sábado, 30 de abril de 2011

Sublime encontro


Corria a primeira semana do mês de abril daquele ano inesquecível, às vésperas da páscoa.
No caminho que vinha de Jafa em direção à porta de Efraim, na entrada noroeste da cidade de Jerusalém, um judeu de outras plagas caminhava apressado.
Homem robusto, dotado de grande força física, Simão, natural da cidade de Cirene, destacava-se da multidão em torno pela diferença de suas vestimentas, tão ao gosto da nação cirenaica.
O cireneu trazia o coração em chagas, sofrendo com as dores das provas familiares que lhe colhiam a existência. A cabeça doía e seu pensamento desencontrado assemelhava-se a fogueira acesa por dentro do próprio crânio.
Lembrava-se confrangido da esposa incompreensiva e ciumenta.
Recolhia pela tela mental a lembrança dos filhos queridos.
Alexandre, o mais velho, estava acometido de enfermidade insidiosa a consumir-lhe as forças em estranho estado febril.
Rufus, o mais novo, mais parecia um endemoninhado, tomado que se encontrava por um espírito imundo.
Detentor dos títulos de propriedade de grande gleba de terras produtoras de especiarias e alimentos, nos altiplanos das cercanias de Cirene, Simão preocupava-se com o andamento dos negócios.
Sem a colaboração da família amada, divisava a falência muito próxima de seus esforços. Por isso mesmo decidira seguir para Jerusalém para as comemorações da páscoa, a fim de buscar forças nas orações, no templo principal da cidade dos eleitos.
Aproveitaria a viagem também para estabelecer novos contatos na rota de comércio que unia as diversas províncias do império desde Cartago, passando pela Tripolitânia até sua nação cirenaica, e, de lá passando por Alexandria até atingir a importante Jerusalém.
Ao aproximar-se o arco do portal de Efraim, absorto em seus pensamentos e sentimentos mais íntimos de desalento, Simão Cireneu foi surpreendido pela abordagem rude de destacado centurião romano a serviço do império.
Longinus ordenara-lhe então em nome de César a seguir-lhe incontinenti.
Subitamente a paisagem mental de Simão anuviou-se mais ainda...
Tencionava entrar na cidade em busca do templo para os ritos próprios da tradição judaica na páscoa e haveria de se desviar sob as ordens do romano.
Contrariado e aflito, aquela situação tirou-lhe forçosamente do seu cismar.
Reparou então triste burburinho mais adiante.
Uma legião de centuriões romanos trazia três condenados à morte, demandando a região do Gólgota, pequena elevação de terreno num monte conhecido em latim pelo nome de Calvarium.
Num átimo entendeu o que se passava.
Um dos condenados estava quase exânime, esvaído em sangue e suores...
Sob as ordens de Longinus, Simão Cireneu foi constrangido a ajudar aquele condenado, carregando-lhe o madeiro infame até o destino final.
Inusitada agitação se apossou do espírito de Simão, como a pressentir que toda sua vida mudaria drasticamente a partir de então.
Vagamente veio-lhe à mente a lembrança de que haveria de estar em Jerusalém um novo profeta que, pelos relatos de uns, operara milagres, e, pelas observações de outros, era o Messias Prometido e tão aguardado pelos judeus.
Num instante, quando tomou a si a tarefa de levantar aquele madeiro infamante, cruzou o olhar com o atraente e profundo olhar daquele condenado.
Fortíssima emoção dominou-lhe as mais íntimas fibras do ser.
Teve ímpetos de se jogar ao chão, beijando os pés daquele homem diferente...
Que olhar seria aquele, a lhe perscrutar a alma de forma inequívoca, como a lhe desvendar os mais íntimos segredos?
Simão Cireneu estremeceu!
As lágrimas tomaram-lhe os olhos e, entre a estupefação e a surpresa, ouviu de Jesus de Nazaré a seguinte exortação que registrou pelo espírito:

_ “SIMÃO DE CIRENE, FILHO DO CORAÇÃO, TOMAI O VOSSO MADEIRO E VINDE APÓS MIM! APRENDEI QUE SOU BRANDO E PACÍFICO E PRATICAI A LEI DE AMOR E CARIDADE QUE VOS RECOMENDO EM NOME DE NOSSO PAI CELESTIAL!”

Um turbilhão, como um raio, abateu-se sobre o entendimento de Simão Cireneu.
Compreendeu num momento que aquele era o Messias de Deus a chamar-lhe a colaboração imediata para o estabelecimento do Reino Celeste na face do mundo.
Grossas lágrimas corriam-lhe pelas faces, sem compreender a razão do ignominioso sofrimento a que se submetia o Filho de Deus.
Enquanto prosseguia sua tarefa de levar o madeiro ao cume do Gólgota ainda ouviu do Senhor:

_ “VOLTAI PARA CIRENE.
VOSSOS FILHOS ESTÃO CURADOS E VOSSA ESPOSA VOS COMPREENDERÁ SE TIVERDES PACIÊNCIA.
OLHAI OS FILHOS DO SOFRIMENTO EM TORNO DE VOSSOS PASSOS.
IDE E CURAI-OS POR MINHA ORDEM EM NOME DO PAI!”

Simão guardou aquela exortação inesquecível gravada na alma.
Depois de acompanhar de peito opresso os tristes acontecimentos do calvário, demandou buscar os discípulos daquele Mestre de Luz e Amor para aprender com eles a Sua Mensagem Libertadora.
Na volta para casa, Simão Cireneu nunca mais fora o mesmo.
Ensinadas as verdades cristãs aos filhos queridos, por muitos anos surpreenderíamos o seu grupo familiar divulgando o Evangelho de Jesus no norte da África, amparando os aflitos do caminho e curando, em nome de Deus, os doentes do corpo e da alma que encontrava.
Lembrando-nos, caros irmãos, do exemplo de Simão Cireneu, entenderemos que FORA DA CARIDADE NÃO HÁ SALVAÇÃO!

