quinta-feira, 22 de abril de 2010

Como você pontua a sua vida


Corre pelos livros de histórias e pela internet o relato seguinte:


Um homem rico estava muito doente, então pediu papel e caneta e assim escreveu: "Deixo meus bens à minha irmã não a meu sobrinho jamais será paga a conta do padeiro nada dou aos pobres".
Morreu antes de colocar a pontuação na frase. Surgiu um grande problema.
A quem deixava ele a fortuna?
Os pretendentes a herdeiro compareceram, justificando a legalidade da sua pretensão através da pontuação do texto.

O sobrinho:
Deixo meus bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho. Jamais será paga a conta do padeiro. Nada dou aos pobres.
A irmã pontuou:
Deixo meus bens à minha irmã. Não a meu sobrinho. Jamais será paga a conta do padeiro. Nada dou aos pobres.
O padeiro colocou a pontuação:
Deixo meus bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho? Jamais! Será paga a conta do padeiro. Nada dou aos pobres.
Um pobre sabido ficou sabendo do testamento e acentuou:
Deixo meus bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho? Jamais! Será paga a conta do padeiro? Nada! Dou aos pobres.

Em nossa vida, ante as circunstâncias, as situações, cada um de nós coloca a pontuação que melhora ou piora o próprio existir.
O Espiritismo nos diz que todos temos que evoluir em nossos sentimentos, emoções e intelectualidade e isso se faz, muita vez, enfrentando os textos de nossas vidas que não estão pontuados e nós deveremos pontuá-los com compreensão, fé, ação equilibrada, coragem e amor.
Olhemos ao nosso redor identificando a realidade, e a nossa realidade é feita de guerra e de festa. Se enfocarmos só os problemas e o mal, enxergaremos e viveremos a guerra.
Se olharmos só o lado festivo e irreal, viveremos no mundo da fantasia, colheremos as amarguras das decepções.
Temos a opção da escolha, pois mesmo que os fatores externos tenham a sua influência, é a maneira como digerimos os acontecimentos que nos proporcionará o que é bom ou o que é ruim.
No texto de nossas vidas que tem guerra e festa, saibamos colocar a pontuação do realismo e do otimismo, que nos permitirá receber a herança da felicidade.

Aylton Paiva,
de Lins (SP), é articulista espírita
feesp@feesp.org.br


Matéria extraída do Jornal da Federação Espírita do Estado de SP     (FEESP ) - Março 2010 - Imagem ilustrativa

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Destino versus escolha das provas


Dogmas são preceitos apresentados como certos e indiscutíveis e cuja verdade se espera que as pessoas aceitem sem questionar.
Por princípio, a Doutrina Espírita não é dogmática, mas, sobretudo, Ciência e Filosofia, com conseqüências religiosas. Por isso, dias atrás, estranhou-me ouvir uma pessoa (querida) afirmar, não sem fundamentação, que via no livre-arbítrio um dogma do Espiritismo. Segundo sua lógica, o princípio do livre-arbítrio contrariava outro pressuposto do Espiritismo, que é o destino, entendido este no sentido de um programa reencarnatório.
À primeira vista, pareceu-me que havia razão naquela afirmativa. Pois, de fato, se tudo o que nos acontece na vida presente estivesse previsto, o livre-arbítrio seria uma balela. No entanto, recusei-me a aceitar a lógica apresentada e procurei estudar o assunto, segundo o ensinamento dos Espíritos Superiores, base do Espiritismo, tendo chegado às seguintes conclusões, resumidamente:

1) Antes de nova existência corpórea, o Espírito escolhe o gênero de provas a que deseja se submeter; nisto consiste o livre-arbítrio na escolha das provas. Entretanto, Deus, ao conceder ao Espírito a liberdade de escolha deixa-lhe a responsa bilidade dos seus atos e das suas conseqüências.
2) Na escolha das provas, o Espírito, via de regra, segue uma orientação: o desejo de sua própria evolução. Por isso, o Espírito não escolhe as provas menos penosas. Liberto da matéria, o Espírito não vê nas provas somente seu lado penoso, mas um atalho que o faça alcançar mais rapidamente um estado melhor, como um doente pode escolher um remédio desagradável, para se curar logo.
3) A despeito do livre-arbítrio, Deus pode impor certa existência a um Espírito, quando este não estiver apto a compreender o que lhe seria mais proveitoso.
4) O Espírito escolhe o gênero das provas: os detalhes são conseqüências da posição escolhida e, freqüentemente, de suas próprias ações. O Espírito, escolhendo um caminho, sabe de que natureza são as vicissitudes que irá encontrar; mas não sabe que acontecimentos o aguardam. Os detalhes nascem das circunstâncias.
5) Por fim, o Espírito pode escolher prova que esteja acima das suas forças e então sucumbir. Por outro lado, pode escolher outra que não lhe dê proveito algum, como um gênero de vida ociosa e inútil. Nesses casos, voltando ao mundo espiritual, percebe que nada ganhou e pede para recuperar o tempo perdido.

Da forma exposta, compreendi melhor os princípios do livre-arbítrio e do destino. Compreendi que, apesar de à primeira vista termos a impressão de que um desses pressupostos contraria o outro, tal lógica incorreta, do ponto de vista espírita, é motivada pela confusão que fazemos, tomando por destino os mínimos detalhes de nossas vidas. O certo é que nem tudo está previsto, mas apenas o gênero das provas a que nos submetemos a cada vez: isto, sim, é fruto da nossa própria escolha, ou das escolhas que fizemos e decisões que tomamos em vidas passadas.
É certo que muito mais ainda há a se dizer sobre o tema. De modo que, se Deus assim o permitir, poderei, de uma próxima feita, continuar discorrendo sobre determinismo e livre-arbítrio.
Encerro com um princípio da justiça da Lei Divina, muito apropriado a toda essa reflexão (e que nos serve de estímulo à prática do bem):"A ação positiva do presente corrige efeitos do passado negativo"

Eduardo Batista de Oliveira 
de Juiz de Fora (MG), é articulista espírita
feesp@feesp.org.br

Matéria extraída do Jornal da Federação Espírita do Estado de SP      ( FEESP ) - Março 2010 - Imagem ilustrativa

