sábado, 12 de dezembro de 2015
Fazemos o ambiente
Allan Kardec usou o título Atmosfera espiritual, em sua
Revista Espírita de maio de 1867, para abordar a questão da influência dos maus
fluidos - produzidos pelos sentimentos contrários à caridade -, que tornam os
ambientes desagradáveis e muitas vezes intoleráveis.
Não é outra a causa dos constrangimentos que se estabelecem
nos relacionamentos, especialmente em grupos onde o ambiente "parece
pesar" e surgem as sensações de desconforto. E há que se considerar que a
permanências desses "ambientes pesados", característicos de ondas
mentais conflitantes, pode acarretar graves prejuízos morais e mesmo desuniões
e danos à saúde, já que desencadeadores de obsessões.
A abordagem do Codificador é extremamente lúcida e coerente.
Selecionamos alguns trechos ao leitor, indicando, todavia, a fonte original
para leitura e estudo na íntegra, conforme citado no primeiro parágrafo.
"(...) sabemos que, numa reunião, além dos assistentes
corporais, há sempre auditores invisíveis; que sendo a impermeabilidade uma
propriedade do organismo dos Espíritos, estes podem achar-se em número
ilimitado num dado espaço. (...) Sabe-se que os fluidos que emanam dos
Espíritos são mais ou menos salutares, conforme seu grau de depuração.
Conhece-se o seu poder curativo em certos casos e, também, seus efeitos
mórbidos de indivíduo a indivíduo. Ora, desde que o ar pode ser saturado desses
fluidos, não é evidente que, conforme a natureza dos Espíritos que abundam em
determinado lugar, o ar ambiente se ache carregado de elementos salutares ou
malsãos, que devem exercer influências sobre a saúde física, assim como sobre a
saúde moral?
Quando se pensa na energia da ação que um Espírito pode
exercer sobre um homem, é de admirar-se da que deve resultar de uma aglomeração
de centenas ou milhares de Espíritos? Esta ação será boa ou má conforme os
Espíritos derramem num dado meio um fluido benéfico ou maléfico, agindo à
maneira das emanações fortificantes ou dos miasmas deletérios, que se espalham
no ar.
Assim se pode explicar certos efeitos coletivos, produzidos
sobre massas de indivíduos, o sentimento de bem-estar ou de mal-estar, que se experimenta
em certos meios, e que não tem nenhuma causa aparente conhecida, o entusiasmo
ou o desencorajamento, por vezes a espécie de vertigem que se apodera de toda
uma assembléia, de toda uma cidade, mesmo de todo um povo.
Em razão do seu grau de sensibilidade, cada indivíduo sofre
a influência desta atmosfera viciada ou vivificante. Por este fato, que parece
fora de dúvida e que, ao mesmo tempo que a teoria e a experiência, nós achamos
nas relações do mundo espiritual com o mundo material, um novo princípio de
higiene, que, sem dúvida, um dia a ciência fará entrar em linha de conta.
(...)"
Ora, o trecho transcrito é por demais claro. Ele remete a
outras tantas considerações, impossíveis de serem trazidas ao simples espaço de
um artigo. Mas poderíamos ponderar sobre como subtrair-se a estas influências
(e Kardec aborda isso na continuidade do texto).
O fato concreto é que somos sempre responsáveis pelo tipo de
influência que atraímos ou alterações que produzimos nos fluidos que nos
circundam por força dos sentimentos e pensamentos que cultivamos.
Numa assembléia, pequena ou numerosa, o padrão dominante dos
pensamentos é fator decisivo para determinar o tipo de sensação que vigorará
"no ar" daquele ambiente. Alterá-lo também é tarefa dos mesmos
pensamentos e sentimentos. Fruto da perseverança no bem e no reconhecimento dos
valores que conduzem ao estabelecimento da harmonia na convivência.
Uma vez mais surge a necessidade da melhora moral como único
recurso de vivermos melhor. E há que se pensar que isso vale individualmente,
no ambiente social ou familiar ou mesmo numa nação e até num planeta. Dá o que
pensar diante da realidade nossos dias, não é mesmo?
