segunda-feira, 7 de maio de 2018

Lembretes


Perante as situações constrangedoras que, às vezes, enfrentamos no transcorrer da vida, é necessário que nos preservemos das atitudes grosseiras ou atos inconsequentes que nos levem a agir contra os nossos princípios morais. Não será porque alguém nos agrida com palavras ou ações que devamos fazer o mesmo, pois revidar as agressões nos igualaria ao agressor.
É importante buscar a compreensão, reconhecendo e aceitando essas reações como fruto da imperfeição a que todos nós estamos sujeitos, usando a indulgência e a tolerância para com todos.
A maioria das reclamações ou queixas não passam de lamentação estéril a que o homem se acostumou; se temos nas mãos o remédio eficaz como o Evangelho de Jesus e os consoladores esclarecimentos da Doutrina dos Espíritos, a repetição das queixas traduzirá, apenas, a má vontade na aplicação legítima do conhecimento espírita a nós mesmos.
Não nos desgastemos com lamentações inúteis que nada nos trarão de bom, ao contrário, somente o atraso na jornada evolutiva. É necessário confiar e aguardar serenamente, lembrando de continuar a servir o Mestre, realizando o que Ele espera que façamos, em Seu nome, para aliviar o sofrimento de nossos irmãos, enquanto a solução dos nossos problemas não chega.
Façamos de nossas vidas uma demonstração constante de mansuetude, procurando agir com bondade e compreensão diante das situações que poderiam levar-nos à revolta ou à impaciência.
É no cultivo da misericórdia e do entendimento que encontramos, em nós mesmos, a força do amor capaz de garantir dentro e fora de nós a construção do Reino de Deus.
Amemo-nos uns aos outros, como Jesus nos amou e nos tem amado por todos os séculos, apesar dos nossos enganos e imperfeições.
Se há mais alegria em dar que em receber, há mais felicidade em servir do que em ser servido.
Quem serve, prossegue... 
Lembremo-nos disso.

Bibliografia:

XAVIER, Francisco Cândido – pelo Espírito Emmanuel. Pão Nosso. 29ª edição, Brasília, Ed FEB, 2010. Pág. 251. Lição 118 – É para isto.

XAVIER, Francisco Cândido – pelo Espírito Emmanuel. O Consolador. 29ª edição, Brasília, Ed. FEB, 2013. Págs. 131, 171, 207, 227.

Temi Mary Faccio Simionato

Imagem ilustrativa

quinta-feira, 26 de abril de 2018

Relações conflituosas em família


Muito comum na vida de todos nós a existência de relações conflituosas envolvendo familiares, quando não, nós mesmos os conflitantes.
Mesmo estando no limiar de uma nova era, o Mundo de Regeneração, nós, os Espíritos que aqui se encontram, ainda somos portadores das paixões que identificam os Espíritos dos Mundos de expiação e provas, e são estas paixões as responsáveis pelas incompatibilidades comportamentais na vida do Espírito imortal.
Chega um dia, porém, que retornamos ao mundo espiritual e “Quando deixa a Terra, o Espírito leva consigo as paixões ou as virtudes inerentes à sua natureza e se aperfeiçoa no Espaço, ou permanece estacionário, até que deseje receber a luz. Muitos, portanto, se vão cheios de ódios violentos e de insaciados desejos de vingança”, explica o Espírito Santo Agostinho em elucidativa mensagem inserida no capítulo catorze de O Evangelho segundo o Espiritismo.
O Benfeitor também nos fala que depois de um determinado tempo na erraticidade, que é variável para cada individualidade, os mais adiantados moralmente acabam por se conscientizarem sobre “as funestas consequências de suas paixões e são induzidos a tomar resoluções boas”. “Por fim, após anos de meditações e preces, o Espírito se aproveita de um corpo em preparo na família daquele a quem detestou, e pede aos Espíritos incumbidos de transmitir as ordens superiores permissão para ir preencher na Terra os destinos daquele corpo que acaba de formar-se”, esclarece o Benfeitor, deixando claro que nós solicitamos a oportunidade da convivência junto aos desafetos, justamente, para corrigirmos a situação conflitante criada outrora.
Porém, no dia a dia das convivências, “imperfeita intuição do passado se revela, do qual podeis deduzir que um ou outro já odiou muito, ou foi muito ofendido; que um ou outro veio para perdoar ou para expiar”, e por isso aconselha o Benfeitor a pensarmos que “um de nós dois é culpado”.
O Benfeitor acrescenta que “a tarefa não é tão difícil quanto vos possa parecer. Não exige o saber do mundo. Podem desempenhá-la assim o ignorante como o sábio, e o Espiritismo lhe facilita o desempenho, dando a conhecer a causa das imperfeições da alma humana”.
Lembra-nos também:

“Deus não dá prova superior às forças daquele que a pede; só permite as que podem ser cumpridas. Se tal não sucede, não é que falte possibilidade: falta a vontade.
As provas rudes, ouvi-me bem, são quase sempre indício de um fim de sofrimento e de um aperfeiçoamento do Espírito, quando aceitas com o pensamento em Deus. É um momento supremo, no qual, sobretudo, cumpre ao Espírito não falir murmurando, se não quiser perder o fruto de tais provas e ter de recomeçar. Em vez de vos queixardes, agradecei a Deus o ensejo que vos proporciona de vencerdes, a fim de vos deferir o prêmio da vitória. Então, saindo do turbilhão do mundo terrestre, quando entrardes no mundo dos Espíritos, sereis aí aclamados como o soldado que sai triunfante da refrega”.

