terça-feira, 13 de novembro de 2018

Mediunidade


Cultura é a herança social. É todo o conhecimento acumulado pelas pessoas ao enfrentarem situações e desafios no cotidiano. Cada pessoa, motivada pela necessidade ou interesse e sustentada pela prontidão, fará continuamente conhecimento ao buscar um referencial diferente, que permita a construção de conceitos novos e, por sua vez, sustente comportamentos, atitudes renovadas. As ferramentas que estão à disposição do ser humano nessa busca de referenciais diferentes são muito variadas. A mediunidade é uma dessas ferramentas que podem ser utilizadas para o crescimento do ser humano, mas o seu conceito, utilizado pelo senso comum, deve ser modificado.
No entendimento do Espiritismo, mediunidade não é sagrada, não é mística, não é mágica, não é sobrenatural. Não se alcança através de rituais ou de fórmulas predeterminadas. A sua prática é racional, equilibrada, transparente, fruto da persistência e da continuidade. O seu exercício envolve objetivo, planejamento e estruturação do processo.
A mediunidade não serve para "falar com os mortos", pois os Espíritos desencarnados não se enquadram nesta concepção do imaginário da cultura material. A mediunidade não se reduz a um balcão de atendimento ao qual se recorre para resolver problemas. Não serve para dizer o que as pessoas devem fazer ou para decidir seu futuro, tolhendo o seu livre-arbítrio.
Para a Doutrina Espírita, mediunidade não deve ser vista como "transe". Mediunidade é sintonia e troca de experiência entre Espíritos desencarnados e encarnados. Não há perda de consciência, não há anulação. Há soma das experiências das partes envolvidas, trazendo superação.
A mediunidade não "serve contra mau olhado", não "serve para ganhar na loteria", não serve para justificar comportamentos anormais. Não "serve para desobsidiar Espíritos". Não é "dom", não é "graça", não é castigo ou punição. É trabalho contínuo para a construção de um momento diferente, evidenciado no comportamento de cada um.
A mediunidade não faz milagres. Não concede "poderes" especiais. Ela não é fonte de todo o conhecimento. Os Espíritos encarnados e os desencarnados envolvidos no processo mediúnico só conhecem alguma coisa na medida de suas experiências e de suas vivências.
A mediunidade não é exclusiva de algumas pessoas. Ela é uma capacidade, uma faculdade do Espírito, que se aperfeiçoa pelo exercício e esforço pessoal. Ela é de todo o grupo cultural e está intimamente ligada aos seus valores e sentimentos. A mediunidade não está pronta e acabada, transforma-se e modifica-se ao longo do tempo, acompanhando o momento emergente, as situações vividas pelo grupo, a evolução das pessoas.
As pessoas evoluem pela soma de suas experiências e das experiências acumuladas pelo grupo social. Em constante crescimento interior, cada pessoa é diferente das outras porque vive experiências únicas ao longo de sua trajetória de vida. Ao ser colocada diante de novas situações, procura encontrar respostas em seu conhecimento acumulado ou no conhecimento acumulado de outras pessoas, estejam encarnadas ou desencarnadas.
Exercitar a mediunidade é buscar e encontrar respostas para as questões das pessoas e da sociedade, através da comparação dos referenciais de valores, ideias e sentimentos do sistema material e do sistema espiritual, úteis para a evolução da pessoa e do grupo.
Quando uma pessoa elabora um produto mediúnico está procurando, limitada pela prontidão do grupo cultural, evidenciar questões e/ou respostas novas para situações do social. Portanto, o seu produto é, antes de tudo, um produto cultural, com conceitos universais, alternativos, especialistas e individuais, e caracterizado por uma forma, com um significado e com uma função.
Mediunidade é instrumento que auxilia cada pessoa na construção do novo, através do rompimento de seus limites, ampliando a visão de si mesma, dos outros, da natureza, de Deus. Mediunidade é expressão de identidade, é sintonia e troca de experiência. Mediunidade é interação entre os sistemas material e espiritual.

