terça-feira, 5 de agosto de 2014

Aproveitar o tempo


Lúcio, de dez anos, estava sempre a reclamar não ter tempo para nada. Quando a mãe lhe perguntava se tinha tarefas da escola para fazer, ele respondia:
— Sim, mas agora não tenho tempo. Estou brincando.
Mais tarde a mãe voltava a perguntar:
— Meu filho, você já fez os deveres da escola?

— Não, mamãe. Depois eu faço; agora estou vendo televisão!
E assim ele deixava para depois tudo que era realmente importante. Certo dia, a professora Meire mandou um recado para a casa dele, pedindo que a mãe de Lúcio comparecesse à tarde. Surpresa, a mãe agradeceu, confirmando.


Quando Lúcio chegou, a mãe quis saber como fora a manhã dele. O menino olhou para ela e respondeu:
— Tudo bem!
 Depois do almoço, a mãe deu uma desculpa e foi à escola.
Meire, que a esperava, levou-a até a sala dos professores e, após se acomodarem, a professora perguntou:
— Alzira, o que está acontecendo com Lúcio? Ele não tem feito os deveres de casa e não estuda para as provas, alegando não ter tempo. Gostaria de saber se isso é verdade, pois é grave a situação. As notas dele estão muito baixas!
A mãe, que ouvia de olhos arregalados, respondeu:
— Não sabia que ele estava mal assim! Quando pergunto sobre as provas, Lúcio diz que a professora ainda não deu as notas, nem entregou o boletim.
— Não é verdade. Procure conversar com seu filho e saber o que está acontecendo.  Estou preocupada, Alzira!
— Diante do que me disse, eu também! Obrigada, Meire. Vou falar com ele.

               
A mãe retornou a casa e encontrou o filho no computador, distraindo-se com um jogo. Pediu que ele desligasse para poderem conversar.
— Agora não posso, mãe. Estou ocupado, não vê? Não tenho tempo!
A mãe levou a mão na tomada e desligou o computador, afirmando:
— Agora nós vamos conversar, meu filho.
Levou-o para a sala e sentou-se com ele. Depois quis saber:
— Lúcio, você sabe o que significa “tempo”?
— Claro que eu sei, mãe! O tempo representa nossa vida. 60 segundos formam um minuto; 60 minutos, uma hora, e 24 horas representam um dia, e assim o mês e o ano... É isso que quer saber?
— Sim, mas vai muito além, meu filho. Perguntei de “tempo”, como oportunidade que Deus nos concede de vivermos e podermos aprender, não apenas na escola, mas com a própria vida; realizar coisas que nos agradem, crescer e evoluir. Mais tarde, escolher uma profissão para ajudar a nós mesmos e a outras pessoas. Entendeu?
— Sim, mãe, mas qual é o problema? Aonde quer chegar?
— Como você gasta seu tempo, Lúcio? — ela respondeu com outra pergunta.
O garoto baixou a cabeça e não disse nada. Então, a mãe considerou:
— O problema, meu filho, é que você gasta seu tempo inutilmente! Nada faz de bom ou de instrutivo, e, por isso, tem problemas. Não valoriza os estudos, especialmente.
— Ah, mãe, é que eu gosto de brincar, jogar, ver televisão! — o garoto murmurou, sem levantar a cabeça.
— Eu sei, você é criança ainda! Mas não pode fazer “apenas” isso! Tem que estudar também, filho. Teremos que prestar contas a Deus pelo tempo que desperdiçamos. Programando seu dia com cuidado, você pode fazer de tudo, sem se descuidar de nada.       
O garoto concordou, e contou à mãe, abrindo-lhe o coração:
— É verdade, mãe. Minhas notas estão péssimas! Eu sei que preciso estudar mais!
Depois, respirou fundo e sorriu aliviado:
— Mamãe, eu estava preocupado. Reconhecer essa verdade e contar para você deixou-me bem melhor. Preciso mesmo programar meu dia! Ajude-me!
— Eu o ajudo, meu filho. Pode contar comigo, mas procure colocar tudo no papel.

Lúcio pegou uma folha, colocou seus horários dividindo as horas. Com exceção da manhã — que era horário escolar —, e deixou um espaço para descanso logo após o almoço; depois, o horário de tarefas e estudo. E viu que ainda sobraria tempo, antes de escurecer, para brincar com os amigos! Feliz, ele mostrou a folha para a mãe, que aprovou.
— Muito bem, meu filho! Agora você só precisa obedecer a essa programação.


— Pode ter certeza, mamãe. Não quero que o Pai do Céu me cobre pelo tempo que desperdicei aqui na Terra. Vou fazer preces pedindo a Jesus que me ajude a ser mais organizado. Tenho certeza de que vou conseguir!
Alguns meses depois, as notas de Lúcio estavam bem melhores e mostrou o boletim para a mãe, com satisfação.
— Você está indo bem e, certamente, tem tido muita ajuda de Jesus! Parabéns, meu filho! Estou orgulhosa de você. Mostrou que tem vontade: decidiu mudar e manteve sua decisão.
— E sobra tempo para tudo, mamãe!