Conclui-se destes esclarecimentos que estamos sempre com as pessoas certas, e na família certa, para fazermos o que é certo, segundo as nossas próprias resoluções anteriores à nossa atual reencarnação. Não podemos reclamar do que nós mesmos pedimos, para nosso próprio benefício, e que conta com a sempre presente misericórdia Divina a nos incentivar e socorrer.
Pensemos nisso.

Antônio Carlos Navarro

Imagem ilustrativa

terça-feira, 3 de abril de 2018

Tesouro nem sempre valorizado


A maior felicidade que podemos desfrutar no cotidiano diário é a convivência com pessoas afins, com pessoas amigas de verdade. A juventude passa num instante, o dinheiro troca de mão e a saúde é sujeita às fragilidades próprias de nosso tempo.
O que fica realmente são os sentimentos. E eles são sólidos quando construídos pela afeição verdadeira, sem interesses e onde prevalecem o respeito e a consideração real.
Pessoas afins são pessoas que amam e são amadas mutuamente. Por isso sente-se o prazer da convivência recíproca. Daí a razão de se buscarem, de se alimentarem emocionalmente porque significam autenticidade nos sentimentos.
Segundo o dicionário, amigo é pessoa que quer bem a outra, defensor, protetor. Já a palavra amizade é definida como o sentimento de amigo, afeto que liga as pessoas, reciprocidade do afeto, benevolência, amor.
Já se disse que quem tem um amigo, tem um tesouro. E pesquisas recentes indicam que ter amigos aumenta o tempo de vida e protege a saúde contra doenças, especialmente aquelas que afetam o coração. É que a convivência com amigos autênticos proporciona o incomparável prazer de estar com pessoas com quem não precisamos nos preocupar em como vamos nos portar, o que vamos dizer… Estar com amigos livra-nos do ambiente constrangedor de muitas vezes “pisar em ovos”. Com eles, somos nós mesmos, naturalmente.
Os amigos nos entendem, nos compreendem, nos aceitam. Como somos. E estes sentimentos são recíprocos. É aquela cumplicidade natural da reciprocidade do afeto. Mesmo que tenhamos de chamar a atenção ou sermos advertidos, em virtude de qualquer equívoco, isto será feito com jeito, sabendo abordar o assunto, sem magoar, sem constranger. É que entre amigos há um ingrediente fundamental para a boa convivência: o respeito mútuo.
Basta pensar que as causas dos atritos, desentendimentos e intrigas estão nas tentativas de imposição das ideias ou no desrespeito à liberdade de cada um. A amizade leal é a mais formosa modalidade de amor fraterno, segundo Emmanuel, consagrado autor. Por isso pensemos nos amigos! E reflitamos nos benefícios que este magno sentimento é capaz de espalhar onde se apresente. Antes, pois, de qualquer iniciativa, sejamos amigos uns dos outros, e sentiremos a vontade da convivência saudável de quem se quer bem…
Não podemos, todavia, esquecer o Amigo Incondicional da Humanidade: Jesus! Sempre presente na vida humana, poderia ter enviado um representante para a Terra, a fim de apresentar o Evangelho. Mas fez questão de estar pessoalmente entre nós, pelo amor fraternal e autêntica amizade que dedica a seus irmão ainda em processo evolutivo, lento e difícil.
A amizade é mesmo um sentimento notável, virtude a ser cultivada, tesouro e fonte de imensas alegrias que precisamos valorizar e cultivar.
Meu abraço, pois, meu amigo, minha amiga.

