quarta-feira, 21 de abril de 2010

Destino versus escolha das provas


Dogmas são preceitos apresentados como certos e indiscutíveis e cuja verdade se espera que as pessoas aceitem sem questionar.
Por princípio, a Doutrina Espírita não é dogmática, mas, sobretudo, Ciência e Filosofia, com conseqüências religiosas. Por isso, dias atrás, estranhou-me ouvir uma pessoa (querida) afirmar, não sem fundamentação, que via no livre-arbítrio um dogma do Espiritismo. Segundo sua lógica, o princípio do livre-arbítrio contrariava outro pressuposto do Espiritismo, que é o destino, entendido este no sentido de um programa reencarnatório.
À primeira vista, pareceu-me que havia razão naquela afirmativa. Pois, de fato, se tudo o que nos acontece na vida presente estivesse previsto, o livre-arbítrio seria uma balela. No entanto, recusei-me a aceitar a lógica apresentada e procurei estudar o assunto, segundo o ensinamento dos Espíritos Superiores, base do Espiritismo, tendo chegado às seguintes conclusões, resumidamente:

1) Antes de nova existência corpórea, o Espírito escolhe o gênero de provas a que deseja se submeter; nisto consiste o livre-arbítrio na escolha das provas. Entretanto, Deus, ao conceder ao Espírito a liberdade de escolha deixa-lhe a responsa bilidade dos seus atos e das suas conseqüências.
2) Na escolha das provas, o Espírito, via de regra, segue uma orientação: o desejo de sua própria evolução. Por isso, o Espírito não escolhe as provas menos penosas. Liberto da matéria, o Espírito não vê nas provas somente seu lado penoso, mas um atalho que o faça alcançar mais rapidamente um estado melhor, como um doente pode escolher um remédio desagradável, para se curar logo.
3) A despeito do livre-arbítrio, Deus pode impor certa existência a um Espírito, quando este não estiver apto a compreender o que lhe seria mais proveitoso.
4) O Espírito escolhe o gênero das provas: os detalhes são conseqüências da posição escolhida e, freqüentemente, de suas próprias ações. O Espírito, escolhendo um caminho, sabe de que natureza são as vicissitudes que irá encontrar; mas não sabe que acontecimentos o aguardam. Os detalhes nascem das circunstâncias.
5) Por fim, o Espírito pode escolher prova que esteja acima das suas forças e então sucumbir. Por outro lado, pode escolher outra que não lhe dê proveito algum, como um gênero de vida ociosa e inútil. Nesses casos, voltando ao mundo espiritual, percebe que nada ganhou e pede para recuperar o tempo perdido.

Da forma exposta, compreendi melhor os princípios do livre-arbítrio e do destino. Compreendi que, apesar de à primeira vista termos a impressão de que um desses pressupostos contraria o outro, tal lógica incorreta, do ponto de vista espírita, é motivada pela confusão que fazemos, tomando por destino os mínimos detalhes de nossas vidas. O certo é que nem tudo está previsto, mas apenas o gênero das provas a que nos submetemos a cada vez: isto, sim, é fruto da nossa própria escolha, ou das escolhas que fizemos e decisões que tomamos em vidas passadas.
É certo que muito mais ainda há a se dizer sobre o tema. De modo que, se Deus assim o permitir, poderei, de uma próxima feita, continuar discorrendo sobre determinismo e livre-arbítrio.
Encerro com um princípio da justiça da Lei Divina, muito apropriado a toda essa reflexão (e que nos serve de estímulo à prática do bem):"A ação positiva do presente corrige efeitos do passado negativo"

Eduardo Batista de Oliveira 
de Juiz de Fora (MG), é articulista espírita
feesp@feesp.org.br

Matéria extraída do Jornal da Federação Espírita do Estado de SP      ( FEESP ) - Março 2010 - Imagem ilustrativa

