quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Anônimos


Por vezes, vejo casas espíritas pequenas, simples, com a sua pequena livraria, e seus poucos e fiéis colaboradores sentados em humildes bancos de madeira, atentos às palavras do palestrante.
A despeito do esforço de personalidades espíritas de renome, dos grandiosos eventos e das casas de estacionamentos movimentados, são esses pequenos núcleos, espalhados pelo nosso país, erigidos no esforço cotidiano de heróis anônimos, que se entremeia o tecido chamado “Movimento espírita”, materializado no singelo círculo de estudos, na palavra edificante para a pequena platéia, na campanha do quilo.
O trabalho desses anônimos, na tarefa assistencial, mediúnica ou de estudo, é a presença de nosso movimento, divulgando e consolidando, em uma rede tenaz de companheiros irmanados no mesmo ideal.
A força dos anônimos nos sustenta mais do que inspira.
A evidência, o grande palestrante, o famoso médium, o escritor ilustre, eis uma provação dupla, onde nos cabe refletir sobre a impropriedade de nosso endeusamento, que pode alimentar o orgulho, em situações que por vezes desaguam para o risível e o descabido, relembrando o comportamento de celebridades e fãs das festas da indústria cultural.
O trabalho é patrimônio permanente e acumulativo, disponível para anônimos e famosos, na contribuição com seu quinhão para a obra do Cordeiro, tendo a tarefa a sua relevância pela transformação íntima ocorrida em seu agente.
Assim como buscamos famosos na mesa mediúnica, para avalizar os conteúdos recebidos, pensamos ver a força dos trabalhos pela popularidade angariada pelos tarefeiros, esquecendo-se que a crença no Cristo só se vulgarizou décadas depois de sua passagem.
O trabalho dos anônimos é tão ou mais valoroso, onde nos cabe enxergar o potencial do bem, no ostracismo ou na pompa e circunstância, com os olhos de ver. O bem não escolhe seu pouso por critérios de notoriedade, pois vencer no mundo é diferente de vencer “o” mundo.
Em uma época de exposição das pessoas e de sua intimidade, de megaeventos globalizados e da busca pela fama, resta-nos pensar no Cristo, no seu exemplo, quando na multidão sentiu alguém tocá-lo, não pela sua fama ou evidência, e sim pela sua virtude, medida eterna de cada um de nós.

Marcus Vinícius de Azevedo Braga
acervobraga@gmail.com
Brasília, DF (Brasil)

Imagem ilustrativa

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

É superstição considerar fenômenos espirituais como sobrenaturais


Antes que a humanidade descobrisse Deus, ela conheceu os espíritos. E foi através deles que ela O encontrou. O politeísmo surgiu da confusão que as pessoas fizeram entre Deus e os espíritos desencarnados. Na própria Bíblia, embora seus seguidores creiam num só Deus, os numerosos espíritos manifestantes nela são, muitas vezes, confundidos com o Espírito de Deus. E os próprios autores da Bíblia, às vezes, fazem essa confusão. Se Deus ama seus filhos com amor infinito, Ele não nos discrimina, criando-nos imperfeitos, enquanto cria os anjos já perfeitos. Realmente, seu amor infinito para conosco não poderia comportar tal discriminação! Os anjos são espíritos humanos avançados em sua caminhada evolutiva sempiterna, a qual, entretanto, começou também, como a nossa, lá em baixo.
Assim, se eles estão, hoje, no nível de perfeição elevada, foi por mérito, por esforço próprio, exatamente como acontece conosco, pois o reino dos céus é conquistado por esforço.
(Mateus 11: 12). A cada um é dado de acordo com suas obras.
(Mateus 16: 27). Ademais, o Nazareno nos ensina que tudo o que Ele fez, nós faremos também e até obras maiores do que Ele fez.
(João 14: 12). E observemos que o verbo fazer está no futuro (faremos), pois vai depender da nossa evolução espiritual e moral, isto é, quando formos perfeitos à semelhança dos que já são anjos.
Do lado oposto, temos os demônios (“daimones” em grego), que muitos cristãos consideram erradamente como sendo apenas espíritos maus (anjos maus). Na verdade, como dissemos acima, demônios são espíritos humanos com seus vários níveis diferentes de evolução: demoníacos (muito atrasados); mais ou menos (a maioria de nós); e os já angélicos (já bem evoluídos). A ideia bíblica de que os demônios eram anjos que se rebelaram contra Deus é uma analogia com a metáfora da queda de Adão e Eva, que já tinham inteligência antes de pecarem. A sua inteligência é, pois, causa do pecado, e não efeito como lemos na Bíblia. (Gênesis 3:7). Se o homem pecou antes de ter inteligência, os animais pecariam também! A esses anjos rebeldes o espiritismo chama de espíritos exilados de Capela. (Na Bíblia: Gênesis 6:2). Deus não acaba com os demônios, exatamente porque eles são espíritos humanos, apenas atrasados, e cujo livre-arbítrio Deus respeita. Caso contrário, Deus os aniquilaria, para que vivêssemos em paz, sem suas obsessões e tentações contra nós. E, também, como nos ensina a parábola do joio e do trigo, nós temos que conviver com o joio, que representa esses espíritos atrasados, companheiros nossos de jornada evolutiva, desencarnados e encarnados, que, um dia, como nós, eles serão também espíritos angélicos. Lembramos aqui que o nome do espírito Anjo Gabriel significa “Homem Iluminado”.
Os fenômenos chamados de sobrenaturais e milagrosos ou de dons espirituais, de são Paulo, têm assombrado (deste verbo vem à palavra assombração) todos os povos, e são provocados por espíritos através de algum médium especial perto.
Supor que há intervenção de Deus direta neles, por mais fantásticos e deslumbrantes que eles sejam, é superstição, pois são fatos apenas espirituais ou mediúnicos, confirmados por cientistas até de Prêmio Nobel!
A própria Igreja reluta em aceitar a veracidade desses fatos que o povão vai logo considerando como sendo milagrosos ou sobrenaturais!

PS:
Meus livros são encontrados também na UEM, Rua dos Guaranis, 315, centro de BH.

Obs.: Esta coluna, de José Reis Chaves, às segundas-feiras, no diário de Belo Horizonte, O TEMPO, pode ser lida também no site www.otempo.com.br Clicar “TODAS AS COLUNAS”.
Podem ser feitos comentários abaixo da coluna. Ela está liberada para publicações. Meus livros: “A Face Oculta das Religiões”, Ed. EBM (SP), “O Espiritismo Segundo a Bíblia”, Editora e Distribuidora de Livros Espíritas Chico Xavier, Santa Luzia (MG), “A Reencarnação na Bíblia e na Ciência” Ed. EBM (SP) e “A Bíblia e o Espiritismo”, Ed. Espaço Literarium, Belo Horizonte (MG) – www.literarium.com.br - e meu e-mail: jreischaves@gmail.com - Os livros de José Reis Chaves podem ser adquiridos também pelo e-mail: contato@editorachicoxavier.com.br e o telefone: 0800-283-7147.

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