Orson Peter Carrara

Imagem ilustrativa

quarta-feira, 28 de março de 2018

Jamais esconder o talento recebido


“Senhor, sei que és um homem de rija condição; segas onde não semeaste, e recolhes onde não espalhaste; e, temendo, escondi o teu talento na terra; eis aqui o que é teu... Servo mau e preguiçoso... lançai-o nas trevas exteriores; ali haverá choro e ranger de dentes.”(Jesus. Mateus XXV.)
Na Parábola dos Talentos, Jesus deixa bem claro que a omissão e o descaso não servem de desculpa para o servo preguiçoso que não ousou utilizar o talento que lhe foi confiado. Preferindo cruzar os braços ante a oportunidade de trabalho que recebeu, perdeu a grande chance de exercitar suas potencialidades a caminho da prosperidade.
Quantas criaturas no meio social em que vivem, quotidianamente, representam o servo mau e preguiçoso da parábola em referência. Recebem da Providência Divina o talento da oportunidade de progredir espiritualmente, rumo à perfeição, e o esquece num canto qualquer de suas existências e a vida, passando como um bólido, as conduzirão ao juízo de suas consciências que, culpadas pela omissão, chorarão o remorso e o arrependimento da acomodação.
E são tantos os talentos que estão à nossa disposição, em todo o tempo, que em momento algum temos o direito de apresentar reclamações. Antes é imprescindível saber utilizá-los para extrair deles os benefícios que podem produzir.
Com o talento da paciência poderemos aprender a conviver com as pessoas em situações adversas, ensaiando a capacidade de renunciar e compreender virtudes que nos remetem à serenidade.
Com o talento do trabalho conseguiremos realizar as maiores proezas, impulsionando o progresso físico e moral, objetivando a construção do mundo de paz e esperanças que desejamos.
Com o talento da perseverança teremos a chance de continuar em busca da realização dos nossos sonhos e metas traçadas, tendo em mira deixar a inferioridade em que estamos para sublimar os nossos sentimentos.
Com o talento da coragem avançaremos destemidos pelos longos e às vezes pesados caminhos da vida, superando obstáculo, vencendo barreiras e chegando ao porto dos nossos destinos.
Com o talento do companheirismo poderemos ser, no reduto familiar ou no meio social em que mourejamos, um notável elemento de concórdia, de pacificação, unindo corações e reatando laços afetivos rompidos.
Com o talento do otimismo demonstraremos aos que nos observam um comportamento de equilíbrio, ânimo e firmeza ante qualquer situação que a vida nos apresente, criando ambiência adequada para as vitórias que nos aguardam.
Com o talento da fé teremos a absoluta e insofismável certeza de que Deus, nosso Pai de eterna bondade, tudo está fazendo para que tenhamos à disposição todos os mecanismos possíveis e capazes que nos assegurarão a paz que queremos.
Com o talento do amor conseguiremos ser, onde estamos e por onde passarmos, um digno representante da mensagem divina, servindo incansavelmente como elo entre as criaturas e Deus.
Portanto, não vale esconder o talento. Imprescindível e urgente laborar para multiplicá-lo, agindo de forma inversa ao que fez o servo mau e preguiçoso da Parábola dos Talentos, que desagradou profundamente o seu Senhor.
Reflitamos.

Waldenir A. Cuin

Imagem ilustrativa

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

Enquanto os ventos sopram


Conta-se que, há muito tempo, um fazendeiro possuía muitas terras ao longo do litoral do Atlântico.
Horrorosas tempestades varriam aquela região extensa, fazendo estragos nas construções e nas plantações.
Por esse motivo, o rico fazendeiro estava, constantemente, a braços com o problema de falta de empregados. A maioria das pessoas estava pouco disposta a trabalhar naquela localidade.
As recusas eram muitas, a cada tentativa de conseguir novos auxiliares.
Finalmente, um homem baixo e magro, de meia-idade, se apresentou.
Você é um bom lavrador? Perguntou o fazendeiro.
Bom, respondeu o candidato, eu posso dormir enquanto os ventos sopram.
Embora confuso com a resposta, o fazendeiro, desesperado por ajuda, o empregou.
O homem trabalhou bem ao redor da fazenda, mantendo-se ocupado do alvorecer ao anoitecer.
O fazendeiro deu um suspiro de alívio, satisfeito com o trabalho dele.
Então, numa noite, o vento uivou ruidosamente, anunciando que sua passagem pelas propriedades seria arrasadora.
O fazendeiro pulou da cama, agarrou um lampião e correu até o alojamento dos empregados.
O pequeno homem dormia serenamente. O patrão o sacudiu e gritou:
Levante depressa! Uma tempestade está chegando. Vá amarrar as coisas antes que sejam arrastadas.
O empregado se virou na cama e calmo, mas firme, disse:
Não, senhor. Eu não vou me levantar. Eu lhe falei: posso dormir enquanto os ventos sopram.
A resposta enfureceu o empregador. Não estivesse tão desesperado com a tempestade que se aproximava, ele despediria naquela hora o mau funcionário.
Apressou-se a sair para preparar, ele mesmo, o terreno para a tormenta sempre mais próxima.
Para seu assombro, ele descobriu que todos os montes de feno tinham sido cobertos com lonas firmemente presas ao solo.
As vacas estavam bem protegidas no celeiro, os frangos estavam nos viveiros e todas as portas muito bem trancadas.
As janelas estavam bem fechadas e seguras. Tudo estava amarrado. Nada poderia ser arrastado.
Então, o fazendeiro entendeu o que seu empregado quis dizer. Retornou ele mesmo para sua cama para também dormir, enquanto o vento soprava.

* * *

Se os ventos gélidos da morte nos viessem, hoje, arrebatar um ser querido, estaríamos preparados?
Se reveses financeiros, instabilidade econômica levassem nossos bens de rompante, estaríamos preparados?
A religião que professamos, a fé que abraçamos devem nos preparar o Espírito, a mente e o corpo para os momentos de solidão, pranto e dor.
Enquanto o dia sorri, faz sol em nossa vida, fortifiquemo-nos, preparemo-nos de tal forma que, ao chegarem os tsunamis, soprarem os ventos e a borrasca nos castigar, continuemos firmes, serenos.
Pensemos nisso e comecemos ainda hoje a nossa preparação.


