terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Percepções, sensações e sofrimentos dos Espíritos


Ensaio teórico sobre a sensação nos Espíritos



O corpo é o instrumento da dor. Se não é sua causa primária, é, pelo menos, a causa imediata. A alma tem a percepção da dor: essa percepção é o efeito. A lembrança que a alma conserva disso pode ser de muito sofrimento, mas não pode provocar ação física. De fato, nem o frio, nem o calor podem desorganizar os tecidos da alma. Ela não pode congelar-se, nem queimar-se. Não vemos todos os dias à lembrança ou a preocupação com um mal físico produzir os efeitos desse mal, até mesmo ocasionar a morte? Todo mundo sabe que as pessoas que tiveram membros amputados sentem dor no membro que não existe mais. Certamente, não é nesse membro que está a sede ou o ponto de partida da dor, mas no cérebro, que conservou a impressão da dor. Podem-se admitir, portanto, reações semelhantes nos sofrimentos do Espírito após a morte. Um estudo mais aprofundado do perispírito, que desempenha um papel tão importante em todos os fenômenos espíritas como nas aparições vaporosas ou tangíveis, como na circunstância por que o Espírito passa no momento da morte; na idéia tão freqüente de que ainda está vivo, no quadro tão comovente dos suicidas e dos que foram martirizados, nos que se deixaram absorver pelos prazeres materiais e em tantos outros fatos, veio lançar luz sobre a questão e deram lugar a explicações que resumimos a seguir.

Disponibilizo para download a continuidade deste estudo: Ensaio teórico

Material extraído do Cap. 6, item 4 de o Livro dos Espíritos de Alan Kardec

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

ESCALA ESPÍRITA


Observações preliminares:


A classificação dos Espíritos é baseada no grau de seu adiantamento, nas qualidades que adquiriram e nas imperfeições de que ainda devam se livrar. Essa classificação não tem nada de absoluto. Cada categoria apenas apresenta um caráter nítido em seu conjunto, mas de um grau a outro a transição é insensível e nos extremos as diferenças se apagam como nos reinos da natureza, nas cores do arco-íris, ou, ainda, como nos diferentes períodos da vida do homem. Pode-se formar um número maior ou menor de classes, segundo o ponto de vista de que se considere a questão. Ocorre o mesmo com todos os sistemas de classificações científicas: esses sistemas podem ser mais ou menos completos, mais ou menos racionais, mais ou menos cômodos para a inteligência, mas, quaisquer que sejam, não mudam em nada as bases da ciência. Assim, os Espíritos interrogados sobre esse ponto puderam variar no número de categorias sem que isso tenha conseqüências. Armaram-se alguns contestadores da Doutrina com essa contradição aparente, sem refletir que os Espíritos não dão nenhuma importância ao que é puramente convencional. Para eles, o pensamento é tudo. Deixam para nós à forma, a escolha dos termos, as classificações, numa palavra, os sistemas. Acrescentamos ainda esta consideração, que jamais se deve perder de vista: é que entre os Espíritos, assim como entre os homens, há os muito ignorantes, e nunca será demais se prevenir contra a tendência de acreditar que todos devem saber tudo só porque são Espíritos. Qualquer classificação exige método, análise e conhecimento profundo do assunto. Portanto, no mundo dos Espíritos, aqueles que têm conhecimentos limitados são, como na Terra, os ignorantes, incapazes de abranger um conjunto para formular um sistema. Só imperfeitamente conhecem ou compreendem uma classificação qualquer. Para eles, todos os Espíritos que lhes são superiores são de primeira ordem, sem que possam apreciar as diferenças de saber, capacidade e moralidade que os distinguem entre si, como fariam entre nós um homem rude em relação aos homens civilizados. Mesmo os que têm capacidade de fazê-lo podem variar nos detalhes, de acordo com seus pontos de vista, principalmente quando uma divisão como esta não tem limites fixados, nada de absoluto. Lineu, Jussieu e Tournefort, proclamaram cada um, seu método, e a botânica não se alterou em nada por causa disso. É que o método deles não inventou as plantas, nem seus caracteres. Eles apenas observaram as semelhanças e funções com as quais depois formaram grupos ou classes. Da mesma maneira procedemos nós. Não inventamos os Espíritos, nem seus caracteres. Vimos e observamos. Nós os julgamos por suas palavras e seus atos, depois os classificarmos por semelhanças, baseando-nos em dados que eles próprios nos forneceram. Os Espíritos admitem geralmente três categorias principais ou três grandes divisões. Na última, a que está no início da escala, estão os Espíritos imperfeitos, caracterizados pela predominância da matéria sobre o Espírito e pela propensão ao mal. Os da segunda são caracterizados pela predominância do Espírito sobre a matéria e pelo desejo do bem: esses são os bons Espíritos. Os da primeira categoria atingiram o grau supremo da perfeição: são os Espíritos puros. Essa divisão nos parece perfeitamente racional e apresenta características bem definidas. Só nos faltava ressaltar, mediante um número suficiente de subdivisões (1), as diferenças principais do conjunto. Foi o que fizemos com o auxílio dos Espíritos, cujas instruções benevolentes nunca nos faltaram. Com o auxílio desse quadro será fácil determinar a categoria e o grau de superioridade ou inferioridade dos Espíritos com os quais podemos entrar em contato e, por conseguinte, o grau de confiança e de estima que mereçam. É de certo modo a chave da ciência espírita, visto que apenas ele pode nos explicar as anomalias, as diferenças que apresentam as comunicações, ao nos esclarecer sobre as desigualdades intelectuais e morais dos Espíritos. Observaremos, todavia, que nem sempre os Espíritos pertencem exclusivamente a esta ou aquela classe. Seu progresso apenas se realiza gradualmente e, muitas vezes, mais num sentido do que em outro, e podem reunir as características de mais de uma categoria, o que se pode notar por sua linguagem e seus atos.