Wagner Ideali

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terça-feira, 9 de outubro de 2018

O Minuto


A conduta indica a orientação espiritual da criatura.
Surge o ideal realizado, consoante o esforço de cada um.
Amplia-se o ensino, conforme a aplicação do estudante.
Eternidade não significa inércia, mas dinamismo incessante.
O caminho é infinito.
Quem estabelece a rota da viagem é o viajor.
Continua, pois, em marcha perseverante, gastando sensatamente o tesouro dos dias.
Em sessenta segundos, a lágrima pode transformar-se em sorriso, a revolta em resignação e o ódio em amor.
Nessa mínima parcela da hora, liberta-se o espírito do corpo humano, a flor desabrocha, o fruto maduro cai da árvore e a semente inicia a germinação da energia latente.
Analisa o que fazes de tão valiosa partícula de tempo.
Num só momento, o coração escolhe roteiro para o caminho.
Com o Evangelho na consciência, o lazer é tão-somente renovação de serviço sem mudança de rumo.
Não desprezes o tempo, em circunstância alguma, pois quem espera a felicidade se esmera em construí-la.
A hora perdida é lapso irreparável.
Dominar o relógio é coordenar os sucessos da vida.
Nos domínios do tempo, controlamos a hora ou somos ignorados por ela.
Por isso, quanto mais a alma se eleva em conhecimento, mais governa os próprios horários.
Lembra-te de que as edificações mais expressivas são formadas por agentes minúsculos e de que o século existe em função dos minutos.
Não faz melhor quem faz mais depressa, mas sim quem faz com segurança e disciplina, articulando ordenadamente os próprios instantes.
Observa os celeiros de auxílio de que dispões e não hesites.
Distribui os frutos da inteligência.
Colabora nas tarefas edificantes.
Estende a solidariedade a benefício de todos.
Fortalece o ânimo dos companheiros.
Não te canses de ajudar para que se efetue o melhor.
O manancial do bem não tem fundo.
A paz coroa o serviço.
E quem realmente aproveita o minuto constrói caminho reto para a conquista da vitória na Divina Imortalidade.

VIEIRA, Waldo. Sol nas Almas. Pelo Espírito André Luiz. CEC.

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quinta-feira, 13 de setembro de 2018

Conduta espontânea


Não basta a conduta externa. Não basta a aparência. Antes da conduta exterior, temos de reformar a nossa conduta interna, modificar nossos hábitos mentais e verbais. É uma questão de fundo e não de forma. Portanto, são inúteis as proibições: não fazer isso, não fazer aquilo, se o coração não estiver limpo.
A pureza que o Espiritismo propõe, e por isso mesmo é confundida, é a pureza interior, que deve reger as nossas atitudes, ao invés de ficarmos esperando que uma conduta artificial nos purifique. Os ensinamentos da Doutrina Espírita são os mesmos de Jesus, quando repelia os formalismos da hipocrisia farisaica. Querer formalizar nosso comportamento no artificialismo é voltarmos ao passado e o espírita esclarecido sabe que isso não contribui em nada.
Toda exterioridade sem raízes no coração é inútil e é até compreensível que, devido às heranças do passado, um grande número de pessoas se apegue ao formalismo, porém, cabe aos dirigentes esclarecidos, principalmente os dirigentes das instituições espíritas, orientarem essas almas frágeis, no sentido de tornarem a sua conduta social do dia a dia condizente com os ensinamentos da moral espírita.
Estamos agora no lugar certo, com as pessoas certas, diz a mensagem mediúnica. Ora, se temos consciência dessa verdade intemporal e se conseguimos também entender a questão da reencarnação como a nossa possibilidade de reparar os erros e os vícios do passado, é evidente que devemos aproveitar essa oportunidade para romper com tudo o que representa cultos exteriores e formalismos.
Acreditar que a nossa evolução se dá através de abstenções e atitudes falsas é enganar a nós mesmos e aos outros, o que é muito grave.
Somos o que somos e se já conseguimos reconhecer com sinceridade as nossas deficiências morais, estamos no caminho certo. Do contrário, "seremos semelhantes aos sepulcros caiados, que por fora realmente parecem formosos, mas interiormente estão cheios de ossos de mortos e de toda imundícia", como lembrou Jesus, em palavras registradas no Evangelho de Mateus, 23:27.