Imagem ilustrativa

segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

Largo equívoco


Os comportamentos lamentáveis que povoam a mídia nacional, diariamente, decorrentes de atos indecorosos – bem distantes da dignidade que deve nos caracterizar como seres humanos racionais –, onde se incluem a violência em larga escala, as extorsões de todo tipo, a corrupção e seus infelizes desdobramentos, com total descaso pelos autênticos valores da vida humana, traduzem um largo equívoco de uma mentalidade coletiva construída e incentivada pelo materialismo, pelo egoísmo, pela vaidade ou pela ganância.
Indiferença, omissão, ganância, sedução pelo poder e escravidão à posse, com total alheamento às mínimas noções do dever – aí incluídos os deveres inclusive com a pátria, com o semelhante, com a vida, com o cargo, autoridade ou atribuição que se está investido – significa em última análise plantio de aflições para o futuro, cuja colheita é absolutamente obrigatória.
Os velhos ditados e ensinos sobre semeadura e colheita não são apenas poéticos. Refletem a realidade da lei que rege a vida e que outra não é senão a Lei de Amor.
Medir o momento atual por critérios econômico ou político, de poder ou de posse, é pequenez de raciocínio. Esses são fatores secundários. O principal aspecto a ser considerado como objetivo de vida, é moral. A ausência dela é a causadora do caos que se verifica.
Os que se dedicam a atos lesivos – de qualquer grau, natureza, alcance ou gravidade – não supõem que um dia terão de se reparar moralmente perante si mesmos? Ou que todo prejuízo causado a si mesmo ou a terceiros gerará sempre efeitos desastrosos e normalmente de difícil e penosa reparação?
Não percebemos ainda que quando desequilibramos um ponto – qualquer que seja – isso gerará consequências?
Tenhamos cuidado, prudência. A lei que nos rege é de amor! Aprendamos a respeitar a vida para que tenhamos equilíbrio, harmonia e paz no dia a dia da vida, cujo objetivo é justamente a felicidade de todos, sem quaisquer aspectos de privilégio, preferência ou vantagens sem méritos.
São ilusórias as descabidas pretensões de domínio, ganância ou poder, ganhos fáceis ou tolas vaidades. A vida material é muito frágil e curta e o corpo nada mais é que uma veste que gradativamente apodrece. Prevalece sobre todos os interesses a vida moral, esta sim permanente, contínua, geradora de felicidade quanto pautada no bem e no cultivo das virtudes, com esforço para sermos melhores. Tudo isso por uma simples razão sempre esquecida: não somos o corpo, estamos nele. A vida é imortal e sempre nos depararemos com a nossa própria consciência. Respeitemos a vida, pois, para termos felicidade que advém da paz de consciência.

Orson Peter Carrara

Expositor espírita, tem percorrido muitas cidades do Estado de São Paulo e já esteve na maioria dos estados do país, por várias vezes, para tarefas de divulgação espírita. Articulista da imprensa espírita, tem colaborado com diversos órgãos da imprensa espírita, entre revistas, sites e jornais do país, além de boletins regionais, no país e no exterior. Autor de treze livros, seus textos caracterizam-se pela objetividade e linguagem acessível a qualquer leitor, estando disponibilizados em vários sites de divulgação espírita.

Imagem ilustrativa

segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

Plástica no corpo é conservada após a desencarnação?


Trata-se de dúvida recorrente dos alunos nas salas de aulas de Doutrina Espírita.
Poderá, sim, manter os benefícios da plástica, a depender, em primeiro lugar, da sua “beleza interior”.
Isso porque o exterior sempre reflete o interior, aqui na Terra e muito mais no Plano Espiritual.
A boa aparência do corpo espiritual após a desencarnação dependerá da posição espiritual do ser, do seu equilíbrio, da sua conduta aqui na Terra, enfim, da sua depuração.
A plástica realizada no corpo físico de nada valerá se o Espírito não tiver uma condição espiritual que o favoreça a assumir uma forma mais bela. Ação no Bem, responsabilidade pelos atos, consciência do dever cumprido são requisitos básicos que irão lhe garantir um períspirito, do ponto de vista espiritual, mais belo.
Os que atingem essa condição, por méritos próprios, quase sempre buscam adquirir, com o poder do seu pensamento, formas mais jovens e belas (ou outra qualquer que deseje ou se sinta bem).
Podemos “concluir que a operação plástica não muda nada. O que realmente interfere na estrutura e aparência do perispírito é a posição espiritual da alma. As ações no campo do bem ou do mal são, pois, determinantes na forma de apresentação do perispírito, entendendo-se por bem tudo aquilo que é feito em obediência à lei maior do amor universal” (2)
“No livro Carmelo por ele Mesmo, de Carmelo Grisi, recebido por Chico Xavier, temos o relato de exercícios mentais que são feitos na vida espiritual para favorecer o rejuvenescimento. No excelente livro Memórias de um Suicida, recebido por Ivonne Pereira, também há referências quanto à aparência do períspirito”. (2)
Outrossim, no Livro Libertação (1), de André Luiz, verificamos o caso de uma senhora que se apresentava muito bonita aos olhos humanos, mas que, ao afastar-se do corpo pelo sono, transfigurava-se numa mulher horrível, uma bruxa, revelando aos olhos dos Espíritos desencarnados a sua baixa condição espiritual.
A explicação para a estranha ocorrência foi clara: a referida senhora levava uma existência de futilidades, dissimulações e ações maléficas.
Vejamos um trecho do Cap. 10 do citado livro sobre o caso em tela:

“O homem e a mulher, com os seus pensamentos, atitudes, palavras e atos criam, no íntimo, a verdadeira forma espiritual a que se acolhem. Cada crime, cada queda, deixam aleijões e sulcos horrendos no campo da alma, tanto quanto cada ação generosa e cada pensamento superior acrescentam beleza e perfeição à forma perispirítica, dentro da qual a individualidade real se manifesta, mormente depois da morte do corpo denso.”

Referências:
(1) André Luiz/Chico Xavier, Libertação, cap. 10.
(2) Marlene Nobre – trechos de texto do site da Associação Médico-Espírita.

Fernando Rossit
Funcionário público, residente em São José do Rio Preto, Espírita desde 1978, trabalhador da Associação Espírita Allan Kardec, atuando como Doutrinador, Médium Psicofônico, Orador e Instrutor Cursos da Doutrina Espírita.

Imagem ilustrativa

sábado, 16 de dezembro de 2017

Alertas sérios de Divaldo


Nos últimos meses, em eventos diversos, Divaldo Pereira Franco tem feito algumas abordagens diretas que representam sérios alertas aos espíritas e ao movimento espírita.
Durante a 64a Semana Espírita de Vitória da Conquista (Bahia), em setembro de 2017, focalizou as influências espirituais negativas que rondam os espíritas. Entre outros fatos cita alguns excessos normativos que dificultam a prática da mediunidade, a proliferação de livros que não estão sintonizados com as obras do Codificador e a disputa pelo “poder” no interior das instituições e do movimento espírita.(1)
Em outubro de 2017, no Congresso Espírita Colombiano realizado em Bogotá (Colômbia), Divaldo desenvolveu o seminário “Desafio dos trabalhadores espíritas”. Na oportunidade, fez referência à falta de cuidados na seleção de expositores que são convidados em vários países e que disseminam práticas estranhas. Comentou também a sua não concordância e citou alguns projetos que têm sido divulgados e implementados no movimento espírita brasileiro. (2)
Durante o citado evento na Colômbia, o expositor compareceu à reunião da Comissão Executiva do Conselho Espírita Internacional e, pessoalmente, e em nome de espíritos que foram fundadores do CEI, inclusive registrando a presença deles, apresentou um grave alerta sobre decisões relacionadas com a Entidade, o respeito aos que a dirigiram e, ao final, houve psicofonia com mensagem de Bezerra de Menezes, convidando-os para uma ação fraternal, lembrando que “Jesus Cristo é amor e o Espiritismo é caridade.”(3)
Há informações de que em atividades do CFN da FEB, em novembro de 2017, Divaldo manteve diálogo sobre problemas e riscos do movimento espírita e, atendendo a questionamento específico, opinou que deve haver esclarecimentos sobre dúvidas relacionadas com traduções de A Gênese, de Kardec.
Entendemos que as observações de Divaldo naturalmente estão fundamentadas na sua fidelidade às obras da Codificação nessa sua longa trajetória de 70 anos de ações espíritas e como profundo conhecedor do movimento espírita do Brasil e de muitos países. Divaldo Pereira Franco está apontando fatos que devem merecer reflexão, estudo e análise cuidadosa por parte dos dirigentes e lideranças espíritas.
Por oportuno, transcrevemos trecho de recente mensagem psicofônica de Bezerra de Menezes, pelo citado médium, intitulada “Vigilância e fidelidade da última hora”:

“Algo temos que fazer e o Mestre Incomparável pede-nos fidelidade da última hora. A noite desce e a treva não se faz total porque as estrelas do amor brilham no cosmo das reencarnações. Este é momento grave, filhas e filhos do coração, e vós tendes a oportunidade de O servir como dantes não lograstes. […] Mantende-vos em paz e amai, ajudando-vos uns aos outros nas suas debilidades e fraquezas, pois que são eles que precisam do vosso auxílio para também atingirem a meta.”(4)

A propósito, recordamos de antiga mensagem de Joanna de Ângelis, intitulada “Os novos obreiros do Senhor”, incluída no livro Após a Tempestade, que teve sua 1a edição no ano de 1974:

“Depois de tudo consumado, porém, conforme acentua o Mestre: ‘Os primeiros serão os últimos e os últimos serão os primeiros no reino dos Céus.’
Não será fácil. Nada é fácil. O fácil de hoje foi o difícil de ontem, será o complexo de amanhã. Quanto adiemos agora, aparecerá, depois, complicado, sob o acúmulo dos juros que se capitalizam ao valor não resgatado. Aclimatados à atmosfera do Evangelho, respiremos o ideal da crença… E unidos uns aos outros, entre os encarnados e com os desencarnados, sigamos. Jesus espera: avancemos!”(5)


