segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Sinal dos Tempos


“Em tudo somos atribulados, mas não
angustiados; perplexos, mas não
desanimados.
Perseguidos, mas não desamparados;
abatidos, mas não destruídos"
(PAULO – 2ª Epist . Coríntios, 4 : 8 e 9)


Nesse final de milênio, a Terra iniciou um lento processo de transição de mundo de expiações e provas para o de regeneração.
Como um sinal dos tempos, assustada, a humanidade convive com intensa convulsão social entremeada por conflitos armados, contendas verbais, pressões psicológicas, disputas emuladas por paixões políticas. Assalta-se, rouba-se, mata-se sem que a justiça dos homens ponha termos aos desmandos.
Aproxima-se a época da ceifa e da separação do joio do trigo.
Inapelavelmente participaremos do pranto e ranger de dentes dos renegados ou então integraremos o préstito triunfal dos escolhidos, porque cada um será distinguido conforme seu merecimento.
Espíritos recalcitrantes no erro, infensos à evolução moral, serão expurgados para um planeta inferior onde conhecerão a adversidade em permeio com uma humanidade primitiva e experimentarão, por tempo indefinido, as conseqüências de sua rebeldia.
Nada temem aqueles que consolidaram na fé o aprendizado e a prática do AMOR e do PERDÃO ensinados e exemplificados por Jesus. Sofrem, contudo, as atribulações da vida, mas não se angustiam; os desregramentos presenciados deixam-nos perplexos, mas não desanimados; quando perseguidos, mostram-se confiantes e encontram no Senhor o amparo merecido; podem ser abatidos materialmente, mas seus ideais de paz e de evolução espiritual jamais serão destruídos.
Os espíritas, em especial, conhecedores da lei do progresso através de vidas sucessivas pela reencarnação, devem ficar atentos para o advento do terceiro milênio, durante o qual se verificará a ascensão do nosso orbe a mais um degrau na grande escalada rumo ao infinito.

Felinto Elízio Duarte Campelo
felintoelizio@gmail.com

Imagem ilustrativa

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Para além da porteira


Túu-Túu-Túuu- Ressoava novamente lá pras bandas de Ouro Fino, no Estado de Minas Gerais, o brado daquele berrante. Instrumento imponente, de chamar gado e gente, cortava com sua nota dissonante vales e serras, anunciando a novidade daquela manhã.
O vaqueiro, que em outros tempos ficara desolado com a súbita partida do menino, vítima de um boi sem coração, via agora a sua vida se esvair. O tempo, implacável, levava as forças daquele corpanzil que conduziu boiadas mil pelo nosso Brasil, somando-se mais uma cruz à do menino no antigo estradão.
Olhando perdido para todos os lados, já confuso entre os portões da vida e da morte, o velho boiadeiro somente consegue distinguir no dourado do horizonte o som daquele berrante que ele jurara jamais tocar novamente. Som que ele há muito não ouvia e que lhe trazia no coração as lembranças do menino tão trigueiro, que abria a porteira para a sua boiada passar.
À medida que o som se aproximava, via surgir um pequeno jovem de cor de ébano, cavalgando bela montaria, tocando berrante em meio de uma imensa boiada. O vaqueiro, em um misto de alegria e de espanto, pergunta com sua voz de trovão ao jovem anjo:

“- Quem é você, que como eu conduz o gado? Por que toca esse berrante que jurei jamais tocar?”
O menino apeia do cavalo, tira o seu chapéu para cumprimentar o boiadeiro. De seu bolso, tira uma moeda, entrega ao boiadeiro, juntamente com seu berrante.

“- Boiadeiro, que Deus vá lhe acompanhando! Eu sou aquele menino da porteira e estou aqui para recebê-lo, nas portas do país da luz. Seja bem-vindo! Siga agora para amealhar outros rebanhos, para tocar outra vez com fé o seu berrante...”

E com as mãos firmes, apagada da memória a cruzinha do estradão, o boiadeiro toma de novo o seu berrante, que prometera jamais tocar, e, com novo ar em seus pulmões, corta com sua nota dissonante vales e serras, anunciando a novidade daquela manhã: Túu-Túu-Túuu.

Inspirado na famosa música do cancioneiro popular “O menino da porteira” (1955), sucesso na voz do cantor Sérgio Reis, composição de Teddy Vieira / Luizinho, transformada em filme homônimo em 2009, pela direção de Jeremias Moreira, existindo também uma versão em 1977.


Marcus Vinícius de Azevedo Braga
acervobraga@gmail.com
Guará II, Distrito Federal (Brasil)


Imagem ilustrativa