terça-feira, 20 de abril de 2010

Meu reino não é deste mundo


A Terra é a abençoada escola da alma imortal 


A Terra não é a morada do Cristo, a que reino então estaremos sendo levados? 
A pergunta número 55 de O Livro dos Espíritos nos dá uma pista quando fala da pluralidade dos mundos: Todos os globos que circulam no espaço são habitados? - Sim, e o homem da Terra está longe de ser, como pensa, o primeiro em inteligência, bondade e perfeição. Entretanto, há homens que se julgam superiores a tudo e imaginam que somente este pequeno globo tem o privilégio de ter seres racionais. Orgulho e vaidade! Acreditam que Deus criou o Universo só para eles.
A Terra é assim a abençoada escola da alma imortal, que nela estagia por longos períodos na purificação do próprio ser. Da mesma forma que o aluno, após ser diplomado, não precisa mais dos bancos escolares, também o homem, depois de adquirir as virtudes pelas quais trabalhou em sucessivas encarnações, não mais precisa estagiar em mundos materiais, podendo, a partir daí, ter na Espiritualidade e em mundos mais evoluídos as experiências de que agora carece.
Compreendendo a grande escala evolutiva do ser e a necessidade de libertação do homem, Paulo, o apóstolo dos gentios, alerta em carta aos Romanos que o reino de Deus não consiste no comer e no beber, mas na justiça, na paz, e na alegria no Espírito Santo (Carta de Paulo aos Romanos, 14:17). 
A primeira mensagem atesta a existência do plano espiritual e dos vários mundos que servem de asilo para a alma na concretização de suas virtudes. A segunda, importantíssima, nos dá a receita de como atingir os planetas em condições melhores que o nosso.
Ambas são claras na necessidade de passarmos pela Terra sem nos deixar aprisionar por ela. Viver a vida material lutando para que a matéria e tudo o que a engloba sejam elementos providenciais, ferramentas que o Espírito encarnado deve manipular sem atritos ou sangrias.
No entanto, vemos nos dias de hoje a supervalorização de princípios calcados na beleza do corpo e na posse de dinheiro e bens materiais, que estão longe de constituir aquele passaporte que nos permitirá galgar um andar acima visando o mais alto que nos aproximará do Pai.
Pode-se ser belo, ter um bonito corpo e mesmo ter-se dinheiro. É a valorização em demasia desses elementos que constitui obstáculo para alguns. De repente a beleza passa a ser algo tão importante para  certas pessoas que tudo sacrificam por ela: tempo, dinheiro, família, amizade etc., numa inversão completa dos valores.
E o maior sacrifício, se assim podemos dizer, que Deus pede aos seus filhos, é que saibamos amar uns aos outros. Perdemo-nos na vida na luta pela própria subsistência, enquanto o trabalho, canal de ocupação e mecanismo de aplicação das forças e faculdades humanas para alcançar um determinado fim, como ensina o Aurélio, torna-se, em nossa visão pequena e egoísta, um empecilho da felicidade.
Devemos, portanto, ocupar nosso tempo da forma mais positiva possível, distribuindo e colhendo afetos por onde passarmos. Saibamos honrar cada dia como uma dádiva de Deus aos filhos bem-amados. Aprendamos a viver dentro de nossas próprias capacidades, pois a espiritualidade nada pode fazer quando a nossa imprevidência nos coloca em situações difíceis, principalmente na questão monetária.
O justo viverá pela fé, já nos alertava o sempre querido Paulo em carta aos Romanos (1:17). Não apenas não devemos misturar o espiritual com o material, no ensaio de uma miscigenação impossível - cada elemento é único em sua essência -, como devemos honrar a oportunidade da reencarnação assumindo todos os deveres que ela nos exige em nível social e moral.
Jesus deixou essa repartição bem clara quando salientou firmemente aos fariseus que tentaram embaraçá-lo na questão dos impostos cobrados por César: É-nos permitido pagar ou deixar de pagar a César o tributo? Jesus, lúcido quanto à oportunidade da lição, responde firme: Dai, pois, a César o que é de César e a Deus o que é de Deus. (Mateus, 22:15-22 - Marcos, 12:13-17).
Assim é o mundo material, uma escola plena de desafios, cheia de grandeza e de grandes e necessárias provas. Os que carregam seus fardos e assistem os seus irmãos são os meus bem-amados, já nos alertava o Espírito de Verdade em mensagem inserida em O Evangelho segundo o Espiritismo (cap. VI, item 6), na qual nos pede para nos instruirmos na preciosa doutrina que dissipa o erro das revoltas e nos mostra o sublime objetivo da provação humana, que é o de poder ingressar finalmente nos mundos celestes ou divinos, habitações de Espíritos depurados, onde exclusivamente reina o bem.
A Terra, segundo o Espiritismo, pertence à categoria dos mundos de expiação e provas, razão por que aí vive o homem a braços com tantas misérias (ESE, cap. III item 4).
É, portanto, na Terra que devemos desenvolver a inteligência e sublimar o nosso mundo moral, a alma, para conseguir as virtudes necessárias que nos farão ingressar no reino colocado por Jesus, sendo então como ele exemplo de bondade e perfeição.

Eliana Thomé,
de São Paulo (SP), é jornalista, professora de francês
e articulista espírita ( feesp@feesp.org.br )


Matéria extraída do Jornal da Federação Espírita do Estado de SP      ( FEESP ) - Março 2010 - Imagem ilustrativa. 

