quinta-feira, 29 de junho de 2017

O terrível obsessor


Fares, próspero comerciante, aguardava com ansiedade o término dos trabalhos mediúnicos em sala íntima, junto ao salão de reuniões públicas, no Centro Espírita. Desejava orientação para um problema que o afligia. Algo aparentemen­te simples, até ridículo para quem o apreciasse, mas terrível para ele que o enfrentava: uma dificul­dade no fechamento diário de sua próspera loja.
Dificuldade não era o termo exato. Diria melhor, batalha. Uma batalha contra o impulso de repetir intermináveis cuidados e verificações, rela­cionados com as instalações elétricas, o cofre, as janelas e a porta de entrada.
Esta última era o tormento maior. Parecia dotada de magnetismo. Por maior fosse seu empenho em afastar-se, era inexoravelmente atraí­do, levado a testar repetidamente se estava tranca­da. Pressionava para cima, como se fosse erguê-la, experimentando a resistência da fechadura central. Observava o cadeado embaixo, manualmente, porque não confiava no testemunho de seus olhos.
Ensaiando resolução, virava as costas e da­va alguns passos em retirada. Frustrava-se logo, porquanto a dúvida se instalava de imediato, tra­zendo-o a novas verificações. Repetia aquele bailado irracional múltiplas vezes, disfarçan­do para que ninguém percebesse seu comporta­mento desatinado.
Quando finalmente convencido de que tudo estava bem, já no estacionamento em tra­vessa próxima, ressurgia a infame dúvida: “Será que tranquei o cofre?”
Então se danava, forçado a rever a verificação, confrontando pela enésima vez a malfadada porta, a esquentar os miolos.
Confiava na ajuda espiri­tual. O médium encarregado do receituário era co­nhecido por suas virtudes como instrumento dos Espíritos em favor de pessoas atribuladas.
Encerrada a reunião, ouviu chamarem por seu nome. Levantou-se e foi ao encontro do aten­dente, que lhe entregou a esperada orientação. Em letra firme e alongada estava registrado:

Diagnóstico: Auto-obsessão.

Tratamento: Passe e oração. Ler Mateus, 6:19-21.

Fares estava perplexo. Já ouvira alguém se re­ferir à auto-obsessão como um processo em que o indivíduo alimenta ideias infelizes que o pertur­bam, colhendo sofrimentos voluntários, desneces­sários e inúteis, algo como morder a própria língua ou bater a cabeça na parede.
Chegando ao lar, buscou um exemplar de O Novo testamento. No trecho recomendado, leu:

Não acumuleis para vós outros tesouros sobre a Terra, onde a traça e a ferrugem corroem e onde ladrões escavam e roubam. Mas, ajuntai para vós outros tesouros no Céu, onde nem a traça nem a ferrugem corroem e onde ladrões não escavam nem roubam. Porque, onde está o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração.
Impressionado, Fares considerou que talvez fosse melhor empenhar o coração em favor de ri­quezas mais consistentes, conforme a recomenda­ção de Jesus.

* * *

Quando nos envolvemos demasiadamente com o imediatismo terrestre, nossa mente passa a funcionar em circuito fechado, gerando dúvidas e angústias que crescem rapida­mente em nosso íntimo, como massa levedada.
Em tal situação, antes de cogitarmos da existência de supostos obsessores, melhor faríamos combatendo a auto-obsessão, no esforço por arejar nossa vida interior com ideias nobres e ideais santificantes, cuidando das “coisas do Céu”, para que as “coisas da Terra” não nos sufoquem.

Richard Simonetti

Richard Simonetti é de Bauru, Estado de São Paulo. Nasceu em 10 de outubro de 1935. De família espírita, participa do movimento desde os verdes anos, integrado no Centro Espírita Amor e Caridade, que desenvolve largo trabalho no campo doutrinário e filantrópico. Orador e Escritor espírita, tem mais de cinquenta obras publicadas.

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quinta-feira, 22 de junho de 2017

Os perigosos caminhos da pressa!


