quinta-feira, 23 de junho de 2016

Poderosa ação!


Impressionante a atualidade e grandeza do texto que Allan Kardec publicou em O Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo XXVII, no subtítulo Ação da Prece. Transmissão do Pensamento. Para estudo individual ou em grupo, para apresentação em palestras ou seminários ou para embasamento de compactas ou longas abordagens, o texto é uma preciosidade e aborda a poderosa ação da prece e da transmissão do pensamento. 
O codificador inicia com a valiosa informação de que “as preces dirigidas a Deus são ouvidas pelos Espíritos encarregados da execução das suas vontades (...)”, após ponderar que a prece coloca um ser em comunicação mental com outro ser a quem se dirige, não importando se esteja encarnado ou já tenha deixado o corpo pela desencarnação. 
O caminhar didático do texto é suave, leve, proporcionando como que uma aula útil e muito agradável para se aprender o mecanismo de transmissão do pensamento na comunicação entre os seres. Para isso faz uma comparação notável para entendermos a questão: “(...) é preciso mentalizar todos os seres, encarnados e desencarnados, mergulhados no fluido universal que ocupa o espaço, como o somos, neste mundo, na atmosfera. Esse fluido recebe um impulso da vontade; é o veículo do pensamento, como o ar é o veículo do som, como a diferença de que as vibrações do ar são circunscritas, enquanto que as do fluído universal se estendem ao infinito. (...)”. O que ocorre, portanto, é que “(...) estabelece-se uma corrente fluídica de um para o outro, transmitindo o pensamento, como o ar transmite o som. (...)”. 
A prece tem poderosa ação porque por ela atraímos o concurso dos bons espíritos, que nos sustentam nas boas resoluções e nos inspiram bons pensamentos, possibilitando-nos adquirir as forças morais para superação das dificuldades. Não usá-la, conforme raciocínio de Kardec, é renunciar para sim mesmo e a outros o bem que se lhes pode fazer, à assistência que todos podemos receber da Bondade Divina. 
E há uma advertência expressiva no texto, com outras palavras e outro exemplo, mas que se pode resumir no exemplo de adversidades ou doenças que podemos enfrentar, fruto ou não de excessos: temos o direito de reclamar? E conclui a resposta de Kardec: “(...) Não, porque poderia encontrar na prece a força para resistir às tentações (...)”. E podemos acrescentar, inclusive à tentação da reclamação ou dos lamentos da revolta. 
O texto ocupa três páginas do capítulo, com sábias reflexões. Deixo ao leitor ir à fonte original para o prazer dessa leitura do sábio e profundo texto. Mas concluo com dois pensamentos importantes ali expressos, para ampliar a reflexão de todos nós:

a)      No item 13: “Acedendo ao pedido que lhe é dirigido, Deus frequentemente, tem em vista recompensar a intenção, o devotamento e a fé àquele que ora, eis porque a prece do homem de bem é mais meritória aos olhos de Deus, e sempre mais eficaz, porque o homem vicioso e mau não pode orar com o fervor e a confiança que só é dado pelo sentimento da verdadeira piedade. Do coração do egoísta, daquele que ora com os lábios, não podem sair senão palavras, mas não os impulsos da caridade que dão à prece todo o seu poder. (...)”;
b)      No item 15: “O poder da prece está no pensamento; ela não se prende nem às palavras, nem ao lugar, nem ao momento em que é feita. Pode-se, pois, orar em toda parte, em qualquer lugar, a qualquer hora, sozinho ou em comum. (...)”.

Recomendo, com ênfase, ao leitor, ler o texto integral, até para ampliar o assunto a respeito da prece com comum, reunindo várias pessoas e seu extraordinário poder, mas também para tocar num ponto muito comum nos relacionamentos humanos, quando ouvimos alguém pedir: “Ah! Ore por mim!”. A lucidez de Kardec se faz presente: “(...) Isso é tão compreensível, que, por um movimento instintivo, a pessoa se recomenda de preferência às preces daqueles nos quais se percebe que a conduta deve ser agradável a Deus, porque são mais ouvidos.” 
O fato principal, contudo, fica no raciocínio de que diante das dificuldades todas que possamos atravessar, das adversidades muitas vezes inevitáveis, é preciso lembrar, entre outras situações de “(...) Se não ultrapassarmos o limite do necessário na satisfação das nossas necessidades, não teremos as doenças que são consequências dos excessos, e as vicissitudes que essas doenças ocasionam. Se colocarmos limite à nossa ambição, não teremos a ruína. Se não quisermos subir mais alto do que podemos, não temeremos cair. Se formos humildes, não sofreremos as decepções do orgulho humilhado. Se praticarmos a lei da caridade, não seremos nem maldizentes, nem invejosos, nem ciumentos, e evitaremos as querelas e as dissenções. Se não fizermos mal a ninguém, não temeremos as vinganças, etc. (...)”.
 A prece é o grande recurso contra esses males que ainda nos sondam os passos.

