terça-feira, 22 de setembro de 2020

Somos observados


“O que pensam de nós os Espíritos que estão ao nosso redor e nos observam? – Isso depende. Os Espíritos levianos riem das pequenas traquinices que vos fazem, e zombam das vossas impaciências. Os Espíritos sérios lamentam as vossas trapalhadas e tratam de vos ajudar.” (Questão 458 de O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec.)

Uma vez que a morte, definitivamente, não existe e que prosseguimos a viver mesmo fora da matéria, é muito natural que em estando na vida espiritual, possamos acompanhar aqueles que ficaram na Terra.
Dessa forma, nossos amigos, parentes ou os Espíritos que se afinizam conosco, com frequência, seguem os nossos passos, como acompanhamos as ações daqueles por quem temos simpatia.
No entanto, será sempre muito oportuno não olvidar que os Espíritos que se aproximam de nós são atraídos pelo que pensamos e fazemos, pois a ciência há muito já ensinou que a energia atrai energia da mesma natureza.
Assim, precisamos observar, cuidadosamente, como estamos agindo, que tipo de mensagem estamos passando aos outros, pois nossa vida exerce influência sobre a vida alheia, como o comportamento dos outros também dita procedimentos em nossas ações.
Então, os Espíritos que nos observam, dependendo do que estamos fazendo, riem das nossas atitudes, se divertem com as preocupações infundadas que alimentamos ou lamentam as decisões que tomamos, quando escolhemos seguir por estradas sombrias.
Conhecendo tais informações, será valiosa a nossa precaução em procurar fazer somente o que é belo, nobre e sublime, pois assim estaremos mantendo conosco a presença de Espíritos que também se prestam a tais realizações. Ainda, as entidades espirituais que não se dão ao cultivo da dignidade, logo tomarão outros rumos, uma vez que, do lado de quem pauta a vida pelas diretrizes do Evangelho do Cristo, não haverá lugar para os indiferentes, desocupados e perversos.
Caso contrário se dará, se vivermos na inércia, preguiça e descuido para com os reais valores da vida, pois, assim, nossa atração recairá sobre os Espíritos da mesma natureza, o que nos leva a concluir, sem sombra de dúvida, que muitos prejuízos teremos, pois que a presença de quem não tem equilíbrio, ombreando conosco, certamente nos proporcionará os consequentes deslizes que o desequilíbrio promove.
Portando, não é difícil entender qual deverá ser a tônica dos nossos atos e ações. As Leis Divinas estabelecem um código perfeito, onde cada um receberá de acordo com as suas obras. Não existe nada de novo, pois Francisco de Assis, há muito tempo, já ensinou à humanidade “que é dando que se recebe” e Jesus, em suas lições inquestionáveis e de profundo valor educativo, não se esqueceu de dizer da necessidade do amor ao próximo.
Na verdade, quem ama, quem serve, quem trabalha pelo próximo, quem vê no irmão do caminho alguém que merece respeito, consideração; quem procura não ferir ninguém, não magoar, não prejudicar quem quer que seja, pode ter certeza, contará sempre com a assistência dos bons Espíritos, daqueles que se esforçam para a construção de um mundo melhor.
Já os que trilham por outras estradas, vivendo na indiferença, na apatia, magoando, ferindo, maltratando, obviamente não poderá esperar senão pela presença dos Espíritos da mesma natureza e, indiscutivelmente, os prejuízos serão grandes.
Temos o livre-arbítrio. Decidimos por nós mesmos. Assim, cuidemos de analisar que tipo de vida estamos levando e, por consequência, saberemos quais são os Espíritos que estão nos acompanhando.

Waldenir A. Cuin

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quinta-feira, 17 de setembro de 2020

O custo do abandono emocional


“Por isso não desfalecemos; mas, ainda que o nosso homem exterior se corrompa, o interior, contudo, se renova de dia em dia”. (1)-

