terça-feira, 6 de abril de 2010

As polêmicas envolvendo o Espiritismo



Na última semana foram duas polêmicas envolvendo o Espiritismo. A primeira com os jogadores do Santos Futebol Clube que se recusaram a entrar em instituição espírita para distribuição de ovos de páscoa. Os atletas merecidamente foram criticados pela opinião pública. Sem querer fizeram o espiritismo entrar na mídia esportiva. Foram debates acalorados em diversos programas e até rasgados elogios do comentarista Neto, da TV Bandeirantes, ao nosso querido Chico Xavier.
Como pode perceber o caro leitor, o feitiço virou contra o feiticeiro. A segunda e mais recente polêmica refere-se a ingênua reportagem da revista SUPERINTERESSANTE tentando desmerecer a figura notável de Chico Xavier.
Obviamente não obtiveram êxito. A vida de Chico é um hino à verdade. Sem contar que o médium mineiro é cidadão do mundo, amado pelas pessoas independentemente de religião.
Prova disso é o sucesso do filme sobre a sua vida que vem lotando os cinemas do Brasil.
Chico é muito maior que essas querelas. Constatamos que o editor e a jornalista da SUPERINTERESSANTE foram muito inocentes na elaboração da matéria. Não pesquisaram e expuseram-se ao ridículo.
Sempre digo aos alunos: Vai estudar, menino! Vai estudar pra não falar besteira! Os responsáveis pela revista falaram muita besteira.
Aconselho-os: Vão estudar, vão estudar pra não escrever besteiras!
Os espíritas naturalmente mostraram indignação diante de tamanhas abobrinhas. Richard Simonetti, um dos grandes pensadores espíritas da atualidade, tratou de jogar luz no assunto e elaborou esclarecedora carta ao editor da revista. A manifestação do escritor bauruense está “voando baixo” pela internet. Alamar Régis e outros espíritas também manifestaram a opinião de forma contundente contra a reportagem.
Excelente essas manifestações, pois vemos a Doutrina Espírita recebendo atenção. Certamente inúmeras pessoas irão ler sobre as polêmicas e buscar verificar quem está com a razão. Quem sabe surgirão mais estudiosos das leis da vida tão bem explicadas pela espiritualidade.
A propósito, lembro-me de um comentário de Kardec que consta na obra Viagem Espírita em 1862. Narra o codificador que um pregador aventurou-se na tribuna e sem piedade levantou vozes contra o espiritismo. Pregava entusiasmado: Espiritismo é coisa do demônio! Doutrina anti cristã!
No entanto, a platéia que o escutava jamais ouvira falar de Doutrina Espírita. O desavisado pregador atiçou a curiosidade das pessoas presentes na platéia para conhecer o tal de Espiritismo. Conta Kardec que algum tempo depois naquele local nascia um grupo de estudos para conhecer a Doutrina Espírita que fora tão mal apresentada pelo orador.
As críticas infundadas e os absurdos que atualmente algumas pessoas cometem contra o Espiritismo irão alçá-lo cada vez mais ao patamar de destaque que merece, porquanto os críticos serão combatidos e surpreendidos em suas incoerências por estudiosos da doutrina codificada por Allan Kardec que, diga-se de passagem, jamais se calarão ante asneiras proferidas por palpiteiros de plantão.
Os atletas do Santos e jornalistas da SUPERINTERESSANTE obviamente não sabem que em sua ignorância, à semelhança daquele pregador desinformado, abriram mais janelas para a penetração das idéias que tentaram combater. Pela excelência de seus princípios o Espiritismo entrará por essas brechas abertas pelos desavisados, quer eles queiram ou não.

Wellington Balbo
Bauru - SP

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terça-feira, 30 de março de 2010

Macaco Simão



Carregando o peso dos seus oitenta e oito anos, dos quais setenta e nove vividos na dura faina da roça, Simão, um negro robusto, o mais antigo morador da Fazenda Oiteira, depois de um dia estafante, retornava do trabalho a passos lentos, levantando o pó do chão, num penoso arrastar de pés.
No aconchego do lar, cercado do carinho de sua Maria - pensava feliz - acharia novas forças para enfrentar as labutas do dia seguinte.
Antes, porém, que alcançasse sua choupana, encontrou Matias, neto dos atuais patrões, um garoto de doze anos, inconveniente e atrevido, que, maldosamente, só o tratava por Macaco Simão.
Insolente, o petiz não perdeu a oportunidade de zombar do pobre ancião, cantarolando:

“Meio dia, panela no fogo barriga vazia.
Macaco torrado que vem da Bahia, fazendo caretas pra Dona Maria”.