terça-feira, 20 de abril de 2010

Meu reino não é deste mundo


A Terra é a abençoada escola da alma imortal 


A Terra não é a morada do Cristo, a que reino então estaremos sendo levados? 
A pergunta número 55 de O Livro dos Espíritos nos dá uma pista quando fala da pluralidade dos mundos: Todos os globos que circulam no espaço são habitados? - Sim, e o homem da Terra está longe de ser, como pensa, o primeiro em inteligência, bondade e perfeição. Entretanto, há homens que se julgam superiores a tudo e imaginam que somente este pequeno globo tem o privilégio de ter seres racionais. Orgulho e vaidade! Acreditam que Deus criou o Universo só para eles.
A Terra é assim a abençoada escola da alma imortal, que nela estagia por longos períodos na purificação do próprio ser. Da mesma forma que o aluno, após ser diplomado, não precisa mais dos bancos escolares, também o homem, depois de adquirir as virtudes pelas quais trabalhou em sucessivas encarnações, não mais precisa estagiar em mundos materiais, podendo, a partir daí, ter na Espiritualidade e em mundos mais evoluídos as experiências de que agora carece.
Compreendendo a grande escala evolutiva do ser e a necessidade de libertação do homem, Paulo, o apóstolo dos gentios, alerta em carta aos Romanos que o reino de Deus não consiste no comer e no beber, mas na justiça, na paz, e na alegria no Espírito Santo (Carta de Paulo aos Romanos, 14:17). 
A primeira mensagem atesta a existência do plano espiritual e dos vários mundos que servem de asilo para a alma na concretização de suas virtudes. A segunda, importantíssima, nos dá a receita de como atingir os planetas em condições melhores que o nosso.
Ambas são claras na necessidade de passarmos pela Terra sem nos deixar aprisionar por ela. Viver a vida material lutando para que a matéria e tudo o que a engloba sejam elementos providenciais, ferramentas que o Espírito encarnado deve manipular sem atritos ou sangrias.
No entanto, vemos nos dias de hoje a supervalorização de princípios calcados na beleza do corpo e na posse de dinheiro e bens materiais, que estão longe de constituir aquele passaporte que nos permitirá galgar um andar acima visando o mais alto que nos aproximará do Pai.
Pode-se ser belo, ter um bonito corpo e mesmo ter-se dinheiro. É a valorização em demasia desses elementos que constitui obstáculo para alguns. De repente a beleza passa a ser algo tão importante para  certas pessoas que tudo sacrificam por ela: tempo, dinheiro, família, amizade etc., numa inversão completa dos valores.
E o maior sacrifício, se assim podemos dizer, que Deus pede aos seus filhos, é que saibamos amar uns aos outros. Perdemo-nos na vida na luta pela própria subsistência, enquanto o trabalho, canal de ocupação e mecanismo de aplicação das forças e faculdades humanas para alcançar um determinado fim, como ensina o Aurélio, torna-se, em nossa visão pequena e egoísta, um empecilho da felicidade.
Devemos, portanto, ocupar nosso tempo da forma mais positiva possível, distribuindo e colhendo afetos por onde passarmos. Saibamos honrar cada dia como uma dádiva de Deus aos filhos bem-amados. Aprendamos a viver dentro de nossas próprias capacidades, pois a espiritualidade nada pode fazer quando a nossa imprevidência nos coloca em situações difíceis, principalmente na questão monetária.
O justo viverá pela fé, já nos alertava o sempre querido Paulo em carta aos Romanos (1:17). Não apenas não devemos misturar o espiritual com o material, no ensaio de uma miscigenação impossível - cada elemento é único em sua essência -, como devemos honrar a oportunidade da reencarnação assumindo todos os deveres que ela nos exige em nível social e moral.
Jesus deixou essa repartição bem clara quando salientou firmemente aos fariseus que tentaram embaraçá-lo na questão dos impostos cobrados por César: É-nos permitido pagar ou deixar de pagar a César o tributo? Jesus, lúcido quanto à oportunidade da lição, responde firme: Dai, pois, a César o que é de César e a Deus o que é de Deus. (Mateus, 22:15-22 - Marcos, 12:13-17).
Assim é o mundo material, uma escola plena de desafios, cheia de grandeza e de grandes e necessárias provas. Os que carregam seus fardos e assistem os seus irmãos são os meus bem-amados, já nos alertava o Espírito de Verdade em mensagem inserida em O Evangelho segundo o Espiritismo (cap. VI, item 6), na qual nos pede para nos instruirmos na preciosa doutrina que dissipa o erro das revoltas e nos mostra o sublime objetivo da provação humana, que é o de poder ingressar finalmente nos mundos celestes ou divinos, habitações de Espíritos depurados, onde exclusivamente reina o bem.
A Terra, segundo o Espiritismo, pertence à categoria dos mundos de expiação e provas, razão por que aí vive o homem a braços com tantas misérias (ESE, cap. III item 4).
É, portanto, na Terra que devemos desenvolver a inteligência e sublimar o nosso mundo moral, a alma, para conseguir as virtudes necessárias que nos farão ingressar no reino colocado por Jesus, sendo então como ele exemplo de bondade e perfeição.

Eliana Thomé,
de São Paulo (SP), é jornalista, professora de francês
e articulista espírita ( feesp@feesp.org.br )


Matéria extraída do Jornal da Federação Espírita do Estado de SP      ( FEESP ) - Março 2010 - Imagem ilustrativa. 

Momentos de Reflexão


S L I D E



Disponibilizo para download: Aprendiz da Vida