Tenhamos bastante cuidado e toda prudência necessária para evitarmos o estado de ansiedade que, volta e meia, nos toma de surpresa causando um mal-estar que nos incomoda e entristece por muito tempo. Inicia-se de forma bem sutil e quando despertamos já estamos contaminados por uma inquietação que nos causa grande preocupação com alguma coisa que nem sempre se concretiza, mas que nos causa enormes prejuízos emocionais.
Essa inquietação pode até mesmo nos levar a processos doentios de angústia e medo. E acontece, porque, como seres imperfeitos que ainda não adquirimos a devida paciência para esperar o momento adequado para a realização das coisas que almejamos realizar, apressadamente, atiramo-nos na busca da solução precipitada de algo que demanda, normalmente, muito tempo e trabalho.
É necessário que aprendamos a observar os exemplos que a “mãe natureza” nos fornece a cada instante quando nos permitimos perceber, mostrando-nos que o fruto não surge sem que a árvore esteja devidamente pronta e na época certa de sua estação; que o dia não chega antes que a madrugada se vá; que a noite não surge sem que o Astro-Rei tenha iluminado todo o dia. Em vão será todo o esforço mal direcionado e todo trabalho que não se apoie na disciplina do respeito ao tempo necessário para sua concretização, porque tudo tem seu tempo de realização, conforme diz a sabedoria popular “a pressa é inimiga da perfeição”.
Em O Evangelho segundo o Espiritismo, em seu Capítulo V, temos instruções que muito nos aclaram sobre o assunto, conforme segue:

“Sabeis por que, às vezes, uma vaga tristeza se apodera dos vossos corações e vos leva a considerar amarga a vida? É que vosso Espírito, aspirando à felicidade e à liberdade, se esgota, jungido ao corpo que lhe serve de prisão, em vãos esforços para sair dele. Reconhecendo inúteis esses esforços, cai no desânimo e, como o corpo lhe sofre a influência, toma-vos a lassidão, o abatimento, uma espécie de apatia, e vos julgais infelizes. Crede-me, resisti com energia a essas impressões que vos enfraquecem a vontade. São inatas no espírito de todos os homens as aspirações por uma vida melhor; mas, não as busqueis neste mundo e, agora, quando Deus vos envia os Espíritos que lhe pertencem, para vos instruírem acerca da felicidade que Ele vos reserva, aguardai, pacientemente, o anjo da libertação, para vos ajudar a romper os liames que vos mantêm cativo o Espírito. Lembrai-vos de que, durante o vosso degredo na Terra, tendes de desempenhar uma missão de que não suspeitais, quer dedicando-vos a vossa família, quer cumprindo as diversas obrigações que Deus vos confiou. Se, no curso desse degredo-provação, exonerando-vos dos vossos encargos, sobre vós desabarem os cuidados, as inquietações e tribulações, sede fortes e corajosos para os suportar. Afrontai-os resolutos. Duram pouco e vos conduzirão à companhia dos amigos por quem chorais e que, jubilosos por ver-vos de novo entre eles, vos estenderão os braços, a fim de guiar-vos a uma região inacessível às aflições da Terra. François de Genève. (Bordéus.)”

Urge que nos empenhemos, com esmero, disciplina e confiança, no trabalho de elaboração de todo o nosso cometimento seja no âmbito familiar, profissional, religioso ou outro qualquer que esteja sobre nossa responsabilidade, mas que saibamos aguardar o devido tempo de espera, necessário para a realização adequada de nosso objetivo, que chegará na hora certa. Respeitemos o tempo adequado para colheita, pois bem sabemos que mesmo que os frutos surjam, ainda se faz, imprescindível, que respeitemos a época necessária para a colheita na hora mais adequada, sem precipitações que nos causariam perda da safra de nossa preciosa semeadura.
Observemos ainda que, embora todo o nosso trabalho e dedicação no cuidado para com a lavoura, pode acontecer que não colhamos os resultados que esperávamos, em vista dos inúmeros imprevistos que poderão acontecer entre a semeadura e a colheita, nosso estado de ansiedade não será capaz de alterar o resultado final da colheita, visto que tudo é concessão Divina que poderá muito bem achar que não é a hora de conquistarmos tal ou qual coisa e, dessa forma, precisamos ter calma, equilíbrio e paciência para aceitarmos os desígnios superiores em relação às nossas construções hodiernas, respeitando as determinações da Lei Maior.
Em O Livro dos Espíritos encontramos as sábias instruções dadas pelos Imortais da Vida Maior, em resposta ao questionamento feito por Allan Kardec sobre o assunto conforme segue:

As vicissitudes da vida são sempre a punição das faltas atuais?

“Não; já dissemos: são provas impostas por Deus, ou que vós mesmos escolhestes como Espíritos, antes de encarnardes, para expiação das faltas cometidas em outra existência, porque jamais fica impune a infração das leis de Deus e, sobretudo, da lei de justiça. Se não for punida nesta existência, sê-lo-á, necessariamente, noutra. Eis porque um que vos parece justo, muitas vezes sofre. É a punição do seu passado.”

