terça-feira, 11 de agosto de 2020

A sofisticação moral de Kardec


A ideia de Kardec sempre girou em torno da sofisticação moral do ser humano.
Entenda-se sofisticação no sentido positivo e construtivo, que impele o ser a superar-se, a vencer suas limitações e a elevar-se em espírito e verdade.
Quando lemos sua obra, percebemos esta preocupação constante, tanto que em diversos momentos o objetivo de Kardec é oferecer aos seus leitores e estudiosos o que de mais nobre poderia ser concebido em termos morais.
Assim, tem-se um permanente curso de aperfeiçoamento espiritual, a ser acessado por todos em quaisquer momentos da existência. E, como as grandes lições da Humanidade, não há custo a ser pago, os ensinamentos são gratuitos e estão disponíveis, facilmente, ao alcance de um clique. As obras de Kardec já são, há bastante tempo, de domínio público, o que significa que as traduções, em português, de seus livros, podem ser facilmente acessadas em equipamentos disponíveis na palma da mão, como os celulares.
Para ilustrar trazemos a questão de número 886 de "O Livro dos Espíritos". Do mesmo modo como, antes, no item 625, do mesmo livro, portanto, anterior à própria questão 886, Kardec recebe das Inteligências Superiores a informação de que o homem Jesus é a referência moral para a Humanidade e, ele, Kardec, então, quer saber qual o verdadeiro sentido da caridade, como a entendia aquele Pescador de Almas.
Percebe-se, neste ponto, a preocupação de Kardec em nivelar por cima, com a intenção de oferecer ao homem um norte moral dos mais sofisticados, e este norte é encontrado em Jesus e sua doutrina.
A resposta dos Espíritos prova isso: "Benevolência para com todos, indulgência para com as imperfeições alheias, perdão de ofensas".
A caridade, então, tem tríplice viés e alcance: inicia com a bondade, o ato de agir no bem, independente de quem seja o interlocutor em nosso caminho; adotar a indulgência que é a atitude natural e espontânea diante das imperfeições alheias, aquilo que os indivíduos conseguem, no momento, oferecer, dada a sua condição espiritual evolutiva; e, por fim, o perdão em relação às ofensas alheias, que decorre dos dois elementos anteriores porque, sendo bons e indulgentes, compreendemos que precisamos agir diferentemente, não destinando, a quem quer que seja, nenhuma paga, ou uma atitude na mesma moeda, no padrão de ofensa recebido.
Cumpre mencionar que não há uma fórmula, uma bula ou um manual para o proceder em relação aos que nos rodeiam. A base empírica, racional, lógica e virtuosa brota de cada situação em que vamos aprendendo a entender melhor o semelhante, sem exigir dele reciprocidade nem a mesma reflexão que nós já temos, em função das nossas experiências.
E o bom é que podemos tentar sempre, experimentar todos os dias e ir progredindo conforme nossas capacidades.
Não é sofisticado isso?

Wellington Balbo e Marcelo Henrique

Imagem ilustrativa

sábado, 1 de fevereiro de 2020

A calma que se precisa


O momento decisivo da evolução humana pede persistência, coragem, mas também calma.
Se pensarmos no alcance no final da conhecida expressão de Jesus: Amai-vos uns aos outros como eu vos amei,
podemos ampliar seu entendimento e entender seu divino convite.
Afinal o "como eu vos amei", como devemos entender?
Como é que Ele nos amou?

Em boa síntese didática-educativa, podemos entender que:

a) Ele sempre respeitou nossa posição evolutiva. Tanto que sempre valorizava quem dele sem aproximava. Às diferentes personalidades que o procuraram, da mulher adúltera ao doutor da lei, respeitou-lhes o estágio moral.

b) Nada pediu em troca pelos inúmeros benefícios que trouxe à humanidade. Isso é uma demonstração de amor. Ama e porque ama ampara, consola, conforta, orienta; Nada exigiu, aguarda nosso despertar. 

c) Importou-se conosco. Esse importar-se conosco foi demonstrado na prática pelas expressivas manifestações de entendimento de nossa precária condição evolutiva, estendendo-nos seu divino amparo e orientação.

