quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Por que sou tão infeliz?


O fim de ano acentua a tristeza e a melancolia em muitas pessoas, nas recordações de perdas variadas coincidentes com o período em outras épocas ou com a saudade dolorida de um ser querido que já partiu. Ou mesmo nas frustrações e decepções que se acumulam sob variadas formas. 
À costumeira pergunta que explode no coração deprimido, que se desencantou ou busca razões para entender a própria vida, permito-me transcrever pequeno trecho, ainda que parcial, em treze itens:

1 – “(...) a felicidade se encontra onde cada qual coloca o coração (...)”;
2 – “(...) se você situa as aspirações no prazer fugidiço, no ouro mentiroso e nas paixões que ardem e se apagam breve, a sua ausência produz a desdita (...)”;
3 – “(...) se pensa em paz de consciência, retidão moral e dever corretamente cumprido, como metas de dignidade e honradez, a ventura se estabelecerá no coração tranquilo (...)”;
4 – “(...) Quem deseja usufruir sem merecer, receber sem dar, colher sem haver semeado é obrigado a furtar e converter-se em indigno beneficiário da vida, que lhe impõe recomeços difíceis (...)”;
5 – “(...) Todos podemos conseguir a felicidade se soubermos e quisermos bem conduzir nossas aspirações (...)”;
6 – “(...) Muitos desejariam um pomar referto, um jardim de messes. Por não consegui-los, desalentam-se, esquecidos de que também poderiam tornar-se um arbusto verde ao caminho pedregoso, adornando a estrada adusta (...)”;
7 – “(...) Felicidade é o bem que fazemos, não o gozo que fruímos (...)”;
8 – “(...) A felicidade não resulta do que se tem e do que se frui, mas do que se é e do que se faz (...)”;
9 – “(...) Não nos queixemos! A reclamação reflete insatisfação pelo que temos, a traduzir a revolta de que nos consideramos defraudados e, em consequência, injustiçados por Deus (...)”;
10 – “(...) Cada um recebe, não como julga merecer, (...), mas de acordo com o que nos seja melhor para o bem estar real (...)”;
11 – “(...) Não se lamente mais e saia do egoísmo vexatório, insatisfeito, fator de sua inquietação, aprendendo a descortinar belezas e esperanças (...)”;
12 – “(...) se fecharmos a janela, campeiam as sombras neste recinto. Se as abrirmos, reinará a claridade (...)”;
13 – “(...) A forma como se encontrarem as janelas das nossas intenções espirituais, morais e mentais, dirá do que preferimos: luz ou sombra, alegria ou dissabor (...)”.

Os itens transcritos estão no capítulo 19 do livro Tramas do Destino, de Manoel Philomeno de Miranda, por Divaldo Pereira Franco. Eles fazem parte da longa e notável resposta à pergunta de um dos personagens da bela história. Abstenho-me de resumir a história para não tornar longa a presente abordagem, indicando o excelente livro ao leitor. O leitor encontrará com facilidade referida obra, que foi lançada em 1981 e possivelmente deve estar disponível na net, pois não cheguei a pesquisar esse detalhe.
Notará o leitor que cada item é material de farta reflexão. Pensando nos abatidos pela melancolia e agora, diante do ano novo, sempre é tempo de renovar os pensamentos e alterar os modelos de comportamento. Se algo não vai bem, isso indica necessidade de mudança. O extraordinário capítulo é fonte de ampla orientação e motivação extensa para a alegria de viver, com gratidão e disposição para agir corretamente. Esforcemo-nos, pois, pelas mudanças que se fazem essenciais.

Orson Peter Carrara

Imagem ilustrativa.

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Planos cognitivos da Natureza