Jesus nos guie e nos guarde no propósito de sublimação que desejamos empreender desde já.

Referências:
(1) Kardec, Allan – E.S.E. Capítulo V, item 25; e
(2) Kardec, Allan – Livro dos Espíritos – Questão 984.


Francisco Rebouças

Pós-Graduado em Administração de Recursos Humanos, Professor, Escritor, Articulista de diversos veículos de divulgação espírita no Brasil, Expositor Espírita, criador do programa: "O Espiritismo Ensina".

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sexta-feira, 16 de junho de 2017

Alimento da alma


Em primoroso capítulo do livro Nosso Lar, o Benfeitor desencarnado André Luiz considera o amor como o alimento da alma. Discorrendo a respeito do tema, o Espírito mostra que o ser espiritual necessita do contato com pessoas simpáticas para trocar com essas pessoas energias de afeto, fundamentais ao seu bem-estar e ao seu equilíbrio biopsico-socio-espiritual.
Uma lei natural, que tem a sua explicação no próprio magnetismo, faz com que as pessoas afins se aproximem, formando grupos de relação. Sem a troca de afeto, o indivíduo adoece e pode vir a desencarnar.
Não raramente, identificamos casais muito unidos, que envelhecem de forma afetuosa e que a desencarnação de um deles leva, misteriosamente, a enfermidade e desencarnação do outro, sem explicação técnica plausível.
Curiosamente, a ciência oficial começa a descobrir essa lei. A mais importante revista de medicina do mundo (N Eng/Med) acaba de publicar um estudo que confirma cientificamente esse princípio. 
O estudo mostrou que nossa saúde depende intimamente da saúde das pessoas que convivem conosco. Muitos cônjuges, anteriormente sadios, adoeceram após o falecimento do parceiro.
Pesquisas realizadas anteriormente mostraram que pessoas que vão ao médico com acompanhantes têm mais chance de melhora clínica e enfermos hospitalizados saem mais cedo do hospital se recebem um número maior de visitas. Outros estudos mostraram que as pessoas casadas vivem mais e adoecem menos que as solteiras e que jovens que convivem bem com os pais, mantendo com eles uma relação de cordialidade, serão velhinhos muito mais saudáveis do que os outros jovens.
É sempre atual a recomendação de Jesus: Cuide do seu próximo como da pupila de seus olhos.
O que fazemos de bom, útil ou generoso para as pessoas de nossa relação retorna pra nós, de uma forma ou de outra.

Ricardo Baesso de Oliveira 
Juiz de Fora, Minas Gerais (Brasil)

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terça-feira, 6 de junho de 2017

Bons hábitos


"A moral é a regra do bem proceder..."
As pessoas que têm moral são as que procedem bem, ou seja, tem hábitos positivos. Agir moralmente é ter atitudes que promovam o bem geral.
Moral, desta forma, está relacionada à ação, ou seja, aos hábitos adquiridos.
Podemos melhorar moralmente e, para isso, não existe outro caminho senão o que passa pela aquisição de bons hábitos.
A razão tem papel fundamental nesse processo, pois, antes de adquirirmos hábitos morais sadios, precisamos usar bem o intelecto. É ele que vai nos dar consciência do que é certo e do que é errado nas diversas situações que vivemos.

James Hunter e os hábitos morais

O autor do best-seller O Monge e o executivo trabalha com uma linha muito interessante. Propõe que hábitos morais podem ser adquiridos com treinamento e muito esforço. Para tanto precisamos, necessariamente, passar por algumas etapas.

1. Inconsciente e sem hábito

Antes de ter o hábito adquirido a pessoa não sabe que necessita tê-lo.
É preciso saber o que deve ser mudado, o que deve ser conquistado e por quê, para que haja um esforço na aquisição do hábito.
Dessa forma, todos passamos por essa etapa de não saber o que precisamos mudar. Somos ignorantes em relação aos novos hábitos. É como a criança que ainda não foi orientada que deve escovar seus dentes sozinha.

2. Consciente e sem o hábito

Chega um momento em que alguém nos informa, ou tomamos conhecimento através de livros, palestras ou experiências de vida, da necessidade de termos hábitos morais sadios.
É aí que passamos a ter conhecimentos teóricos sobre a importância desses hábitos. Ainda não agimos, mas temos o conhecimento intelectual. Somos semelhantes às crianças que ouviram da mãe a importância da higiene bucal e as instruções de como escovar corretamente os dentes.

