sábado, 29 de março de 2014

Certezas do Poeta e da Lei


Quem, dentre nós, nunca ouvira falar de Francisco Otaviano de Almeida Rosa (1825 – 1889), Advogado, Escritor e brilhante Jornalista, que fora também Deputado, Senador e Diplomata? É considerado, com louvor, um dos patronos da Academia Brasileira de Letras; todavia, se nunca ouviras falar do eminente letrista, certamente conheces algo de uma sua tocante e célebre poesia do nosso cotidiano de lágrimas:

Abre aspas:

Quem passou pela vida em branca nuvem,
E em plácido repouso adormeceu;
Quem não sentiu o frio da desgraça,
Quem passou pela vida e não sofreu,
Foi espectro de homem, não foi homem,
Só passou pela vida, não viveu.

Fecha aspas.

E o fato é que a Dor, nas suas mais diversas nuanças: física ou simplesmente consciencial, ou moral, ou espiritual, são companheiras assíduas dos nossos passos, sobretudo nos ambientes endividados, de consciências sombrias de um Mundo Provacional, de grandes expiações. 
Há quem diga que alguns elementos são invulneráveis à Dor; estudos “comprovaram” que sociopatas, indivíduos egoístas, interesseiros e manipuladores, bem como homicidas frios e calculistas, são insensíveis a ela, estando isentos das cobranças de sua consciência que não lhes pedem um ajuste de contas, um acerto social. E, dir-se-ia: “felizardos, por imunes que são”. Entretanto, não acredito, de forma cabal, completa e absoluta, em tais “comprovações”, e, por isto: minhas aspas. 
Óbvio que alguns indivíduos de consciência rastejante, ou seja, de patamares evolutivos mui baixos e mui grosseiros, quiçá, até se sinta mais confortável, psicologicamente, do que resulte dos seus atos cruéis e violentos; mas chegar ao absurdo de que tais elementos não sintam pesar; de que tais não sentem a dor consciencial; de que tais indivíduos são imunes às cobranças de retificação de seus erros, vai uma distância enorme, pois que todos, do mais alto ao mais baixo nível de espiritualidade e de humanização, sentem algum grau perceptivo da dor, da cobrança consciencial, pois que, do contrário, a Lei de Deus, feita para todos, indistintamente, estaria, de certa forma, sendo derrogada por alguns poucos e aplicada à maioria deste Mundo infernal, feito de lágrimas e de dores, a que nos sujeitamos como filhos da Consciência Maior, que espera do criado a consciência reta, isenta de falhas, rumo à perfeição. 
Afirma-se, e não duvido de tal, que a dívida pode até ser transferida no tempo, mas terá de ser quitada sempre, pois que tal é o ditame da Soberana Lei. Entretanto, isto não quer dizer que nossa consciência não faça suas cobranças, que não nos recorde os crimes, que não nos mostre o abismo de nossa criação, pois na consciência se instala o Tribunal do Supremo que aguarda, com paciência, nosso arrependimento, mas também nos exige o condigno resultado da expiação. 
Creio, sim, que o Tribunal de Deus encontra-se instalado em nossa consciência: palingenésica, perene e imortal, havendo, pois, diversificados níveis da mesma, não excluindo, e, não exonerando, em tempo algum, quem quer que seja, pois que a Perfeita Lei não distribui privilégios ou favorecimentos, não promove conluios ou negociatas a benefício de uns e prejuízos de outros, pois que se firma na Ordem, na Justiça e no Merecimento, não se dobrando às dívidas do filho infrator. 

Fernando Rosemberg Patrocinio

Imagem de Francisco Otaviano de Almeida 

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