sexta-feira, 20 de maio de 2016

Objetivo da mediunidade


A clareza de Allan Kardec é impressionante! Não deixa dúvidas e só nos desviamos da correta prática espírita porque não prestamos atenção às diretrizes doutrinárias. Ou não conhecemos, o que seria ainda pior, já que tudo está à disposição.
Diz o Codificador no item 7, no capítulo XXVI de O Evangelho Segundo o Espiritismo, no subtítulo Mediunidade Gratuita, com muita clareza que, inclusive, define objetivo da mediunidade: “Os médiuns modernos – porque os apóstolos também tinham mediunidade – igualmente receberam de Deus um dom gratuito: o de serem os intérpretes dos Espíritos para a instrução dos homens, para mostrar-lhes o caminho do bem e conduzi-los à fé (...)”.
Notemos que já podemos definir didaticamente os objetivos da mediunidade: a) Serem os intérpretes dos Espíritos para instrução dos homens; b) Mostrar-lhes o caminho do bem; c) Conduzi-los à fé.
Percebe-se que os itens definem função e trabalho a que podemos nos dedicar e desdobram-se em múltiplos raciocínios para debates e reflexões de expressiva oportunidade para o bom entendimento da questão. Meditemos seriamente em cada um deles e perceberemos o referido alcance.
E o raciocínio de Kardec no texto em questão é extraordinário, ao referir-se à gratuidade da prática mediúnica, pois que “(...) não são o produto de sua concepção, nem de suas pesquisas, nem de seu trabalho pessoal. (...) não é um privilégio, e se encontra por toda parte, fazê-la pagar seria, pois, desviá-la da sua finalidade providencial (...)”.
E a orientação se estende, agora no item 8: “Todo aquele que conhece as condições nas quais os bons espíritos se comunicam, sua repulsa por tudo o que seja do interesse egoístico, e que sabe quão pouca coisa é preciso para os afastar (...)”. E acrescenta no mesmo item: “(...) não poderá jamais admitir que os espíritos superiores estejam à disposição de qualquer um que os chamasse a tanto por sessão (...)”.
E o melhor é que oportuna advertência nos abre os olhos para descuidos: “(...) Os espíritos levianos, mentirosos, espertos, e toda a multidão de espíritos inferiores, muito pouco escrupulosos, vêm sempre, e estão sempre prontos para responder ao que se lhes pergunta, sem se importarem com a verdade. (...)”.
E após outras importantes considerações, já no item 9 – quase concluindo –, o Codificador informa: “(...) A mediunidade séria não pode ser, e não será jamais, uma profissão, não somente porque seria desacreditada moralmente, e logo comparada aos ledores de sorte, mas porque um obstáculo material a isso se opõe; é uma faculdade essencialmente móvel, fugidia e variável, coma permanência da qual ninguém pode contar. Seria, pois, para o explorador, um recurso sempre incerto, que poderia lhe faltar no momento em que lhe seria mais necessário. (...)”.
 E completa com sabedoria: “(...) a mediunidade não é nem uma arte, nem um talento, por isso ela não pode tornar-se uma profissão; não existe senão pelo concurso dos Espíritos; se esses espíritos faltarem, não há mais mediunidade; a aptidão pode subsistir, mas o exercício está anulado; assim não há nenhum médium no mundo que possa garantir a obtenção de um fenômeno espírita em dado instante. (...)”.
Sugiro ao leitor buscar o texto íntegra que se conclui com referências à mediunidade curadora, em valiosa reflexão. Meditemos, contudo, na importância da clara e sábia advertência: se os espíritos faltarem, não há mais mediunidade; a aptidão pode subsistir, mas o exercício está anulado.
Com tal raciocínio fica fácil entender a origem das fraudes e tentativas de exploração com a mediunidade, cuja finalidade está bem acima de mesquinhos interesses de ganho, pois que seu objetivo é o bem e a instrução das consciências humanas.