Momentos de Reflexão


S L I D E



Disponibilizo para download: Aprendiz da Vida


domingo, 18 de abril de 2010

Momentos de transição


RESPOSTA DE JOSÉ REIS CHAVES Á MATÉRIA DA REVISTA SUPERINTERESSANTE


De: José Reis Chaves [mailto:jreischaves@gmail.com]
Enviada em: sexta-feira, 16 de abril de 2010 01:15
Para: Sérgio Gwercman
Assunto: Resposta de Reis Chaves à Superinteressante

À
Revista Superinteressante
Prezados Senhores Diretores,


Tenho o hábito de ler a Revista Superinteressante, adquirindo-a nas bancas, cujas matérias aprecio e até a citei no meu livro “A Reencarnação na Bíblia e na Ciência”, 7a edição, Ed.Martin Claret, hoje na EBM, Santo André, SP.
Mas fiquei decepcionado com o seu último Número, ao ler a estranha matéria de capa sobre Chico Xavier e o Espiritismo, que considero inoportuna e ofensiva à Doutrina Espírita e a esse renomado médium. Creio que faltou senso de autocrítica da sua Redação, para deixar ser publicada essa matéria. E talvez, isso tenha sido mesmo de propósito, com a cobertura de algum de seus diretores, com o objetivo intencional de denegrir a alma de escol de Chico Xavier e a Doutrina Codificada por Kardec, a religião mais identificada com a Bíblia e a ciência.
A exemplo do autor desta carta, milhares de espíritas devem estar também decepcionados e intrigados com a Superinteressante pela publicação dessa infeliz matéria, que de modo preconceituoso e desrespeitoso enxovalha com Chico Xavier, o maior líder espiritual da história do Brasil, e laureado com o título de Mineiro do Século 20, numa pesquisa promovida pela Rede Globo Minas.
Saibam, Srs. diretores, que assim como os evangélicos são em número menor do que o dos católicos, mas são atuantes, também os espíritas, apesar de serem uma minoria religiosa, são, igualmente, atuantes, contando ainda o Espiritismo com milhões de simpatizantes de todas as religiões. E a isso se acrescente, ainda, que os seguidores de Kardec, de acordo com as pesquisas feitas pela Fundação Getúlio Vargas, proporcionalmente, representam o público religioso de maior nível de instrução, de melhor poder aquisitivo e com o maior índice de pessoas com cursos superiores.
Com efeito, o último número da Superinteressante não foi para os espíritas e simpatizantes da Doutrina dos Espíritos nada superinteressante, mas muito superdesinteressante! E creio que isso, doravante, vai refletir negativamente na aquisição dessa Revista, pelo menos por uns tempos, até que se apague de nossa memória a afronta cometida por essa Revista contra os espíritas e Chico Xavier, cuja memória é respeitada e venerada, não só pelos espíritas, mas por milhões de espiritualistas de todas as religiões!


José Reis Chaves
Escritor e colunista do O TEMPO, de Belo Horizonte.


de: Sérgio Gwercman
para: José Reis Chaves
data 16 de abril de 2010 17:39
assunto RES: Resposta de Reis Chaves à Superinteressante enviado por abril.com.br
 