Daí a recomendação fraterna: "Amai-vos uns aos outros". Mas apresentou também a proposta de como fazê-lo, acrescentando o "como eu vos amei". Até porque - e hoje entendemos com mais exatidão - ele é o Modelo e Guia, referência mais alta que possuímos no planeta para seguir e nos esforçarmos como exemplo para incorporarmos ao comportamento.
Essa adoção de postura no comportamento é capaz de vencer obstáculos, extinguir contendas e dispensar mágoas, ressentimentos ou sentimentos de vingança ou mesmo temores infundados, uma vez que estamos todos protegidos por sua grandeza e bondade.
É a calma, a resignação ativa, que trabalha, compreende e encontra outros caminhos que sejam de paz para superação dos imensos desafios da atualidade.

Orson Peter Carrrara

Imagem ilustrativa

quinta-feira, 26 de dezembro de 2019

Saúde preventiva


Compromisso reencarnatório e doenças crônicas

Lembra-nos André Luiz, pela pena psicográfica de Chico Xavier, que “renascendo entre as formas perecíveis, nosso corpo sutil, que se caracteriza, em nossa esfera menos densa, por extrema leveza e extraordinária plasticidade, submete-se, no plano da crosta, às leis de recapitulação, hereditariedade e desenvolvimento fisiológico, em conformidade com o mérito ou demérito que trazemos e com a missão ou o aprendizado necessários" (No Mundo Maior). A pedagogia reencarnatória reclama estudo, atenção e atitude para não produzir deteriorações desnecessárias a este corpo, carro material da nossa jornada pelo planeta.
A química fisiológica, como a química espiritual, não é casual ou fatalista. Emerge de nossos atos. Embora seja certo que a dor nos ensina, a ninguém foi dado buscar a doença ou o sofrimento como opção de vida. Incumbe-nos viver de forma cautelosa, escudando a nossa saúde física e espiritual, condição para tornar mais proveitosa a nossa experiência reencarnatória. Neste prisma, ter os olhos abertos para o que ocorre à nossa volta é o primeiro passo para evitar doenças e produzir saúde.
Você sabe o que é doença crônica? São aquelas de progressão lenta e de longa duração. Podem ser silenciosas ou sintomáticas e sempre comprometem a nossa qualidade de vida. Para considerar apenas as não transmissíveis, podemos exemplificá-las com as doenças cardiovasculares, as respiratórias crônicas (bronquite, asma, rinite), a hipertensão, o câncer, as doenças autoimunes (lúpus, doença celíaca, esclerose múltipla etc.) e as doenças metabólicas (obesidade, diabetes, esteatose, osteoporose etc.). Junto às últimas podem ocorrer diversas manifestações psiquiátricas, como o autismo e a depressão. Segundo a OMS, as doenças crônicas respondem por 63% das mortes no mundo (74% das causas dos óbitos no Brasil).
Tive acesso, em data recente, a uma explanação feita pelo Dr. Cícero Galli Coimbra, médico e cientista, acerca de alguns dados estarrecedores da saúde mundial. Na atualidade, 60% da população norte-americana com menos de 25 anos de idade sofrem de pelo menos uma doença crônica. Deste contingente, 45% padecem com duas dessas doenças. Trata-se de amostragem do que ocorre em todo o planeta, num ritmo exponencial que se agravou desde 1980. Na década de 1975 a 1985, duplicaram os casos de autismo no mundo. Nas décadas anteriores, as estatísticas apontavam para o nascimento de 1 criança autista para cada 5.000 crianças normais. No período seguinte, esta proporção já era de 1 para cada 2.500. Em 2012, chegamos a 1 criança autista para cada 88 normais e, em 2018, o índice foi de 1 por 40. Se nada for feito, um enorme contingente de pessoas manter-se-á dependente de medicamentos que a indústria farmacêutica lança no mercado a preços exorbitantes. Essas empresas não estão preocupadas em descobrir ou combater as causas dessas doenças. Orbitam nas cifras milionárias de seus negócios e doenças crônicas constituem a matéria-prima de seus lucros. Os fármacos que produzem combatem apenas os efeitos dessas doenças, o que lhes garante, por tempo indefinido, a fidelidade forçada de um expressivo público consumidor. Em 2016, essa indústria movimentou US$ 17 bilhões apenas com a venda de imunossupressores para o tratamento da esclerose múltipla. Quatro gigantes desse setor projetaram, no mercado de ações, um lucro de US$ 40 bilhões para 2026, gerado exclusivamente com essa doença. Milhares de pessoas tendem a se tornar, ainda jovens, incapacitadas para o trabalho e até para cuidados pessoais.
A boa notícia é que a maioria das doenças crônicas pode ser prevenida ou controlada. O peso da herança genética é pequeno, se comparado a outros fatores de risco que estão sob o nosso domínio e dependem apenas de nossa vontade e determinação. “Não somos vítimas de nossos genes, mas donos do nosso destino.” (Bruce Lipton). Para trabalhar no bem (essência do nosso compromisso reencarnatório) é preciso saúde. Com pequenas atitudes você pode evitar doenças crônicas e permitir uma experiência proveitosa no vaso físico. Mude hábitos para garantir uma alimentação saudável e variada, rica em frutas, vegetais e cereais. Esforce-se para banir o consumo de produtos industrializados, de açúcar, de sódio, de fumo, embutidos e refrigerantes. Mantenha atividades físicas regulares e reduza ao máximo o consumo de bebidas alcoólicas. Não se torne refém de medicamentos. Reserve momentos para desfrutar do prazer merecido, da tranquilidade e do relaxamento. Tudo sem esquecer da atividade mais importante, motriz de saúde física e mental: o trabalho desinteressado em favor do outro.

