, pois, superar os despautérios que têm raízes no seu passado espiritual. A liberação das emoções perturbadoras é resultado dos hábitos insalubres de entregar-se-lhes sem resistência. Tão comum se faz ao indivíduo a liberação dos instintos perniciosos geradores deles, que este se não dá conta do desequilíbrio em que vive. Adaptando-se ao autocontrole, eliminará, a pouco e pouco, a explosão dessas emoções perturbadoras”.
Emmanuel esclarece [4]: “(...) o mundo interior é a fonte de todos os princípios bons ou maus e todas as expressões exteriores guardam aí os seus fundamentos. Em regra geral, todos somos portadores de graves deficiências íntimas, necessitadas de retificação. Será muito fácil ao homem confessar a aceitação de verdades religiosas, operar a adesão verbal a ideologias edificantes... Outra coisa, porém, é realizar a obra de elevação de si mesmo, valendo-se da autodisciplina, da compreensão fraternal e do espírito de sacrifício.
O apóstolo Tiago entendia perfeitamente a gravidade do assunto e aconselhava aos discípulos alimpassem as mãos, isto é, retificassem as atividades do plano exterior, renovassem suas ações ao olhar de todos, apelando para que se efetuasse, igualmente, a purificação do sentimento, no recinto sagrado da consciência, apenas conhecido pelo aprendiz, na soledade indevassável de seus pensamentos. O companheiro valoroso do Cristo, contudo, não se esqueceu de afirmar que isso é trabalho para os de duplo ânimo, porque semelhante renovação jamais se fará tão somente à custa de palavras brilhantes”.
A nobre Mentora Joanna de Ângelis3 elaborou um pequeno código de conduta para facilitar-nos a assimilação de outros hábitos saudáveis e felicitadores. Vejamos o que ensina a Mentora de nosso Divaldo Franco: “(...) considera a própria fragilidade que te não faz diferente das demais pessoas; observa o esforço do teu próximo e valoriza-o; treina a paciência ante as ocorrências desagradáveis; reflexiona quanto à transitoriedade da posse; medita sobre a necessidade de ser solidário; propõe-te a adaptação ao dever, por mais desagradável se te apresente; aprende a repartir, mesmo quando a escassez caracterizar as tuas horas...
Um treinamento íntimo criará novos condicionamentos que te ajudarão na formação de uma conduta ditosa e tranquila.
Foram as emoções perturbadoras que levaram Pedro, temeroso, a negar o Amigo, e Judas, o ambicioso, a vendê-lO aos inimigos da verdade.
O controle delas, sob a luz da humildade e da fé, proporcionou à humanidade o estoicismo de Estêvão, a dedicação até o sacrifício de Paulo – que as venceram – e toda a saga de amor e grandeza do homem abnegado de todos os tempos”.
Santo Agostinho desenvolve de forma magistral o axioma encontrado por Sócrates no Templo de Delfos na Grécia, de autoria do também filósofo grego Sólon: “conhece-te a ti mesmo”, na sequência da questão número 919 de “O Livro dos Espíritos”, d’onde podemos pinçar valiosos subsídios para implementar o código de conduta elaborado pela lúcida Mentora de Divaldo Franco. E é ainda ela quem nos aconselha2: “(...) preserva-te em calma, aconteça o que acontecer. Aprendendo a agir com amor e misericórdia em favor do outro, o teu próximo, ou da circunstância aziaga, possuirás a calma inspiradora da paz e do êxito”.

[1] - XAVIER, F. Cândido. Caminho, verdade e vida. 26. ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 2006, cap. 16.

[2] - FRANCO, Divaldo. Episódios diários. Salvador: LEAL, 1986, cap.16.

[3] - FRANCO, Divaldo. Momentos de felicidade. Salvador: LEAL, 1991, cap. 18.

[4] - XAVIER, F. Cândido. Caminho, verdade e vida. 26. ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 2006, cap. 18.

Rogério Coelho

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quinta-feira, 22 de agosto de 2019

Cinco-marias


Ensine à criança valores e atitudes de cooperação…

Educa e transformarás a irracionalidade em inteligência, a inteligência em humanidade e a humanidade em angelitude. 