Meimei

(Recebida por Célia X. de Camargo, em 9/06/2014.) 

Enviado por: Célia Xavier de Camargo 
cxcamargo@uol.com.br
Rolândia-PR

segunda-feira, 28 de julho de 2014

A inclusão das crianças especiais não é uma utopia


O conhecido estudioso e psicopedagogo espírita fala sobre a questão da inclusão das crianças especiais nas instituições espíritas 

Marcos Paterra (foto), radicado em João Pessoa, capital do Estado da Paraíba, é psicopedagogo, palestrante e articulista espírita, membro da AME/PB. Na presente entrevista ele nos fala como vê a questão da inclusão das crianças especiais nas instituições espíritas. 

Como psicopedagogo e espírita, como o senhor vê a inclusão de crianças especiais nas instituições espíritas?

Nas instituições espíritas percebemos que poucos centros se adequam na estrutura física e menos ainda têm pessoas com conhecimento para lidar com as diversas e complexas  formas de deficiências. A inclusão, tanto nas instituições espíritas ou mesmo nas escolas, é para alguns uma utopia, pois embora algumas instituições se adequem para algumas deficiências instalando rampas, banheiros apropriados, a falta de conhecimento dentre os que ali estão torna a estadia de crianças ou mesmo adultos um tanto comprometida.
Vejo instituições que fundam associações ou fundações paralelas para tratamento de crianças especiais, ou de doenças crônicas ou mesmo para deficientes físicos. Isso é muito bom, mas restringe a elas a inclusão, além do que tem fins específicos para determinado  tratamento. E as outras instituições onde no bairro há uma família com um filho autista, ou deficiente auditivo, ou Down? Tem que excluir seu filho ou se deslocar para uma instituição que o aceite ou possa integrá-lo? 

O senhor então considera a inclusão uma utopia?

Não.  Mas...  A inclusão se baseia em vários conceitos, dentre eles posso frisar três, em que é necessário que a criança:
1. Seja uma pessoa que se encontra dentro de um grupo, no sentido de dele fazer parte.
2. Que tenha amigos e relações sociais significativas com iguais, ou sinta que participa na vida social, contribuindo com alguma coisa.
3. Por fim que seja tratada com igualdade, carinho e respeito como a pessoa única que é.
Resumindo, ela tem que ser inserida de modo a sentir bem-estar pessoal e social. Fica evidente que a inclusão sem esses conceitos não assegura inclusão social. Se as instituições não pensarem e agirem baseadas nesses conceitos, as mudanças estruturais para deficientes não terão usuários com deficiência.
        
Qual sua opinião quanto à inclusão nas escolas de evangelização espíritas?

Um dos grandes desafios das instituições espíritas, atualmente, é saber lidar com a criança que apresente alguma deficiência. Em seu despreparo o centro espírita pode desencadear mais problemas ainda, e até mesmo agravar os já existentes, reforçando nessa criança o autoconceito negativo, a desmotivação, o desinteresse e outros mecanismos de defesa, como a indisciplina, rebeldia ou agressividade, que utiliza para justificar a sua incompetência diante da aprendizagem, acreditando-se incapaz de internalizar novos conhecimentos. Acredito que seja necessária a construção do Projeto Pedagógico moldado às novas condições, e também identificar e intervir junto às dificuldades que esses alunos incluídos possuem ou tendem a possuir nessa nova perspectiva de ensino.

Que consequências você vislumbra para o processo de evangelização infantil e juvenil advindas da carência de uma visão inclusiva nessa atividade no movimento espírita atual?

Enfrentamos um paradigma cultural que vem dos conceitos eugenistas, em que o que é diferente ou deficiente deve ser “excluído”. Assistimos no decorrer dos últimos anos às  tentativas maciças de liberar o aborto, a eutanásia e, é claro, também minar as tentativas de inclusão. Sob esse prisma é necessário criar processos de ensino onde a visão inclusivista seja acrescida, ou teremos espíritas elitizados e moldados a formas arcaicas do conhecimento. Entendo que a própria palavra “Evangelizar” é espalhar a “boa nova” e, portanto, vamos fazer isso aprofundando-nos em uma visão inclusivista, no grande amor de Jesus por todos, sem distinção de sexo ou deficiências. E vou mais além, na evangelização juvenil que abre precedentes para o ESE e o ESDE, deve-se já instigar os jovens à leitura de obras de J. Herculano Pires, Ernesto Bozzano, Bezerra de Menezes, Adenauer de Novaes, e tantos outros que fazem também parte da história do Espiritismo e abordam assuntos pertinentes sobre diversos tópicos, dentre eles as deficiências. E dentro do ESDE seria imprescindível também ter esse incentivo. A doutrina espírita, maravilhosa que é, abre precedentes para a crítica e a autocrítica, e para responder às dúvidas inerentes a essas críticas é necessário ampliar as fontes do saber.
Se nós, que pregamos a caridade e tencionamos o entendimento do ser, não abrirmos precedentes para a inclusão dentro de nossas instituições, e é claro na evangelização,  estaremos caindo na hipocrisia da falsa moralidade e criando seres eugênicos.
  