Simão descontrolou-se, agüentara silencioso todos os insultos, mas não suportava ver sua Maria incluída nas troças do irreverente guri. Revidou:
- Menino arreliento, quando você morrer vai pras profundezas do inferno de cabeça pra baixo. E eu vou achar graça.
- Macaco Simão - chasqueou Matias - o inferno foi feito para os negros sujos como você e sua mulher. De pouco valeram os apelos de muita paciência e as palavras de conforto de Dona Maria.
Simão estava injuriado, pouco se alimentou e, logo depois, saiu.
Sentado na margem do açude grande, seu lugar predileto para meditar e orar, deu vazão à tristeza. Em pranto convulso, perguntava:
- Por que, meu Deus, tanta maldade no coração daquele fedelho? Que fazer para corrigi-lo?
Pensamento solto, volveu aos tempos de criança, quando chegou à fazenda. Conhecera os bisavós de Matias, pessoas austeras e exigentes, contudo, justas; não detratavam os empregados quer fossem brancos, mulatos ou negros. Os avós e os pais haviam seguido a mesma linha de conduta, sérios, compenetrados, mas respeitadores e bondosos. Só o Matias escarnecia dele.
Morosamente o sol declinava no horizonte. O velho Simão, em oração, aos poucos, refazia-se do desgosto. Admirou o céu tingido de púrpura anunciando o final da tarde morna, sentiu a suave brisa acariciar-lhe a fronte escaldante, desejou voltar aos cuidados de Maria, porém o sono anestesiou-lhe os sentidos, pendeu a cabeça sobre o peito, dormiu profundamente e sonhou com um anjo luminoso convidando-o:
- Venha, Simão, sossegue sua alma tão angustiada. Muitos foram os seus sofrimentos, grande será sua recompensa.
- Meu bom anjo, como posso asserenar-me se vejo o menino Matias inclinando-se para o mal? Desejo o seu bem, sofro com o seu descaminho.
- Hoje, Matias, espírito endurecido, não poderá ouvi-lo; no futuro, você terá como dar sua ajuda direta para salvar aquela alma rebelde. Agora, repouse para um despertar feliz.
Ao amanhecer, encontraram o corpo de Simão hirto, olhar sereno fixado no infinito, tendo nos lábios o sorriso daqueles que morrem em paz.
Sessenta anos passaram na carruagem do tempo.
Matias, sentado à margem do mesmo açude, angustiava-se pensando no passado, no presente e nas sombrias perspectivas do futuro.
A Fazenda Oiteira viera-lhe diretamente dos avós. Administrador severo, fez-se temido e repudiado. Juntou dinheiro, mas não fez amigos. Agora, envelhecido, vivia como eremita, mal visto, rejeitado. Não casou, não tinha filhos. Quem poderia assisti-lo na senectude?
Da angústia passou ao desespero. Quis gritar, não conseguiu. Dor intensa comprimiu-lhe o peito, a visão anuviou-se. Morreu blasfemando.
No dia seguinte, acharam o cadáver de Matias, olhos esbugalhados, lábio contraídos, reflexo de uma morte atormentada.
Dez anos se foram na inexorável marcha do tempo. Matias, que vagara em densas trevas, lentamente despertou em profunda aflição, sem decifrar o que lhe acontecera.
Pressuroso, demandou à casa grande. Constatou, contrariado, radicais modificações. Na entrada, um belo e bem cuidado jardim; no interior, recentemente pintado, móveis novos; empregados zelosos cuidavam do asseio.
