segunda-feira, 3 de novembro de 2014
terça-feira, 28 de outubro de 2014
Humberto de Campos
O notável escritor, jornalista e político Humberto de Campos
nasceu em 25 de outubro de 1886 em Miritiba (MA). De origem humilde, com a
morte do pai quando tinha apenas seis anos de idade, mudou-se para a capital
São Luiz, onde começou a trabalhar no comércio local e aos dezessete muda-se
para o Pará, onde começa sua atividade jornalística na Folha do Norte.
Em 1910, com apenas 24 anos, publica seu primeiro livro e
dois anos depois muda-se para o Rio de Janeiro, onde passa a ganhar destaque no
meio literário, angariando amizade com os escritores Coelho Neto e Olavo Bilac.
Começa a trabalhar no jornal O IMPARCIAL ao lado de figuras ilustres como Rui
Barbosa, José Veríssimo, entre outros, tornando-se gradativamente cada vez mais
conhecido em âmbito nacional por suas crônicas, publicadas em diversos jornais
das principais capitais brasileiras. Membro da Academia Brasileira de Letras,
ingressa também na política com Deputado Federal, sendo cassado na Revolução de
30. Faleceu no Rio de Janeiro em 05 de dezembro de 1934, com apenas 48 anos.
Mas o grande escritor não interrompeu seus escritos. O
conhecido médium Chico Xavier publicou vários livros por meio da psicografia
trazida pelo referido Espírito, gerando rumoroso caso na justiça, movido pela
família do escritor com alegação do pagamento dos direitos autorais. A demanda
judicial, de grande repercussão e polêmica à época, foi julgada improcedente e
todo o material dessa disputa jurídica está disponível no livro A Psicografia
ante os tribunais, do Dr. Miguel Timponi, e editado pela editora FEB. E traz o
significativo subtítulo: O caso Humberto de Campos no seu tríplice aspecto: Jurídico,
Científico e Literário. É obra que merece ser conhecida.
A partir daí o autor e consagrado escritor passou a usar o
pseudônimo Irmão X, também com vários livros publicados.
Entrevistei Isabela Pereira Esperança, de Barra Mansa (RJ),
admiradora, estudiosa e pesquisadora da obra de Humberto. A entrevista ainda está inédita na íntegra,
mas reproduzo aqui uma das perguntas e sua respectiva resposta, para apreciação
do leitor:
6 - O que pensar entre
Humberto encarnado e o espírito Humberto?
No primeiro livro psicografado de Humberto de Campos
publicado em 1937 com o título Crônicas de além-Túmulo, três anos depois de sua
desencarnação ocorrida em 1934, já no prefácio o autor assume seu passado
materialista, em que ideias transcendentais de perpetuidade do espírito seriam
idealistas e distantes da realidade prática da vida. Enquanto encarnado sua
índole de revolta e amargura diante dos sofrimentos e dores nas experiências da
vida, como ele mesmo se autobiografa, impediu que a fé florescesse em seu
coração conturbado (...) saturado que estava de fórmulas religiosas e
filosóficas de seu tempo como ele mesmo diz “o pior enfermo é sempre aquele que
já experimentou todos os específicos (medicamentos) conhecidos”. Desencarnado,
se surpreende com a nova situação além-túmulo. Em seus últimos anos de vida
julgava o túmulo o fim, e diante continuidade da vida, fica perplexo ao se
deparar com a realidade espiritual que em nada corresponde as ideias religiosas
impregnadas de símbolos, de anjos, inferno e céu. Esta nova experiência abre
enfim seu coração para o medicamento evangélico, reconhecendo-se como estudante
novo diante da eternidade como relata no conto “De um casarão de outro mundo”:
“Ah! Meu Deus, estou aprendendo agora os luminosos alfabetos que os teus imensos
escreveram com giz de ouro resplandecente no livro da Natureza. Faze-me
novamente menino para compreender a lição que me ensinas!” A obra de Humberto
de Campos desencarnado é ao trabalho de um espírito intelectualizado, e agora
desperto, que procura avidamente regenerar seu coração como escreve no prefácio
do livro Boa Nova “É que existem Espíritos Esclarecidos e Espíritos
Evangelizados, e eu, agora, peço a Deus que abençoe a minha esperança de
pertencer ao número desses últimos.”
Orson Peter Carrara
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