Você diria que crianças com alguma síndrome, como o autista por exemplo, sofrem algum tipo de obsessão ?

Conforme Bezerra de Menezes na obra Loucura e Obsessão, psicografada por Divaldo Franco, o Autismo, como também todos os processos de limitações e doenças psíquicas ou mentais, é um resgate para Espíritos que em suas encarnações passadas tiveram "poder" de influência, decisão, liderança, ideológico ou coisas assim e que não utilizaram aquele "dom" em um objetivo útil ao próximo, abusando de sua influência e muitas vezes se aproveitando de tudo o que podia fazer para ganho próprio. O psicólogo espírita Adenáuer de Novais na obra “Reencarnação: processo educativo” nos diz: “Há crianças que rejeitam tão fortemente a encarnação atual, aos membros de sua família, ao ambiente em que retornaram, que se alheiam da realidade. Experimentam uma rejeição muito grande à atual encarnação. O Espírito prefere permanecer vinculado ao passado, a algo distante e remoto que,  de alguma forma, lhe recompensa. Esses casos podem levar ao autismo. [...]”.
Em resumo, além da auto-obsessão, essas “crianças que apresentam síndromes” também atraem inimigos do passado que as obsidiam.

Gostaríamos de agradecer sua disposição em nos conceder esta entrevista e pedir suas considerações finais.

Eu que agradeço, e gostaria de aproveitar e enfatizar que a “inclusão” não se restringe aos portadores de deficiência, mas também envolve as diversidades étnicas, a opção sexual e as diferenças sociais ou religiosas. Devemos lembrar que, segundo aprendemos no Espiritismo, o corpo nada mais é que uma carcaça para que o Espírito possa habitar e evoluir. Sob essa ótica somos todos Espíritos...  Portanto, todos IRMÃOS!
Devo também lembrar que os Centros Espíritas ajudam e orientam nas questões espirituais, todavia se o frequentador/evangelizando necessita de cuidados médicos ou fazer uso de remédios, não podemos nem devemos interferir. Nosso tratamento é baseado na fluidoterapia e na orientação, mas não descartamos o auxílio carnal dos médicos.
Para finalizar cito a frase de Kardec em “A Gênese” (pág. 31): “na reencarnação desaparecem os preconceitos de raças e de castas, pois o mesmo Espírito pode tornar a nascer rico ou pobre, capitalista ou proletário, chefe ou subordinado, livre ou escravo, homem ou mulher. Se, pois, a reencarnação funda numa lei da Natureza o princípio da fraternidade universal, também funda na mesma lei o da igualdade dos direitos sociais e, por conseguinte, o da liberdade”. Muito obrigado. 

De: Marcos Paterra

Enviado por:  Marcus Vinícius de Azevedo Braga
marcusbragaprofessor@gmail.com
Brasília, DF (Brasil)  