Em época de grandes avanços intelectuais, científicos e tecnológicos é possível observar também o avanço das perturbações sociais como a criminalidade e a violência estampadas na face da sociedade contemporânea. Estamos vivendo uma grande catarse social: feminicídios, estupros, intolerâncias, corrupções, atentados, suicídios, desestruturação da base social, da família e o triste abandono da infância.
A vitimização por homicídio de jovens de 15 a 29 anos, no país, é fenômeno denunciado ao longo das últimas décadas, mas que permanece sem a devida resposta em termos de políticas públicas que efetivamente venham a enfrentar o problema.
Quando crianças e jovens aderem a pulsão de morte e destruição significa que a vida não é importante!
O homem do século XXI tem cada vez mais conhecimento e controle sobre o mundo exterior, porém tem se afastado com a mesma intensidade do seu mundo interior. Aprendemos a dominar algumas forças da natureza, a construir diques, barragens, abrigos, porém não conseguimos nos dominar emocionalmente nem tampouco nos conhecer.
Segundo o pediatra e psicanalista inglês, Donald Winnicott, o ser humano é dotado de uma tendência inata ao amadurecimento, tendência essa que requer um ambiente facilitador e a presença constante de um agente suficientemente bom para ajudá-lo a desenvolver-se na primeira infância, período que se estende aproximadamente até os seis anos de idade. (2)
Os primeiros anos do ser humano são marcados por intensos processos de desenvolvimento bio-psíquico-emocional. É uma fase determinante para a capacidade cognitiva e sociabilidade do indivíduo. As crianças nesta fase precisam de amparo, compreensão, oportunidades e estímulos, para que possam desenvolver cada uma de suas aptidões, assim como criar vínculos afetivos, sentimento de pertencimento, autoconfiança, responsabilidade, dentre outros afetos.
A sociedade de modo geral vem pagando um preço alto por não compreender o papel e a responsabilidade de cada um na esfera social e humana. O transtorno mental e os distúrbios de comportamento se multiplicam, já não sabemos como agir. Para se ensinar na escola não serão apenas necessários um livro, uma caneta, uma criança e um professor como assinalava Malala Yousafzai, ativista paquistanesa, mas precisaremos de apoio de profissionais da área da saúde como neuropediatras, psicólogos, psicopedagogos, psicanalistas dentre outros.
Nossas crianças estão se desenvolvendo de maneira frágil sem sentimentos éticos como a empatia, a compaixão, juízo crítico e capacidade de suportar limites. A instantaneidade do prazer é estimulada pela insana sociedade contemporânea. Os pais têm medo de serem “pais”, deixando o posto vazio ou temporariamente fora de área de serviço, com possibilidade de outros assumirem o papel tão fundamental que é a educação integral dos filhos. A frustração precisa voltar a fazer parte da lição de casa, pois dizer “não” é um desafio que precisamos enfrentar com maturidade. Estabelecer limites é oportunizar para que a criança se adapte à realidade e aprenda a conviver e a superar os conflitos advindos do seu meio social em qualquer tempo.
A frustração, a ansiedade, a raiva, o ódio, a disputa e a privação fazem parte do aprendizado das crianças tanto quanto o amor, o respeito, a solidariedade e a fraternidade.
A segurança emocional das crianças e jovens é que está em jogo. Promover e organizar o ambiente familiar saudável é sem sombra de dúvida a única luz no fim desse túnel chamado sociedade contemporânea, caso não amadurecermos essa ideia e planejarmos outras ações continuaremos fragilizados e temerosos pelo amanhã.
A nova geração, preconizada por Allan Kardec no livro A Gênese precisa de objetivos claros e limites para se ajustarem ao novo vindouro. (3)
A humanidade se transforma, isso é evidente, porém a influência dos pais e uma educação de qualidade é sempre o material divino para ascensão de uma Nova Geração. (4)
Atentemos a admoestação carinhosa do Convertido de Damasco: “Por isso não desfalecemos; mas, ainda que o nosso homem exterior se corrompa, o interior, contudo, se renova de dia em dia.”(5)

Bibliografia:

2 Coríntios 4:16
WINNICOTT, D. W. (1969c). (1975b). Conceitos contemporâneos de desenvolvimento adolescente e suas implicações para a educação superior. In O Brincar & a Realidade. Rio de Janeiro: Imago.
KARDEC, ALLAN. A Gênese. 19ª Edição. SP. LAKE- CAP. CAPÍTULO XVIII
(4) KARDEC, ALLAN. O Livro dos Espíritos, Rio de Janeiro: Ed. FEB , 2007- questão 208;
(5) 2 Coríntios 4:16-17

Jane Maiolo

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quinta-feira, 10 de setembro de 2020

Por que nos sentimos mal em determinados ambientes?