3. Consciente com o hábito

Após a tomada de consciência do que deve ser feito e do como deve ser feito, passamos a treinar os hábitos morais sadios.
Após um bom período de repetições e esforços, já agimos com mais naturalidade. Sabemos como agir e nos esforçamos para isso.
Nossos esforços são recompensados com as ações boas. As situações problema surgem e o intelecto já aciona a pessoa na tomada de decisões.
Seguindo o exemplo da criança, estamos numa fase onde além de saber como escovar os dentes e da importância desse hábito, despertamos pela manhã e nos lembramos de que devemos realizar a escovação e nos dirigimos à pia, procurando de forma consciente a escova e o creme dental.

4. Inconsciente e com o hábito

Essa é a fase onde sabemos o que precisamos fazer, mas não necessitamos lembrar a cada situação. Agimos de forma correta nas situações onde devemos fazer o melhor.
Não precisamos recorrer à memória ou a teorias. Passamos a agir naturalmente, de forma espontânea, pois já temos o hábito adquirido.
O menino já escova os dentes de forma automática. Pensa em outras coisas, sem precisar repassar as instruções da mãe no que diz respeito ao sentido da escovada... se de baixo para cima ou de cima para baixo. Simplesmente faz.
É uma espécie de segunda natureza. O hábito está adquirido.

Treino, treino e treino

Mesmo que muitos digam: "falar é fácil, o negócio é fazer", é bom nos desafiarmos a adquirir bons hábitos.
O mundo se tornará um lugar melhor para viver, na medida em que nos melhorarmos moralmente.
Precisamos agir corretamente, pensando no bem das pessoas a nossa volta.
E nada melhor do que o esforço real, que o treinamento constante, para adquirirmos novos valores, novas capacidades.
São esforços pequenos e diários que certamente valerão a pena.

Cristian Macedo
Porto Alegre, Rio Grande do Sul (Brasil)

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quarta-feira, 31 de maio de 2017

Distúrbios Psicológicos


Dez milhões de pessoas, em todo mundo, consomem substâncias psicotrópicas para minimizar tensões nervosas, fobias e insônias, entre outras. Uns cem milhões usam tranquilizantes, como lexotan, lorax, anafranil, benzodiazepina, para tratamento dos sintomas psicopatológicos como depressão, ansiedade, síndrome do pânico e estresse.
Há momentos de inquietudes e de instabilidades emotivas nos múltiplos setores da sociedade, em que existem de 15 a 30 milhões de pessoas com transtornos mentais, neuroses e índices acentuados de demência, como a epilepsia e vários outros transtornos psicóticos.
Para a Psiquiatria, os desacertos psíquicos originam de fatores físicos. Já a Psicologia, especialmente a Psicanálise, considera-os como reflexos de traumas adquiridos na experiência da vida, “incrustados” no inconsciente. A Neurologia aponta-os como alteração da sincronia genética, interferindo na estrutura dos neurônios.
A despeito da ação efetiva dos psicofármacos, acreditamos que eles funcionam como paliativos nos momentos críticos das disfunções psíquicas, até porque, os elementos geradores dessas patologias, a rigor, não se encontram nos neurônios do cérebro, porém, na estrutura funcional do perispírito.
André Luiz explica que “um lago de águas agitadas não reflete a luz da estrela que jaz no firmamento”. Pura realidade! Existem pessoas neuróticas que trabalham com tanta voracidade, aprisionadas pela ganância pelo dinheiro, numa escala sem precedentes. Sem método, sem descanso e sem tempo para a família. Tais pessoas chegam ao paroxismo da desertificação dos sentimentos, numa lamentável opacidade espiritual.
Estarrece-nos a sofreguidão da busca do sexo em que são remetidos os escravos da luxúria nos pântanos da indigência moral, como reflexo da ociosidade. Outros se mantêm numa exagerada genuflexão, sucumbindo na afasia.
Diante dos ventos das adversidades e dos apelos conflituosos, em face das competições humanas, devemos conectar o “plugue” da fraternidade, nela, desfrutarmos o prêmio de uma vida saudável.
O matemático e psicólogo Pedro Ouspensky, discípulo do notável George Gurdieff, sugeriu, nesse contexto, uma revisão das propostas das escolas psicológicas, da Psicologia mecanicista, da Psicologia aplicada, do Behaviorismo e das demais escolas psicológicas sedimentadas no pensamento psicoanalítico de Sigmund Freud. Escudada pela retórica eterna da mensagem da libido, deveriam essas escolas psicológicas ceder espaço à busca da psicologia do homem como um todo, do ser integral, sem que esse seja visto, somente, como um animal movido à sexualidade.
A psicologia tradicional com suas teses reducionistas, não pode continuar confundindo a psiquê com os atributos intelectivos, porém, deve entronizar os preceitos da Psicologia transpessoal, que explica e disseca o homem integral – a personalidade, a individualidade – estuda-os numa simbiose harmônica. Uma individualidade eterna, que transita em múltiplas etapas, através das imperiosas leis da reencarnação.
À Doutrina dos Espíritos está reservada a tarefa de alargar os horizontes das pesquisas psíquicas, contribuindo para a solução dos enigmas que atormentam a consciência, projetando luz nas questões desafiadoras do ser, do destino e da dor. Os processos psicopatológicos são frutos das nossas ações e decorrem da má utilização do livre-arbítrio. O Evangelho estabelece, como medida básica, a ética do amor e da caridade, para a conquista da íntima harmonia psíquica.
Portanto, com a prática dos Códigos legados pelo “Príncipe da Paz“, a Terra com seus processos provacionais e expiatórios representará magnífica escola de crescimento individual, em cujas lições purificadoras encontraremos a cura definitiva da maior chaga dos sentimentos humanos: o Egoísmo.