Orson Peter Carrara

quarta-feira, 15 de junho de 2016

Um mundo melhor


É usual ouvirem-se comentários do género "isto está cada vez pior", "isto não tem solução", "o mundo está cada vez pior"..., e os noticiários, caprichosamente escolhidos para que apenas apareçam as situações mais lamentáveis, acabam por cimentar esta ideia. 
Aparentemente o mundo está pior, tendo em conta tanta violência, tanto desnorte do ser humano, tanta impunidade perante o erro deliberado, tanta indiferença perante o sofrimento alheio.
O homem refugia-se, alucinado, no seu egoísmo, tentando nada ver além do seu ego. Digamos que é um mecanismo de fuga... para dentro, no pior sentido.
Perdido o Norte de Deus, desvalorizados os valores ético-morais, o Deus-dinheiro levou a humanidade, aliada ao Deus-egoísmo, a um beco sem saída.
Vendo estes acontecimentos à luz da Doutrina Espírita (ou Espiritismo), conseguimos verificar que os momentos actuais assemelham-se ao chamado "fim dos tempos", que o Evangelho refere. No entanto, este "fim dos tempos" não significa que o planeta Terra vá desaparecer, mas será sim, o fim dos tempos de misérias morais e materiais que agora vemos campearem na Terra.
A "separação do trigo do joio" e o "juízo final", são, na óptica espírita, a selecção dos Espíritos que voltarão a reencarnar na Terra, Espíritos comprometidos com o Bem, com a paz, com a fraternidade. Os demais, os violentos, serão transferidos, por uma questão de sintonia, com outros planetas mais atrasados, em consonância com o seu íntimo, para que ali expiem os erros de agora, em busca de um devir melhor, ao longo dos milénios.
Nunca na Terra se viu tanto Bem como nos dias que correm, o fim das fronteiras, as organizações não governamentais que buscam auxiliar o próximo, as organizações ecologistas, as organizações de defesa dos animais, do meio-ambiente, dos explorados, das minorias, da igualdade de oportunidade entre géneros, entre tantas coisas boas que se passam no mundo, e que apenas não aparecem nas televisões. 
Somente o Amor, o perdão, a compreensão, podem auxiliar o Homem a libertar-se do egoísmo, do ódio, da intolerância. 
A Física quântica deu a machadada final no Materialismo, comprovando o que o Espiritismo apresentou ao mundo em 1858: tudo é energia, em diversos estados, mais ou menos condensados.
Cientistas de todo o mundo, comprovam a reencarnação e a comunicabilidade dos Espíritos, indo de encontro aos ensinamentos do Espiritismo.
O próximo passo para a Humanidade, inevitável, será incorporar esses conceitos e, compreender as consequências morais desses princípios básicos da Vida.
Quando o Homem entender que é um Espírito imortal, temporariamente num corpo físico, que tem uma multiplicidade de existências físicas com o desiderato de atingir um dia o estado de Espírito-puro, que tudo o que fizer hoje na sua vida repercutir-se-á em si mesmo, nesta e noutras existências, colhendo (bem ou mal) aquilo que for semeando no bojo do seu psiquismo, então a Humanidade transformar-se-á mais rapidamente.
Será a época da regeneração do Espírito, época essa que já está em curso com a reencarnação de Espíritos mais evoluídos, comprometidos com a Paz.
Os dias de hoje, são pois, de esperança, de alegria pelo devir, já ali a seguir à curva da evolução inevitável, competindo-nos, mais do que lamentar a situação actual, fazermos a parte que nos compete: fazer ao próximo aquilo que gostaríamos que nos fizessem, se estivéssemos no seu lugar.
A Lei de Causalidade (Causa e Efeito) é inexorável e, relembrando as palavras sábias do grande psicoterapeuta da Humanidade, Jesus de Nazaré, "a cada um de acordo com as suas obras".
Deixemos pois, um rasto de luz, de paz, de alegria, de esperança, por onde passarmos ao longo do nosso dia, e estaremos a colaborar com os Espíritos superiores na transformação moral do Planeta, objectivando a instalação de sociedades pacíficas, fraternas, evoluídas, na Terra, para onde voltaremos se tivermos mérito para isso.
Apesar de tudo, o mundo está muito... melhor!!!