O homem moderno, sobretudo da parte dos mais soberbos, se gaba de sua inteligência, achando que nada pode superá-la, ironizando os que creem e pensam diferente deles, dos que declaram que o homem muito pouco sabe de si mesmo, da Natureza e das coisas que lhe servem de morada temporária neste mundo terreno, bem como do universo, este grande enigma de todos nós. 
Com o advento do Espiritismo no mundo, a partir de 1857, vislumbrara-se uma nova realidade do homem no mundo, de todos os seres animados e inanimados, pelas provas evidentes de uma nova e mais completa realidade a se destacar por força mesma das coisas, pois, de fato, é isto o que o Espiritismo em si mesmo representa: uma potência incontestável da natureza, que, mesmo em sua invisibilidade, representa uma eterna e ordenada virtude de expressar-se e materializar-se no mundo das formas físicas e materiais; potência sábia e benevolente, conquanto inabalável por quaisquer outros decretos, e, da qual, portanto, nada pode escapar, fugir ou negar, pois que é lei e força de todos os tempos, de todas as eras, vivificando seres e coisas e atuando de modo ininterrupto nas suas composições e recomposições transmigratórias, sendo o Espírito o seu motor principal, nas idas e vindas constantes por sua imorredoura existencialidade. 
Assim, com o Espiritismo, e sua notável contribuição filosófica da verdade, o homem enfim compreendera que não está só no universo, repleto de vida, de inteligência, de progresso das mais diversas coisas, dos mais diversos seres que só desaparecem para o reaparecer e progredir sempre, até que a casca grosseira e rude de suas formas se sutilize por força imperiosa da evolução, do progresso irrefreável que lhe sublima a vida, a consciência, o ser principal. 
Com o Espiritismo, pois, compreendeu-se e compreende-se que o universo é feito de inteligência diversificada na forma; que todos os seres e todas as coisas só existem e se mostram na forma física de suas vestes passageiras graças a um desenho prévio anterior, de uma matriz invisível que lhe organiza e compactua a matéria disforme, concedendo-lhe força e higidez, estrutura e plasticidade, consoante normas processuais e evolutivas de um psiquismo interno, diretor da forma, seu comandante decisivo e crucial. 
Para o homem comum, soberbo e culto, viciado e intransigente, só existia no mundo sua inteligência e sua cultura, sendo tudo o mais, da natureza e das coisas que lhe cercam os passos, forças instintivas em ação, operando aqui e trabalhando ali, cegas e mecânicas, sem motivações outras que não o acaso de sua existência, sua vida desprovida de objetivos, finalidades outras, tudo sem qualquer motivo, sem razão de ser. 
Entretanto, com o Espiritismo, uma nova visão de mundo se lhe apresenta, onde tudo tem sua razão de ser, uma causa, uma finalidade, destino certo e determinado para todos os seres e todas as coisas, da pedra ao homem, da matéria à consciência, tendo como mola propulsora de tudo o progresso, esta mudança para algo mais e melhor, para a compreensão superior da vida, de tudo e de nós mesmos, como seres inteligentes e imortais. 
Assim, abaixo do homem, temos os nossos irmãos menores, instintivos, mas também sensibilizados, dotados de uma inteligência mecânica, não raciocinada, mas encaminhando-se para a racionalização; e, ao lado do homem, na invisibilidade do espaço extracorpóreo e fora do alcance dos seus olhos carnais, destacam-se individualidades semelhantes, compondo vasta humanidade espiritual; e pairando acima de nós todos e, paradoxalmente imanente a tudo e a todos nós, outra e mais destacada Inteligência, a de Deus-Pai, Amorável Criador. 
Assim temos, nas alíneas (a), (b), (c) e (d), os seguintes parâmetros compondo uma complexa unidade cognitiva, do átomo ao homem, e, do homem a Deus: 
a) – Plano Cognitivo de Coisas e Seres da Natureza: providos de variada forma de instintos, de inteligência fragmentária, que, num crescendo ininterrupto, do átomo aos animais, passando pelos vegetais, vão se aperfeiçoando a caminho da inteligência contínua, do plano superior que se lhe segue naturalmente; 
b) – Plano Cognitivo da Humanidade; de inteligência contínua, raciocinada, que se prolonga ainda almejando formas conscienciais mais elevadas e, portanto, muito acima do homo sapiens, nós mesmos desta comunidade terrena;  
c) – Plano Cognitivo da Humanidade Espiritual: dos nossos irmãos extracorpóreos mais ou menos inteligentes, como nós mesmos, estando apenas desenfaixados das formas físicas do mundo pela desencarnação, e também consolidando progressos diversificados; e 
d) – Plano Cognitivo Imanente a Tudo: presente em todos e em cada um, destacando-se do mesmo a Inteligência Suprema, nosso Pai e Criador estando a velar por cada qual de suas criaturas, componentes dos planos anteriormente citados, estando bem próximo de nós por Si mesmo, ou, pela presença amiga dos protetores espirituais constantes da alínea anterior; sendo este, pois, o Plano Dominante, que, incorporando (d) e (c), não só abrange como também dirige evolutivamente todos os demais, pois que é infinito em Sua Existencialidade, Espírito Supremo irradiando Bondade, seu eterno Amor. 
Com efeito, o Espiritismo modifica e amplia a concepção dos instintos e da inteligência no mundo, consoantes alíneas (a) e (b), mostrando-nos as possibilidades doutras formas cognitivas inclusas nas demais e sucessivas alíneas (c) e (d).  
E, mais ainda, conceituando, como de fato assim o é, que o universo é feito de inteligência diversificada na forma, seja ela material, vegetal, animal ou hominal, como também nas formas não físicas do ser que se transmudara do corpóreo para o extracorpóreo, para, então, mudar de novo, tal qual lagarta que abandona o casulo de sua obscuridade e alça voos de borboleta livre e desembaraçada da imobilidade anterior; sendo tais voos, entrementes, de curta duração e só se verificam tal como pausa necessária para, então, encarcerar-se de novo na carruagem física do mundo, mola e instrumento de sua evolução.  
Assim, os processos cognitivos da natureza se patenteiam como sendo bem mais amplos e bem mais complexos que o paradigma materialista do mundo, forma acanhada e entristecida dos que pensam por metades, filosofando o ceticismo, a angustiosa existencialidade dos Nietsche, dos Sartre contemporâneos e suas fórmulas ridículas e bisonhas. 
Ora, Kardec, com os Códigos Imortais do Espiritismo, e como verdade iniludível da natureza, já invertera a ordem das coisas: a substância fundamental do universo é o Espírito, o princípio inteligente de todas as coisas, e não a matéria desprovida de quase tudo, de movimento, de vida e de ação. 
Invertendo-se a ordem das coisas, e substituindo-se a matéria pelo Espírito, função de um cognitivo imortal, não só se conhece como também se dignifica a substância arquitetônica de seres e coisas que, no homem, atinge formas conscienciais mais elevadas, conquanto suscetível, ainda, de novas e mais complexas formas mentais, crescendo, ininterruptamente, para a compreensão do Deus-Pai, Inteligência Abrangente do Cosmos Universal.