Aturdido, retirou-se procurando informações. Nenhuma resposta, fingiam não escutá-lo.
Só então, contrafeito, pôde observar que as antigas e acanhadas casas de barro batido tinham sido substituídas por outras maiores, mais confortáveis, de alvenaria. Viu ainda uma escola, uma creche, um clube recreativo. Tudo feito com o seu dinheiro, sem autorização. Verdadeira espoliação dos seus bens!
De repente, lembrou-se de suas considerações à beira do açude, da sufocante dor no peito, do turvamento da visão acompanhado de um longo vazio. Certamente morrera, era a explicação.
Vencido pelo desgosto, chorou amargamente, lamentou seu infortúnio que, reconhecia, só podia imputar a si próprio. Caiu de joelhos e orou:
- Se realmente morri, se há esse Deus que todos têm como Pai de infinita misericórdia, que eu seja socorrido neste momento de inquietação e de dúvidas atrozes.
Inimaginável é o poder da prece. Natalício, um ser angelical, abeirou-se de Matias, tocou-lhe de leve o ombro falando com ternura:
- Matias, que você fez da vida? Desperdiçou uma oportunidade de crescer espiritualmente! Discriminou os negros, desconsiderou os direitos dos seus empregados, cometeu uma série de equívocos.
- Bem sei que mereço ir para o inferno de cabeça para baixo. Mande-me logo arder no fogo. Cumpra a justiça.
- Não, Matias, você não irá. Deus é bom e misericordioso, não permitirá tal absurdo. Por ser justo, Deus concede sempre novos ensejos de redenção.
- Estou confuso. Que fazer então?
- Recomeçar - retrucou Natalício - Outra vida ser-lhe-á dada se aceitar reencarnar como filho dos novos donos da Oiteira para retomar a tarefa abandonada por negligência. À noite, durante o sono, promoverei um encontro para o entendimento fraterno. Aceita?
O carrilhão soava anunciando as vinte e três horas quando Matias, acompanhado do protetor, penetrou na alcova do jovem casal que dormia serenamente.
Ao chamamento de Natalício, ambos desprenderam-se do corpo físico indo ao encontro dos visitantes.
- Eis seus futuros pais, Eliseu e Marina - sorridente, Natalício fez a apresentação - muitos anos atrás, acataram de bom grado a incumbência de guiá-lo pelo caminho reto do dever. Deseja conhecê-los melhor? 
- Sim, quero muito saber qual a ligação entre nós que justifique o sacrifício de receber-me como filho - respondeu Matias cheio de curiosidade.
Como num passe de mágica, o guapo rapaz e sua encantadora esposa transmudaram-se. As peles alvas tornaram-se escuras, os cabelos lisos ficaram encarapinhados; eram dois idosos vergados pelo peso dos anos.
Trêmulo, incapaz de suster-se em pé, Matias arrojou-se aos pés dos pretos-velhos gemendo de assombro e de dor:
- Macaco Simão, Dona Maria! Como podem aceitar-me como filho? Não mereço voltar nem como empregado. Sou um pobre diabo indigno de ser olhado. Perdoem este infeliz.
Emocionado até as lágrimas, Simão replicou:
- Levante-se, Matias, há muito tempo você foi perdoado. Venha, abrace-nos como irmãos queridos, esqueçamos o passado, olhemos o futuro promissor.
Mais cinco anos transcorreram. Eliseu e Marina contemplam embevecidos o filho recém nascido como um presente descido do céu.
 