Orson Peter Carrara
orsonpeter92@gmail.com
http://orsonpetercarrara.blogspot.com.br/p/contato.html
terça-feira, 8 de dezembro de 2015
A determinação em recomeçar
“Levantar-me-ei e irei ter com meu pai...”. (Lucas, 15:18.)
Quando o filho pródigo, descrito na parábola por Jesus,
deliberou retornar aos braços paternos, após ter recebido sua herança e a
desperdiçado em futilidades e ilusões, criou para nossa reflexão um dos mais
significativos símbolos de arrependimento, coragem, determinação e maturidade.
Reconhecendo seus equívocos não vacilou em recomeçar,
aceitando a condição de empregado da propriedade do pai, pois tinha consciência
de que não merecia ser tratado mais como um filho, embora não esperasse a
reação fraterna do genitor, que ao avistá-lo, o acolheu num abraço carinhoso e
meigo.
De nossa parte, inúmeras vezes também deliberamos seguir
caminhos contrários àqueles que nos asseguram avanço moral, prosperidade
intelectual e crescimento espiritual, criando a urgente necessidade de decidir
por novos rumos e outras direções, sustentadas pela esteira dos valores da
dignidade, da honra e da honestidade.
Se preciso, ergamo-nos da inércia, da apatia e do desânimo
e, fortalecidos pela fé, deixemos a rede macia do comodismo em esperar que a
vida nos dê tudo de forma gratuita, e busquemos conquistar virtudes, enquanto
empreendemos esforços para a extinção dos defeitos que ainda nos mantêm na
condição de inferioridade e sofrimento.
Se a tristeza insistir em povoar os nossos pensamentos e
derramar insatisfações em nossa vida, levantemos a confiança em Deus e tenhamos
a certeza inconteste de que o Pai Celestial, amoroso e bom, justo e perfeito,
em circunstância alguma deixará de atender as nossas necessidades.
Se a moléstia insidiosa continuar a nos manter no leito de
dor, embora todos os esforços de médicos, hospitais e remédios, levantemos a
esperança nos dias do porvir, nos recursos que a tecnologia vem desenvolvendo,
pois o amanhã poderá surgir com novas cores e propostas.
Se familiares queridos deixaram o nosso convívio pelos
mecanismos da desencarnação, renascendo para a vida espiritual, abrindo enorme
lacuna em nossos corações, que se repletam de saudades, levantemos a certeza na
imortalidade e prossigamos convictos de que um dia, no futuro, em outras
dimensões vibratórias, novamente estaremos com eles.
Se o abandono e a solidão estiverem nos acompanhando com
frequência, escurecendo os nossos momentos e amargurando a nossa vida,
levantemos a vontade de refletir e meditar, pois, às vezes, diante do nosso
comportamento e atitudes, quem sabe estaremos impedindo a aproximação das
pessoas ao nosso redor?
Se os recursos financeiros e materiais se escassearam,
criando dificuldades e embaraços para que possamos honrar nossos compromissos,
levantemos a força e a perseverança e saiamos a trabalhar ainda mais, na
confiança de que o labor nos conduzirá a novas perspectivas.
Se os filhos que chegaram ao nosso lar – e para os quais nos
empenhamos ao máximo, visando educá-los, mostrando-lhes os caminhos da decência
e da dignidade – resolveram não atender aos nossos insistentes apelos de
moralidade, levantemos a paciência e esperemos pelas sábias lições da vida, que
farão, certamente, aquilo que não conseguimos agora fazer.
O filho pródigo, depois de perceber o equívoco cometido,
diante do sofrimento decorrente da escassez de recursos financeiros, por ter
gasto a herança recebida de forma inútil, inconsequente e irresponsável, caindo
no arrependimento, teve forças para levantar, sacudir a poeira e voltar ao lar
paterno, nem que fosse na condição de um empregado do pai, para recomeçar a
vida.
Em oportunidades inúmeras, também nós, ao percebermos os
erros e os enganos deliberados, temos absoluta necessidade de levantar a nossa
vida e buscar o apoio de Deus para recomeçar, e, por certo, Ele também abrirá
seus braços para nos acolher num abraço...
Reflitamos...
Waldenir Aparecido Cuin
Votuporanga, SP (Brasil)
Imagem ilustrativa
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