Fernando Rosemberg Patrocínio
f.rosemberg.p@gmail.com
Uberaba, MG (Brasil)

Imagem ilustrativa

segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Inácio Ferreira de Oliveira foi um grande trabalhador espírita. (Médico psiquiatra dirigiu por muito tempo o Sanatório Espírita de Uberaba)
Desencarnado em 1988 vem, através da psicografia, nos dar esse importante alerta.

Irmãos e irmãs, o que vale no Espiritismo é o que você faça dos conhecimentos que for adquirindo nele. O resto – acredite –, não conta muito.
Quando desencarnei, ninguém queria saber qual era o meu nome, endereço, tampouco os títulos que eu possuía – aliás, ninguém queria saber nada de mim, nem me perguntava coisa alguma.
A minha consciência é que, insistentemente, me pedia contas.
A bem dizer, a minha condição de espírita nada significava, e nem significa até hoje.
Sem a intenção de ser redundante, o que vale é o valor – o seu valor pessoal, sem rótulos, ou faixas, de qualquer espécie.
Deste Outro Lado, a única coisa capaz de lhe valer é o seu currículo – o seu currículo de bondade! Porque, no fundo, é isto que irá proporcionar a você alguma réstea de luz, para que, mesmo caminhando na escuridão, consiga evitar o abismo...
Não cometa a tolice de imaginar que, na Vida de além-túmulo, o espírita possa ser tratado com deferência. Privilégio, ou o famoso “jeitinho” brasileiro, é algo que por aqui não existe!
Chico Xavier dizia, e com razão, que os espíritas estavam desencarnando mal – estavam, e, em geral, ainda estão!
Sinceramente, o único predicado que eu invejo numa pessoa, seja ela qual for, é a bondade! Depois que a gente larga a carcaça, para quem  é realmente bom, aqui todas as portas se abrem, e todos os caminhos se desimpedem! Em vez de ele pedir audiência com os anjos, são os anjos que pedem audiência com ele!...
Por isto, eis o conselho que lhe dou: teorize menos, e procure servir mais!
O mundo é um caldeirão que ainda vai continuar fervendo durante muito tempo... É possível que você vá desencarnar e tornar a reencarnar nele, encontrando amanhã quase tudo como está agora.
De uma encarnação a outra, o espírito melhora muito pouco... A evolução, para quem não se conscientiza, acontece quase que a passo de lesma – dessas que deixam o seu rastro gosmento no chão!
Não creia ser diferente.
Não estou querendo desanimar a quem seja, mas, se você se interessa pela Verdade, ei-la aqui de maneira nua e crua.
“Nosso Lar”, a colônia espiritual que muita gente na Terra almeja habitar, tem muito mais católicos, protestantes, umbandistas, e até mais ateus, do que espíritas...
Não, não se creia o suprassumo, porque você não o é!
Como é que eu posso dizer isto?! Ser espírita é só acréscimo de responsabilidade espiritual – nada mais do que isto. O que nós já sabemos é mais que suficiente para que, pelos nossos erros, a nossa consciência nos penitencie por muitas e muitas encarnações.
Conheço muita gente que não quer saber o que a gente sabe só para não ter que responder pelo que respondemos, ou responderemos.
Deixe, pois, de professar o Espiritismo como quem toca um clube de futebol, ou um partido político.
Enquanto é tempo, pare de fazer “guerra santa” – contra os outros, e contra os próprios companheiros que você considera equivocados!
Guardião da Doutrina, você?! Ora! Aceite os meus pêsames...
Cuide-se, porque a morte lá vem chegando, e ela é uma locomotiva, que, para atropelá-lo, não pedirá licença!...

Inácio Ferreira
Uberaba – MG, 22 de julho de 2013.