Emmanuel

Crianças precisam experimentar valores e cooperação: atravessar a rua na faixa, recolher as fezes do cachorro durante o passeio no parque, dizer obrigado à funcionária da cantina na escola…
A formação do ser humano e do cidadão começa no nascimento e, por isso, na infância as crianças vão aprender por observação, principalmente – se os pais respeitam os sinais de trânsito, por exemplo, a criança compreenderá pouco a pouco que esses sinais são essenciais à ordem das cidades…
Instigar a inteligência infantil? O caminho é sem medo estabelecer em casa uma atmosfera de respeito, carinho e atenção, demonstrando, pelos exemplos, que a família é uma equipe e, por isso, todos os membros devem colaborar: molhar as plantas, guardar roupas e brinquedos, ajudar o irmão menor a vestir o casaco, economizar água, dizer ‘obrigado’...
No dia a dia, sem se esquecer de exercitar o diálogo, deixar claro ao filho ou à filha que toda atitude racista, por exemplo, gera consequências danosas à paz social – motivar, portanto, desde cedo, situações em que as crianças se percebam iguais e com direitos iguais... Afinal, “não nascemos racistas, nos tornamos racistas”, já alertou Pap Ndiaye, pesquisador do Instituto de Estudos Políticos (IEP) de Paris e especialista em relações raciais…
Sem dúvida, o exercício democrático, norteado pelo respeito, pelo espírito de paz e tolerância, deve ser experimentado tenazmente na infância. Aos pais cabe oferecer à criança situações nas quais valores e habilidades voltadas à cooperação, ao bem social, sejam vivenciados, ajudando-a, desse modo, a crescer consciente tanto de seus direitos como de seus deveres.

Eugênia Pickina

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terça-feira, 16 de julho de 2019

Prossiga!!!


Sim, é um comando expressivo, imperativo, necessário para todos. Tenho usado a expressão no final de minhas palestras, quando a temática permite. Na verdade, falo antes para mim mesmo e partilho com os ouvintes.
Para superar obstáculos, vencer traumas, manter a vitalidade, abrir caminhos e enxergar além das aparências difíceis, é preciso prosseguir. E sempre acrescento: prossigamos, pois que me incluo.
Sim, é preciso prosseguir, apesar de tudo. Prosseguir confiando, amando, trabalhando, cheios de esperança e determinação, nunca desistindo da honestidade, do amor, da perseverança e da crença firme na própria capacidade de buscar o melhor.
Muita gente fica doente porque fica paralisada pelo medo ou pela timidez, pela insegurança ou e até mesmo pelos obstáculos e adversidades naturais, bem próprias de nossa condição humana.
A vida conspira a nosso favor e até por gratidão a Deus, à vida, por tantas bênçãos, é preciso erguer a cabeça e prosseguir. Desde que estejamos no caminho que não cause prejuízos aos outros, ou lesões a nós mesmos, é preciso prosseguir.
Duas frases, cuja autoria desconheço e que pude ler numa publicação que não identificou o autor, bem cabem nesse raciocínio:

a) Tudo o que acontece no universo tem uma razão de ser; um objetivo. Nós como seres humanos, temos uma só lição na vida: seguir em frente e ter a certeza de que apesar de as vezes estar no escuro, o sol vai voltar a brilhar;

b) Quando estiverem em uma situação difícil, e sentirem que já não podem mais, não desanimem, e estejam seguros, que ainda que as coisas pareçam muito complicadas, não deixem que frustrem seus sonhos e não percam nunca... nunca a esperança, e lembrem-se que quando a noite estiver mais escura, é por que já vai sair o sol;

O grande detonador dos estados depressivos é dispensar a coragem e a esperança da própria convivência. Tenhamos o hábito de andar de braços dados com tais virtudes. Elas alimentam a alma e fazem superar as dificuldades, ainda que sejam muito expressivas.
Então, amigo leitor: Prossiga! Prossigamos! Não nos permitamos permanecer abraçados à indiferença, à omissão, à descrença ou à tristeza. Reagir a tais estados é o grande segredo de manter-se saudável e feliz. Como fazer isso? É bem simples: enumere os motivos todos de gratidão que todos detemos conosco.

Orson Peter Carrara

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terça-feira, 9 de julho de 2019

A carne é fraca


Estudo fisiológico e moral

1. Há inclinações viciosas que evidentemente são mais inerentes ao espírito, porque têm a ver mais com a moral do que com o físico; outras mais parecem consequência do organismo e, por este motivo, a gente se julga menos responsável. Tais são as predisposições à cólera, à moleza, à sensualidade, etc. 

2. Está hoje perfeitamente reconhecido pelos filósofos espiritualistas que os órgãos cerebrais correspondentes às diversas aptidões devem o seu desenvolvimento à atividade do espírito; que esse desenvolvimento é, assim, um efeito e não uma causa. Um homem não é músico porque tem a bossa da música, mas tem a bossa da música porque seu espírito é músico (Revista de julho de 1860 e abril de 1862). 