Material  extraído de o Livro dos Espíritos, cap. 1, item 6, de Alan Kardec, imagem somente ilustrativa.

 "Só nos faltava ressaltar, mediante um número suficiente de subdivisões"


(1) Acesse aqui para executar o download com a matéria dessas subdivisões: Escala Espírita


segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

E a Vida continua



Psicografado por:
FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER
DITADO PELO ESPÍRITO DE ANDRÉ LUIZ



Leitor amigo:


Nada te escrevemos, aqui, no intuito de apresentar ou recomendar André Luís, o amigo que se fez credor de nossa simpatia e reconhecimento pelas páginas consoladoras e construtivas que vem formulando do Mundo Espiritual para o Mundo Físico. Entretanto, é razoável se te diga que neste volume, em matéria de vida «post-mortem», ele expõe notícias diferentes daquelas que ele próprio colheu em «Nosso Lar» (1), estância a que aportou depois da desencarnação.
Conquanto as personagens da história aqui relacionadas — todas elas figuras autênticas, cujos nomes foram naturalmente modificados para não ferir corações amigos na Terra — tenham tido, como já dissemos, experiências muito diversas daquelas que caracterizam as trilhas do próprio André Luiz, em seus primeiros tempos na Espiritualidade, é justo considerar que os graus de conhecimento e responsabilidade variam ao infinito.
Assim é que os planos de vivência para os habitantes do Além se personalizam de múltiplos modos, e a vida para cada um se especifica invariavelmente, segundo a condição mental em que se coloque.
Compreensível que assim seja.
Quanto maior a cultura de um Espírito encarnado, mais dolorosos se lhe mostrarão os resultados da perda de tempo. Quanto mais rebelde a criatura perante a Verdade, mais aflitivas se lhe revelarão as conseqüências da própria teimosia.
Além disso, temos a observar que a sociedade, para lá da morte, carrega consigo os reflexos dos hábitos a que se afeiçoava no mundo.
Os desencarnados de uma cidade asiática não encontram de imediato, os costumes e edificações de uma cidade ocidental e vice-versa.
Nenhuma construção digna se efetua sem a cooperação do serviço e do tempo, de vez que a precipitação ou a violência não constam dos Planos Divinos que supervisionam o Universo.
Para não nos alongarmos em apontamentos dispensáveis, reafirmamos tão-somente que, ainda aqui, encontraremos, depois da grande renovação, o retrato espiritual de nós mesmos com as situações que forjamos, a premiar-nos pelo bem que produzam ou a exigir-nos corrigenda pelo mal que estabeleçam... Leiamos, assim, o novo livro de André Luiz, na certeza de que surpreenderemos em suas páginas muitos pedaços de nossa própria história, no tempo e no espaço, a solicitar-nos meditação e auto-exame, aprendendo que a vida continua plena de esperança e trabalho, progresso e realização, em todos os distritos da Vida Cósmico, ajustada às leis de Deus.