Referências [*]:
(1) Acesso: https://www.youtube.com/watch?v=n8WB4JtN5aU;
(2) Acesso: https://www.youtube.com/watch?v=NryRJMdckXU&feature=youtu.be;
(3) Gravação em áudio divulgada em whatsapp;
(4) Acesso – Facebook de Jorge Moehlecke: https://www.facebook.com/search/top/?q=jorge%20henrique%20moehlecke;
(5) Acesso: http://grupochicoxavier.com.br/os-novos-obreiros-do-senhor/;



Ex-presidente da Federação Espírita Brasileira (interino de 5/2012 a 3/2013 e efetivo de 3/2013 a 3/2015); membro da Comissão Executiva e Primeiro Secretário do Conselho Espírita Internacional; Membro do Grupo de Estudos Espíritas Chico Xavier.

Imagem ilustrativa

segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

A criança livre é a semente do malfeitor


Bethany Thompson lutou contra um câncer no cérebro quando tinha apenas 3 anos de idade, e sobreviveu. A cirurgia que retirou o tumor foi um sucesso, mas deixou uma pequena sequela em seu rosto: a boca ficou levemente repuxada para a direita. Isso foi suficiente para ela se tornar alvo de comentários maldosos de outras crianças na escola. Bethany, 11 anos de idade, sofria bullying implacável na escola, até que chegou a um ponto em que não suportou mais e tirou a própria vida com um tiro. (1)
Caso semelhante ocorreu no Colégio Holy Angels Catholic Academy, em Nova York, Estados Unidos. Aí estudava Daniel Fitzpatrick, um aluno de 13 anos, que estava sofrendo bullying. Resultado: Daniel acabou se suicidando. Deixou uma carta de despedida e dentre outros bramidos de dor moral escreveu: “Eu desisto”! Disse ainda que os seus colegas da escola o atormentavam há muito tempo e a direção do colégio não fazia nada a respeito, mesmo após ele e os seus pais terem feito uma reclamação formal. A resposta do Holy Angels teria sido “Calma, tudo vai ficar bem. É só uma fase, vai passar”.
Como esquecermos a chacina na Escola Municipal Tasso da Silveira, de Realengo, na cidade do Rio de Janeiro, em que meninos e meninas ficaram irmanados num trágico destino. Suas vidas foram prematuramente ceifadas num episódio de insonhável bestialidade. O assassino Wellington Menezes de Oliveira, embora com a mente arruinada e razão obliterada, fez sua opção de atirar contra os alunos que o incomodavam. Numa fita gravada, Wellington alegou ter sofrido bullying anos antes, na mesma escola; neste caso houve uma reação violentíssima.
O bullying é uma epidemia psicossocial e pode ter consequências graves. O que, à primeira vista, pode parecer um simples apelido inofensivo pode afetar emocional e fisicamente o alvo da ofensa. Crianças e adolescentes que sofrem humilhações racistas, difamatórias ou separatistas podem ter queda do rendimento escolar, somatizar o sofrimento em doenças psicossomáticas e sofrer de algum tipo de trauma que influencie traços da personalidade.
Os fatos, chocantes e tristes, trazem dois alertas a todos os pais e mães: o primeiro deles é estar atento às mudanças de comportamento dos filhos e buscar ajuda profissional sempre que necessário. O segundo alerta é falar com o filho sobre o respeito às diferenças. Ensinar sobre diversidade e tolerância. Essas lições, quando assimiladas desde cedo, formam pessoas mais empáticas e sensíveis à dor do outro – além, é claro, de evitar comportamentos agressivos como o bullying.
Urge estabelecer limites aos nossos filhos. Desde os primeiros anos, devemos ensiná-los a fugir do abismo da liberdade, controlando-lhe as atitudes e concentrando-lhe as posições mentais, pois que essa é a ocasião mais propícia à edificação das bases de uma vida. Os filhos, quando crianças, registram em seu psiquismo todas as atitudes dos pais, tanto as boas quanto as más, manifestadas na intimidade do lar. Por esta razão, os pais devem estar sempre atentos e, incansavelmente, buscando um diálogo franco com os filhos, sobretudo amando-os, independentemente de como se situam na escala evolutiva.
Crianças criadas dentro de padrões de liberalidade excessiva, sem limites, sem noções de responsabilidade, sem disciplina, sem religião e muitas vezes sem amor, serão aquelas com maior tendência aos comportamentos agressivos, tais como o bullying, pois foram mal-acostumadas e por isso esperam que todos façam as suas vontades e atendam sempre às suas ordens.
Por isso mesmo, importa ensinar a criança a fugir do abismo da liberdade, controlando-lhe as atitudes e concentrando-lhe as posições mentais, pois a infância é a ocasião mais propícia à edificação das bases de uma vida. A criança livre é a semente do malfeitor. A própria reencarnação se constitui, em si mesma, restrição considerável à independência absoluta da alma necessitada de expiação e corretivo.