O autor é Promotor de Justiça, Professor Universitário, Mestre e Doutor em Direito. É estudioso e divulgador da Medicina Holística e dos meios naturais de promoção e recuperação da saúde.


Imagem ilustrativa

segunda-feira, 25 de novembro de 2019

Provação e aprendizado


Quando a dor nos bate à porta e enche de sombras nossa vida costumamos chorar ou nos desesperar.
Abatidos, olhamos em torno e invejamos os felizes do mundo: os que têm riquezas, os que aparentam não ter preocupações, os que têm saúde ou família perfeitas.
Nessas horas de provação lamentamos e choramos. Raras vezes aproveitamos a ocasião para meditar e retirar aprendizados.
Muitas vezes, aqui na Terra, as preocupações da vida material nos cegam.
Ficamos tão aflitos com o que haveremos de comer ou de beber que esquecemos de que temos Deus, um Pai amoroso que cuida de todos nós.
Acredite: ninguém está esquecido por esse Pai amoroso e bom, que faz nascer o sol sobre bons e maus, que faz cair Sua chuva sobre justos e injustos.
Muitas vezes nos perguntamos: Por que isso aconteceu comigo? A pergunta deveria ser diferente: Para quê isso aconteceu comigo?
Sim, toda e qualquer experiência – sofrida ou feliz – traz um aprendizado importante. São momentos que vão enriquecer nossa alma.
Deus não brinca com as nossas vidas. E se Ele permite que certas coisas aconteçam conosco é porque há um objetivo útil e importante para nós.
Faça uma retrospectiva: observe os momentos difíceis de sua existência. Cada um deles trouxe algo de novo, um aprendizado especial. Cada lágrima acrescentou sabedoria, experiência, um novo olhar sobre a vida.
A doença, por exemplo, nos ensina a valorizar a saúde, a cuidar melhor do corpo. A pobreza nos revela a importância do trabalho e do esforço pessoal. A família difícil nos oferece a lição da tolerância.
Enfim, as privações nos ensinam a ser mais sensíveis perante o sofrimento alheio. Essas lições são interiorizadas: nós as guardaremos para sempre.
Na verdade, as dificuldades são advertências que a vida nos apresenta, alertas sobre nossas atitudes perante o próximo.
Se algo ruim nos ocorre, vale a pena se perguntar: O que posso aprender com isso? Como posso melhorar a partir desse episódio?
Mas, atenção: nada disso significa que devemos cultuar a dor. Nada disso! Bem sofrer não significa cultivar o sofrimento, ser conformista ou agravar as dores que sofremos.
Bem sofrer significa enfrentar as situações com fé e coragem, alimentar a esperança enfrentando as situações com serenidade.
Assim, busque soluções, lute por sua felicidade. Mas faça tudo isso com tranquilidade.
Quando desabarem sobre você as tempestades da vida, não se entregue à revolta destruidora. Silencie, ore e procure descobrir o aprendizado oculto que a situação traz.
Acredite: por mais amarga seja a experiência, os frutos desse aprendizado jamais se perderão e eles poderão nos tornar mais sábios e generosos.
Por isso, cada vez que as lágrimas visitarem seu rosto, erga os olhos para o céu e agradeça.
Nas suas orações, peça a Deus a força necessária para superar o momento difícil e a inspiração para encontrar soluções.
E Deus, que nos ama tanto, não deixará de atendê-lo na medida de suas necessidades espirituais.
Quando o momento difícil passar, você se sentirá bem melhor se não tiver de lembrar que se entregou ao desespero, que gritou e se debateu.
Em geral, a solução está bem próxima. Se estivermos transtornados de medo ou desespero, será mais difícil resolver o problema. Com calma, logo poderemos ver a luz no fim do túnel.
Pense nisso.