Jorge Hessen
http://www.agendaespiritabrasil.com.br/2017/05/29/disturbios-psicologicos/

Servidor Publico Federal, residente em Brasília, palestrante, escritor, articulista em diversos jornais e sites, com textos publicados na Revista Reformador da FEB, O Espírita de Brasília, O Imortal, Revista Internacional do Espiritismo, entre outros e além de Conselheiro da Revista Eletrônica O Consolador.

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terça-feira, 23 de maio de 2017

Cuidado com sua língua… e o teclado também…


Vivemos atualmente tempos de julgamentos dos mais severos. Dirão alguns que já fomos piores, já julgamos mais e com mais severidade, o que quer dizer: estamos melhorando.
Penso, todavia, que a ideia de que já fomos piores faz-nos marcar passo na senda evolutiva porque é um convite a acomodação. Ora, se estamos melhores hoje não há razão para preocupações ou esforço para melhorar ainda mais.
Estamos melhores e isto é o que importa.
Contudo, não é bem assim…
Mas, vamos em frente…
Com o avanço da tecnologia e a chegada das redes sociais na vida do cidadão as opiniões sobre os mais diversos assuntos deixaram o local restrito dos churrascos em família para ganharem o mundo.
Hoje todo mundo sabe de tudo. Se o Juca do Brasil gosta de azul o Ronaldovski da Rússia sabe disto.
Se o príncipe do Castelo Rintintim almoçou caviar o Josué da Albânia está sabendo.
Atualmente poucos são os homens discretos neste mundo que conseguem não opinar sobre tudo, ou, então, não postar uma selfie quando está no restaurante com a família.
E, naturalmente, além das opiniões os julgamentos também são proferidos na mesma velocidade e intensidade.
Hoje todos colocaram a toga a julgar o comportamento alheio sem qualquer constrangimento. A pretexto de liberdade de expressão sentenças são dadas e reputações execradas. Interessante notar: a maioria dos que se arvoram a juízes denominam-se cristãos.
Esquecem, provavelmente, a máxima expressada por Jesus há dois mil anos e anotada por Mateus:

Não julgueis, pois, para não serdes julgados; porque com o juízo que julgardes os outros, sereis julgados; e com a medida com que medirdes, vos medirão também a vós. (Mateus, VII: 1-2).

Allan Kardec vai no mesmo tom de Jesus ao estabelecer a escala espírita e informar que apenas os Espíritos prudentes, isto já na terceira classe, é que podem fornecer um julgamento mais preciso dos homens e das coisas.
Quando estudamos o tema – Escala Espírita – compreendemos que ainda somos Espíritos que pertencem a categoria de imperfeitos. Logo, nossos julgamentos não tem base sólida, porquanto ainda estamos muito apegados aos preconceitos da Terra e, além disto, falta-nos capacidade intelectual e distanciamento emocional para julgar os homens e as coisas.