Pensemos nisso!

Jorge Hessen


Referência:

(1) Disponível em http://revistacrescer.globo.com/Curiosidades/noticia/2016/11/menina-de-11-anos-que-sobreviveu-cancer-no-cerebro-se-mata-por-sofrer-bullying-na-escola.html acessado em 24/11/2017.

Imagem ilustrativa

quinta-feira, 23 de novembro de 2017

Somos viajantes do Universo


No capítulo XI do livro terceiro, "Das Leis Morais", de O Livro dos Espíritos, Allan Kardec, o mestre de Lyon, através da Espiritualidade de Luz, deixa-nos material para grande reflexão e transformação na nossa maneira íntima de ver a justiça, a começar pelo título. Vejam que é "Justiça, amor e caridade", um único título com estas três palavras, como um triângulo equilátero, em que todos os lados têm o mesmo tamanho.
Impossível é o que nos deixa claro o capítulo todo: falar de justiça sem falar de amor e caridade. Melhor ainda, aplicar leis justas sem que o legislador tenha em seu íntimo amor e caridade bem desenvolvidos.
À medida que evoluímos espiritualmente deixamos refletir em nossas atitudes nosso grau de evolução. Impossível, portanto, uma sociedade justa composta por Espíritos que ainda acham que o amor, aquele do qual fala Paulo de Tarso em sua famosa carta aos Coríntios, seja apenas uma ilusão, uma visão romântica da vida.
A maneira mais eficaz, portanto, para transformar o mundo em que vivemos, ou melhor, para darmos a nossa contribuição para a sua melhora, é, incansavelmente, trabalhar cada ponto em nós que nos afasta do amor. Não é possível melhorar nada em ninguém e, portanto, nas coletividades, pela força. 
Outro ponto importante a ser considerado por todo aquele que se diz cristão é o fato de cada um carregar em si uma bagagem espiritual que representa os milhares de reencarnações que moldaram sua personalidade. Por isso não é possível, de imediato, a ninguém, ver o mundo além deste prisma. Evolução se dá mais eficientemente com educação. Com mudanças paulatinas no Espírito imortal.
Todos queremos um mundo melhor para viver, mas não nos esqueçamos de que somos viajantes do Universo, habitantes do Cosmos, cujos mundos são solidários.
Que não fujamos da responsabilidade de contribuir para a harmonia, onde quer que estejamos. Mas sigamos confiantes de que a lei divina não falha, que cada globo tem seu governador e inúmeros Espíritos iluminados que o assistem. Para que, em nossa ânsia de querer a melhora do nosso jeito, não venhamos a nos tornar instrumentos das trevas, da ignorância.

Rodinei Moura

Imagem ilustrativa

quinta-feira, 2 de novembro de 2017

Já que Finados chegou


A famosa e alegre cantora Clara Nunes morreu em abril de 1983, com apenas 39 anos de idade, deixando um legado musical de expressão.
Considerada uma das maiores e melhores intérpretes do país, era pesquisadora da música popular brasileira, de seus ritmos e de seu folclore e viajou para muitos países representando a cultura do país. Conhecedora das músicas, danças e das tradições afro-brasileira, converteu-se à Umbanda e levou a cultura africana para suas canções e vestimentas. Foi uma das cantoras que mais gravou canções dos compositores da Portela, sua escola do coração. Também foi a primeira cantora brasileira a vender mais de 100 mil cópias, derrubando um tabu segundo o qual mulheres não vendiam discos.
Um ano e cinco meses depois da morte brindou os familiares e amigos com mensagem de pleno equilíbrio pelas mãos do médium Chico Xavier, dando notícias de como foi recebida na vida imortal. Destaco trechos parciais da mensagem, constante do AE 1997, edição IDE:

“(…) Aquela anestesia suave que me fazia sorrir se transformou numa outra espécie de repouso que me fazia dormir. Sonhava com vocês todos e me via de regresso à infância. (…). Acordei num barco engalanado de flores, seguido de outras embarcações nas quais muitos irmãos entoavam hinos que me eram estranhos, hinos em que o amor por Iemanjá era a tônica de todas as palavras. (…) os barcos se abeiravam de certa praia encantadoramente enfeitada de verde nas plantas bravas que a guarneciam. Quando o barco que me conduzia ancorou suavemente, uma entidade de grande porte se dirigiu a mim com paternal bondade e me conduziu a pisar na terra firme. Ali estavam o meu pai Manoel e a nossa mãezinha Amélia. (…)”.

