terça-feira, 3 de abril de 2018

Tesouro nem sempre valorizado


A maior felicidade que podemos desfrutar no cotidiano diário é a convivência com pessoas afins, com pessoas amigas de verdade. A juventude passa num instante, o dinheiro troca de mão e a saúde é sujeita às fragilidades próprias de nosso tempo.
O que fica realmente são os sentimentos. E eles são sólidos quando construídos pela afeição verdadeira, sem interesses e onde prevalecem o respeito e a consideração real.
Pessoas afins são pessoas que amam e são amadas mutuamente. Por isso sente-se o prazer da convivência recíproca. Daí a razão de se buscarem, de se alimentarem emocionalmente porque significam autenticidade nos sentimentos.
Segundo o dicionário, amigo é pessoa que quer bem a outra, defensor, protetor. Já a palavra amizade é definida como o sentimento de amigo, afeto que liga as pessoas, reciprocidade do afeto, benevolência, amor.
Já se disse que quem tem um amigo, tem um tesouro. E pesquisas recentes indicam que ter amigos aumenta o tempo de vida e protege a saúde contra doenças, especialmente aquelas que afetam o coração. É que a convivência com amigos autênticos proporciona o incomparável prazer de estar com pessoas com quem não precisamos nos preocupar em como vamos nos portar, o que vamos dizer… Estar com amigos livra-nos do ambiente constrangedor de muitas vezes “pisar em ovos”. Com eles, somos nós mesmos, naturalmente.
Os amigos nos entendem, nos compreendem, nos aceitam. Como somos. E estes sentimentos são recíprocos. É aquela cumplicidade natural da reciprocidade do afeto. Mesmo que tenhamos de chamar a atenção ou sermos advertidos, em virtude de qualquer equívoco, isto será feito com jeito, sabendo abordar o assunto, sem magoar, sem constranger. É que entre amigos há um ingrediente fundamental para a boa convivência: o respeito mútuo.
Basta pensar que as causas dos atritos, desentendimentos e intrigas estão nas tentativas de imposição das ideias ou no desrespeito à liberdade de cada um. A amizade leal é a mais formosa modalidade de amor fraterno, segundo Emmanuel, consagrado autor. Por isso pensemos nos amigos! E reflitamos nos benefícios que este magno sentimento é capaz de espalhar onde se apresente. Antes, pois, de qualquer iniciativa, sejamos amigos uns dos outros, e sentiremos a vontade da convivência saudável de quem se quer bem…
Não podemos, todavia, esquecer o Amigo Incondicional da Humanidade: Jesus! Sempre presente na vida humana, poderia ter enviado um representante para a Terra, a fim de apresentar o Evangelho. Mas fez questão de estar pessoalmente entre nós, pelo amor fraternal e autêntica amizade que dedica a seus irmão ainda em processo evolutivo, lento e difícil.
A amizade é mesmo um sentimento notável, virtude a ser cultivada, tesouro e fonte de imensas alegrias que precisamos valorizar e cultivar.
Meu abraço, pois, meu amigo, minha amiga.

Orson Peter Carrara

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quarta-feira, 28 de março de 2018

