sábado, 12 de dezembro de 2020

Kardec, o Educador


Primeiros passos de Kardec, o Educador

Contrariando as expectativas, mesmo tendo nascido em uma família de magistrados, o pequeno Rivail sempre demonstrou inclinação para a área de Educação. E, ainda menino, demonstrava seu talento para ensinar, ajudando coleguinhas que tinham dificuldades para acompanhar as matérias na escola da cidade Lion, onde nasceu.
Aos 10 anos, seus pais o enviaram para o mais badalado colégio da Europa – e um dos mais prestigiados do mundo à época. O menino saiu do seu país natal e foi estudar em Yverdon, na Suiça.
Ali, crianças e adolescentes de vários locais do mundo se reuniam, formando um verdadeiro caldeirão cultural e estimulando o aprendizado que seguia a metodologia do grande Pedagogo João Henrique Pestalozzi.
Além das matérias tradicionais, em Yverdon os alunos tinham aula de ginástica, artes, jardinagem.
Segundo especialistas, a nova metodologia permitia que as crianças aprendessem em, um ano, o que levariam dois ou três pelos métodos tradicionais. Era natural que o método de Pestalozzi começasse a ser difundido em toda a Europa e, posteriormente, em todo o mundo.
O menino Rivail – então com 14 anos – sempre foi um dos discípulos mais fervorosos de Pestalozzi, substituindo-o quando viajava para difundir seu método de ensino e sua escola – e assim começava seu preparo para ser, no futuro próximo, Kardec, o Educador.
Além disso, auxiliava os colegas que tinham maior dificuldade no aprendizado e ainda tinha tempo para se dedicar à Botânica e pesquisar as plantas dos locais vizinhos – uma das paixões do adolescente que amava aprender.
Sem dúvida alguma, a convivência com Pestalozzi ajudou a preparar o pensamento do futuro Allan Kardec – mas, sigamos com a educação porque Kardec, o Codificador será tema de outro artigo.

Kardec inicia sua carreira de Educador na Cidade Luz.

Por volta de 1822, Rivail inicia-se no magistério e, nas horas vagas, traduz livros – em pouco tempo desabrocharia na plenitude Kardec, o Educador!
Em 1823 lança seu primeiro livro, de Aritmética, recomendado aos professores e às mães que, como o Educador gostava de lembrar, eram as primeiras mestras de seus filhos.
Em 1828, é lançado o “Plano para melhoria na educação pública”, que previa a criação de uma escola para formar Pedagogos – algo inédito à época.
Nele, Rivail afirmava que a Educação deveria ser encarada como uma ciência e que o pouco preparo dos professores atrasava todo o desenvolvimento do processo educacional e, por consequência, do povo.
Ainda neste livro, o professor fala da importância de desabrochar na criança os germes das virtudes e reprimir os do vício. Condena as punições corporais, afirmando que o que leva a criança a amar o trabalho e a virtude são, principalmente, os exemplos.
Também afirma que o conhecimento libertaria o homem de superstições e da ignorância. Escrita aos 24 anos, esta obra já demonstra o espírito investigativo de Rivail, essencial no trabalho espírita.
Poliglota, Rivail traduziu obras para o francês e, também, do francês para outros idiomas. Em 1831 foi convidado pelo governo francês para chefiar uma Comissão encarregada de revisar a legislação sobre a instrução pública francesa.
Nesse trabalho defendeu a educação moral, segundo ele, tão importante quanto a intelectual e essa iniciativa resultou na criação da instrução popular gratuita.

Kardec, o Educador encontra sua musa inspiradora

Em 1832 casa-se com Amelie Gabrielle Boudet, professora, escritora, artista – uma alma à altura do grande missionário e ela também uma grande educadora.
Gaby, como o professor a chamava, foi sua grande companheira em todos os projetos, inclusive o de Kardec, o Educador.
Por volta de 1833, o casal funda um pensionato para mocinhas, já que o sistema educacional privilegiava os meninos. Ambos defendiam o ensino para mulheres uma vez que, como diziam sempre, elas precisavam de informações para cumprir a maior e mais complexa de todas as tarefas: educar os filhos.
Em 1847, apresenta sugestões para reforma no sistema educacional, em especial, o direito de escolas públicas para as meninas.

O pensamento de Kardec, o Educador

O professor Rivail acreditava que:

O espírito da criança é como um terreno cuja natureza o jardineiro hábil deve conhecer e estudar, a fim de semear com proveito;
O educador deve desenvolver a inteligência da criança e não obrigá-la à memorização;
O educador tem sobre os ombros uma das mais importantes e difíceis tarefas: a de formar homens de bem;
Lembrava às crianças e jovens o dever de renderem graças a Deus pela oportunidade que lhes foram concedida.

Após o fechamento da Instituição Rivail (por problemas financeiros), o professor empregou-se como contabilista de três casas comerciais.
Mas à noite dedicava-se à área de educação, sua grande paixão.
Elaborava novos livros, traduzia obras inglesas e alemãs, preparava novos cursos e dava aulas. Paralelamente, de 1835 a 1840, ministrava, em sua casa, cursos gratuitos de química, física, astronomia, fisiologia, anatomia comparada, etc – sempre apoiado pela esposa, a Sra. Rivail.
Como podemos notar, o objetivo do método de ensino de Rivail sempre foi educar intelectual e moralmente, objetivando a formação de seres humanos capacitados a ajudarem na construção de um mundo melhor.
Para isso, criava métodos especiais para obter maior rendimento do aluno e batalhava por um ensino mais justo e democrático.
Para Rivail, o professor era simples mediador na obra educativa. Cabia ao aluno o esforço e a vontade de aprender e se transformar. Alguma semelhança com os ensinamentos da Doutrina Espírita? Sim, mas não por mera coincidência!

Martha Rios Guimarães

Imagem ilustrativa

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