 
Felinto Elizio Duarte Campelo

segunda-feira, 29 de março de 2010

Para a Bíblia e Santo Agostinho


PARA A BÍBLIA E SANTO AGOSTINHO, PEDRO NÃO É A PEDRA DA IGREJA 



O fato de a Igreja ter cometido erros não quer dizer que ela fique desmoralizada e perca a sua importância e credibilidade na história do cristianismo e do mundo, pois a grandeza dos seus benefícios prestados à humanidade supera em muito seus desacertos. 
Um desses desacertos foi o ensino de que São Pedro foi o primeiro papa, cujo objetivo foi de engrandecer e fortalecer a dobradinha dos poderes civil e religioso, e que começou com o imperador Constantino. 
Outra coisa que os poderosos do cristianismo do passado criaram para se autobeneficiar é a interpretação desta frase de Jesus: “Se de alguns perdoardes os pecados, são-lhes perdoados; se lhos retiverdes, são retidos”. (São João 20,23). A hierarquia religiosa atribuiu-se a si a exclusividade desse poder, a qual argumentava que Jesus se dirigiu só aos apóstolos, e que, portanto, esse poder era dos papas e dos bispos, sucessores dos apóstolos, poder esse que eles estenderam também para os padres. Acontece que Jesus se dirigiu não só aos seus apóstolos, mas a todos os seus discípulos (São João 20, 19 a 23). Ademais, o próprio Jesus nos ensina que todos nós não só podemos, mas devemos perdoar os nossos ofensores, e não só sete vezes, mas setenta vezes sete, ou seja, sempre. E quem pode perdoar uma ofensa é a vítima da ofensa. Você, que me está honrando com sua leitura, o que acharia de uma pessoa pisar no seu pé, e pedir perdão a outra pessoa? 
Mas retomemos o assunto principal desta matéria. Muitos judeus achavam que Jesus fosse João Batista ressuscitado, outros: Elias; outros: um dos profetas; e ainda outros: Jeremias. Observe-se aqui que os judeus acreditavam na reencarnação, pois admitiam que pessoas já desencarnadas pudessem voltar. E o Mestre perguntou aos seus apóstolos: e eu sou quem para vocês? Pedro de pronto respondeu: “Tu és o Filho de Deus vivo”. Jesus disse, então, a Pedro: “Não foi à carne e o sangue quem to revelou, mas meu Pai que está nos céus”. Atentemos para o fato de que a resposta de Pedro não foi originada da sua pessoa (carne e sangue), mas de Deus. Porém Deus não se manifesta diretamente, mas tem seus espíritos atuando em seu nome (Hebreus 1,14), do que se conclui que foi um espírito que inspirou ou intuiu Pedro para a sua resposta. E acrescentou Jesus, confirmando a verdade dessa frase inspirada de Pedro: “Também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra (a verdade da frase inspirada de Pedro) edificarei minha igreja”. (São Mateus 16,14 a 18). Essa interpretação é baseada na Bíblia e em Santo Agostinho (Sermão 76, página 479, do 5º Volume das Obras Completas, editadas por Migne, Paris, 1877, com o apoio dos Padres Beneditinos, nota do filósofo e teólogo Jesuíta Huberto Rohden, “Filosofia Cósmica do Evangelho”, página 115, Ed. Alvorada – a atual Martin Claret –, 1982). 
Realmente, a pedra da Igreja é Cristo (1Coríntios 10,4; Atos 4,11). Assim, figuradamente, ela representa Jesus Cristo e não a pessoa de Pedro, embora Jesus tenha chamado também esse seu grande apóstolo de “Kefas” (Pedro, nome derivado de pedra). E eis uma frase dos originais latinos de Santo Agostinho, sintetizando essa questão: “Super me aedificabo te, non me super te”, cuja tradução é: “Sobre mim te edificarei, não a mim sobre ti”.
É o nome Pedro que procede de pedra, e não a pedra que procede de Pedro, do mesmo modo que cristão vem de Cristo, e não Cristo de cristão!



Obs.: Esta coluna, de José Reis Chaves, às segundas-feiras, no diário de Belo Horizonte, O TEMPO,  pode ser lida também no site www.otempo.com.br   Clicar colunas.   Ela está liberada para a publicação. Nas publicações, fico grato pela citação de meus livros: “A Face Oculta das Religiões”, “A Reencarnação na Bíblia e na Ciência” Ed. EBM (SP)  e “A Bíblia e o Espiritismo”, Ed. Espaço Literarium, Belo Horizonte (MG) –  www.literarium.com.br -  e meu e-mail: jreischaves@gmail.com Os livros de José Reis Chaves podem ser adquiridos também pelo e-mail:  contato@editorachicoxavier.com.br    e o telefone: 0800-283-7147.

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sábado, 27 de março de 2010

O casal Nardoni



O casal Nardoni e a coerência da Doutrina Espírita. 