Redação do Momento Espírita.
Autor desconhecido

Imagem ilustrativa

quinta-feira, 10 de outubro de 2019

Duas consequências inevitáveis


Devemos tudo à Vida abundante que desfrutamos. Deus, o Criador, dotou-nos de vida e possibilitou-nos intenso e contínuo aprendizado. Para que pudéssemos evoluir, aprender, e, portanto, adquirir méritos do esforço colocado a serviço da conquista da felicidade, cercou-nos de inúmeros recursos. Entre eles estão as maravilhas produzidas pela natureza. Desde o espetáculo do nascer do sol – que soa como amável e silencioso convite ao trabalho; às frutas ou perfume das flores, à condição de seres sociais que se relacionam para o mútuo crescimento e mesmo a uma infinidade de tesouros que nem percebemos. Sempre estão a nossa volta e o espaço desta página seria insuficiente para relacionar.
Colocou-nos num planeta rico de possibilidades e perspectivas. Dotou o planeta de água, fauna e flora abundantes; deu-nos os animais, pássaros e outros seres como companheiros de viagem e ainda escalou experimentados irmãos mais velhos que visitam o planeta, periodicamente, para ensinar o caminho do acerto e da felicidade. Entre eles, o maior de todos, Jesus de Nazaré, mensageiro do Evangelho, porta-voz direto do Pai Criador e que vivenciou em si mesmo o que ensinou.
Diante das possibilidades abertas, a humanidade vai caminhando, errando, acertando e aprendendo. Descobrimos nossas próprias leis, estamos pesquisando o que ainda nos intriga e lutamos contra dificuldades e obstáculos que são próprios e naturais de nosso atual estágio evolutivo. Sim, porque somos criaturas em caminhada, imperfeitas e inacabadas. O tempo levar-nos-á à perfeição relativa, quando estaremos promovidos à condição de cooperadores da grandiosa obra de Deus.
Essas reflexões todas convidam-nos a pensar com mais seriedade sobre a vida no planeta. Não estamos aqui a passeio. Também não estamos no planeta pela primeira, nem última vez. Somos todos irmãos, devemo-nos solidariedade recíproca e cumprimos um justo programa de autoaperfeiçoamento, cuja finalidade é o progresso individual e coletivo. E neste coletivo incluímos toda a sociedade do planeta, em todos os sentidos e níveis que se queira analisar.
No geral, devemos entender que como filhos de um Pai Bondoso e Justo, que ama profundamente suas criaturas, fica o dever do autoaprimoramento intelecto-moral, único instrumento real de equilíbrio e felicidade. E consideremos que tudo isto enquadra-se até num dever de gratidão a tudo que recebemos, diariamente, de Deus, o Pai de todos nós.
E pensemos que o autoaprimoramento intelecto-moral levar-nos-á pelo menos a duas consequências inquestionáveis: dominaremos o egoísmo feroz que ainda nos domina (o que determinará o fim da onda de sofrimentos que abate o planeta) e partiremos, porque mais conscientes, aos deveres da solidariedade que, por consequência, trarão o equilíbrio que esperamos.