Jamais esconder o talento recebido


“Senhor, sei que és um homem de rija condição; segas onde não semeaste, e recolhes onde não espalhaste; e, temendo, escondi o teu talento na terra; eis aqui o que é teu... Servo mau e preguiçoso... lançai-o nas trevas exteriores; ali haverá choro e ranger de dentes.”(Jesus. Mateus XXV.)
Na Parábola dos Talentos, Jesus deixa bem claro que a omissão e o descaso não servem de desculpa para o servo preguiçoso que não ousou utilizar o talento que lhe foi confiado. Preferindo cruzar os braços ante a oportunidade de trabalho que recebeu, perdeu a grande chance de exercitar suas potencialidades a caminho da prosperidade.
Quantas criaturas no meio social em que vivem, quotidianamente, representam o servo mau e preguiçoso da parábola em referência. Recebem da Providência Divina o talento da oportunidade de progredir espiritualmente, rumo à perfeição, e o esquece num canto qualquer de suas existências e a vida, passando como um bólido, as conduzirão ao juízo de suas consciências que, culpadas pela omissão, chorarão o remorso e o arrependimento da acomodação.
E são tantos os talentos que estão à nossa disposição, em todo o tempo, que em momento algum temos o direito de apresentar reclamações. Antes é imprescindível saber utilizá-los para extrair deles os benefícios que podem produzir.
Com o talento da paciência poderemos aprender a conviver com as pessoas em situações adversas, ensaiando a capacidade de renunciar e compreender virtudes que nos remetem à serenidade.
Com o talento do trabalho conseguiremos realizar as maiores proezas, impulsionando o progresso físico e moral, objetivando a construção do mundo de paz e esperanças que desejamos.
Com o talento da perseverança teremos a chance de continuar em busca da realização dos nossos sonhos e metas traçadas, tendo em mira deixar a inferioridade em que estamos para sublimar os nossos sentimentos.
Com o talento da coragem avançaremos destemidos pelos longos e às vezes pesados caminhos da vida, superando obstáculo, vencendo barreiras e chegando ao porto dos nossos destinos.
Com o talento do companheirismo poderemos ser, no reduto familiar ou no meio social em que mourejamos, um notável elemento de concórdia, de pacificação, unindo corações e reatando laços afetivos rompidos.
Com o talento do otimismo demonstraremos aos que nos observam um comportamento de equilíbrio, ânimo e firmeza ante qualquer situação que a vida nos apresente, criando ambiência adequada para as vitórias que nos aguardam.
Com o talento da fé teremos a absoluta e insofismável certeza de que Deus, nosso Pai de eterna bondade, tudo está fazendo para que tenhamos à disposição todos os mecanismos possíveis e capazes que nos assegurarão a paz que queremos.
Com o talento do amor conseguiremos ser, onde estamos e por onde passarmos, um digno representante da mensagem divina, servindo incansavelmente como elo entre as criaturas e Deus.
Portanto, não vale esconder o talento. Imprescindível e urgente laborar para multiplicá-lo, agindo de forma inversa ao que fez o servo mau e preguiçoso da Parábola dos Talentos, que desagradou profundamente o seu Senhor.
Reflitamos.

Waldenir A. Cuin

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sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

Enquanto os ventos sopram


Conta-se que, há muito tempo, um fazendeiro possuía muitas terras ao longo do litoral do Atlântico.
Horrorosas tempestades varriam aquela região extensa, fazendo estragos nas construções e nas plantações.
Por esse motivo, o rico fazendeiro estava, constantemente, a braços com o problema de falta de empregados. A maioria das pessoas estava pouco disposta a trabalhar naquela localidade.
As recusas eram muitas, a cada tentativa de conseguir novos auxiliares.
Finalmente, um homem baixo e magro, de meia-idade, se apresentou.
Você é um bom lavrador? Perguntou o fazendeiro.
Bom, respondeu o candidato, eu posso dormir enquanto os ventos sopram.
Embora confuso com a resposta, o fazendeiro, desesperado por ajuda, o empregou.
O homem trabalhou bem ao redor da fazenda, mantendo-se ocupado do alvorecer ao anoitecer.
O fazendeiro deu um suspiro de alívio, satisfeito com o trabalho dele.
Então, numa noite, o vento uivou ruidosamente, anunciando que sua passagem pelas propriedades seria arrasadora.
O fazendeiro pulou da cama, agarrou um lampião e correu até o alojamento dos empregados.
O pequeno homem dormia serenamente. O patrão o sacudiu e gritou:
Levante depressa! Uma tempestade está chegando. Vá amarrar as coisas antes que sejam arrastadas.
O empregado se virou na cama e calmo, mas firme, disse:
Não, senhor. Eu não vou me levantar. Eu lhe falei: posso dormir enquanto os ventos sopram.
A resposta enfureceu o empregador. Não estivesse tão desesperado com a tempestade que se aproximava, ele despediria naquela hora o mau funcionário.
Apressou-se a sair para preparar, ele mesmo, o terreno para a tormenta sempre mais próxima.
Para seu assombro, ele descobriu que todos os montes de feno tinham sido cobertos com lonas firmemente presas ao solo.
As vacas estavam bem protegidas no celeiro, os frangos estavam nos viveiros e todas as portas muito bem trancadas.
As janelas estavam bem fechadas e seguras. Tudo estava amarrado. Nada poderia ser arrastado.
Então, o fazendeiro entendeu o que seu empregado quis dizer. Retornou ele mesmo para sua cama para também dormir, enquanto o vento soprava.