Em virtude do julgamento do casal Nardoni o caso da garota Isabela, morta em março de 2008 após ser atirada do alto de um prédio, ocupa novamente grande espaço na mídia.
Natural, atitudes insanas cometidas contra crianças causam enorme comoção. O pai e a madrasta da garota são acusados e várias pessoas estão reunidas para o julgamento de ambos. A sentença sairá em poucos dias. Não vamos entrar no mérito da questão se o casal é culpado ou inocente. 
O ponto a ser abordado é bem outro: as penas impostas pelo tribunal humano e as impostas pelo tribunal da consciência. 
Nada é mais doloroso e aprisionador do que o peso da culpa. O que são 30, 40 anos de confinamento em prisão se compararmos com as chamas da culpa queimando a consciência? 
O que é a decisão de um júri humano perto da jurisprudência divina estampada na consciência de cada ser? A pior prisão não é aquela que trancafia o corpo físico, mas, sim, aquela que atormenta a alma que se compromete com as leis divinas. 
Nesse tipo de prisão não há qualquer liberdade ou tempo para banho de sol. Ela é implacável!
Frequentemente aqueles que se enredam pelo caminho do crime são sumariamente chamados de “desalmados”. Mal sabem os acusadores de que os “desalmados” habilitaram-se a penoso resgate. 
A Doutrina Espírita, no entanto, diverge da tese dos desalmados e explica que os chamados desalmados, marginais que segundo a opinião pública são monstros trajando o vestuário de gente, são espíritos; espíritos que se deixaram arrastar pelos impulsos primitivos da ira e por isso comprometeram-se em atos insanos. Pagarão por isso, sem dúvida, obedecendo a lei de causa e efeito. 
A consciência cedo ou tarde os cobrará, impondo sanções disciplinadoras e corretivas para que retomem o caminho do bem. 
Quanto a nós outros, nada de violência, revide e pensamentos de revolta. Isso apenas piora a situação já tão lamentavelmente explorada pela imprensa sensacionalista. 
Nossa postura deve ser cristã, serena, tranqüila. Jesus recomendava piedade, se somos seus seguidores, pois, devemos seguir seu conselho. 
É um absurdo, uma atitude de total desequilíbrio agredir o advogado dos acusados, como fez um cidadão. Ele deveria estar em sua casa, cuidando de sua vida, preocupado com seus afazeres ao invés de tumultuar o que já está demasiadamente tumultuado. Diz o ditado popular: Muito ajuda quem não atrapalha. Portanto, não estejamos no rol daqueles que atrapalham. Muito melhor fazer o caminho inverso: Ajudar. Óbvio, muito mais eficaz. 
Se sei que determinada situação escapa ao meu controle, que nada posso fazer para alterar o destino, o que faço? Reconheço minha pequenez e me entrego de corpo e alma em fervorosa oração, pedindo a proteção do Alto para os envolvidos. Pronto, nada além disso. 
A violência apenas aumenta o clima de tensão ao invés de resolver o problema. Não podemos pagar o mal com o mal.
Os envolvidos em um caso tão doloroso estão sofrendo muito, é inadmissível sob o ponto de vista cristão atirarmos mais lenha nessa fogueira de mágoas e desencontros. 
Cuidemos de nossa vida, deixemos de lado o julgamento, a acusação, os dardos mentais emitidos contra essa ou aquela criatura, porquanto, cada um arcará com a responsabilidade de seus atos perante as leis da vida instituídas pelo Criador. 
Podemos escapar do tribunal humano, mas não escaparemos do incorruptível tribunal da consciência. Assim sendo, inexistem razões para apelarmos à violência em qualquer situação, isso apenas demonstra o estado primitivo em que nos demoramos. Quanto ao casal, esses receberão o veredicto final da própria consciência. Se inocentes, mesmo trancafiados em inóspita prisão estarão absolvidos pelas leis da vida. Se culpados, mesmo soltos e vivendo em confortável mansão estarão sempre as voltas com os fantasmas de suas atitudes. Quanto a nós? Oremos pelos envolvidos, é o melhor a ser feito.


Wellington Balbo
Bauru - SP

quinta-feira, 25 de março de 2010

Momentos de transição


Crítica ao colunista José Reis Chaves 


Boa noite, D. Pagotto,

Venho através do site da arquidiocese tentar comunicar-lhe, pois acredito que o fato é relevante, sua pessoa é citada no artigo no jornal O Tempo de Belo Horizonte, no qual, claramente o articulista cita que 80% dos católicos são espíritas e o senhor como o maior representante no Brasil. Eis o último parágrafo do texto: "Opinião dividida pelo teósofo José Reis Chaves. Segundo informa o estudioso, cerca de 80% dos católicos freqüentam centros espíritas. "Só aqueles que são católicos de sacristia, os carismáticos, não vão porque é um desconforto freqüentar, mas eles representam cerca de 4% dos fiéis católicos". José Reis chega até a nomear alguns padres, bispos e arcebispos que são médiuns e que chegam até a dar palestras sobre o espiritismo, como por exemplo o arcebispo de João Pessoa, Dom Aldo Pagotto. É interessante observar que o Brasil é um dos maiores países católicos, mas é também o país com maior número de adeptos do espiritismo". 
Acredito que não preciso citar os que desde o Concílio de Orleans (511), Toledo (633) até os dias atuais a Igreja deixa claro que o espiritismo é contrário a fé e ao culto exclusivo a Jésus Cristo, Único Redentor e Senhor dos homens. Está em oposição à verdadeira fé do crente e é um perigo para a santidade. 
Assim, seria muito importante vosso desmentido, pois o Sr. Jósé Reis quando generaliza, ele demonstra desonestidade, que também foi mote de Kardec nos meados do séc. XIX. 
Como diz o Pe Quevedo, desde as irmãs Fox (1848) que se retrataram em 1888 até os líderes espíritas atuais, mesmo que inconscientemente e muitas vezes de boa fé, não deixa de ser um erro primário no escopo das doutrinas. 
No aguardo de vossa atenção, 