 Orson Peter Carrara

segunda-feira, 16 de maio de 2016

Liberdade


Em filosofia, liberdade pode ser compreendida tanto negativa quanto positivamente. Sob a perspectiva negativa, denota a ausência de submissão e de servidão, já na segunda, é a autonomia e a espontaneidade de um sujeito racional. Segundo o dicionário Michaelis, “liberdade é um estado de pessoa livre e isenta de restrição externa ou coação física ou moral. 
Poder de exercer livremente sua vontade ou condição do ser que não vive em cativeiro”. A busca da liberdade sempre foi uma constante na história da raça humana. Ela compõe o conjunto dos elementos que habitualmente se imagina sejam necessários ao bem-estar das criaturas. Parece de pouca serventia possuir alguns bens, da espécie que sejam, sem a liberdade de desfrutá-los. Para ser livre, muitas vezes o homem trilhou caminhos tortuosos. 
Para Carlos Bernardo González Pecotche (1901-1963), a liberdade é prerrogativa natural do ser humano, já que nasce livre, embora não se dê conta até o momento em que sua consciência o faz experimentar a necessidade de exercê-la como único meio de realizar suas funções primordiais da vida, e o objetivo que cada um deva atingir como ser racional e espiritual. Como princípio, assinala ao homem e lhe substancia sua posição dentro do mundo, enfim, é preciso vinculá-la muito estreitamente ao dever e à responsabilidade individual, pois estes dois termos, de um importante conteúdo moral, constituem a alavanca que move os atos humanos, preservando-se do excesso, sempre prejudicial à independência e à liberdade de quem nele incorre. 
A liberdade pode ser dita de diversas formas: liberdade do fazer; do querer; autonomia; direito ou participação política. De várias formas também ela se emprega: como arma política ou elemento doutrinal; como simples palavra ou como conceito; como ideia reguladora ou apelo à experiência. Jesus afirmou que o conhecimento da verdade nos libertaria. De fato, uma compreensão mais aprofundada das leis da vida, ao despir o homem de suas ilusões, livra-o da mesquinhez, do egoísmo e do orgulho. 
Em O avesso da liberdade, de Adauto Novaes, há um grupo de artigos dedicados ao que poderia se chamar de “transcendental: a liberdade é pensável?”, nos fazendo refletir em quais impasses, as dificuldades conceituais, os paradoxos que é preciso vencer ou enfrentar para que faça sentido o emprego dessa noção? Tudo depende do quadro conceitual em que nos movemos, por exemplo, pensar a liberdade nos quadros de uma doutrina materialista. Como pensar, sem fazer recurso de outra realidade senão a da matéria, sem recorrer ao espírito ou a qualquer outra forma de dualismo, a ação, a voluntariedade e a liberdade que lhe são próprias, se a matéria é o elemento de uma ordem natural, cujas determinações ela sofre desde o exterior? 
Em O Livro dos Espíritos, Allan Kardec, ao buscar respostas sobre a liberdade absoluta, encontra as sábias palavras afirmando que o homem não gozará de absoluta liberdade porque todos precisam uns dos outros. No convívio familiar ou social, é impossível ser totalmente livre. Os seus direitos terminam onde começam os direitos do seu próximo, pois a completa libertação possível é a das paixões, dos instintos inferiores, que tanto infelicitam a humanidade. Ao traçar as metas da vida, devemos buscar antes libertar-nos da dor e do desequilíbrio. Para tal, um padrão de conduta reto e equilibrado, marcado pelo bom senso, sempre será o melhor roteiro. No pensamento goza o homem de ilimitada liberdade, pois que não há como pôr-lhe peias. A consciência é um pensamento íntimo que pertence ao homem, como todos os outros pensamentos, pois podem reprimir-se os atos, mas a crença íntima é inacessível, exceto para Deus.
O homem tem o livre-arbítrio de seus atos, ou seja, assim como tem a liberdade para pensar, tem igualmente a de obrar. Há, portanto, liberdade de agir, desde que haja vontade de fazê-lo. Temos o poder para imprimir na nossa existência o padrão de felicidade ou de aflição com o qual desejamos conviver. A liberdade é Lei da vida, que faz parte do concerto da harmonia universal. Somos o que de nós próprios fazemos, movimentando-nos no rumo que elegemos. A busca da felicidade é uma meta comum entre todos os seres humanos. Todos almejamos, de alguma forma, alcançá-la. Cada ser a idealiza de modo diferente dos demais. Para alguns a felicidade é ter uma família, para outros é estar sadio e sentir-se bem, ou ainda, é confundida, por alguns, com conforto material. Na realidade, sabemos que a felicidade verdadeira não é deste mundo, como nos ensinou Jesus.
O homem só pode agir sobre o mundo que o rodeia e sobre sua própria natureza, aplicando os poderes que em si possui, por meio dos órgãos das suas diversas faculdades. O material de que hão de ser feitas estas faculdades tem que ser perfeito: sentimentos bons e generosos, uma mente dotada e educada, uma natureza espiritual pura e profunda. Devemos abrir os caminhos limpos e puros através do labirinto da vida, sem jamais consentir em desvios do propósito traçado.
Avaliemos se nossos atos, nossas escolhas de agora, serão motivos de sofrimento ou de ventura mais adiante. Somos livres para semear o que bem nos aprouver, conscientes, no entanto, de que estaremos obrigatória e inafastavelmente vinculados à colheita de seus frutos. Saibamos ser livres dos vícios que corroem a raça humana, e utilizemos da Sabedoria para orientar-nos no caminho da vida; da Força para nos animar a sustentar em todas as dificuldades e a Beleza para adornar todas as nossas ações, nosso caráter e nosso Espírito.