Vale reflexão:

Quantas vezes nos equivocamos em relação às pessoas?
Quantas vezes já nos pegamos tendo de reconhecer nossa precipitação ao afirmar que fulano é assim ou assado?
As lições de Jesus sobre o julgamento e o trabalho de Kardec na escala espírita são importantes para darem um norte de nossa real condição e, assim, não nos comprometermos pela língua ou o teclado.
Aliás, se antes o homem tinha de tomar cuidado com sua língua, hoje também deve fazer o mesmo com seu teclado.
Coisas da evolução, coisas da evolução…

Wellington Balbo

Professor universitário, Bacharel em Administração de Empresas e licenciado em Matemática, Escritor e Palestrante Espírita com seis livros publicados: Lições da História Humana; Reflexões sobre o mundo contemporâneo; Espiritismo atual e educador; Memórias do Holocausto (participação especial); Arena de Conflitos (em parceria com Orson Peter Carrara); Quem semeia ventos... (em parceria com Arlindo Rodrigues).

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terça-feira, 16 de maio de 2017

Da liberdade do 21 de abril


A vida permitiu-nos renascer no Brasil, a querida Pátria que nos acolhe. A história do país, na colonização, nos embates para a construção da democracia e mesmo nos gigantescos desafios da atualidade – onde se incluem a violência e o tráfico, o contraste entre os interesses de variadas ordens e a corrupção, entre outros itens dispensáveis de serem citados –, também apresenta os benefícios de um povo aberto, feliz, descontraído, ardente na fé e na disposição.
É nosso querido Brasil, gigantesco em proporções geográficas e na diversidade que se apresenta em todos os aspectos! Bendita pátria!
Por outro lado, o país acolheu a Doutrina Espírita como nenhum o fez. Das sementes germinadas em solo francês, foi aqui que a grande árvore do conhecimento se fez gigante como o próprio país continental. E nós temos a felicidade de conhecer essa Doutrina maravilhosa que inspira ações de caridade – em toda a extensão da palavra –, convivência fraterna e amiga por toda parte. Apesar das dificuldades e limitações humanas que são nossas, individuais e coletivas, ele, o Espiritismo, espalhou e espalha seus frutos pelas mentes e corações que o buscam ou são beneficiados por sua imensa luz.
Estamos no mesmo país que recebeu o cognome de Coração do Mundo, Pátria do Evangelho, justa e coerente adjetivação para um povo ameno, solidário, apesar das lutas próprias de nossa condição humana. É aqui que as variadas expressões religiosas se manifestam para conduzir mentes e corações; é também nessa terra querida onde nasceram ou renasceram almas que conhecemos sob os abençoados nomes de Irmã Dulce, Zilda Arns, Chico Xavier, Divaldo Franco, Dr. March, Dr. Bezerra de Menezes, entre tantos outros ilustres filhos que lhe dignificam o nome, sendo impossível citar todos e mesmo especificá-los por área, tamanha a variedade e quantidade de benfeitores que aqui vieram e ainda aqui vivem.
O dia 21 de abril lembra liberdade, desde os tempos escolares. Isso lembra responsabilidade, comprometimento e ética. Afinal, temos um compromisso com nosso país, com a coletividade brasileira. Qualquer cidadão está comprometido com a segurança, com os valores do país, com a obrigação moral da retidão e da gratidão, que se estendem por ações em favor do bem comum. É o dever! Não apenas um dever cívico, mas o dever moral para conosco mesmo e para com o próximo, como indica o Espírito Lázaro em O Evangelho Segundo o Espiritismo. Aliás, lembrando a Codificação Espírita, há que se ater às Leis Divinas, didaticamente, apresentadas pelo Codificador em O Livro dos Espíritos. Leis que se baseiam no amor, diga-se de passagem, mas, igualmente, são justas e misericordiosas.
Por tudo isso, a reflexão sobre nosso papel de brasileiros perante a Pátria Brasileira inclui-se, igualmente, no dever, ainda que apenas por gratidão pelo país que nos acolhe, garantindo-nos a paz desse foco irradiador de trabalho e fé que é o Brasil. Tamanho compromisso dispensa corrupção, egoísmo e tolas vaidades. Pede-nos, isso sim, trabalho e dignidade, exatamente, pelo alto compromisso que todos temos com a vida e o seu significado.
Repare o leitor atento que, quando ouvimos o Hino Nacional, a emoção nos envolve completamente. É o sentimento de compromisso com a missão da Pátria que integramos. O renascimento no país não é obra do acaso. Indica comprometimento e programação, sabiamente, elaborada. Saibamos respeitar e cumprir o que antes prometemos.
O Brasil tem grande papel a exercer junto à Humanidade. Filhos dignos, espíritos preparados e nobres estão sempre presentes como autênticos faróis a conduzir a coletividade. Sejamos daqueles que honram nossa condição humana e brasileira! Exemplos não nos faltam.
Por gratidão, ao menos, ao querido e grandioso Brasil! Lembremo-nos: o planeta construído por Jesus teve na mente e planejamento do Mestre da Humanidade a inclusão desse país incomparável, onde germinam as doces brisas do Evangelho.
Seria bom nesse momento de imenso desafio no país, que ouvíssemos novamente letra e música dos fabulosos Hinos da Independência ou da Proclamação da República, para nos deixarmos tocar pela emoção de sermos brasileiros.