Caro José Reis,

obrigado pelo contato e pela leitura. É muito importante para nós na Super receber o retorno dos leitores sobre nosso trabalho. Críticas e elogios são importantes para avaliarmos a revista e refletirmos sobre o que publicamos. As mensagens que recebemos sobre Chico Xavier estão sendo lidas por mim, pela editora e pela repórter da matéria e servirão de tema para nossa reflexão.
Tenho tentado responder individualmente a todas as mensagens. Mas como elas são muitas, e têm teor semelhante, redigi um texto explicando a proposta da reportagem e respondendo aos principais questionamentos que temos recebido. Minha mensagem é longa, mas acho que merece ser lida. Sabemos que Chico Xavier foi uma figura importantíssima no cenário religioso do Brasil e que é muito querido por diversas pessoas. Como escrevi na minha carta ao leitor, preparamos essa matéria com muito respeito. Procuramos deixá-la equilibrada, apresentando uma visão plural sobre a trajetória de Chico Xavier e trazendo também os requisitos necessários a qualquer trabalho jornalístico - distanciamento, parcimônia e rigor na apuração. Todo o texto foi baseado em profundo trabalho de reportagem e depoimentos de várias fontes, inclusive espíritas, muitas delas citadas na reportagem.
A reportagem deu a Chico Xavier o mesmo tratamento que já demos à Igreja Católica, ao papa, aos evangélicos, a Charles Darwin ou a qualquer outro assunto que publicamos.
Afinal, todas as matérias da Super têm as mesmas características: sempre buscamos a pluralidade. Fazemos questão de ouvir todos os lados de uma questão. Entrevistamos pessoas que pensem diferente. E deixamos as conclusões para o leitor. Não sobram mensagens nas entrelinhas. E o fato de a Super trazer a versão de fulano ou de beltrano não significa que aquela seja a opinião da revista. Aliás, a Super não tem opinião sobre os temas que reporta. Sei o quanto é frustrante ler ideias que consideramos errôneas. Mas lembre-se que aquilo que você tem como verdadeiro outra pessoa pode ter como falso. Não cabe à revista decidir quem tem razão. Cabe a nós respeitar pontos de vista. O verdadeiro respeito à livre expressão não está em falar tudo o que queremos, mas em admitir que os outros falem aquilo que não gostamos. Melhor assim: é a única maneira de garantir que sua opinião sempre terá espaço para ser apresentada. E é por isso que acreditamos tanto que ao escrever sobre qualquer assunto, devemos apresentar ao leitor um leque de opiniões distintas.
Não é verdade que a matéria da Super é um ataque a Chico Xavier. A reportagem tinha larga biografia de espíritas e defensores de Chico Xavier. Apresentou os resultados de estudos positivos sobre a obra de Chico Xavier, como os da Associação Médico-Espírita e a Federação Espírita Brasileira. Citou a frase de Monteiro Lobato impressionado com os livros de Chico Xavier ("se produziu tudo aquilo por conta própria, merece quantas cadeiras quiser na Academia Brasileira de Letras"); dedicou amplo espaço às cartas psicografadas e entrevistas de pessoas que diziam ser impossível Chico Xavier conhecer as informações que psicografou; contou que Chico Xavier morreu da maneira como previra, num dia feliz para o Brasil - o da conquista da Copa do Mundo. Entrevistamos e citamos a opinião de pessoas muito próximas a Chico Xavier, como seu filho, seu médico, a administradora do centro espírita que ele fundou. Deixamos claro que Chico Xavier jamais ganhou dinheiro com sua mediunidade – calculamos, inclusive, o montante estimado de que ele abriu mão. Está tudo lá na reportagem.
Até o momento, recebemos críticas e elogios ao texto. É normal: as pessoas têm opiniões diferentes. E o debate entre essas opiniões enriquece a todos - é a raiz da construção do conhecimento. Se você acredita que há algum erro de informação na matéria, diga qual ele é e nós publicaremos a correção. No mais, espero que você entenda minhas palavras – ainda que não concorde com elas. Pois eu entendo e respeito todas as críticas que recebemos. E sigo à disposição para qualquer outro esclarecimento.

Obrigado e um grande abraço,

Sérgio Gwercman
Diretor de Redação da Super


Nota do Blog:

Em todas as Religiões existem os seus supostos adeptos, ou seja, aqueles que se dizem ser de uma crença, contudo, não as compreendem verdadeiramente. Quantos são os adeptos que se achegam ao Espiritismo na procura de estabilidade material e acabam se frustrando por não alcançarem seus objetivos e, como se sabe, repudiam a Doutrina. Quantos são os incautos da mediunidade que se eximem das suas responsabilidades redentoras e vão procurar alternativas outras, porque na verdade, não se predispõem ao serviço redentor  por inúmeros fatores de ordem moral, por conseguinte, repudiam a Doutrina. Não contando que dentre estes supostos Espíritas, são inúmeros os que não compreendem seus ensinos, ou seja, o corpo de Doutrina codificado por Kardec, só possuem idéias superficiais da codificação, e dizem o que não sabem.
Não é de se admirar que a Doutrina Espírita, desde seu principio, tenha causado tantos escândalos, pessoas estupefatas e arbitrárias, maldizendo e blasfemando sobre o que não compreendem, muito semelhante com o que aconteceu com Jesus, sendo repudiado pela maioria das pessoas, e que agora tem o seu devido lugar. Será assim dentro em breve com a Doutrina dos Espíritos ( Cristianismo Redivivo ) está crescendo por cissiparidade, por este motivo as grandes polêmicas.
Fica aqui o nosso agradecimento aos Colunistas Espíritas entre outros, como também a Revista Superinteressante, que apesar da matéria publicada no seu direito de expressão, divulgou ainda mais a nossa Doutrina, como também, abriu um leque de questionamentos que amanhã, de certo, florescerá ao nosso favor.

Alencar Campitelli
Administrador do Blog
a.campitelli@terra.com.br

Disponibilizo todo a Revista para download: Revista Superinteressante