Marcel Bataglia
Balneário Camboriú, SC (Brasil)

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quinta-feira, 12 de maio de 2016

“Romana Legio Omnia Vincit”


Essa expressão curiosa, título do presente artigo, um lema do exército romano criado pelo imperador Júlio César (110 a.C. a 44 a.C.), traduzida do latim, significa que “Legião Romana a tudo vence”, uma exaltação às vitórias seguidas da máquina de guerra que Roma montou e que lhe garantiu, em determinado momento histórico, a conquista de grande parte do globo terrestre e com isso influenciar toda a cultura ocidental. Hoje, está nos anais da história... 
O espírito desta frase nos remete àquelas pessoas que têm na vida um tapete vermelho, que tudo vencem e que sempre se dão bem. Ilustrados na literatura pelo Rei Midas, pelo Gastão da Disney, são antíteses do Jó bíblico, com um caminho florido e ajustado no qual tudo concorre para seu sucesso. Pessoas “Omnia Vincit”. 
Certamente, conhecemos muitas delas. Algumas pessoalmente, outras, apenas como celebridades. Com fartos atributos combinados e valorizados pela sociedade-beleza, riqueza, inteligência, fama, carisma, família estruturada-,potências que se somam ao seu esforço e dedicação, que, combinados com o que chamamos erroneamente de sorte, tem-se que em tudo que eles tocam vira ouro. 
Objeto de inveja e de admiração, esses vencedores na ótica da vida terrestre, pela visão da vida maior, carregam fardos, por vezes imperceptíveis, no orgulho e na vaidade que os atormentam, no medo do fracasso nunca experimentado, na solidão de não saber em quem confiar, nas ameaças do egoísmo que o isolam do mundo, na evidência que torna postiças suas relações. 
Seduzidos pelos gramados verdes dos vizinhos, esquecemos que essas pessoas, para as quais as coisas parecem fáceis, esforçam-se e lutam, em batalhas internas e externas, e apesar de parecer que elas tudo vencem, amargam também derrotas em campos muitas vezes desvalorizados. Imagine, estimado leitor, no exercício da indulgência, a pressão que sofrem esses vencedores... 
A doutrina espírita, pela lógica da reencarnação, vem trazer a essa questão uma outra percepção. É prova o papel de perdedor, mas também é a vitória no mundo. Nas diversas roupagens que experimentamos, crescemos na dor, mas evoluímos também pelas posições de mando e de destaque, de maneiras diferentes. Em tudo, a lógica divina aproveita para o crescimento do Espírito. O que às vezes ressoa como um canto de sereia figura como uma armadilha mortal, nos ensina bem a literatura espírita, por nos trazer uma visão ampliada. 
N’O Evangelho segundo o Espiritismo, o Espírito de Lacordaire, em bela mensagem sobre o bem e o mal sofrer, nos diz que:“(...) poucos sofrem bem, poucos compreendem que somente as provas bem suportadas podem conduzir ao Reino de Deus. (...) Tendes ouvido frequentemente que Ele não põe um fardo pesado em ombros frágeis. O fardo é proporcional às forças, como a recompensa será proporcional à resignação e à coragem”. Mas temos dificuldade no mundo, e em seus valores, de identificar o que são fardos e qual o seu tamanho, e que nestes também cabe o “bem sofrer”! 
A lei é de amor, e o amor paira além dessas relações. Muitos desses iluminados, robustos em inteligência e posses, padecem da falta dessa competência essencial e encontram na cesta de oportunidades que a vida lhes oferta um caminho para desenvolver esse amor, às vezes negligenciado. Jesus dizia que venceu o mundo...Interessante refletir sobre que natureza de vitória seria essa! 
Tudo é passageiro, é experiência, é aprendizado. Mesmo que brademos para nós mesmos que tudo vencemos, sabemos que na verdade não é bem assim. Todos somos frágeis meninos nas lutas da vida, dependendo do pão nosso de cada dia, da saúde, da família e dos amigos. Somos ovelhas do rebanho divino e ele nos pastoreia, cada um a seu jeito, conforme sua necessidade Espiritual.