A mensagem é longa e fica inviável transcrevê-la integralmente. O leitor poderá encontrá-la na íntegra na net, bastando pesquisar nessa direção.
O fato expressivo que desejamos destacar, todavia, é a grandeza da imortalidade da alma. Diante da lembrança humana dos chamados mortos – que permanecem vivos sem os condicionamentos impostos pela carcaça óssea e limitadora de nossa liberdade e visão dos verdadeiros padrões de nossa natureza imortal –, a narração de Clara Nunes convida à reflexão sobre essa palpável realidade. Desde que respeitemos a vida – sem antecipar ou buscar calculadamente com precipitação o fato biológico da morte –, aguarda-nos a felicidade.
As paisagens que encontraremos ou ambientes que nos recepcionarão são aqueles que construímos durante a vida, nas vinculações morais e sintonias que estabeleçamos. Notem os detalhes dos barcos e flores, músicas típicas e o próprio mar, são da convicção e hábitos da personagem, que surgem esplêndidos no momento de chegada… e que depois se ajustam à realidade que nos aguardam.
É que a bondade daqueles que nos protegem e amam respeitam nossas crenças e sentimentos, não interferindo nas construções que edificamos.
A imortalidade da alma é palpável, real, vibrante, confortadora. Sugiro ao leitor estudar e pesquisar sobre o assunto para vencermos ilusões e informações descabidas e construídas pela nossa falta de conhecimento ao longo da história humana, repleta de criatividade deformante ou de ameaças descabidas, esquecidos que estivemos por muito tempo esquecidos da Bondade de Deus!
Paternidade que não esquece os filhos e tudo faz pela paz e harmonia de suas criaturas, imensamente amadas. Cabe-nos entender mais o assunto, para vencermos medos, traumas ou dores que podem ser evitadas.

Orson Peter Carrara

Imagem ilustrativa

terça-feira, 24 de outubro de 2017

Os limites da liberdade


Em que condições poderia o homem gozar de absoluta liberdade?
Nas do eremita no deserto. Desde que juntos estejam dois homens, há entre eles direitos recíprocos que lhes cumpre respeitar; não mais, portanto, qualquer deles gozará de liberdade absoluta.
(Livro dos Espíritos, questão 826, Lei de Liberdade).

Um náufrago vem ter em ilha deserta. Constrói tosca habitação e ali se instala. Desfruta de liberdade plena. Movimenta-se à vontade. Faz e desfaz, conforme lhe parece conveniente, senhor absoluto daquela porção de terra.
Tempos depois chega outro náufrago. A situação modifica-se. O primeiro experimentará limitações. A não ser que se disponha a eliminar o recém-chegado, descendo à barbárie, deverá reconhecer que seu direito de dispor da ilha esbarrará no direito do companheiro em garantir a própria sobrevivência. Terão, pois, que dividir os recursos existentes. E a liberdade de ambos diminuirá à medida que outros náufragos aparecerem.
É o que ocorre na vida comunitária, onde nossa liberdade é relativa, porquanto deve ser conciliada com a liberdade dos concidadãos. O limite de nosso direito é o direito do próximo. A inobservância desse princípio elementar gera conflitos. As implicações dessa equivalência de direitos são extensas.

Fácil enunciar alguns exemplos:

Não nos é lícito, na vida comunitária, transitar de automóvel pelas ruas à velocidade acima da fixada por lei; a ninguém é permitido, em logradouro público, postar-se nu, nem ali despejar lixo ou satisfazer necessidades fisiológicas. A liberdade de movimentação é restrita. Vedado nos é invadir uma propriedade alheia ou recintos de diversão como cinema ou teatro. Mister sejamos convidados ou nos disponhamos a pagar o ingresso.
Não é conveniente nem mesmo permanecer na inércia se fisicamente aptos, porquanto não nos pertencem os bens comunitários. Alimentos, abrigo, roupas, indispensáveis ao nosso bem-estar e à própria subsistência, pertencem àqueles que os produzem. Somos chamados a produzir, também, com a força do trabalho, a fim de que, em regime de permuta, utilizando um instrumento intermediário, o dinheiro, possamos atender às nossas necessidades.
A perfeita compreensão dos deveres comunitários, que restringem a liberdade individual, é virtude rara. Por isso existem mecanismos destinados a orientar a população e conter suas indisciplinas. Há leis que definem direitos e obrigações. Há órgãos policiais para fiscalizar sua observância. Os infratores sujeitam-se às sanções legais, que podem implicar até no confinamento em prisões por tempo determinado, compatível com a natureza dos prejuízos causados a alguém ou à sociedade.
Quanto maior a expansão demográfica e a concentração urbana, mais difícil o controle da população. E há infrações que nem sempre podem ser enquadradas como delitos passíveis de punição ou nem sempre podem ser rigorosamente detectadas e corrigidas pelas autoridades.
Revelam os infratores, total desrespeito pelos patrimônios individuais e coletivos da comunidade e pelo inalienável direito comum à tranquilidade.
Todavia, estes impenitentes individualistas, ilhados numa visão egocêntrica de vida, saberão, mais cedo ou mais tarde, que nenhum prejuízo causado ao próximo ficará impune.
Se a justiça da Terra é impotente para sentenciar os infratores, a justiça do Céu o fará, inelutavelmente, confinando-os em celas de desajuste e infelicidade, na intimidade de suas consciências, impondo-lhes penosas retificações na presente existência ou em existências futuras.
Aprendemos todos, por experiência própria, que há limites em nossa liberdade de ação e que o mínimo que nos compete, em favor de nossa felicidade, é não perturbar o próximo, tanto quanto estimamos que ele não nos perturbe.

Richard Simonetti

Imagem ilustrativa