quarta-feira, 11 de abril de 2012

Fortuna e glória


O brilhante filme “Indiana Jones e o Templo da Perdição” (1984), dirigido por Steven Spielberg e estrelado por Harrison Ford, mostra o herói na busca de resgatar as pedras de Sankara, cuja fábula de uma aldeia asseverava que estas trariam aos seus possuidores “fortuna e glória”.
Muito erigiram (e erigem) a sua vida na busca desses valores, desde a juventude, alimentando sonhos de fortuna-posse de coisas materiais, e de glória, reconhecimento e fama entre as pessoas. Duas grandezas calcadas nas chagas da humanidade segundo o Espiritismo – o egoísmo e o orgulho – e, ainda que muitas vezes sustente-se um discurso diverso, a prática demonstra a busca frenética pela promessa de Sankara.
Ser rico e famoso é vendido diariamente em filmes, livros e falas como objetivo de vida, povoando o imaginário de nossos jovens na busca de ser rico e famoso, como os ídolos que eles tanto admiram. Não que adultos não pensem assim, mas a idade jovem se caracteriza pelo ideal de um mundo melhor, uma natureza revolucionária inerente, que acaba sendo minada pelos desejos orgulho-egoístas.
Mas como viver fora desse jogo? Como viver de uma forma franciscana, sem bens e no ostracismo? Curioso, mas em momento nenhum se condena no Espiritismo os bens materiais e sim a nossa relação com eles. Da mesma forma, a evidência é vista como prova. A questão está em colocar no centro de nossas existências o objetivo de se ter coisas que as traças roem, e de ser algo superior, esquecendo que somos todos filhos do mesmo pai. O crescimento espiritual não se dá pela meditação insulada e sim pelas vitórias diante desses valores, afirmando o amor como valor principal.
Jesus falava: “Não temais, eu venci o mundo”. Vencer o mundo ou vencer no mundo? O que é para nós vencer no mundo? Mansões, fãs... Pergunta que devemos nos fazer periodicamente. Vencer o mundo é a porta estreita das batalhas diárias pela construção do bem na Terra, pelas lutas no ideal religioso e social, de combater a dor de cada irmão. Esse é o desafio que se impõe ao cristão, que se faz mais complexo à medida que não o enxergamos.
Cabe termos olhos de ver para enxergar os verdadeiros vencedores e as verdadeiras promessas, para que não nos vejamos iludidos no emprego de nossas forças, exasperados no presente e frustrados no futuro, pois os bens materiais têm seu valor na medida que contribuem com o nosso engrandecimento espiritual.
Empolgados na luta pela fortuna e glória, esquecemo-nos da família, dos sorrisos, das pessoas.
O desafio está posto em um mundo que valoriza as posses, o ser como ter, em confronto com a idéia de transformar o ter em ser, na construção do homem de bem, herói esquecido de nossas fábulas cotidianas modernas.

Marcus Vinícius de Azevedo Braga
acervobraga@gmail.com
Brasília, DF (Brasil)

Imagem ilustrativa

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