Orson Peter Carrara

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terça-feira, 9 de maio de 2017

Entendendo que a ressurreição bíblica é a mesma reencarnação


Até a época de Kardec, entendia-se que a ressurreição bíblica era sempre do corpo, pois não havia ainda um melhor conhecimento da Bíblia. Além disso, era muito forte a crença no dogma dessa ressurreição da carne contida no Credo Niceno-Constantinopolitano, que respeitamos. Mas hoje, como está acontecendo com outros dogmas, que respeitamos também, ele está caindo num esvaziamento. Em várias dioceses, durante as missas, não se diz mais “creio na ressurreição da carne”, isto é, do corpo, mas “creio na ressurreição dos mortos”, o que já é um grande passo no sentido de se reconhecer que a ressurreição é mesmo do espírito como diz a Bíblia, e não do corpo.
Paulo, no capítulo 15: 45 de 1 Coríntios, explica de modo muito claro, que temos dois corpos, um espiritual e um carnal e que ressuscita o corpo espiritual. Mas ele chama a atenção para o fato de que somente depois de que o que é ainda corruptível se tornar incorruptível e se transformando no corpo glorioso da ressurreição (atualmente, Corpo Pancósmico para a Igreja), o que quer dizer que só depois que o espírito tornar-se já purificado. E esse estado de purificação ocorre, quando cada indivíduo tornar-se um verdadeiro discípulo do excelso Mestre e digno, pois, de passar pela porta estreita, símbolo da salvação.
O que Deus e Jesus tinham de fazer para essa nossa salvação já foi feito do melhor modo possível, cabendo a nós, agora, fazermos a nossa parte. Foi por isso que Deus nos criou com inteligência e livre arbítrio, ou seja, para entendermos o evangelho que seu Enviado todo especial veio trazer para nós, evangelho esse que é como se fosse um passaporte para a nossa entrada na parte de alegria e felicidade do mundo espiritual.
Reafirmamos que, realmente, no tempo de Kardec, a ressurreição só era entendida como sendo do corpo com seu respectivo espírito. Mas como ficou claro, segundo a Bíblia, a ressurreição é do espírito com apenas o corpo sutil ou de quintessência (matéria não densa, mas muito tenra). E esse corpo sutil, com o qual o espírito ressuscita, é o que a doutrina espírita chama de perispírito. Popularmente, ele é denominado de aura e corpo astral. Ele foi descoberto, por volta do ano de 250, pelo médium vidente grego do início do cristianismo, Orígenes, que, por ser um grande gênio no conhecimento da Bíblia e da Teologia Cristã daquele tempo, foi cognominado o “Santo Agostinho do Oriente”.
Diante das ideias erradas da ressurreição do corpo, Kardec foi intuído para dizer que ela não existia e que, na verdade, o que existia era a reencarnação, ou seja, é o espírito que ressuscita, enquanto que o corpo simplesmente volta para a terra de onde ele veio (Gênese 3: 19); e como ensina de modo mais completo o Eclesiastes 12: 7: “Ao morrer o homem, seu copo volta à terra que o deu e seu espírito, a Deus que o deu.” E Paulo (1 Coríntios 15: 50), mais uma vez, confirma que junto de Deus não há lugar para a matéria: “Isto afirmo, irmãos, que carne e sangue não podem herdar o reino de Deus, nem a corrupção (a carne, a matéria) herdar a incorrupção”, o que confirmamos com Jesus: “A carne para nada aproveita” (João 63: 6).
Há dois tipos de ressurreição. Quando desencarna, o espírito ressuscita no mundo espiritual onde fica aguardando oportunidade de nova reencarnação, ou seja, a ressurreição do espírito na carne!