* * *

Se os ventos gélidos da morte nos viessem, hoje, arrebatar um ser querido, estaríamos preparados?
Se reveses financeiros, instabilidade econômica levassem nossos bens de rompante, estaríamos preparados?
A religião que professamos, a fé que abraçamos devem nos preparar o Espírito, a mente e o corpo para os momentos de solidão, pranto e dor.
Enquanto o dia sorri, faz sol em nossa vida, fortifiquemo-nos, preparemo-nos de tal forma que, ao chegarem os tsunamis, soprarem os ventos e a borrasca nos castigar, continuemos firmes, serenos.
Pensemos nisso e comecemos ainda hoje a nossa preparação.


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segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

Largo equívoco


Os comportamentos lamentáveis que povoam a mídia nacional, diariamente, decorrentes de atos indecorosos – bem distantes da dignidade que deve nos caracterizar como seres humanos racionais –, onde se incluem a violência em larga escala, as extorsões de todo tipo, a corrupção e seus infelizes desdobramentos, com total descaso pelos autênticos valores da vida humana, traduzem um largo equívoco de uma mentalidade coletiva construída e incentivada pelo materialismo, pelo egoísmo, pela vaidade ou pela ganância.
Indiferença, omissão, ganância, sedução pelo poder e escravidão à posse, com total alheamento às mínimas noções do dever – aí incluídos os deveres inclusive com a pátria, com o semelhante, com a vida, com o cargo, autoridade ou atribuição que se está investido – significa em última análise plantio de aflições para o futuro, cuja colheita é absolutamente obrigatória.
Os velhos ditados e ensinos sobre semeadura e colheita não são apenas poéticos. Refletem a realidade da lei que rege a vida e que outra não é senão a Lei de Amor.
Medir o momento atual por critérios econômico ou político, de poder ou de posse, é pequenez de raciocínio. Esses são fatores secundários. O principal aspecto a ser considerado como objetivo de vida, é moral. A ausência dela é a causadora do caos que se verifica.
Os que se dedicam a atos lesivos – de qualquer grau, natureza, alcance ou gravidade – não supõem que um dia terão de se reparar moralmente perante si mesmos? Ou que todo prejuízo causado a si mesmo ou a terceiros gerará sempre efeitos desastrosos e normalmente de difícil e penosa reparação?
Não percebemos ainda que quando desequilibramos um ponto – qualquer que seja – isso gerará consequências?
Tenhamos cuidado, prudência. A lei que nos rege é de amor! Aprendamos a respeitar a vida para que tenhamos equilíbrio, harmonia e paz no dia a dia da vida, cujo objetivo é justamente a felicidade de todos, sem quaisquer aspectos de privilégio, preferência ou vantagens sem méritos.
São ilusórias as descabidas pretensões de domínio, ganância ou poder, ganhos fáceis ou tolas vaidades. A vida material é muito frágil e curta e o corpo nada mais é que uma veste que gradativamente apodrece. Prevalece sobre todos os interesses a vida moral, esta sim permanente, contínua, geradora de felicidade quanto pautada no bem e no cultivo das virtudes, com esforço para sermos melhores. Tudo isso por uma simples razão sempre esquecida: não somos o corpo, estamos nele. A vida é imortal e sempre nos depararemos com a nossa própria consciência. Respeitemos a vida, pois, para termos felicidade que advém da paz de consciência.