Orson Peter Carrara

Imagem ilustrativa

quarta-feira, 2 de outubro de 2019

Suicídio, uma desgraça anunciada!


A mente despreocupada com a vigilância, tão amiúde recomendada pelos Espíritos Superiores, muito mais facilmente deixa-se contaminar pela influência desagregadora e nefasta da mídia sensacionalista, que se nutre das notícias escandalosas e fomentadoras do medo e da insegurança, conduzindo o indivíduo, geralmente, para os processos de fuga, que lhes causarão devastadoras e dolorosas consequências.
Isto porque esses processos são fundamentados no estado de perturbação em que o Ser deixou-se envolver, buscando opções antes inimagináveis, com repercussão dolorosa e perturbadora para o equilíbrio e a paz espiritual do indivíduo, que terá de suportar dores e sofrimentos, por muitos anos, dentre eles o suicídio.
As estatísticas sobre esse ato insensato são alarmantes, sendo por isso mesmo considerado uma questão de saúde pública, embora o suicídio nem sempre esteja incluído em debates sobre violência, como se não fizesse parte desse tipo de assunto.
Homens e Mulheres adultos buscam fugir dos problemas que os afligem, atentando contra a própria vida, assim como uma quantidade inacreditável de jovens, com poucos anos na experiência corporal, também são levados ao suicídio por diversos fatores, dentre os quais podemos destacar: os conflitos familiares, a dependência química, a obsessão, a falta de fé no futuro e, principalmente, a ausência de uma religião.
Segundo pesquisas, os conflitos familiares destacam-se como sendo o maior motivo de suicídio entre os jovens, pois as constantes discussões e embates travados entre pais e filhos causam sérios prejuízos nas estruturas psíquicas dos envolvidos, abalando os frágeis elos da consanguinidade, causando a desunião familiar, crescendo a passos largos em direção ao desamor e ao desrespeito mútuo.
A ausência do verdadeiro sentimento de Amor nas relações familiares, a falta de comunicação, as manifestações sob a forma de comportamentos extremados, entre outros, são fatores que contribuem, fortemente, para os problemas graves que assolam a saúde moral da família.
O resultado imediato dessas atitudes é o surpreendente número de jovens, que até mesmo, inconscientemente, ativam o seu mecanismo de autodefesa psíquica, tentando fugir da realidade que vivenciam em casa e aprisionam-se nas algemas da depressão, de onde muitos poucos logram sair.
Ante os graves acontecimentos de suicídio, precisamos acordar e tomar providências para encontrar em nosso ambiente de atuação os irmãos de qualquer faixa etária que estiverem buscando abrigo nos equivocados e traiçoeiros braços da tristeza, da amargura e do medo. Assim como aqueles que se escondem sob o véu da rebeldia e da agressividade, fugindo, desesperadamente, do enfrentamento dos seus respectivos problemas.
A Casa Espírita precisa cumprir seu papel na sociedade, oferecendo os benditos recursos de nossa doutrina, acolhendo, confortando e esclarecendo sob o destino feliz que a todos está reservado, no abençoado porvir, em nome de Deus.
Para melhor esclarecimento, podemos verificar os diversos e espantosos dados sobre o suicídio contidos no endereço eletrônico a seguir:


Francisco Rebouças

Imagem ilustrativa

sexta-feira, 20 de setembro de 2019

Hábitos insalubres


As criaturas têm despendido largos tributos à ignorância e ao desgoverno das emoções
“Endireitai o caminho.” - João, 1:23.