PS: Una-se à Fundação Espírita André Luiz (FEAL) na campanha contra o aborto e o suicídio: http://amigosdaboanova.com.br/Espiritismo

José Reis Chaves

Prof. de português e literatura aposentado formado na PUC Minas / Escritor e jornalista colunista do diário O TEMPO, de Belo Horizonte / Palestrante nacional e internacional espírita e de outras correntes espiritualistas / Apresentador do programa “Presença Espírita na Bíblia” da TV Mundo Maior / Participante do programa “O Consolador” da Rádio Boa Nova / Tradutor de "O Evangelho Segundo o Espiritismo", de Kardec, para a Editora Chico Xavier. E autor dos livros, entre outros, "A Reencarnação na Bíblia e na Ciência" e "A Face Oculta das Religiões", Editora EBM, SP, ambos lançados também em inglês nos Estados Unidos.
Podem-se ler também as matérias da coluna de José Reis Chaves em O TEMPO, de Belo Horizonte, no seu facebook e no site desse jornal: www.tempo.com.br / Procurar colunistas. No final das matérias, há um espaço para comentários dos leitores, espaço este que se tornou um verdadeiro fórum de religiões. E qualquer um pode deixar seu comentário lá. Se não quiser que seu nome apareça, use um pseudônimo. E seu e-mail nunca aparece lá.
Obs.: Se meus livros não são encontrados em sua cidade, eles podem ser adquiridos diretamente comigo por meu e-mail ou telefone. Telefone: (31) 3373-6870

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quarta-feira, 26 de abril de 2017

Suicídio


Com caráter epidêmico, o suicídio alcança índices surpreendentes na estatística dos óbitos terrestres, havendo ultrapassado o número daqueles que desencarnam vitimados pela AIDS.
A ciência, aliada à tecnologia, tem facultado incontáveis benefícios à criatura humana, mas não conseguiu dar-lhe a segurança emocional.
Em alguns casos, a comunicação virtual tem estimulado pessoas portadoras de problemas psicológicos e psiquiátricos a fugirem pela porta abissal do autocídio, como se isso solucionasse a dificuldade momentânea que as aturde.
Por outro lado, sites danosos estimulam o terrível comportamento, especialmente entre os jovens ainda imaturos, que não tiveram oportunidade de experienciar a existência. De um lado, as promessas de felicidade, confundidas com os gozos sensoriais, dão à vida um colorido que não existe e propõem usufruir-se do prazer até a exaustão, como se a Terra fosse uma ilha de fantasia. Embalados pelos muito bem feitos estimulantes de fuga da realidade, quando as pessoas dão-se conta da realidade, frustram-se e amarguram-se, permitindo-se a instalação da revolta ou da depressão, tombando no trágico desar.
Recentemente a Mídia apresentou uma nova técnica de autodestruição, no denominado clube da baleia azul, no qual os candidatos devem expor a vida em esportes radicais ou situações perigosíssimas, a fim de demonstrarem força e valor, culminando no suicídio. Se, por acaso, na experiência tormentosa há um momento de lucidez e o indivíduo resolve parar é ameaçado pela quadrilha de ter sua vida exterminada ou algum membro da sua família pagará pela sua desistência.
O uso exagerado de drogas alucinógenas, a liberdade sexual exaustiva e as desarrazoadas buscas do poder transitório conduzem à contínua insatisfação e angústia, sendo fatores preponderantes para a covarde conduta.
O suicídio é um filho espúrio do materialismo, por demonstrar que o sentido da vida é o gozo e que, após, tudo retorna ao caos do princípio.
É muito lamentável esse trágico fenômeno humano, tendo-se em vista a grandeza da vida em si mesma, as oportunidades excelentes de desenvolvimento do amor e da criação de um mundo cada vez melhor.
Ao observar-se, porém, a indiferença de muitos pais em relação à prole, a ausência de educação condigna e os exemplos de edificação humana, defronta-se, inevitavelmente, a deplorável situação em que estertora a sociedade.
Todo exemplo deve ser feito para a preservação do significado existencial, trabalhando-se contra a ilusão que domina a sociedade e trabalhando-se pelo fortalecimento dos laços de família, pela solidariedade e pela vivência do amor, que são antídotos eficazes ao cruel inimigo da vida – o suicídio!

Divaldo Pereira Franco
http://www.agendaespiritabrasil.com.br/2017/04/23/suicidio/

Natural de Feira de Santana, Bahia, Brasil, reconhecido como um dos maiores médiuns e oradores espíritas da atualidade, fundou, juntamente com seu fiel amigo Nilson de Souza Pereira, o Centro Espírita Caminho da Redenção e a Mansão do Caminho, que atendem a toda a comunidade do bairro de Pau da Lima, em Salvador, beneficiando milhares de doentes e necessitados.

Imagem ilustrativa e em destaque disponível em <http://paranaportal.uol.com.br/geral/curitiba-tem-maior-registro-de-envolvidos-com-jogo-baleia-azul/>