Marcus Vinicius de Azevedo Braga
acervobraga@gmail.com
Rio de Janeiro, RJ (Brasil)

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domingo, 8 de maio de 2016

Predições do Evangelho


O título da presente abordagem é o mesmo utilizado por Allan Kardec no capítulo XVII de A Gênese, obra integrante da Codificação Espírita e publicada em 1868. A significativa expressão engloba estudos de Kardec sobre diferentes passagens anotadas pelos evangelistas e com a perspectiva de previsão, ou anúncio do que vai acontecer, predito, previsto até por conjectura, em recurso didático bastante utilizado por Jesus nos diálogos com seus discípulos. 
O capítulo em referência traz diversos subtítulos com essa finalidade de estudo e análise dos textos dos Evangelhos. No item 30, no texto do subtítulo Parábola dos Vinhateiros Homicidas, traz importante advertência às nossas distrações ou negligências com a evolução moral.  
Peço ao leitor ler novamente a parábola, que bem é uma predição do comportamento geral humano frente às lições de amor enviadas por Deus aos filhos, por meio de mensageiros diversos em todos os tempos, culminando com a presença viva de Jesus, que não foi compreendido e morto pela ignorância reinante. 
O notável texto de Kardec é de uma atualidade impressionante. Ele inicia assim no item citado (30): “O pai de família é Deus; a vinha que plantou é a lei que estabeleceu; os vinhateiros aos quais arrendou a sua vinha são os homens que devem ensinar e praticar a sua lei; os servidores que enviou para eles são os profetas que fizeram perecer; seu filho que enviou, enfim, é Jesus, que fizeram perecer do mesmo modo. (...)”. 
Depois prossegue no texto que desejamos destacar pensando nas desorientações generalizadas que encontramos na atualidade do planeta:

“(...) Que fizeram os homens das máximas de caridade, de amor e de tolerância de Jesus? Que fizeram das recomendações que fez a Seus apóstolos para que convertessem os homens pela brandura e pela persuasão; da simplicidade, da humildade, do desinteresse e de todas as virtudes que Ele exemplificou?!   Em Seu nome, os homens se anatematizaram mutuamente e reciprocamente se amaldiçoaram; estrangularam-se em nome d`Aquele que disse: “Todos os homens são irmãos”. Do Deus infinitamente justo, bom e misericordioso que Ele revelou, fizeram um Deus cioso, cruel, vingativo e parcial; àquele Deus, de paz e de verdade, sacrificaram nas fogueiras, pelas torturas e perseguições, muito maior número de vítimas do que as que em todos os tempos os pagãos sacrificaram aos seus falsos deuses; venderam-se as orações e as graças do Céu em nome d`Aquele que expulsou do Templo os vendedores e que disse a Seus discípulos: “Dai de graça o que de graça recebestes”. 
E conclui com sabedoria:

“Que diria o Cristo, se viesse hoje entre nós? Se visse os que se dizem Seus representantes a ambicionar as honras, as riquezas, o poder e o fausto dos príncipes do mundo, ao passo que Ele, mais rei do que todos os reis da Terra, fez a Sua entrada em Jerusalém montado num jumento? Não teria o direito de dizer-lhes: “Que fizestes dos meus ensinos, vós que incensais o bezerro de ouro, que dais a maior parte das vossas preces aos ricos, reservando uma parte insignificante aos pobres, sem embargo de haver eu dito: Os primeiros serão os últimos e os últimos serão os primeiros no Reino dos Céus?”. Mas se aqui não está carnalmente, ele o está em Espírito, e, como o senhor da parábola, virá pedir contas aos seus vinhateiros do produto de sua vinha quando o tempo da colheita houver chegado.” 
Valemo-nos, diante de tanta clareza, todavia, do capítulo XV – Fora da Caridade não há salvação, de O Evangelho Segundo o Espiritismo, onde estão os belíssimos textos d Parábola do Bom Samaritano, da Necessidade da caridade segundo São Paulo e a extraordinária “bandeira” do Espiritismo: Fora da Caridade não há salvação. 
É desse luminoso capítulo que extraímos do comentário de Kardec, no item 3: “Toda a moral de Jesus se resume na caridade e na humildade, quer dizer, nas duas virtudes contrárias ao egoísmo e ao orgulho (...)”. É aqui que queríamos chegar. As desorientações em curso, com as perturbações sociais de variados graus de intensidade, com desdobramentos desafiadores, provém do egoísmo e do orgulho. 
E Kardec abrilhanta com seu raciocínio objetivo, no mesmo item: “(...) Em todos os seus ensinamentos, ele mostra essas virtudes como sendo o caminho da felicidade eterna. Bem-aventurados, disse ele, os pobres de espírito, quer dizer, os humildes (...)”. 
A humildade é a virtude que nos tem faltado ao coração; o egoísmo ainda nos avassala os sentimentos. Paulo, o Apóstolo, nos chama a atenção em sua conhecida Epístola sobre o sentimento contrário ao egoísmo em trecho também destacado por Kardec no mesmo capítulo: “(...) A caridade é paciente, é doce e benfazeja; a caridade não é invejosa; não é temerária e precipitada; não se enche de orgulho; não é desdenhosa; não procura seus próprios interesses; não se melindra e não se irrita com nada; não suspeita mal; não se regozija com a injustiça, mas se regozija com a verdade; tudo suporta, tudo crê, tudo espera, tudo sofre (...)”. 
Percebe-se com clareza que o momento aflitivo, de conturbação, com guerras, conflitos, prevalência dos interesses pessoais em detrimento do interesse coletivo, é fruto do egoísmo ainda imperante no comportamento humano. A parábola em referência é bem uma advertência para que prestemos atenção aos "chamados” de fraternidade, incessantemente enviados ao nosso sentimento individual e coletivo. 
A conclusão da parábola – que necessita ser entendida além das palavras – é verdadeiramente um predição: “(...) o senhor (...) arrendará a sua vinha a outros vinhateiros, que lhe entregarão os frutos em sua época.”, conforme anotou Mateus no capítulo XXI, v. de 33 a 41. 
Por isso, para aqueles que nos consideramos cristãos, o apelo é direto, como afirma o mesmo Paulo, igualmente no mesmo capítulo XV de O Evangelho Segundo o Espiritismo, item 10: “(...) Submetei todas as vossas ações ao controle da caridade; (...) não somente ela vos evitará de fazer o mal, mas vos levará a fazer o bem: porque não basta uma virtude negativa, é preciso uma virtude ativa; para fazer o bem, é preciso sempre a ação da vontade; para não fazer o mal, frequentemente, a inércia e a negligência (...)”.
Ação da vontade! Afinal, conclui o apóstolo: “(...) todos aqueles que praticam a caridade são os discípulos de Jesus, qualquer seja o culto a que pertençam.”

Orson Peter Carrara

quarta-feira, 4 de maio de 2016

Um minuto com Chico Xavier


Certa vez, após uma reunião mediúnica, Chico Xavier e Waldo Vieira estavam datilografando mensagens recebidas. Chico datilografava uma mensagem de Emmanuel e Waldo, uma de André Luiz.
Um besouro que ali voava caiu na máquina de Waldo. Este o pegou e atirou-o com força na parede. O besouro levantou voo novamente e tornou a cair em sua máquina. Waldo tornou a pegar o besouro, arremessando-o violentamente no piso do aposento. O besouro, mais uma vez, levantou voo e desta vez pousou na máquina de Chico.

Chico pegou-o com todo o cuidado, abriu a janela e soltou-o lá fora, dizendo:

- Besouro, se você não conseguiu desencarnar através de Waldo é porque você é como eu: tem uma missão a cumprir no mundo. Vá com Deus!

Texto extraído do livro “Chico Xavier, Mandato de Amor”, editado pela União Espírita Mineira.

José Antônio Vieira de Paula
depaulajoseantonio@gmail.com
Cambé, Paraná (Brasil)

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