3. Se a atividade do espírito reage sobre o cérebro, deve reagir igualmente sobre as outras partes do organismo. Assim, o espírito é o artífice de seu próprio corpo, por assim dizer, modela-o, a fim de apropriá-lo às suas necessidades e à manifestação de suas tendências. Assim sendo, a perfeição do corpo nas raças adiantadas seria o resultado do trabalho do espírito que aperfeiçoa o seu utensílio à medida que aumentam as suas faculdades. (A Gênese segundo o Espiritismo, cap. XI, Gênese Espiritual). 

4. Por uma consequência natural desse princípio, as disposições morais do espírito devem modificar as qualidades do sangue, dar-lhe maior ou menor atividade, provocar uma secreção mais ou menos abundante de bile ou de outros fluidos. É assim, por exemplo, que o glutão sente vir a saliva, ou, como se diz vulgarmente, vir água à boca à vista de um prato apetitoso. Não é o alimento que pode super excitar o órgão do paladar, pois não há contato; é, portanto, o espírito, cuja sensualidade é despertada, que age pelo pensamento sobre esse órgão, ao passo que, sobre um outro Espírito, a visão daquele prato nada produz. Dá-se o mesmo em todas as cobiças, todos os desejos provocados pela visão. A diversidade das emoções não pode ser compreendida, numa porção de casos, senão pela diversidade das qualidades do espírito. Tal é a razão pela qual uma pessoa sensível facilmente derrama lágrimas; não é a abundância das lágrimas que dá a sensibilidade ao espírito, mas a sensibilidade do espírito que provoca a abundante secreção de lágrimas. Sob o império da sensibilidade, o organismo modelou-se sob esta disposição normal do espírito, como se modelou sob a do espírito glutão. 

5. Seguindo esta ordem de ideias, compreende-se que um espírito irascível deve levar ao temperamento bilioso, de onde se segue que um homem não é colérico porque é bilioso, mas que é bilioso porque é colérico. Assim acontece com todas as outras disposições instintivas; um espírito mole e indolente deixará o seu organismo num estado de atonia em relação com o seu caráter, ao passo que, se ele for ativo e enérgico, dará ao seu sangue, aos seus nervos, qualidades bem diferentes. A ação do espírito sobre o físico é de tal modo evidente, que por vezes se veem graves desordens orgânicas produzidas por efeito de violentas comoções morais. A expressão vulgar: A emoção lhe fez subir o sangue, não é assim despida de sentido quanto se podia crer. Ora, o que pôde alterar o sangue senão as disposições morais do espírito? 

6. Este efeito é sensível sobretudo nas grandes dores, nas grandes alegrias, nos grandes pavores, cuja reação pode chegar a causar a morte. Vemos pessoas que morrem do medo de morrer. Ora, que relação existe entre o corpo do indivíduo e o objeto que causa pavor, objeto que, muitas vezes, não tem qualquer realidade? Diz se que é o efeito da imaginação; seja, mas o que é a imaginação senão um atributo, um modo de sensibilidade do espírito? Parece difícil atribuir à imaginação, aos músculos e aos nervos, pois então não compreenderíamos por que esses músculos e esses nervos não têm imaginação sempre; por que não a têm após a morte; por que o que nuns causa um pavor mortal, noutros excita a coragem. 

7. Seja qual for a sutileza que usemos para explicar os fenômenos morais exclusivamente pelas propriedades da matéria, cairemos inevitavelmente num impasse, no fundo do qual se percebe, com toda a evidência, e como única solução possível, o ser espiritual independente, para quem o organismo não é senão um meio de manifestação, como o piano é o instrumento das manifestações do pensamento do músico. Assim como o músico afina o seu piano, pode-se dizer que o Espírito afina o seu corpo para pô-lo no diapasão de suas disposições morais. 

8. É realmente curioso ver o materialismo falar incessantemente da necessidade de elevar a dignidade do homem, quando se esforça para reduzi-lo a um pedaço de carne que apodrece e desaparece sem deixar qualquer vestígio; de reivindicar para si a liberdade como um direito natural, quando o transforma num mecanismo, marchando como um boneco, sem responsabilidade por seus atos. 

9. Com o ser espiritual independente, preexistente e sobrevivente ao corpo, a responsabilidade é absoluta. Ora, para a maioria, o primeiro, o principal móvel da crença no niilismo, é o pavor que causa essa responsabilidade, fora da lei humana, e à qual crê escapar fechando os olhos. Até hoje essa responsabilidade nada tinha de bem definido; não era senão um medo vago, fundado, há que reconhecer, em crenças nem sempre admissíveis pela razão. O Espiritismo a demonstra como uma realidade patente, efetiva, sem restrição, como uma consequência natural da espiritualidade do ser. Eis por que certas pessoas temem o Espiritismo, que as perturbaria em sua quietude, erguendo à sua frente o temível tribunal do futuro. Provar que o homem é responsável por todos os seus atos é provar a sua liberdade de ação, e provar a sua liberdade é revelar a sua dignidade. A perspectiva da responsabilidade fora da lei humana é o mais poderoso elemento moralizador: é o objetivo ao qual conduz o Espiritismo pela força das coisas. 