Luccas Godoy - Jornalista 
Mestre em Ciência da Religião e Filosofia.



Considerações endereçadas ao Sr. Luccas Godoy



De: Alamar Régis Carvalho 
Para: Luccas Godoy 
RESPOSTA À SUA CARTA A DOM ALDO PAGOTTO 


Prezado Luccas:

Acabo de ler a sua carta, dirigida ao ilustre, digno, corajoso, destemido e respeitável Dom Aldo Di Cillo Pagotto, Arcebispo de João Pessoa, na pretensão de cobrar dele uma postura, conforme as suas conveniências, em função do que foi escrito na coluna "O Tempo", de Belo Horizonte, pelo ilustre escritor, ex-Teólogo Católico, José Reis Chaves. 
Você escreveu aí o que quis e o que lhe convém, não é verdade, Luccas? Quando cita os Concílios de Orleans e Toledo, por que não cita também os concílios que impuseram uma Trindade, no Cristianismo, que inventaram que Jesus é Deus, que inventaram as imagens nas igrejas, que instituiram as velas, as confissões, a virgindade de Maria, que determinou que não se falasse mais em reencarnação e até que instituição a inquisição, onde padres poderiam, arbitrariamente, torturar e assassinar, cruelmente, pessoas que não pensassem como o igreja? 
Pelo que tudo indica, talvez você queira que Dom Aldo Pagotto, e inúmeros outros bispos e padres sensatos e verdadeiramente comprometidos com o Cristo, pense assim, não é verdade? Para você, certamente, Dom Helder Câmara, que nunca apoio essa estúpida violação do direito humano, também deve estar errado. Dom Lucas Moreira Neves, que junto com os espíritas, fundou o Pro Vida, na Bahia, na luta contra a praga do aborto, em belíssima convivência e harmonia, também estava errado? 
E ainda vem citar Quevedo, quando fala do absurdo que fizeram com as irmãs Fox, pressionando-as sob tortura, para que elas desmentissem os fenônemos de Hydesville? Se duas filhas adolescentes suas, que lhe amam, estivessem num cativeiro de sequestro, com revólveres apontados para as suas cabeças, obrigadas as fazerem uma "confissão" diante de gravadores e câmeras, dizendo que você é ladrão, é traficante de drogas e é um grande bandido, e essas imagens se espalhassem pela internet, você gostaria que as "afirmativas" delas fossem absorvidas para a cultura popular que você de fato era um bandido e um ser da pior espécie? Felizmente, meu caro Luccas, nem todo mundo é idiota, neste mundo, a ponto de se deixar levar pelas estratégias sem vergonha e descaradas do religiosismo, que não abre mão de se utilizar do mau caratismo, quando o objetivo é denegrir a imagem de outras filosofias, e foi isto que fizeram em relação às irmãs Fox, que esse, também, atrofiado de caráter, chamado Quevedo, anda espalhando como se fosse verdade.
Meu amigo, vou lhe dar uma sugestão: Não fique insistindo muito em pressionar Dom Aldo Pagotto, não, porque ele não tem papas na língua, não se deixa intimidar por ninguém, não tem medo de nada e costuma dar respostas à altura, principalmente a presunçosos e pretenciosos donos da "verdade". 
Já se viu diante de várias ameaças, de outros adeptos da inquisição, dos dias atuais, e ameaças sérias, e não se intimidou.. 
Ele é adepto da frase: "Quem diz o que quer, ouve o que não quer".
Embora você tenha o seu sagrado direito de expressão, direito de discordar e de dizer o que quer e bem entende, direito esse que tudo indica você não quer respeitar nos outros, pode continuar dizendo o que você quer, mas saiba que, pelo fato deste mundo não ser constituído apenas por gente besta e gente acéfala, você terá, também, sempre respostas a altura. 
Forte abraço e que o Deus de Amor, e não o deus de inquisição, proteja a todos nós. 