Bibliografia:

Kardec, Allan - O Livro dos Espíritos
Kardec, Allan - O Evangelho Segundo o Espiritismo

José Lucas

sábado, 28 de maio de 2016

Existem Espíritos em toda parte?


“Estamos mergulhados num mar de ideias.” - Platão.

Remontando à antiga Grécia podemos ver Platão nos ensinar que “vivemos num mar de ideias”. Vamos também estudar Paulo de Tarso quando ele nos diz que "vivemos como que na frente de plateia de assistentes”. E também no século passado leremos Albert Einstein quando ele diz que “vivemos num mundo repleto de ondas”.
Sabemos que existem pessoas em toda parte e, assim como nos diz André Luiz, as formas-pensamento estão sendo constantemente emitidas por nós a todos os instantes. Como a vida continua e não termina com certeza no túmulo, veremos, então, como nos ensinam os Espíritos, através de Kardec, que há Espíritos em toda parte.
Essa mistura dos encarnados e desencarnados, essa troca de ideias constante entre o mundo físico e o espiritual nos conduz a pensar sobre nossas posições mentais, vigiar sempre, para não deixar as influências espirituais nocivas nos afetarem, pois nos afirmam os Espíritos, numa das perguntas de O Livro dos Espíritos[1]: Os Espíritos influenciam em nossas vidas? E a resposta é objetiva: “muito mais do que vocês imaginam”. Podemos então perceber, na profundidade dessa afirmação, como devemos realmente vigiar: sempre.
A existência de Espíritos em toda parte nos leva a perceber que, com os nossos atos e pensamentos, exemplos bons ou não, atraímos os Espíritos segundo a sintonia que provocamos.
Fato é que, estando os Espíritos à nossa volta, eles podem nos ajudar ou atrapalhar, dependendo apenas de nossa posição mental, espiritual e,porque não dizer, vibracional?
Esse tema nos leva ao profundo e complexo problema das perturbações, obsessões e todo tipo de influência negativa que recebemos dos Espíritos quando nos sintonizamos na mesma faixa de vibração.
As pessoas que não acreditam na espiritualidade, vida após a morte, e todo esse complexo de interferência espiritual à nossa volta, ao se depararem com o problema da influência espiritual, levam toda essa problemática para o campo da psicologia e psiquiatria clássica, não procurando observar com mais profundidade o problema.
Sem dúvida as ciências psicológicas e psiquiátricas têm um papel importante nas nossas vidas para a busca do equilíbrio emocional e cognitivo do ser, mas estamos aqui falando de algo que transcende o ser encarnado, levando-nos a um questionamento mais profundo, pois a Ciência muitas vezes cura os problemas dessa ordem, mas outras vezes não. Podemos ver, no dia a dia, pessoas se curando através de uma terapia alternativa, oferecida pelos centros espíritas, que é o “tratamento espiritual”, que não tem, segundo os estudos clássicos da Ciência, qualquer comprovação da sua eficácia, até porque os elementos chaves, o Espírito e sua influência, ainda se encontram obscuros para a nossa Ciência.
Assim deveremos, passo a passo, dia após dia, construir o reino de Deus dentro de nós, para que possamos estar em sintonia com os bons Espíritos, recebendo suas orientações dentro do nosso campo mental em forma de intuição, inspiração ou até mesmo uma atuação mais direta, dependendo da situação em que nos encontramos.
O esperado bloqueio das influências negativas dos irmãos espirituais que ainda se identificam com o mal, só é possível com mudanças de atitudes, e procurando viver dia após dia os ensinamentos de Jesus.
Importante que entendamos que o tratamento espiritual é um remédio importante para restituir o equilíbrio espiritual, mas, para permanecer nesse equilíbrio, dependerá, dali para frente,de nós. Porque continuaremos recebendo as influências boas ou não, dependendo apenas de nós.
Disse Jesus ao doente: [2]“Eu te curei, vai, mas não peques para que não te aconteça coisa pior”. Nessa lição o Mestre dos mestres nos proclama a necessidade de mudança hoje para obtermos uma vida espiritual melhor. Para que consigamos manter uma ligação com a espiritualidade Maior torna-se necessário o trabalho no bem, a única saída real e efetiva para o nosso ser.
Espíritos em toda parte, com ou sem evolução nas ações, sentimentos e emoções, constroem um hálito espiritual à nossa volta,em que nós compartilhamos e colaboramos nesse tal nível de energia e vibração.
Seja como emissores de pensamentos ou atos, construtivos ou não, estamos na presença de Espíritos a todo o momento. Assim, orar e vigiar, como manda o Mestre, é ainda a melhor forma de garantir uma ligação proveitosa junto à espiritualidade Maior.

