Em carta publicada nesta mesma edição, Rosane Machado Xavier
da Silva, de Alvorada (RS), solicita-nos esclarecimentos sobre a correta
interpretação da mensagem intitulada “Facciosismo”, constante do cap. 36 de
Vinha de Luz, obra mediúnica escrita por Emmanuel por intermédio de Francisco
Cândido Xavier.
A mensagem citada reproduz, em seguida ao título, o seguinte
versículo:
"Mas se tendes amarga inveja e sentimento faccioso em
vosso coração, não vos glorieis nem mintais contra a verdade." (Tiago,
3:14.)
Eis o teor integral do texto escrito por Emmanuel:
“Toda escola religiosa apresenta valores inconfundíveis ao
homem de boa vontade. Não obstante os abusos do sacerdócio, a exploração
inferior do elemento humano e as fantasias do culto exterior, o coração sincero
beneficiar-se-á amplamente, na fonte da fé, iluminando-se para encontrar a
Consciência Divina em si mesmo.
Mas, em todo instituto religioso, propriamente humano, há
que evitar um perigo – o sentimento faccioso, que adia, indefinidamente, as
mais sublimes edificações espirituais.
Católicos, protestantes, espiritistas, todos eles se
movimentam, ameaçados pelo monstro da separação, como se o pensamento religioso
traduzisse fermento da discórdia.
Infelizmente, é muito grande o número de orientadores
encarnados que se deixam dominar por suas garras perturbadoras. Espessos
obstáculos impedem a visão da maioria.
Querem todos que Deus lhes pertença, mas não cogitam de
pertencer a Deus.
Que todo aprendiz do Cristo esteja preparado a resistir ao
mal; é imprescindível, porém, que compreenda a paternidade divina por sagrada
herança de todas as criaturas, reconhecendo que, na Casa do Pai, a única
diferença entre os homens é a que se mede pelo esforço nobre de cada um.”
(Vinha de Luz, cap. 36.)
Antes de qualquer comentário, é importante lembrar o
significado da palavra facciosismo, substantivo comum derivado do adjetivo
faccioso acrescido do sufixo “ismo”.
Facciosismo significa: qualidade de faccioso, parcialidade;
sectarismo, paixão partidária. É o mesmo que faciosismo ou facciosidade.
Emmanuel afirma que tal sentimento é altamente pernicioso
porque adia, indefinidamente, as mais sublimes edificações espirituais.
A fé religiosa, seja ela qual for, não poderia jamais ser
motivo de discórdia, de ódio, de separação entre as pessoas, fato que,
infelizmente, como a História registra, tem sido uma constante nas relações
entre católicos e protestantes, entre muçulmanos e cristãos, entre evangélicos
e espíritas, como se Deus não fosse o Pai de todos nós, mas tão somente
daqueles que rezam pela mesma cartilha.
Enquanto o sectarismo, a paixão partidária, a parcialidade
comandarem as ações humanas, dificilmente a fraternidade se tornará na Terra um
sentimento comum a todos os povos, independentemente de suas convicções
religiosas ou políticas.
Somos todos irmãos e filhos do mesmo Deus.
Não existem, pois, motivos reais para que sejamos facciosos.
É esse o ponto central da mensagem de Emmanuel.
Como ele nos propõe, é absolutamente imprescindível que
compreendamos a paternidade divina por sagrada herança de todas as criaturas e
reconheçamos que, na Casa do Pai, a única diferença entre os homens é a que se
mede pelo esforço nobre de cada um, e não pela cor de nossa pele, pelos nossos
saldos bancários ou pela crença que orienta os nossos passos.
Sem fraternidade, – escreveu certa vez Allan Kardec, ao
comentar o conhecido lema da Revolução Francesa –, não haverá liberdade real
nem igualdade no mundo em que vivemos.
Astolfo O. de Oliveira Filho
Londrina, Paraná
(Brasil)
Imagem do livro
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