quinta-feira, 24 de julho de 2014

A reencarnação foi ensinada por Papas e está no Decálogo


A reencarnação pertencia ao cristianismo primitivo. Só no Concílio Ecumênico de Constantinopla (553) é que foi  condenada. Aliás, foi condenada a preexistência bíblica do espírito, que ensina que o espírito já existe quando acontece a concepção do feto. “Antes que eu te formasse no ventre materno, eu te conheci, e antes que saísses da madre, te consagrei e te constituí profeta às nações.” (Jeremias 1: 5). Não existe reencarnação sem a preexistência. E se entendeu que ela foi também condenada.
Os papas Eugênio IV (papa de 1431 a 1447) e Nicolau V (papa de 1447 a 1455) apoiaram o seu ensino pelo sábio cardeal italiano de Cusa (1401 a 1464). (Meu livro “A Reencarnação na Bíblia e na Ciência”, 8ª Edição, página 172, Ed. EBM, SP). Também o Papa são Gregório Magno (papa de 590 a 604) a defendeu. (Idem e “Patologia Latina V. 76, Col. 1.100, Homilia 7, “In Evangelio”, citação de Carlos Torres Pastorino, “Sabedoria do Evangelho”, volume 4, página 120). Para ele, João Batista é reencarnação de Elias (Malaquias 3: 1; e 4: 5; Mateus 11: 14; e Mateus 17: 13). E ele diz que o Batista nega ser Elias (João 1: 21), mas Jesus afirma que seu Precursor é Elias e que já tinha vindo e o haviam degolado. (Mateus 17: 12). Para esse papa, foi como pessoa (personalidade particular de cada reencarnação do espírito) que o Batista negou ser Elias. De fato, geralmente, não nos lembramos das vidas passadas (Jó  8: 9). E continua o Papa Gregório: É como espírito ou individualidade (a personalidade geral da Psicologia Transpessoal de hoje), que animava sua pessoa, que João era o Elias que viveu no tempo do Rei Acab, no século IX antes de Cristo. (Papa são Gregório Magno, Homilia 7, Patologia Latina, Volume 76, Col. 1100, citação de Pastorino, em “Sabedoria do Evangelho, Volume 3, página 21).
E o Decálogo (Os Dez Mandamentos) trazem: “...sou Deus zeloso, que visito a iniquidade dos pais nos filhos, “na” terceira e quarta geração daqueles que me aborrecem...” (Êxodo 20: 5; e 34:7), ou seja, nos netos e bisnetos, quando o avô e o bisavô, geralmente, já se desencarnaram, e então o espírito do avó ou do bisavó já pode voltar reencarnando num neto ou bisneto, pagando ele próprio os seus pecados cometidos no passado. Realmente, os espíritos reencarnam muito nos seus familiares e descendentes. Mas os tradutores dogmáticos falsificaram a Bíblia. E, no lugar da preposição “em” mais o artigo feminino a (na), puseram a “até”, ridicularizando, assim, a justiça divina, pois fazem os espíritos pagarem pecados de outros. Tenho a tradução correta de João de Almeida de 1937, com “na”. Mas, posteriormente, como o espiritismo cresceu muito e pôs em destaque essa preposição (no hebraico “al”), a qual lembra a reencarnação, os tradutores  falsificaram a tradução.
A “American Bible Society”, a tradução para o Esperanto do Dr. Zemenhof (“en la tria kaj kvara generacio”) e a Vulgata Latina de são Jerônimo  (“in tertiam et in quartam generationem”) são fiéis à preposição hebraica “al” (sobre), que significa também em.

Devemos respeitar o cristianismo dogmático dos teólogos, mas o verdadeiro é o bíblico reencarnacionista! 

José Reis Chaves
Escritor, prof. de português pela PUC-Minas, jornalista, biblista,  teósofo, pesquisador de parapsicologia e do Espiritismo na Bíblia,  radialista, palestrante no Brasil e exterior, estudou para padre  Redentorista.
jreischaves@gmail.com
Tel/Fax  (31) 3373-6870. 

Obs.: Esta coluna é de José Reis Chaves, às segundas-feiras, no diário de Belo Horizonte, O TEMPO, pode ser lida também no site www.otempo.com.br - Clicar “TODAS AS COLUNAS”. Podem ser feitos comentários abaixo da coluna. Ela está liberada para publicações. Meus livros: “A Face Oculta das Religiões”, Ed. EBM (SP), “O Espiritismo Segundo a Bíblia”, Editora e Distribuidora de Livros Espíritas Chico Xavier, Santa Luzia (MG), “A Reencarnação na Bíblia e na Ciência”
Ed. EBM (SP) e “A Bíblia e o Espiritismo”, Ed. Espaço Literarium, Belo Horizonte (MG) – www.literarium.com.br - e meu e-mail: jreischaves@gmail.com - Os livros de José Reis Chaves podem ser adquiridos também pelo e-mail: contato@editorachicoxavier.com.br e o telefone: 0800-283-7147.

Na TV Mundo Maior, também pelo www.tvmundomaior.com.br, o “Presença Espírita na Bíblia”, com Celina Sobral e este colunista, às 20h das quintas, e às 23h dos domingos. Perguntas e sugestões: presenca@tvmundomaior.com.br E, na Rede TV, o “Transição”, aos domingos, às 16h15.
“O Evangelho Segundo o Espiritismo”, de Kardec, pela Ed. Chico Xavier. www.editorachicoxavier.com.br (31) 3636-7147 - 0800-283-7147, com tradução deste colunista.
Recomendo “O Despertar da Consciência – do Átomo ao Anjo”, de Sebastião Camargo. www.sebastiaocamargo.com.br, www.odespertardaconsciencia.com.br e www.editorachicoxavier.com.br

Seicho-No-Ie, “Seminário da Luz”, em 8-6-2014. Orientadora: Preletora da Sede Internacional, Marie Murakami. Local: Chevrolet Hall, Av. Nossa Senhora do Carmo, 230, Savassi, das 10h00 às 16h30. Contato: (31) 3411-7411.
    
Notícias do Movimento Espírita: : http://ismaelgobbo.blogspot.com.

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