Alamar Régis Carvalho 
alamar@redevisao.net


Réplica ao Sr. Luccas


Sr. Alamar, boa tarde. 

Sua cartinha é bem ao estilo espírita, "inventaram, inventaram, inventaram", talvez não saiba o senhor que os homens através das instituições são os construtores no tempo da cultura e da verdade salvífica. E só uma instituição única e sobrevivente da barbárie por muitos anos teve este direito e dever de ordenar as sociedades e a criação do mundo ocidental. 
O espiritismo de Alan Kardec, nasceu no bojo de um anti-clericalismo, um cientificismo pós-iluminismo, que queria através da ciência e bíblia (com idéias orientais de reencanacionismo) apresentar a doutrina perfeita. Alguns homens compraram esta idéia principalmente em países místicos como o Brasil, pois na France terra de Kardec, não mais que 500 pessoas são adeptas da doutrina espírita. 
Não vou me estender sobre a verdade histórica, se existe verdade real na história, pois amanhã viajarei para a Espanha onde irei fazer o caminho de Santiago e meditar sobre a busca, a procura e tantos outros questionamentos que grassa a mente humana. 
Para terminar este recado, o reencanacionismo e outras práticas dos espíritas estão encerradas na academia como antropologicamente primária no rol das religiões. É infantiloide acreditar na história de nascer e renascer em outros corpos, nascer e renascer, nascer e renascer.... 
Para acreditar nisto, tem-se que acreditar na vociferacidade dos seus argumentos completamente sem base histórica, 

Luccas Godoy 
Professor.


Tréplica do Sr. Alamar


Sr. Lucca: 

Desejo-lhe, também, a mesma boa tarde. 

Todavia, vamos às considerações. 

