Fui assistir ao filme de Irmã Dulce e saí da sala
emocionado. Que vida linda foi a dela! Mesmo fazendo o bem, encontrou
adversários, opositores, aproveitadores e passou por humilhações variadas,
porém ainda assim prosseguiu em sua missão.
Muitos de nós consideramos que o fato de fazer o bem
facilitará as coisas.
Alguns pensam: Meu Deus, ajudo tanta gente, mas recebo
provas pesadas.
É assim mesmo que funciona, não adianta nos iludirmos.
Estamos em um planeta de provas e expiações, sujeitos a situações e testes dos
mais variados matizes. As provas não vêm apenas para nós, mas para todos que
estão encarnados em planetas na categoria de provas e expiações.
No entanto, importante lembrar que realizando o bem
estaremos atraindo a nós a presença dos bons Espíritos que nos auxiliarão a
vencer nossas provações. Ademais, fazer o bem, cumprir as obrigações, ser
honesto, correto, íntegro, enfim, praticar o evangelho traz-nos o que há de
mais precioso neste mundo: a paz de consciência.
Paz de consciência que reflete na serenidade do Espírito que
sabe de suas limitações, todavia, também reconhece seus esforços por superar a
si mesmo, e por isso está em paz com sua própria consciência.
Penso que o segredo é nos desapegarmos da ideia de que
fazendo o bem receberemos de volta o bem. Se fazemos o bem pensando no que
receberemos de volta, fica um pouco complicado, uma espécie de moeda de troca
com o universo, mais ou menos do tipo assim: Faço o bem hoje porque quero
receber o bem amanhã. Contudo, nossa visão ainda limitada e imediatista não
sabe realmente o que é o bem para nós. Não raro a situação complicada de hoje é
o degrau para a felicidade do amanhã. Eis, então que, quando o que queremos não
acontece, vêm a decepção e a frase: Poxa! faço o bem, cumpro com minhas
obrigações, mas só recebo pedrada da vida.
Recordo-me de um grande amigo que trabalhava comigo. Homem
correto e cumpridor de seus deveres. Criatura reta, trabalhadora e servidora de
Jesus. Uma época, ele estava decepcionado com a vida. Sentia-se injustiçado e
não foram poucas as vezes que chorou em nossos diálogos. Afirmava: Poxa! rapaz,
parece que não consigo comprar meu carro. Quero tanto, mas o financiamento
nunca é aprovado pelo Banco. Estranho que meu nome é limpíssimo e minha renda
corresponde. Por que está empacado, me diz?
Eu dizia: Calma, meu caro, quem sabe o futuro reserva algo
melhor para você.
Ele, ao ouvir, respondia: Que nada! A vida se esqueceu de
mim!
Eis, porém, que após uns 4 meses ele recebeu aumento
salarial, em realidade uma polpuda comissão pela venda de um imóvel e pôde
comprar o carro à vista, sem necessitar de qualquer tipo de financiamento.
Eu o parabenizei e disse: Olha só, a espera valeu a pena,
meu amigo. Viu como a vida não se esqueceu de você?
O problema é que as coisas têm o seu próprio tempo, mas nós,
apressados, queremos antecipar tudo.
Calma!
Nada de esperar “moleza” porque faz trabalho voluntário,
ajuda os mais necessitados e coisas do gênero.
Não encontraremos facilidades em nada. E isso é bom, porque
são as dificuldades que nos fazem exercitar as potencialidades do espírito.
Mesmo que nossos ideais sejam nobres, devemos esquecer
facilidades.
Se tenho um objetivo, que eu o faça acontecer. Ocioso
esperar do Céu, se nossas mãos estão inertes.
A propósito, se algum dia encontrarmos numa dessas esquinas
do universo Kardec, Gandhi, Irmã Dulce ou Madre Tereza, perguntemos a eles se
encontraram facilidades em suas trajetórias.
Provavelmente a história narre a saga desses personagens de
forma menos dramática do que realmente foi.
Mas eles prosseguiram.
E nós, vamos seguir adiante ou parar?
Wellington Balbo
wellington_balbo@hotmail.com
Salvador,
BA (Brasil)
Imagem ilustrativa