(1) “Nosso Lar”, André Luiz. — Nota de Emmanuel.


EMMANUEL
Uberaba, 18 de abril de 1968

Disponibilzo todo o livro para download:  E a Vida continua

sábado, 9 de janeiro de 2010

Bases do corpo de Doutrina.



Ensinos Fundamentais



- Deus é a inteligência suprema, causa primeira de todas as coisas. é eterno, imutável, imaterial, único, onipotente, soberanamente justo e bom.

- O Universo é criação de Deus. Abrange todos os seres racionais e irracionais, animados e inanimados, materiais e imateriais.

- Além do mundo corporal, habitação dos Espíritos encarnados, que são os homens, existe o mundo espiritual, habitação dos Espíritos desencarnados.

- No Universo há outros mundos habitados, com seres de diferentes graus de evolução: iguais, mais evoluídos e menos evoluídos que os homens.

- Todas as leis da Natureza são leis divinas, pois que Deus é o seu autor. Abrangem tanto as leis físicas como as leis morais.

- O homem é um Espírito encarnado em um corpo material. O perispírito é o corpo semimaterial que une o Espírito ao corpo material.

- Os Espíritos são os seres inteligentes da criação. Constituem o mundo dos Espíritos, que preexiste e  sobrevive a tudo.

- Os Espíritos são criados simples e ignorantes. Evoluem, intelectual e moralmente, passando de uma ordem inferior para outra mais elevada, até a perfeição, onde gozam de inalterável felicidade.

- Os Espíritos preservam sua individualidade, antes, durante e depois de cada encarnação.

- Os Espíritos reencarnam tantas vezes quantas forem necessárias ao seu próprio aprimoramento.

- Os Espíritos evoluem sempre. Em suas múltiplas existências corpóreas podem estacionar, mas nunca  regridem. A rapidez do seu progresso intelectual e moral depende dos esforços que façam para chegar à perfeição.

- Os Espíritos pertencem a diferentes ordens, conforme o grau de perfeição que tenham alcançado: Espíritos Puros, que atingiram a perfeição máxima; Bons Espíritos, nos quais o desejo do bem é o que predomina; Espíritos Imperfeitos, caracterizados pela ignorância, pelo desejo do mal e pelas paixões inferiores.

- As relações dos Espíritos com os homens são constantes e sempre existiram. Os bons Espíritos nos atraem para o bem, sustentam-nos nas provas da vida e nos ajudam a suportá-las com coragem e resignação. Os imperfeitos nos induzem ao erro.

- Jesus é o guia e modelo para toda a Humanidade. E a Doutrina que ensinou e exemplificou é a expressão mais pura da Lei de Deus.

- A moral do Cristo, contida no Evangelho, é o roteiro para a evolução segura de todos os homens, e a sua prática é a solução para todos os problemas humanos e o objetivo a ser atingido pela Humanidade.

- O homem tem o livre-arbítrio para agir, mas responde pelas conseqüências de suas ações.

