quinta-feira, 2 de agosto de 2018

A corte do orgulho


Meu orgulho mora na torre mais alta do castelo de minha vida.
Particularmente, tenho muita dificuldade em administrar e compreender o orgulho dos outros, pois o meu não permite.
Meu orgulho, em mirante espetacular, só olha de cima para baixo e vê coisas e seres pequenos, insignificantes.
Meu orgulho possui um irmão gêmeo – chamado egoísmo – que mora com ele em seu prazeroso castelo.
Meu orgulho está sempre acompanhado da donzela vaidade que, caprichosa, sempre influi em suas atitudes.
Meu orgulho possui também outras companhias: a arrogância é uma balzaquiana que não se dobra; a soberba é quase sua irmã ou, ao menos, em muito se lhe parece. Há ainda outras jovens ou, nem tanto, que compõem o seu séquito, como a presunção que lhe toma conta da agenda, o controlador na ‘pasta’ da hipocrisia e o perfeccionista, ‘quase’ pudico.
Nas cercanias do castelo de meu orgulho – num ‘ladeirão’ – há um vilarejo onde moram personagens humildes e fraternos: meu orgulho não se relaciona muito bem com essa ‘estranha’ vizinhança.
Meu orgulho dita normas de bom proceder que, na verdade, só não conseguem normatizar a sua vida.
Meu orgulho tem carro bom e quase que intocável: não é desses utilitários que carregam pessoas necessitadas por ruas esburacadas a qualquer hora da noite; ‘ambulância’, nem pensar!
Meu orgulho, doutor em regras de trânsito, é, na maioria das vezes, inflexível, não admitindo exceções, tão pouco falhas ‘alheias’.
Meu orgulho, quando confronta guardadores, catadores/recicladores, frentistas, lavadores… os considera todos subempregados e servis acomodados. Moedas para eles só as pequeninas; a que possui a ‘República na cara’, nem pensar! Uma palavra boa é perda de tempo com esses ‘desocupados’.

*

Perguntamo-nos, então, como encaixar a humildade em a corte do orgulho?
Todos nós sabemos que o mais salutar e razoável será depormos o monarca!...

Claudio Viana Silveira
http://www.oconsolador.com.br/ano12/578/ca4.html

Imagem ilustrativa

sexta-feira, 13 de julho de 2018

Um minuto


A conduta indica a orientação espiritual da criatura.
Surge o ideal realizado, consoante o esforço de cada um.
Amplia-se o ensino, conforme a aplicação do estudante.
Eternidade não significa inércia, mas dinamismo incessante.
O caminho é infinito.
Quem estabelece a rota da viagem é o viajor.
Continua, pois, em marcha perseverante, gastando sensatamente o tesouro dos dias.
Em sessenta segundos, a lágrima pode transformar-se em sorriso, a revolta em resignação e o ódio em amor.
Nessa mínima parcela da hora, liberta-se o espírito do corpo humano, a flor desabrocha, o fruto maduro cai da árvore e a semente inicia a germinação da energia latente.
Analisa o que fazes de tão valiosa partícula de tempo.
Num só momento, o coração escolhe roteiro para o caminho.
Com o Evangelho na consciência, o lazer é tão-somente renovação de serviço sem mudança de rumo.
Não desprezes o tempo, em circunstância alguma, pois quem espera a felicidade se esmera em construí-la.
A hora perdida é lapso irreparável.
Dominar o relógio é coordenar os sucessos da vida.
Nos domínios do tempo, controlamos a hora ou somos ignorados por ela.
Por isso, quanto mais a alma se eleva em conhecimento, mais governa os próprios horários.
Lembra-te de que as edificações mais expressivas são formadas por agentes minúsculos e de que o século existe em função dos minutos.
Não faz melhor quem faz mais depressa, mas sim quem faz com segurança e disciplina, articulando ordenadamente os próprios instantes.
Observa os celeiros de auxílio de que dispões e não hesites.
Distribui os frutos da inteligência.
Colabora nas tarefas edificantes.
Estende a solidariedade a benefício de todos.
Fortalece o ânimo dos companheiros.
Não te canses de ajudar para que se efetue o melhor.
O manancial do bem não tem fundo.
A paz coroa o serviço.
E quem realmente aproveita o minuto constrói caminho reto para a conquista da vitória na Divina Imortalidade.

VIEIRA, Waldo. Sol nas Almas. Pelo Espírito André Luiz. CEC.


Imagem ilustrativa