Carta bem ao estilo espírita, com respeito ao "inventaram, inventaram...". E por acaso, não inventaram não? Porque a sua igreja católica resolveu canonizar o sem vergonha, safado, descarado e assassino do Constantino, como santo, pelo fato dele ter transformado o "cristianismo" de perseguido para perseguidor, bem como gostam os torturadores católicos, nós espíritas temos que fingir que não sabemos quem foi verdadeiramente aquele crápula? 
E você ainda vem querer simplesmente dizer que é um mero "esilo espírita" de "inventaram"? 
Então vamos fingir que não sabemos que Constantino, por se considerar divindade, achou por bem, politicamente, dar essa mesma qualificação à Jesus, para ficar bem com os seus novos parceiros, os cristãos? Então quer dizer que os incensos e as velas na igreja, não foram coisas inventadas por homens? 
A confissão auricular, não foi coisa inventada em concílio? 
A inútil e absurda "virgindade" de Maria, não foi inventada? 
A infalibilidade papal, também não foi inventada? 
E o celibato dos padres, não foi também inventado em concílio? 
A Trindade não foi também, inventada, no Cristianismo, para que ele ficasse, também, em nível das outras religiões da época, que tinham trindades? 
As condenações para que não falassem mais em reencarnação, REALIDADE CONHECIDA por todos os cristãos primitivos, não foi coisa inventada em concílio? 
Será que você vai querer nos convencer que a INQUISIÇÃO nunca existiu e que os espíritas andam inventando essa famigerada história? Thomas de Torquemada para você nunca existiu? 
Meu amigo, subestimar a inteligência dos outros, tentando fazer TODA a humanidade de boba, é algo que não tem sentido e fica até ridículo. 
Gostei dessa sua frase, quando disse que "homens, através das instituições são os construtores no tempo da cultura e da verdade salvífica". É exatamente isto que a igreja católica fez, com a sua influência, sob muita violência, no mundo. Ainda bem que nem todo mundo é trouxa, para ir na conversa dela. 
Instituição única e sobrevivente da barbárie? Qual, a igreja católica? Não seria mais honesto você, em vez de dizer isto, recorrer à verdade e afirmar instituição que mais promoveu a barbárie, a tortura, a destruição de lares, a tortura e o assassinato cruel de pessoas, por motivos religiosos? 
Ou será que, na sua cabeça, todo mundo é trouxa mesmo, meu caro Lucca? 
Ótimo, esse seu argumento, de que na França não existem nem 500 praticantes do Espiritismo, um dado absolumente ridículo que você coloca, que demonstra a sua total e absoluta desinformação. Reconhecemos que o público lá é, de fato, pequeno, mas resumir a 500 pessoas apenas, é uma tentativa de passar atestado de idiota para este seu amigo. 
Mas, seguindo essa sua mesma linha de racioicínio, querendo denegrir o Espiritismo, pelo fato da França não ter muitos espíritas, você chega, OBVIAMENTE, a conclusão de que o Cristianismo também não vale porcaria nenhuma, haja vista que quase a totalidade dos povos da Palestina, onde viveu Jesus, é Muçulmana, e não Cristã. O povo de Israel continua Judeu, e não Cristão. 
Então você chega a conclusão, COM BASE NO SEU PROPRIO RACIOCÍNIO, que Jesus foi uma porcaria.
Se quiser estender na história do cristianismo e das religiões, pode puxar, meu amigo, que estamos preparados. Mas se segure, porque tem muita coisa pra ser colocada. 
A reencarnação é infantilóide? 
E como se caracteriza, então, a crença na estória de Adão, Eva e a Cobra? Como se caracteriza o nível de inteligência dos que crêem que Caim matou Abel e depois se mudou para a cidade de Node onde constitiuiu família? Família, com quem? que cidade era aquela? 
E nós espíritas que somos infantilóides? 
E o morrer e depois subir ao "céu" para ficar SENTADO, à DIREITA de Deus Pai, PARA TODA A ETERNIDADE, é que nível de inteligência? Que nível de inteligência tem alguém que consegue ver DIREITA, ESQUERDA, BAIXO, CIMA... além das dimensões da Terra? 
Que inteligência teria esse se Deus, pra manter um monte de inúteis, sentados à sua "direita", por toda a eternidade, sem utilidade nenhuma, um monte de vagabundos ociosos? E quando esse seu Deus tivesse que dar uma voltinha, que trabalho, hem amigão, para virar todo mundo com ele, porque ninguém poderia ficar à sua "esquerda". 
E os espíritas que são infantilóides? 
Não quero falar, ainda, nos inúmeros crimes cometidos pelos papas monstros e nem na recente história da pedofilia e nada disto, que caracterizam a sua santa madre igreja não, meu irmão, porque prefiro ficar com a igreja católica do meu querido e saudoso amigo Dom Hélder Câmara, do meu amigo Dom Aldo Pagotto, do meu amigo Dom Lucas Moreria Neves e de inúmeros amigos católicos, NÃO ADEPTOS DA INQUISIÇÃO E DA VIOLÊNCIA contra os que crêem diferente. 
É, meu irmão. Louvado seja São Constantino, Louvado seja São Torquemada. 
Amém. 

Alamar Régis Carvalho 
alamar@redevisao.net


Considerações do blog: 

Não temos aqui o intuito de expor ou menosprezar as pessoas envolvidas nesta questão, contudo, fica visível a dificuldade de algumas pessoas compreenderem que a evolução é inevitável e que com ela as transformações são naturais.
Pelo que se sabe, Jesus, não escreveu nada, ou seja, não monopolizou sua Fé, apenas exerceu a Caridade e nos elucidou quanto ao espírito de Fraternidade que todos deveriam ter uns para com os outros, ou seja, “Amar ao próximo como a si mesmo”.
É indubitável que com a evolução, com desenvolvimento cientifico entre outros, a mente consiga alçar novos horizontes de raciocínio, consequentemente, surgem novas conclusões pela própria evidência dos fatos, nem tudo permanecerá sem respostas, todavia, mudanças geram conflitos de transição, que posteriormente,  após serem aceitas e compreendidas, se estabelecem como verdades.
“Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e a caridade, estas três virtudes; porém a maior delas é a caridade”. (Paulo, Coríntios, XIII: 1-7 e 13).
Tudo que promova a caridade nos aproxima de Deus, ela não está circunscrita somente para alguns, está ao alcance de todos, sendo assim, o tempo há de unir a todos numa só verdade, unificando as crenças, conforme a Doutrina codificada por Kardec sempre nos ilustrou. 

Alencar Campitelli