Você já esteve em ambientes em que se sentiu mal, constrangido, pouco à vontade?
Ao comentar essas coisas com alguém pode ser que tenham dito que é coisa de sua cabeça, ou, então, má vontade de sua parte para com aquela "turma".
Até pode ser, mas... nem sempre é má vontade de nossa parte.
Ocorre que nossa alma sente, por intermédio da expansão do perispírito, se aquele ambiente ou aquelas pessoas têm fluidos simpáticos aos nossos.
O corpo engana, os gestos podem ser perfeitamente traçados e planejados para agradarmos os outros, mas o mesmo não ocorre com os fluidos que não podem ser manipulados por algo que não seja o pensamento.
Os fluidos não se corrompem com as aparências e os sorrisos falsos, eis porque podemos sentir uma estranha sensação de mal querer mesmo com todos nos tratando de forma simpática.
Nossos fluidos, pois, conforme ensina Kardec, interpenetram-se com os de outros Espíritos e sentimos bem ou mal estar, a depender dos Espíritos encarnados ou desencarnados que estejam ao nosso redor.
Eis a razão pela qual buscamos, até de forma inconsciente, estar ao lado de pessoas que possuem valores semelhantes aos nossos.
É que nossa alma anseia a calmaria e busca ficar longe dos embates, principalmente os embates psíquicos, internos, que ocorrem longe da vista de todos.
Em nossa relação com as pessoas, ou com os Espíritos, há muito mais do que atração dos corpos, há, sobretudo, uma busca da alma, da essência que existe em nós por fluidos que se combinem com os nossos.
Nosso ser almeja a felicidade mesmo que relativa, e impossível é ser feliz num ambiente de constante intriga, mal querer, inveja, portanto, de fluidos que não se combinam.
Não é sem razão que os Espíritos informam ser uma das maiores felicidades da Terra estar ao lado de almas amigas, que têm valores muito próximos aos que temos.
Entretanto, vale salientar que, conforme crescemos, levaremos em nós somente o amor e a simpatia, de tal modo que teremos poucas antipatias e muitas afeições.
Mas isto é fruto de um intenso labor do Espírito por conquistar a capacidade de amor incondicional.
Um dia chegaremos lá e teremos apenas afetos, amores, pessoas pelas quais simpatizamos, pois pouco importará o fluido que emana do outro, porquanto o fundamental será o fluido que nós emanamos, e este será, tão somente, salpicado de amor e bem querer.

Wellington Balbo

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quinta-feira, 3 de setembro de 2020

Educação no Lar


Cada dia a violência torna-se mais constante e perversa, atingindo índices insuportáveis.
Todo o sentido ético da existência humana vem desaparecendo para dar lugar à agressividade, ao desrespeito aos códigos do dever e do respeito que nos devemos todos uns aos outros.
As estatísticas sobre o comportamento primitivo são alarmantes, inclusive, na intimidade doméstica, na qual não vigem a consideração nem a compreensão entre pais e filhos, irmãos e demais membros da família.
O femicídio covarde assusta e a cada dia aumenta na razão direta em que se avolumam os desequilíbrios de toda ordem, inclusive, de natureza sexual, que se fazem naturais na sociedade.
A mulher, quase sempre desrespeitada, vem sofrendo tratamento incompatível com os princípios da cultura e da civilização.
Nas escolas confundem-se as más condutas de alguns mestres despreparados para o mister assim como de alunos deseducados e cínicos que se agridem reciprocamente, assim como aos professores, especialmente femininos.
A desordem reina de maneira assustadora e as pessoas estão praticamente armadas uma contra as outras, demonstrando nas feições carrancudas, os tormentos íntimos que as afligem e descaracterizam.
Sem dúvida, vivemos momentos muito graves na infeliz civilização dos nossos dias, nos quais, o amor e a honra perderam o significado, estimulando os valores insensatos do aventureirismo.
Há uma necessidade urgente de reorganizar-se o lar, de voltar-se para os costumes retos e as famílias equilibradas, reconstruindo-se o ninho doméstico e tornando-o essencial para uma existência feliz.
Narra-se que oportunamente o jovem Edison entregou à genitora uma carta que o seu professor encaminhara-lhe.
Indagada sobre o conteúdo ela explicou ao filho que se tratava de uma informação na qual o professor explicava-lhe ser necessário que ela mesma educasse e instruísse o filho, por ser ele portador de inteligência brilhante e de muitos valores morais que necessitavam ser trabalhados.
Edison, o criador da lâmpada elétrica entre outros notáveis descobrimentos, sensibilizou o mundo e o deslumbrou com as suas conquistas.
Após a desencarnação da mãezinha dispôs-se a arrumar papéis e outros objetos, havendo reencontrado a carta em uma gaveta.
Abriu-a e leu-a. Tomado de surpresa, constatou que a carta dizia exatamente o contrário do que a sua mãe lera: – Seu filho é um doente mental e não têm condições de frequentar a escola. Assim cancelamos sua matrícula.
A nobreza dessa senhora incomum transformara o diamante bruto em estrela luminosa que cl o mundo até hoje.
Ninguém mais nem melhor do que os pais para serem os primeiros educadores porque o lar é a primeira escola, no qual se corrigem as heranças morais negativas, as tendências nefastas, as paixões primitivas e mediante os exemplos de amor e de treinamento para o bem são desenvolvidos os sentimentos morais que jazem adormecidos.
O ser humano está fadado a conquistar as estrelas, mas necessita muito antes de autoiluminar-se, conhecendo as imensas possibilidades espirituais e morais que lhe jazem adormecidas no imo do ser.
Na convivência doméstica caldeiam-se as paixões que se transformam em fontes de bençãos e de plenitude.

Artigo publicado no jornal A Tarde, coluna Opinião, 28 de novembro 2019.

Divaldo Franco
Professor, médium e conferencista


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