Referências:
[1] Allan Kardec, Livro dos Espíritos.
[2] Allan Kardec, O Evangelho segundo o Espiritismo.

Wagner Ideali
wagner.ideali@terra.com.br
Guarulhos, SP (Brasil)

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terça-feira, 24 de maio de 2016

Estrutura familiar


Qual seria para a sociedade o resultado do relaxamento dos laços de família? “Uma recrudescência do egoísmo.” (Questão 775, de O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec.)

A família é, incontestavelmente, uma célula educadora. Nela a criatura aprende a ampliar responsabilidades, a multiplicar sentimentos, a valorizar a fraternidade, a desenvolver o senso de proteção, a pensar em conjunto, a perder a individualidade e a banir a solidão. 
Sem qualquer dúvida, trata-se da base social. 
Jamais podemos pensar na edificação de uma sociedade justa, fraterna e solidária, sem contarmos com a devida, necessária e indispensável estruturação da família. Se registramos, na coletividade, comportamentos nocivos e deletérios, onde seres humanos se apresentam de forma desequilibrada e fora dos padrões da decência e da dignidade que se espera, certamente a origem das distorções, na maioria dos casos, tem o nascedouro na família em desalinho. 
Edifica a família aquele que tem plenas convicções da urgência e necessidade de educar os filhos formando-lhes o caráter, não apenas dando-lhes instrução, pois que isso a escola também pode fazer. Educar é tarefa prioritária da família, onde exemplo é a lição mais forte. 
Edificam a família os cônjuges que se respeitam sentimentalmente, mantendo-se fiéis aos compromissos de fidelidade. Diferença de opinião não se caracteriza como motivo para desavenças e querelas. Podemos, perfeitamente, ter pensamentos diferentes uns dos outros e caminharmos juntos na mesma direção. 
Edificam a família os membros que elegem o trabalho como base de sobrevivência e aprendizado, sem que um seja peso econômico para o outro. Trabalho não é castigo, é sagrada oportunidade de aprendizado e de equilíbrio físico e mental. 
Edifica a família quem mantém em seu lar um clima de cortesia, afabilidade, entendimento e solidariedade, onde se vislumbram as qualidades dos componentes e se trabalha em conjunto para a correção dos defeitos naturais que ainda ostentam. 
Edifica a família quem carrega para dentro dela noções de religiosidade, pois ninguém conseguirá entender as razões lógicas da vida sem refletir, maduramente, na grandeza, bondade e perfeição das leis divinas. 
Edifica a família aquele que permanece dentro dela mesmo carregando grande cota de sacrifício sobre os ombros, pois quem não consegue servir ao próximo mais próximo terá dificuldade em encontrar a paz. 
Edifica a família quem sabe perdoar, esquecer e cultivar a resignação, pois que num agrupamento de seres humanos, ante o estágio evolutivo que nos encontramos, ainda são freqüentes os momentos de desajustes que exigem paciência e calma. 
Estruturar a família não é tarefa fácil, mas indispensável para continuarmos sonhando com a paz e a felicidade, pois tais conquistas somente se fixarão, definitivamente, em nosso âmago, no instante em que conseguirmos plantá-las nos corações alheios, e nada mais justo e lógico do que iniciarmos essa tarefa pelos nossos familiares. 
Em verdade, fácil é conquistar algo no mundo, difícil é vencer na família. Muitas criaturas conhecem a aprovação social pelos feitos que apresentam, mas recebem a reprovação dos familiares devido ao descumprimento dos deveres básicos. Ainda, a vitória fora do lar, sem o amparo da família sólida, não terá o sabor que se espera.

