Quem, dentre nós, nunca ouvira falar de Francisco Otaviano
de Almeida Rosa (1825 – 1889), Advogado, Escritor e brilhante Jornalista, que
fora também Deputado, Senador e Diplomata? É considerado, com louvor, um dos
patronos da Academia Brasileira de Letras; todavia, se nunca ouviras falar do
eminente letrista, certamente conheces algo de uma sua tocante e célebre poesia
do nosso cotidiano de lágrimas:
Abre aspas:
Quem passou pela vida em branca nuvem,
E em plácido repouso adormeceu;
Quem não sentiu o frio da desgraça,
Quem passou pela vida e não sofreu,
Foi espectro de homem, não foi homem,
Só passou pela vida, não viveu.
Fecha aspas.
E o fato é que a Dor, nas suas mais diversas nuanças: física
ou simplesmente consciencial, ou moral, ou espiritual, são companheiras
assíduas dos nossos passos, sobretudo nos ambientes endividados, de
consciências sombrias de um Mundo Provacional, de grandes expiações.
Há quem diga que alguns elementos são invulneráveis à Dor;
estudos “comprovaram” que sociopatas, indivíduos egoístas, interesseiros e
manipuladores, bem como homicidas frios e calculistas, são insensíveis a ela,
estando isentos das cobranças de sua consciência que não lhes pedem um ajuste
de contas, um acerto social. E, dir-se-ia: “felizardos, por imunes que são”.
Entretanto, não acredito, de forma cabal, completa e absoluta, em tais
“comprovações”, e, por isto: minhas aspas.
Óbvio que alguns indivíduos de consciência rastejante, ou
seja, de patamares evolutivos mui baixos e mui grosseiros, quiçá, até se sinta
mais confortável, psicologicamente, do que resulte dos seus atos cruéis e
violentos; mas chegar ao absurdo de que tais elementos não sintam pesar; de que
tais não sentem a dor consciencial; de que tais indivíduos são imunes às
cobranças de retificação de seus erros, vai uma distância enorme, pois que
todos, do mais alto ao mais baixo nível de espiritualidade e de humanização,
sentem algum grau perceptivo da dor, da cobrança consciencial, pois que, do contrário,
a Lei de Deus, feita para todos, indistintamente, estaria, de certa forma,
sendo derrogada por alguns poucos e aplicada à maioria deste Mundo infernal,
feito de lágrimas e de dores, a que nos sujeitamos como filhos da Consciência
Maior, que espera do criado a consciência reta, isenta de falhas, rumo à
perfeição.
Afirma-se, e não duvido de tal, que a dívida pode até ser
transferida no tempo, mas terá de ser quitada sempre, pois que tal é o ditame
da Soberana Lei. Entretanto, isto não quer dizer que nossa consciência não faça
suas cobranças, que não nos recorde os crimes, que não nos mostre o abismo de
nossa criação, pois na consciência se instala o Tribunal do Supremo que
aguarda, com paciência, nosso arrependimento, mas também nos exige o condigno
resultado da expiação.
Creio, sim, que o Tribunal de Deus encontra-se instalado em
nossa consciência: palingenésica, perene e imortal, havendo, pois,
diversificados níveis da mesma, não excluindo, e, não exonerando, em tempo
algum, quem quer que seja, pois que a Perfeita Lei não distribui privilégios ou
favorecimentos, não promove conluios ou negociatas a benefício de uns e
prejuízos de outros, pois que se firma na Ordem, na Justiça e no Merecimento,
não se dobrando às dívidas do filho infrator.
Fernando Rosemberg Patrocinio
E.mail: f.rosemberg.p@gmail.com
Imagem de Francisco Otaviano de Almeida
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