Altamirando Carneiro

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quinta-feira, 2 de agosto de 2018

A corte do orgulho


Meu orgulho mora na torre mais alta do castelo de minha vida.
Particularmente, tenho muita dificuldade em administrar e compreender o orgulho dos outros, pois o meu não permite.
Meu orgulho, em mirante espetacular, só olha de cima para baixo e vê coisas e seres pequenos, insignificantes.
Meu orgulho possui um irmão gêmeo – chamado egoísmo – que mora com ele em seu prazeroso castelo.
Meu orgulho está sempre acompanhado da donzela vaidade que, caprichosa, sempre influi em suas atitudes.
Meu orgulho possui também outras companhias: a arrogância é uma balzaquiana que não se dobra; a soberba é quase sua irmã ou, ao menos, em muito se lhe parece. Há ainda outras jovens ou, nem tanto, que compõem o seu séquito, como a presunção que lhe toma conta da agenda, o controlador na ‘pasta’ da hipocrisia e o perfeccionista, ‘quase’ pudico.
Nas cercanias do castelo de meu orgulho – num ‘ladeirão’ – há um vilarejo onde moram personagens humildes e fraternos: meu orgulho não se relaciona muito bem com essa ‘estranha’ vizinhança.
Meu orgulho dita normas de bom proceder que, na verdade, só não conseguem normatizar a sua vida.
Meu orgulho tem carro bom e quase que intocável: não é desses utilitários que carregam pessoas necessitadas por ruas esburacadas a qualquer hora da noite; ‘ambulância’, nem pensar!
Meu orgulho, doutor em regras de trânsito, é, na maioria das vezes, inflexível, não admitindo exceções, tão pouco falhas ‘alheias’.
Meu orgulho, quando confronta guardadores, catadores/recicladores, frentistas, lavadores… os considera todos subempregados e servis acomodados. Moedas para eles só as pequeninas; a que possui a ‘República na cara’, nem pensar! Uma palavra boa é perda de tempo com esses ‘desocupados’.

*

Perguntamo-nos, então, como encaixar a humildade em a corte do orgulho?
Todos nós sabemos que o mais salutar e razoável será depormos o monarca!...

Claudio Viana Silveira
http://www.oconsolador.com.br/ano12/578/ca4.html

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sexta-feira, 13 de julho de 2018

Um minuto


A conduta indica a orientação espiritual da criatura.
Surge o ideal realizado, consoante o esforço de cada um.
Amplia-se o ensino, conforme a aplicação do estudante.
Eternidade não significa inércia, mas dinamismo incessante.
O caminho é infinito.
Quem estabelece a rota da viagem é o viajor.
Continua, pois, em marcha perseverante, gastando sensatamente o tesouro dos dias.
Em sessenta segundos, a lágrima pode transformar-se em sorriso, a revolta em resignação e o ódio em amor.
Nessa mínima parcela da hora, liberta-se o espírito do corpo humano, a flor desabrocha, o fruto maduro cai da árvore e a semente inicia a germinação da energia latente.
Analisa o que fazes de tão valiosa partícula de tempo.
Num só momento, o coração escolhe roteiro para o caminho.
Com o Evangelho na consciência, o lazer é tão-somente renovação de serviço sem mudança de rumo.
Não desprezes o tempo, em circunstância alguma, pois quem espera a felicidade se esmera em construí-la.
A hora perdida é lapso irreparável.
Dominar o relógio é coordenar os sucessos da vida.
Nos domínios do tempo, controlamos a hora ou somos ignorados por ela.
Por isso, quanto mais a alma se eleva em conhecimento, mais governa os próprios horários.
Lembra-te de que as edificações mais expressivas são formadas por agentes minúsculos e de que o século existe em função dos minutos.
Não faz melhor quem faz mais depressa, mas sim quem faz com segurança e disciplina, articulando ordenadamente os próprios instantes.
Observa os celeiros de auxílio de que dispões e não hesites.
Distribui os frutos da inteligência.
Colabora nas tarefas edificantes.
Estende a solidariedade a benefício de todos.
Fortalece o ânimo dos companheiros.
Não te canses de ajudar para que se efetue o melhor.
O manancial do bem não tem fundo.
A paz coroa o serviço.
E quem realmente aproveita o minuto constrói caminho reto para a conquista da vitória na Divina Imortalidade.

