terça-feira, 28 de outubro de 2014

Humberto de Campos


O notável escritor, jornalista e político Humberto de Campos nasceu em 25 de outubro de 1886 em Miritiba (MA). De origem humilde, com a morte do pai quando tinha apenas seis anos de idade, mudou-se para a capital São Luiz, onde começou a trabalhar no comércio local e aos dezessete muda-se para o Pará, onde começa sua atividade jornalística na Folha do Norte. 
Em 1910, com apenas 24 anos, publica seu primeiro livro e dois anos depois muda-se para o Rio de Janeiro, onde passa a ganhar destaque no meio literário, angariando amizade com os escritores Coelho Neto e Olavo Bilac. Começa a trabalhar no jornal O IMPARCIAL ao lado de figuras ilustres como Rui Barbosa, José Veríssimo, entre outros, tornando-se gradativamente cada vez mais conhecido em âmbito nacional por suas crônicas, publicadas em diversos jornais das principais capitais brasileiras. Membro da Academia Brasileira de Letras, ingressa também na política com Deputado Federal, sendo cassado na Revolução de 30. Faleceu no Rio de Janeiro em 05 de dezembro de 1934, com apenas 48 anos.
Mas o grande escritor não interrompeu seus escritos. O conhecido médium Chico Xavier publicou vários livros por meio da psicografia trazida pelo referido Espírito, gerando rumoroso caso na justiça, movido pela família do escritor com alegação do pagamento dos direitos autorais. A demanda judicial, de grande repercussão e polêmica à época, foi julgada improcedente e todo o material dessa disputa jurídica está disponível no livro A Psicografia ante os tribunais, do Dr. Miguel Timponi, e editado pela editora FEB. E traz o significativo subtítulo: O caso Humberto de Campos no seu tríplice aspecto: Jurídico, Científico e Literário. É obra que merece ser conhecida.
A partir daí o autor e consagrado escritor passou a usar o pseudônimo Irmão X, também com vários livros publicados.
Entrevistei Isabela Pereira Esperança, de Barra Mansa (RJ), admiradora, estudiosa e pesquisadora da obra de Humberto.  A entrevista ainda está inédita na íntegra, mas reproduzo aqui uma das perguntas e sua respectiva resposta, para apreciação do leitor:

 6 - O que pensar entre Humberto encarnado e o espírito Humberto?

No primeiro livro psicografado de Humberto de Campos publicado em 1937 com o título Crônicas de além-Túmulo, três anos depois de sua desencarnação ocorrida em 1934, já no prefácio o autor assume seu passado materialista, em que ideias transcendentais de perpetuidade do espírito seriam idealistas e distantes da realidade prática da vida. Enquanto encarnado sua índole de revolta e amargura diante dos sofrimentos e dores nas experiências da vida, como ele mesmo se autobiografa, impediu que a fé florescesse em seu coração conturbado (...) saturado que estava de fórmulas religiosas e filosóficas de seu tempo como ele mesmo diz “o pior enfermo é sempre aquele que já experimentou todos os específicos (medicamentos) conhecidos”. Desencarnado, se surpreende com a nova situação além-túmulo. Em seus últimos anos de vida julgava o túmulo o fim, e diante continuidade da vida, fica perplexo ao se deparar com a realidade espiritual que em nada corresponde as ideias religiosas impregnadas de símbolos, de anjos, inferno e céu. Esta nova experiência abre enfim seu coração para o medicamento evangélico, reconhecendo-se como estudante novo diante da eternidade como relata no conto “De um casarão de outro mundo”: “Ah! Meu Deus, estou aprendendo agora os luminosos alfabetos que os teus imensos escreveram com giz de ouro resplandecente no livro da Natureza. Faze-me novamente menino para compreender a lição que me ensinas!” A obra de Humberto de Campos desencarnado é ao trabalho de um espírito intelectualizado, e agora desperto, que procura avidamente regenerar seu coração como escreve no prefácio do livro Boa Nova “É que existem Espíritos Esclarecidos e Espíritos Evangelizados, e eu, agora, peço a Deus que abençoe a minha esperança de pertencer ao número desses últimos.”

Orson Peter Carrara

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