Segundo Emmanuel [1], “(...) para que alguém sinta a influência santificadora do Cristo, é preciso retificar a estrada em que tem vivido”, abandonando as veredas dos vícios, dos crimes, dos costumes dissolutos e os resvaladouros dos erros. Ao longo de nossa caminhada evolutiva temos despendido largos tributos à ignorância, à impaciência e ao desgoverno das emoções em variegados destrambelhamentos...
Não estaremos livres de toda sorte de dificuldades enquanto não alcançarmos o ápice da evolução, o zênite de nossa escala ascensional. Cumpre, assim, resguardamos o Espírito na calma ante os acontecimentos infelizes que fogem ao nosso controle. Todas as vezes que uma situação se der de forma diferente da que desejáramos, insculpindo as marcas da aflição nas carnes de noss’alma, ao invés de nos deixarmos comburir pela irritação e pela rebeldia, destemperando-nos em revolta, agressividade e palavrões, devemos estender a alcatifa da calma à nossa frente, pois tudo muda constantemente, inclusive o momento aziago...
Joanna de Ângelis[2] aconselha: “(...) em todos os passos da vida, a calma é convidada a estar presente. Aqui, é uma pessoa tresvariada que te agride; acolá é uma ameaça de insucesso na atividade programada; adiante, é uma incompreensão urdindo males contra os teus esforços. É necessário ter calma sempre... Ela é filha dileta da confiança em Deus e na sua justiça, a expressar-se numa conduta reta que responde por uma atitude mental harmonizada.
Quando não se age com incorreção, não há por que temer-se acontecimento infeliz. A irritação, alma gêmea da instabilidade emocional, é responsável por danos, ainda não avaliados, na conduta moral e emocional da criatura.
A calma inspira a melhor maneira de agir, e sabe aguardar o momento próprio para atuar, propiciando os meios para a ação correta. Não antecipa nem retarda. Soluciona os desafios, beneficiando aqueles que se desequilibram e sofrem”.
Em outra oportuna página, esclarece a mesma Mentora Amiga [3]: “(...) o homem que se candidata a uma existência feliz tem a obrigação de vigiar as suas emoções perturbadoras, a fim de que sejam evitadas desarmonias perfeitamente dispensáveis, na economia do seu processo de evolução.
As emoções perturbadoras decorrem do excesso de autoestima, do apego aos bens materiais e às pessoas, e do orgulho, entre outros fatores negativos. O excesso de consideração que o indivíduo concede, leva-o à irritação, ao ciúme, à agressividade, toda vez que os acontecimentos se dão diferentes do que ele espera e supõe merecer.
O grande desafio do homem da atualidade é, pois, superar os despautérios que têm raízes no seu passado espiritual. A liberação das emoções perturbadoras é resultado dos hábitos insalubres de entregar-se-lhes sem resistência. Tão comum se faz ao indivíduo a liberação dos instintos perniciosos geradores deles, que este se não dá conta do desequilíbrio em que vive. Adaptando-se ao autocontrole, eliminará, a pouco e pouco, a explosão dessas emoções perturbadoras”.
Emmanuel esclarece [4]: “(...) o mundo interior é a fonte de todos os princípios bons ou maus e todas as expressões exteriores guardam aí os seus fundamentos. Em regra geral, todos somos portadores de graves deficiências íntimas, necessitadas de retificação. Será muito fácil ao homem confessar a aceitação de verdades religiosas, operar a adesão verbal a ideologias edificantes... Outra coisa, porém, é realizar a obra de elevação de si mesmo, valendo-se da autodisciplina, da compreensão fraternal e do espírito de sacrifício.
O apóstolo Tiago entendia perfeitamente a gravidade do assunto e aconselhava aos discípulos alimpassem as mãos, isto é, retificassem as atividades do plano exterior, renovassem suas ações ao olhar de todos, apelando para que se efetuasse, igualmente, a purificação do sentimento, no recinto sagrado da consciência, apenas conhecido pelo aprendiz, na soledade indevassável de seus pensamentos. O companheiro valoroso do Cristo, contudo, não se esqueceu de afirmar que isso é trabalho para os de duplo ânimo, porque semelhante renovação jamais se fará tão somente à custa de palavras brilhantes”.
A nobre Mentora Joanna de Ângelis3 elaborou um pequeno código de conduta para facilitar-nos a assimilação de outros hábitos saudáveis e felicitadores. Vejamos o que ensina a Mentora de nosso Divaldo Franco: “(...) considera a própria fragilidade que te não faz diferente das demais pessoas; observa o esforço do teu próximo e valoriza-o; treina a paciência ante as ocorrências desagradáveis; reflexiona quanto à transitoriedade da posse; medita sobre a necessidade de ser solidário; propõe-te a adaptação ao dever, por mais desagradável se te apresente; aprende a repartir, mesmo quando a escassez caracterizar as tuas horas...
Um treinamento íntimo criará novos condicionamentos que te ajudarão na formação de uma conduta ditosa e tranquila.
Foram as emoções perturbadoras que levaram Pedro, temeroso, a negar o Amigo, e Judas, o ambicioso, a vendê-lO aos inimigos da verdade.
O controle delas, sob a luz da humildade e da fé, proporcionou à humanidade o estoicismo de Estêvão, a dedicação até o sacrifício de Paulo – que as venceram – e toda a saga de amor e grandeza do homem abnegado de todos os tempos”.
Santo Agostinho desenvolve de forma magistral o axioma encontrado por Sócrates no Templo de Delfos na Grécia, de autoria do também filósofo grego Sólon: “conhece-te a ti mesmo”, na sequência da questão número 919 de “O Livro dos Espíritos”, d’onde podemos pinçar valiosos subsídios para implementar o código de conduta elaborado pela lúcida Mentora de Divaldo Franco. E é ainda ela quem nos aconselha2: “(...) preserva-te em calma, aconteça o que acontecer. Aprendendo a agir com amor e misericórdia em favor do outro, o teu próximo, ou da circunstância aziaga, possuirás a calma inspiradora da paz e do êxito”.