VIEIRA, Waldo. Sol nas Almas. Pelo Espírito André Luiz. CEC.


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segunda-feira, 11 de junho de 2018

Momento brasileiro


Diante de crimes hediondos, suicídios ou tragédias provocadas como atentados e sequestros dramáticos, e mesmo a insensibilidade reinante no governo diante da realidade brasileira, a perplexidade domina os círculos da sociedade humana.
É importante, de início, já informar: ninguém nasceu predestinado a matar (não se mata apenas com armas) ou a matar-se. Matar ou matar-se são resultantes da liberdade de agir. Estamos todos destinados ao progresso, e o desajuste das emoções e do equilíbrio é o grande responsável por tais tragédias. Estamos, absolutamente, convidados à harmonia na convivência e à solidariedade nas iniciativas. Da mesma forma, o dever dos que estão investidos de poder é usar a política em sua devida finalidade: gerir o tesouro nacional em favor da coletividade do país. A corrupção em todos os níveis, igualmente, é um atentato à vida.
Referida liberdade de decisão – seja no caso dos crimes em geral ou mesmo numa gestão de poder –, no entanto, sujeita-nos às reparações que virão a seu tempo. Isso por uma razão muito simples: somos responsáveis pelo que fazemos. A vida e suas leis determinam essa responsabilidade intransferível, deixando bem claro que toda lesão que causamos a nós mesmos ou a terceiros, teremos que reparar. Não é castigo, mas apenas consequência. Isso vale tanto nesses dramas que envolvem famílias como na administração de valores que envolvem toda a sociedade.
E as vítimas? Como ficam essas pessoas? Por que sofrem atentados e se tornam vítimas de crimes passionais e etc? E uma nação enfrentando o mal uso do poder, com a corrupção reinante? Podemos acrescentar outras questões: Por que Deus permite? Por que uns se livram, inesperadamente, de determinados perigos, enquanto outros deles são vítimas? Por que ocorrem com uns e com outros não? Qual o critério para todas essas situações? E também, claro, por que os abusos do poder ou a insensibilidade gerada pelo egoísmo e pelo império do materialismo?
Apesar da dor e sofrimentos decorrentes e da não justificativa – sob qualquer pretexto – de gestos que violentem a vida, as chamadas vítimas enquadram-se em quadros de aprendizados necessários ou de reparações conscienciais perante si mesmos, envolvendo, é claro, os próprios familiares. Raciocínio também cabível nos aprendizados de uma nação, como é o nosso caso, onde ainda negociamos os votos ou somos seduzidos por interesses que violentam os reais objetivos da pátria.
Por outro lado, os autores – apesar de equivocados e cruéis – são dignos de piedade, uma vez que enfermos. Quem agride está doente, desequilibrado na emoção e necessitado de auxílio, compreensão, tolerância, e mais ainda, de perdão. Inclusive na indiferença ou omissão do cargo investido, acrescente-se.
Cristãos que nos consideramos, sem importar a denominação religiosa que adotamos, a postura solicitada em momentos difíceis como o agora enfrentando pela mentalidade brasileira, é de compaixão para com agressores e vítimas. Todos são dignos da misericórdia que norteia o Amor ao próximo. A situação de quem agride é muito pior de que quem é agredido. O agredido (não se restrinja aqui a nomenclatura à agressão física) já se liberta de pendências que aguardavam o momento difícil ou faz importantes aprendizados; o agressor, por sua vez, abre períodos longos, no futuro, de arrependimentos e reparações que lhe custarão dores e sofrimentos. Nada justifica a crueldade, mesmo que seja por indiferença ou omissão. Sua ocorrência coloca à mostra nossas carências e enfermidades morais expostas, demonstrando a necessidade do quanto ainda precisamos fazer uns pelos outros. Não podemos julgar. Não temos competência para isso. O histórico divulgado pela mídia já demonstra por si só as carências expostas, dentre tantos outros fatos lamentáveis. Mas há a bagagem que não vemos.
O momento é de vibrações e preces para que todos tenhamos equilíbrio. Todos somos filhos de Deus!