José
Mensagem psicografada em reunião pública do Centro Espírita Luz, Amor e Caridade na noite do dia 28/07/2003 por Geraldo Lemos Neto.
Estudo da noite: O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XV, itens 4 e 5.

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Questão 625: QUAL O TIPO MAIS PERFEITO QUE DEUS OFERECEU AO HOMEM PARA LHE SERVIR DE GUIA E DE MODELO? 

Resposta: Vede Jesus.- Livro dos Espíritos, 65ª edição-tradução de J. Herculano Pires.
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"A fé é uma necessidade imprescindível para a felicidade, fator essencial para as conquistas íntimas nos rumos da evolução."

Joanna de Ângelis

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Felinto Elízio Duarte Campelo
felintoelizio@gmail.com
 
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quarta-feira, 27 de abril de 2011

A companheira da Teologia dogmática pôs viseiras na bíblia


A companheirada da teologia dogmática fez como que um tsunami na Bíblia. Realmente, com as decisões dos concílios ecumênicos de Nicéia (325), Constantinopla I (381), Éfeso (431), Calcedônia (451) e Constantinopla II (553), os teólogos viraram a Bíblia às avessas, com acréscimos nela, eliminação de textos dela, e principalmente, passaram a interpretá-la à sua moda, alterando o rumo do cristianismo.
Os teólogos contrários a essas arbitrariedades foram tachados de hereges, perseguidos e até eliminados, como aconteceu com os gnósticos, pela ala ortodoxa do cristianismo, que contou com o apoio do poder civil. Mas a verdade deve ser dita. Esse apoio, por um lado, foi bom, pois poderia ter acontecido o pior, isto é, a destruição do cristianismo pelo paganismo. “Deus sabe tirar do mal o bem”.
Para a palavra geração na Bíblia, os teólogos deram apenas uma interpretação simples, isto é, aquela consanguínea comum, quando ela tem também o significado de reencarnação coletiva e outros de acordo com a palavra grega que lhe corresponde. Assim “gennémata”: geração com o sentido de raça. “Geração (raça) de víboras...”. (Mateus 3:7; e 12:34). “Genémata”, com apenas um “n”: geração de produto vegetal.
“Não beberei da geração da videira até que...”. (Lucas 22:18).
“Genealogoúmenos”: geração de filhos. “Essa geração não é enumerada entre eles”. (Hebreus 7:6). “Genétheis”: geração de Deus. “Quem é da geração de Deus...” (1 João 5:18).
Mas a palavra geração mais comum na Bíblia, e que tem também o significado de reencarnação coletiva de muitos espíritos ao mesmo tempo, e que se repete, é “Geneá”: “A sua misericórdia se estende de geração em geração”. (Lucas 1:48-50). Vamos ver, com as citações de textos evangélicos, que Jesus condena a geração (reencarnação coletiva) incrédula de seu tempo, que, segundo Ele, é a mesma do Velho Testamento que vem derramando o sangue de inocentes e de profetas, desde Abel até Zacarias. Veremos também que essas duas gerações do passado e do tempo de Jesus (com os mesmos espíritos) se levantarão (reencarnarão) juntamente com a Rainha do Sul (de Sabá) e os ninivitas, nos últimos dias do juízo final, os quais, reencarnados, condenarão as citadas duas gerações de assassinos do Velho Testamento e de incrédulos contemporâneos de Jesus, que são reencarnações das gerações assassinas do passado. “A rainha do Sul se levantará com os homens desta geração (contemporânea de Jesus, a mesma assassina do V.T.), e os condenará...” (Lucas 11:31; Mateus 12: 38-42). “Ninivitas se levantarão no juízo com esta geração, e a condenarão...” (Lucas 11:32).
Vejamos que o “castigo” virá sobre aquela geração incrédula do tempo de Jesus, que, como vimos, é a mesma do passado e a mesma do futuro que será julgada pela rainha do Sul e os ninivitas. “Por isso é que vos envio profetas sábios e escribas: a uns matareis... de tal forma que venha sobre vós todo o sangue justo que se derrama sobre a terra, desde o sangue de Abel, o justo, até o sangue de Zacarias... Em verdade vos digo que tudo isso virá sobre esta geração”.(Mateu 23: 34-36). Essas questões se tornam ainda mais claras, quando sabemos que descendentes não pagam pecados de antepassados. (Ezequiel 18:20).
Quem não enxergar nesses fatos bíblicos a reencarnação, é mesmo porque não a quer ver. “E o pior cego é aquele que não quer ver”!

Esta coluna, de José Reis Chaves, às segundas-feiras, no diário de Belo Horizonte, O TEMPO, pode ser lida também no site www.otempo.com.br - Clicar colunas. Ela está liberada para publicações. Meus livros: “A Face Oculta das Religiões”, “A Reencarnação na Bíblia e na Ciência” Ed. EBM (SP) e “A Bíblia e o Espiritismo”, Ed. Espaço Literarium, Belo Horizonte (MG) – www.literarium.com.br - e meu e-mail: jreischaves@gmail.com - Os livros de José Reis Chaves podem ser adquiridos também pelo e-mail: contato@editorachicoxavier.com.br e o telefone: 0800-283-7147.

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