10. Portanto, conforme as observações fisiológicas que precedem, podemos admitir que o temperamento é, pelo menos em parte, determinado pela natureza do espírito, que é causa e não efeito. Dizemos em parte, porque há casos em que o físico evidentemente influi sobre o moral: é quando um estado mórbido ou anormal é determinado por uma causa externa, acidental, independente do espírito, como a temperatura, o clima, os vícios hereditários de constituição, um mal-estar passageiro, etc. O moral do Espírito pode, então, ser afetado em suas manifestações pelo estado patológico, sem que sua natureza intrínseca seja modificada. 

11. Escusar-se de suas más ações com a fraqueza da carne não é senão um subterfúgio para eximir-se da responsabilidade. A carne não é fraca senão porque o espírito é fraco, o que derruba a questão e deixa ao espírito a responsabilidade de todos os seus atos. A carne, que não tem nem pensamento nem vontade, jamais prevalece sobre o Espírito, que é o ser pensante e voluntarioso. É o espírito que dá à carne as qualidades correspondentes aos instintos, como um artista imprime à sua obra material o cunho de seu gênio. Liberto dos instintos da bestialidade, o espírito modela um corpo que não é mais um tirano para as suas aspirações à espiritualidade de seu ser; então o homem come para viver, porque viver é uma necessidade, mas não vive para comer. 

12. A responsabilidade moral dos atos da vida, portanto, permanece íntegra. Mas, diz a razão que as consequências dessa responsabilidade devem ser proporcionais ao desenvolvimento intelectual do Espírito, pois quanto mais esclarecido ele for, menos escusável será, porque, com a inteligência e o senso moral, nascem as noções do bem e do mal, do justo e do injusto. O selvagem, ainda vizinho da animalidade, que cede ao instinto do animal, comendo o seu semelhante, é, sem contradita, menos culpável que o homem civilizado que comete uma simples injustiça. 

13. Esta lei ainda encontra sua aplicação na Medicina e dá a razão do seu insucesso em certos casos. Considerando-se que o temperamento é um efeito, e não uma causa, os esforços tentados para modificá-lo podem ser paralisados pelas disposições morais do espírito que opõe uma resistência inconsciente e neutraliza a ação terapêutica. É, pois, sobre a causa primeira que devemos agir; se se consegue mudar as disposições morais do espírito, o temperamento modificar-se-á por si mesmo, sob o império de uma vontade diferente ou, pelo menos, a ação do tratamento médico será ajudada, em vez de ser tolhida. Se possível, dai coragem ao poltrão, e vereis cessarem os efeitos fisiológicos do medo. Dá-se o mesmo com as outras disposições. 

14. Mas, perguntarão, pode o médico do corpo fazer-se médico da alma? Está em suas atribuições fazer-se moralizador de seus doentes? Sim, sem dúvida, em certos limites; é mesmo um dever que um bom médico jamais negligencia, desde o instante que vê no estado da alma um obstáculo ao restabelecimento da saúde do corpo. O essencial é aplicar o remédio moral com tato, prudência e convenientemente, conforme as circunstâncias. Deste ponto de vista, sua ação é forçosamente circunscrita, porque, além de ele ter sobre o seu doente apenas uma ascendência moral, em certa idade é difícil uma transformação do caráter. É, pois, à educação, e sobretudo à primeira educação, que incumbem os cuidados dessa natureza. Quando a educação, desde o berço, for dirigida nesse sentido; quando nos aplicarmos em abafar, em seus germes, as imperfeições morais, como fazemos com as imperfeições físicas, o médico não mais encontrará no temperamento um obstáculo contra o qual a sua ciência muitas vezes é impotente. 

15. Como se vê, é todo um estudo, mas um estudo completamente estéril, enquanto não levarmos em conta a ação do elemento espiritual sobre o organismo. Participação incessantemente ativa do elemento espiritual nos fenômenos da vida, tal é a chave da maior parte dos problemas contra os quais se choca a Ciência. Quando ela levar em consideração a ação desse princípio, verá abrir-se à sua frente horizontes completamente novos. É a demonstração desta verdade que o Espiritismo traz.

Cosme Massi

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