Orson Peter Carrara

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segunda-feira, 7 de maio de 2018

Lembretes


Perante as situações constrangedoras que, às vezes, enfrentamos no transcorrer da vida, é necessário que nos preservemos das atitudes grosseiras ou atos inconsequentes que nos levem a agir contra os nossos princípios morais. Não será porque alguém nos agrida com palavras ou ações que devamos fazer o mesmo, pois revidar as agressões nos igualaria ao agressor.
É importante buscar a compreensão, reconhecendo e aceitando essas reações como fruto da imperfeição a que todos nós estamos sujeitos, usando a indulgência e a tolerância para com todos.
A maioria das reclamações ou queixas não passam de lamentação estéril a que o homem se acostumou; se temos nas mãos o remédio eficaz como o Evangelho de Jesus e os consoladores esclarecimentos da Doutrina dos Espíritos, a repetição das queixas traduzirá, apenas, a má vontade na aplicação legítima do conhecimento espírita a nós mesmos.
Não nos desgastemos com lamentações inúteis que nada nos trarão de bom, ao contrário, somente o atraso na jornada evolutiva. É necessário confiar e aguardar serenamente, lembrando de continuar a servir o Mestre, realizando o que Ele espera que façamos, em Seu nome, para aliviar o sofrimento de nossos irmãos, enquanto a solução dos nossos problemas não chega.
Façamos de nossas vidas uma demonstração constante de mansuetude, procurando agir com bondade e compreensão diante das situações que poderiam levar-nos à revolta ou à impaciência.
É no cultivo da misericórdia e do entendimento que encontramos, em nós mesmos, a força do amor capaz de garantir dentro e fora de nós a construção do Reino de Deus.
Amemo-nos uns aos outros, como Jesus nos amou e nos tem amado por todos os séculos, apesar dos nossos enganos e imperfeições.
Se há mais alegria em dar que em receber, há mais felicidade em servir do que em ser servido.
Quem serve, prossegue... 
Lembremo-nos disso.

Bibliografia:

XAVIER, Francisco Cândido – pelo Espírito Emmanuel. Pão Nosso. 29ª edição, Brasília, Ed FEB, 2010. Pág. 251. Lição 118 – É para isto.

XAVIER, Francisco Cândido – pelo Espírito Emmanuel. O Consolador. 29ª edição, Brasília, Ed. FEB, 2013. Págs. 131, 171, 207, 227.

Temi Mary Faccio Simionato

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quinta-feira, 26 de abril de 2018

Relações conflituosas em família


Muito comum na vida de todos nós a existência de relações conflituosas envolvendo familiares, quando não, nós mesmos os conflitantes.
Mesmo estando no limiar de uma nova era, o Mundo de Regeneração, nós, os Espíritos que aqui se encontram, ainda somos portadores das paixões que identificam os Espíritos dos Mundos de expiação e provas, e são estas paixões as responsáveis pelas incompatibilidades comportamentais na vida do Espírito imortal.
Chega um dia, porém, que retornamos ao mundo espiritual e “Quando deixa a Terra, o Espírito leva consigo as paixões ou as virtudes inerentes à sua natureza e se aperfeiçoa no Espaço, ou permanece estacionário, até que deseje receber a luz. Muitos, portanto, se vão cheios de ódios violentos e de insaciados desejos de vingança”, explica o Espírito Santo Agostinho em elucidativa mensagem inserida no capítulo catorze de O Evangelho segundo o Espiritismo.
O Benfeitor também nos fala que depois de um determinado tempo na erraticidade, que é variável para cada individualidade, os mais adiantados moralmente acabam por se conscientizarem sobre “as funestas consequências de suas paixões e são induzidos a tomar resoluções boas”. “Por fim, após anos de meditações e preces, o Espírito se aproveita de um corpo em preparo na família daquele a quem detestou, e pede aos Espíritos incumbidos de transmitir as ordens superiores permissão para ir preencher na Terra os destinos daquele corpo que acaba de formar-se”, esclarece o Benfeitor, deixando claro que nós solicitamos a oportunidade da convivência junto aos desafetos, justamente, para corrigirmos a situação conflitante criada outrora.
Porém, no dia a dia das convivências, “imperfeita intuição do passado se revela, do qual podeis deduzir que um ou outro já odiou muito, ou foi muito ofendido; que um ou outro veio para perdoar ou para expiar”, e por isso aconselha o Benfeitor a pensarmos que “um de nós dois é culpado”.
O Benfeitor acrescenta que “a tarefa não é tão difícil quanto vos possa parecer. Não exige o saber do mundo. Podem desempenhá-la assim o ignorante como o sábio, e o Espiritismo lhe facilita o desempenho, dando a conhecer a causa das imperfeições da alma humana”.
Lembra-nos também:

“Deus não dá prova superior às forças daquele que a pede; só permite as que podem ser cumpridas. Se tal não sucede, não é que falte possibilidade: falta a vontade.
As provas rudes, ouvi-me bem, são quase sempre indício de um fim de sofrimento e de um aperfeiçoamento do Espírito, quando aceitas com o pensamento em Deus. É um momento supremo, no qual, sobretudo, cumpre ao Espírito não falir murmurando, se não quiser perder o fruto de tais provas e ter de recomeçar. Em vez de vos queixardes, agradecei a Deus o ensejo que vos proporciona de vencerdes, a fim de vos deferir o prêmio da vitória. Então, saindo do turbilhão do mundo terrestre, quando entrardes no mundo dos Espíritos, sereis aí aclamados como o soldado que sai triunfante da refrega”.

Conclui-se destes esclarecimentos que estamos sempre com as pessoas certas, e na família certa, para fazermos o que é certo, segundo as nossas próprias resoluções anteriores à nossa atual reencarnação. Não podemos reclamar do que nós mesmos pedimos, para nosso próprio benefício, e que conta com a sempre presente misericórdia Divina a nos incentivar e socorrer.
Pensemos nisso.

Antônio Carlos Navarro

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terça-feira, 3 de abril de 2018

Tesouro nem sempre valorizado


A maior felicidade que podemos desfrutar no cotidiano diário é a convivência com pessoas afins, com pessoas amigas de verdade. A juventude passa num instante, o dinheiro troca de mão e a saúde é sujeita às fragilidades próprias de nosso tempo.
O que fica realmente são os sentimentos. E eles são sólidos quando construídos pela afeição verdadeira, sem interesses e onde prevalecem o respeito e a consideração real.
Pessoas afins são pessoas que amam e são amadas mutuamente. Por isso sente-se o prazer da convivência recíproca. Daí a razão de se buscarem, de se alimentarem emocionalmente porque significam autenticidade nos sentimentos.
Segundo o dicionário, amigo é pessoa que quer bem a outra, defensor, protetor. Já a palavra amizade é definida como o sentimento de amigo, afeto que liga as pessoas, reciprocidade do afeto, benevolência, amor.
Já se disse que quem tem um amigo, tem um tesouro. E pesquisas recentes indicam que ter amigos aumenta o tempo de vida e protege a saúde contra doenças, especialmente aquelas que afetam o coração. É que a convivência com amigos autênticos proporciona o incomparável prazer de estar com pessoas com quem não precisamos nos preocupar em como vamos nos portar, o que vamos dizer… Estar com amigos livra-nos do ambiente constrangedor de muitas vezes “pisar em ovos”. Com eles, somos nós mesmos, naturalmente.
Os amigos nos entendem, nos compreendem, nos aceitam. Como somos. E estes sentimentos são recíprocos. É aquela cumplicidade natural da reciprocidade do afeto. Mesmo que tenhamos de chamar a atenção ou sermos advertidos, em virtude de qualquer equívoco, isto será feito com jeito, sabendo abordar o assunto, sem magoar, sem constranger. É que entre amigos há um ingrediente fundamental para a boa convivência: o respeito mútuo.
Basta pensar que as causas dos atritos, desentendimentos e intrigas estão nas tentativas de imposição das ideias ou no desrespeito à liberdade de cada um. A amizade leal é a mais formosa modalidade de amor fraterno, segundo Emmanuel, consagrado autor. Por isso pensemos nos amigos! E reflitamos nos benefícios que este magno sentimento é capaz de espalhar onde se apresente. Antes, pois, de qualquer iniciativa, sejamos amigos uns dos outros, e sentiremos a vontade da convivência saudável de quem se quer bem…
Não podemos, todavia, esquecer o Amigo Incondicional da Humanidade: Jesus! Sempre presente na vida humana, poderia ter enviado um representante para a Terra, a fim de apresentar o Evangelho. Mas fez questão de estar pessoalmente entre nós, pelo amor fraternal e autêntica amizade que dedica a seus irmão ainda em processo evolutivo, lento e difícil.
A amizade é mesmo um sentimento notável, virtude a ser cultivada, tesouro e fonte de imensas alegrias que precisamos valorizar e cultivar.
Meu abraço, pois, meu amigo, minha amiga.