Reflitamos.

Waldemir Aparecido Cuin
Votuporanga, SP (Brasil)

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sexta-feira, 20 de maio de 2016

Objetivo da mediunidade


A clareza de Allan Kardec é impressionante! Não deixa dúvidas e só nos desviamos da correta prática espírita porque não prestamos atenção às diretrizes doutrinárias. Ou não conhecemos, o que seria ainda pior, já que tudo está à disposição.
Diz o Codificador no item 7, no capítulo XXVI de O Evangelho Segundo o Espiritismo, no subtítulo Mediunidade Gratuita, com muita clareza que, inclusive, define objetivo da mediunidade: “Os médiuns modernos – porque os apóstolos também tinham mediunidade – igualmente receberam de Deus um dom gratuito: o de serem os intérpretes dos Espíritos para a instrução dos homens, para mostrar-lhes o caminho do bem e conduzi-los à fé (...)”.
Notemos que já podemos definir didaticamente os objetivos da mediunidade: a) Serem os intérpretes dos Espíritos para instrução dos homens; b) Mostrar-lhes o caminho do bem; c) Conduzi-los à fé.
Percebe-se que os itens definem função e trabalho a que podemos nos dedicar e desdobram-se em múltiplos raciocínios para debates e reflexões de expressiva oportunidade para o bom entendimento da questão. Meditemos seriamente em cada um deles e perceberemos o referido alcance.
E o raciocínio de Kardec no texto em questão é extraordinário, ao referir-se à gratuidade da prática mediúnica, pois que “(...) não são o produto de sua concepção, nem de suas pesquisas, nem de seu trabalho pessoal. (...) não é um privilégio, e se encontra por toda parte, fazê-la pagar seria, pois, desviá-la da sua finalidade providencial (...)”.
E a orientação se estende, agora no item 8: “Todo aquele que conhece as condições nas quais os bons espíritos se comunicam, sua repulsa por tudo o que seja do interesse egoístico, e que sabe quão pouca coisa é preciso para os afastar (...)”. E acrescenta no mesmo item: “(...) não poderá jamais admitir que os espíritos superiores estejam à disposição de qualquer um que os chamasse a tanto por sessão (...)”.
E o melhor é que oportuna advertência nos abre os olhos para descuidos: “(...) Os espíritos levianos, mentirosos, espertos, e toda a multidão de espíritos inferiores, muito pouco escrupulosos, vêm sempre, e estão sempre prontos para responder ao que se lhes pergunta, sem se importarem com a verdade. (...)”.
E após outras importantes considerações, já no item 9 – quase concluindo –, o Codificador informa: “(...) A mediunidade séria não pode ser, e não será jamais, uma profissão, não somente porque seria desacreditada moralmente, e logo comparada aos ledores de sorte, mas porque um obstáculo material a isso se opõe; é uma faculdade essencialmente móvel, fugidia e variável, coma permanência da qual ninguém pode contar. Seria, pois, para o explorador, um recurso sempre incerto, que poderia lhe faltar no momento em que lhe seria mais necessário. (...)”.
 E completa com sabedoria: “(...) a mediunidade não é nem uma arte, nem um talento, por isso ela não pode tornar-se uma profissão; não existe senão pelo concurso dos Espíritos; se esses espíritos faltarem, não há mais mediunidade; a aptidão pode subsistir, mas o exercício está anulado; assim não há nenhum médium no mundo que possa garantir a obtenção de um fenômeno espírita em dado instante. (...)”.
Sugiro ao leitor buscar o texto íntegra que se conclui com referências à mediunidade curadora, em valiosa reflexão. Meditemos, contudo, na importância da clara e sábia advertência: se os espíritos faltarem, não há mais mediunidade; a aptidão pode subsistir, mas o exercício está anulado.
Com tal raciocínio fica fácil entender a origem das fraudes e tentativas de exploração com a mediunidade, cuja finalidade está bem acima de mesquinhos interesses de ganho, pois que seu objetivo é o bem e a instrução das consciências humanas.

 Orson Peter Carrara