- A vida futura reserva aos homens penas e gozos compatíveis com o procedimento de respeito ou não à Lei de Deus.

- A prece é um ato de adoração a Deus. Está na lei natural e é o resultado de um sentimento inato no homem, assim como é inata a idéia da existência do Criador.

- A prece torna melhor o homem. Aquele que ora com fervor e confiança se faz mais forte contra as tentações do mal e Deus lhe envia bons Espíritos para assisti-lo, é este um socorro que jamais se lhe recusa, quando pedido com sinceridade.


terça-feira, 29 de dezembro de 2009

RETORNO DA VIDA CORPORAL À VIDA ESPIRITUAL



 PERTURBAÇÃO ESPIRITUAL


Considerações de Allan Kardec
( Desencarne )


No momento da morte, tudo é inicialmente confuso; a alma necessita de algum tempo para se reconhecer. Ela fica atordoada, semelhante à situação de uma pessoa que desperta de um profundo sono e procurase dar conta da situação. A lucidez das idéias e a memória do passado voltam à medida que se apaga a influência da matéria da qual acaba de se libertar e à medida que se vai dissipando uma espécie de névoa que obscurece seus pensamentos.
O tempo da perturbação que se segue à morte do corpo é bastante variável. Pode ser de algumas horas, de muitos meses ou até mesmo de muitos anos. É menos longa para aqueles que se identificaram já na vida terrena com seu estado futuro, porque compreendem imediatamente sua posição.
Essa perturbação apresenta circunstâncias particulares de acordo com o caráter dos indivíduos e, principalmente, com o gênero de morte.
Nas mortes violentas, por suicídio, suplício, acidente, apoplexia3, ferimentos, etc., o Espírito fica surpreso, espantado e não acredita estar morto. Sustenta essa idéia com insistência e teimosia. Entretanto, vê seu corpo, sabe que é o seu e não compreende que esteja separado dele. Procura aproximar-se de pessoas que estima, fala com elas e não compreende por que não o escutam. Essa ilusão dura até o completo desprendimento do perispírito. Só então o Espírito reconhece o estado em que se encontra e compreende que não faz mais parte do mundo dos vivos. Esse fenômeno se explica facilmente. Surpreendido pela morte,
o Espírito fica atordoado com a brusca mudança que se operou nele. A morte é, para ele, sinônimo de destruição, de aniquilamento. Mas, como ainda pensa, vê, escuta, não se considera morto. O que aumenta ainda mais sua ilusão é o fato de se ver num corpo semelhante ao anterior, cuja natureza etérea não teve ainda tempo de estudar. Acredita que seja sólido e compacto como o primeiro; e quando percebe esse detalhe, se espanta por não poder apalpá-lo. Esse fenômeno é semelhante ao que acontece com os sonâmbulos inexperientes que não acreditam dormir, porque, para eles, o sono é sinônimo de suspensão das atividades, e, como podem pensar livremente e ver, julgam não estar dormindo. Alguns Espíritos apresentam essa particularidade, embora a morte não tenha acontecido inesperadamente. Porém, é sempre mais generalizada naqueles que, apesar de estar doentes, não pensavam em morrer. Vê-se, então, o singular espetáculo de um Espírito assistir ao seu enterro como sendo o de um estranho e falando sobre o assunto como se não lhe dissesse respeito, até o momento em que compreende a verdade.
A perturbação que se segue à morte nada tem de pesaroso para o homem de bem! É calma e muito semelhante à de um despertar tranqüilo. Para aquele cuja consciência não é pura, a perturbação é cheia de ansiedade e angústias que aumentam à medida que reconhece a situação em que se encontra.
Nos casos de morte coletiva, tem-se observado que os que perecem ao mesmo tempo nem sempre se  revêem imediatamente. Na perturbação que se segue à morte, cada um vai para seu lado, ou apenas se preocupa com aqueles que lhe interessam.

Material extraído do Cap. 3, item 3 de o Livro dos Espíritos, imagem somente ilustrativa.