[1] - XAVIER, F. Cândido. Caminho, verdade e vida. 26. ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 2006, cap. 16.

[2] - FRANCO, Divaldo. Episódios diários. Salvador: LEAL, 1986, cap.16.

[3] - FRANCO, Divaldo. Momentos de felicidade. Salvador: LEAL, 1991, cap. 18.

[4] - XAVIER, F. Cândido. Caminho, verdade e vida. 26. ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 2006, cap. 18.

Rogério Coelho

Imagem ilustrativa

quinta-feira, 22 de agosto de 2019

Cinco-marias


Ensine à criança valores e atitudes de cooperação…

Educa e transformarás a irracionalidade em inteligência, a inteligência em humanidade e a humanidade em angelitude. 

Emmanuel

Crianças precisam experimentar valores e cooperação: atravessar a rua na faixa, recolher as fezes do cachorro durante o passeio no parque, dizer obrigado à funcionária da cantina na escola…
A formação do ser humano e do cidadão começa no nascimento e, por isso, na infância as crianças vão aprender por observação, principalmente – se os pais respeitam os sinais de trânsito, por exemplo, a criança compreenderá pouco a pouco que esses sinais são essenciais à ordem das cidades…
Instigar a inteligência infantil? O caminho é sem medo estabelecer em casa uma atmosfera de respeito, carinho e atenção, demonstrando, pelos exemplos, que a família é uma equipe e, por isso, todos os membros devem colaborar: molhar as plantas, guardar roupas e brinquedos, ajudar o irmão menor a vestir o casaco, economizar água, dizer ‘obrigado’...
No dia a dia, sem se esquecer de exercitar o diálogo, deixar claro ao filho ou à filha que toda atitude racista, por exemplo, gera consequências danosas à paz social – motivar, portanto, desde cedo, situações em que as crianças se percebam iguais e com direitos iguais... Afinal, “não nascemos racistas, nos tornamos racistas”, já alertou Pap Ndiaye, pesquisador do Instituto de Estudos Políticos (IEP) de Paris e especialista em relações raciais…
Sem dúvida, o exercício democrático, norteado pelo respeito, pelo espírito de paz e tolerância, deve ser experimentado tenazmente na infância. Aos pais cabe oferecer à criança situações nas quais valores e habilidades voltadas à cooperação, ao bem social, sejam vivenciados, ajudando-a, desse modo, a crescer consciente tanto de seus direitos como de seus deveres.

Eugênia Pickina

Imagem ilustrativa