Orson Peter Carrara

Expositor espírita, tem percorrido muitas cidades do Estado de São Paulo e já esteve na maioria dos estados do país, por várias vezes, para tarefas de divulgação espírita. Articulista da imprensa espírita, tem colaborado com diversos órgãos da imprensa espírita, entre revistas, sites e jornais do país, além de boletins regionais, no país e no exterior. Autor de treze livros, seus textos caracterizam-se pela objetividade e linguagem acessível a qualquer leitor, estando disponibilizados em vários sites de divulgação espírita.

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segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

Plástica no corpo é conservada após a desencarnação?


Trata-se de dúvida recorrente dos alunos nas salas de aulas de Doutrina Espírita.
Poderá, sim, manter os benefícios da plástica, a depender, em primeiro lugar, da sua “beleza interior”.
Isso porque o exterior sempre reflete o interior, aqui na Terra e muito mais no Plano Espiritual.
A boa aparência do corpo espiritual após a desencarnação dependerá da posição espiritual do ser, do seu equilíbrio, da sua conduta aqui na Terra, enfim, da sua depuração.
A plástica realizada no corpo físico de nada valerá se o Espírito não tiver uma condição espiritual que o favoreça a assumir uma forma mais bela. Ação no Bem, responsabilidade pelos atos, consciência do dever cumprido são requisitos básicos que irão lhe garantir um períspirito, do ponto de vista espiritual, mais belo.
Os que atingem essa condição, por méritos próprios, quase sempre buscam adquirir, com o poder do seu pensamento, formas mais jovens e belas (ou outra qualquer que deseje ou se sinta bem).
Podemos “concluir que a operação plástica não muda nada. O que realmente interfere na estrutura e aparência do perispírito é a posição espiritual da alma. As ações no campo do bem ou do mal são, pois, determinantes na forma de apresentação do perispírito, entendendo-se por bem tudo aquilo que é feito em obediência à lei maior do amor universal” (2)
“No livro Carmelo por ele Mesmo, de Carmelo Grisi, recebido por Chico Xavier, temos o relato de exercícios mentais que são feitos na vida espiritual para favorecer o rejuvenescimento. No excelente livro Memórias de um Suicida, recebido por Ivonne Pereira, também há referências quanto à aparência do períspirito”. (2)
Outrossim, no Livro Libertação (1), de André Luiz, verificamos o caso de uma senhora que se apresentava muito bonita aos olhos humanos, mas que, ao afastar-se do corpo pelo sono, transfigurava-se numa mulher horrível, uma bruxa, revelando aos olhos dos Espíritos desencarnados a sua baixa condição espiritual.
A explicação para a estranha ocorrência foi clara: a referida senhora levava uma existência de futilidades, dissimulações e ações maléficas.
Vejamos um trecho do Cap. 10 do citado livro sobre o caso em tela:

“O homem e a mulher, com os seus pensamentos, atitudes, palavras e atos criam, no íntimo, a verdadeira forma espiritual a que se acolhem. Cada crime, cada queda, deixam aleijões e sulcos horrendos no campo da alma, tanto quanto cada ação generosa e cada pensamento superior acrescentam beleza e perfeição à forma perispirítica, dentro da qual a individualidade real se manifesta, mormente depois da morte do corpo denso.”

Referências:
(1) André Luiz/Chico Xavier, Libertação, cap. 10.
(2) Marlene Nobre – trechos de texto do site da Associação Médico-Espírita.

Fernando Rossit
Funcionário público, residente em São José do Rio Preto, Espírita desde 1978, trabalhador da Associação Espírita Allan Kardec, atuando como Doutrinador, Médium Psicofônico, Orador e Instrutor Cursos da Doutrina Espírita.

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