Orson Peter Carrara

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quarta-feira, 28 de março de 2018

Jamais esconder o talento recebido


“Senhor, sei que és um homem de rija condição; segas onde não semeaste, e recolhes onde não espalhaste; e, temendo, escondi o teu talento na terra; eis aqui o que é teu... Servo mau e preguiçoso... lançai-o nas trevas exteriores; ali haverá choro e ranger de dentes.”(Jesus. Mateus XXV.)
Na Parábola dos Talentos, Jesus deixa bem claro que a omissão e o descaso não servem de desculpa para o servo preguiçoso que não ousou utilizar o talento que lhe foi confiado. Preferindo cruzar os braços ante a oportunidade de trabalho que recebeu, perdeu a grande chance de exercitar suas potencialidades a caminho da prosperidade.
Quantas criaturas no meio social em que vivem, quotidianamente, representam o servo mau e preguiçoso da parábola em referência. Recebem da Providência Divina o talento da oportunidade de progredir espiritualmente, rumo à perfeição, e o esquece num canto qualquer de suas existências e a vida, passando como um bólido, as conduzirão ao juízo de suas consciências que, culpadas pela omissão, chorarão o remorso e o arrependimento da acomodação.
E são tantos os talentos que estão à nossa disposição, em todo o tempo, que em momento algum temos o direito de apresentar reclamações. Antes é imprescindível saber utilizá-los para extrair deles os benefícios que podem produzir.
Com o talento da paciência poderemos aprender a conviver com as pessoas em situações adversas, ensaiando a capacidade de renunciar e compreender virtudes que nos remetem à serenidade.
Com o talento do trabalho conseguiremos realizar as maiores proezas, impulsionando o progresso físico e moral, objetivando a construção do mundo de paz e esperanças que desejamos.
Com o talento da perseverança teremos a chance de continuar em busca da realização dos nossos sonhos e metas traçadas, tendo em mira deixar a inferioridade em que estamos para sublimar os nossos sentimentos.
Com o talento da coragem avançaremos destemidos pelos longos e às vezes pesados caminhos da vida, superando obstáculo, vencendo barreiras e chegando ao porto dos nossos destinos.
Com o talento do companheirismo poderemos ser, no reduto familiar ou no meio social em que mourejamos, um notável elemento de concórdia, de pacificação, unindo corações e reatando laços afetivos rompidos.
Com o talento do otimismo demonstraremos aos que nos observam um comportamento de equilíbrio, ânimo e firmeza ante qualquer situação que a vida nos apresente, criando ambiência adequada para as vitórias que nos aguardam.
Com o talento da fé teremos a absoluta e insofismável certeza de que Deus, nosso Pai de eterna bondade, tudo está fazendo para que tenhamos à disposição todos os mecanismos possíveis e capazes que nos assegurarão a paz que queremos.
Com o talento do amor conseguiremos ser, onde estamos e por onde passarmos, um digno representante da mensagem divina, servindo incansavelmente como elo entre as criaturas e Deus.
Portanto, não vale esconder o talento. Imprescindível e urgente laborar para multiplicá-lo, agindo de forma inversa ao que fez o servo mau e preguiçoso da Parábola dos Talentos, que desagradou profundamente o seu Senhor.
Reflitamos.

Waldenir A. Cuin

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